




Fotos: Vitor Silva (2007). Direitos reservados.
1. Em 7 de Maio último recebemos uma lacónica mensagem do Vitor Silva, ex-1º Cabo da CART 3331, Cuntima, 1970/72, acompanhada de vinte e tal fotos, sem legenda.
Assunto - Imagens de Cuntima-Guiné
Junto anexo imagens de Cuntima, referentes à minha comissão de serviço 1970/72.
Um abraço.
Vitor Silva
2. Letra da canção Soldado:
Partiu num qualquer navio,
Numa leva de soldados,
Ia calado e sombrio
Entre prantos desolados.
Sabia o itinerário
E o rumo antecipado,
Mas ignorava o fadário
Que lhe estava reservado.
Desembarcou na Guiné,
Em manhã enevoada,
E sentiu ao pôr do pé
Naquela terra molhada,
Que o destino o lançava
Rumo ao desconhecido,
Sem uma ideia formada,
Numa guerra sem sentido.
Fioi destacado p’ró mato,
Lá p’ra terra de Cuntima,
Tinha a fronteira a um passo
E os guerrilheiros em cima.
Sofreu ataques cerrados,
Abafou medo em trincheira,
Sentiu os dias contados,
Viu a hora derradeira.
Fez desumanas picadas,
Padeceu de sede e fome,
Viu cair em emboscadas
Camaradas de uniforme.
Chupou água na bolanha,
Rebolou-se em pó ardente,
Deixou sangue em terra estranha,
Veio-se embora doente!
E depois de tal fadário
Deram-lhe o golpe final:
- Chamaram-lhe mercenário,
Soldado colonial.
Versos enviados pelo Vitor Silva
Revisão de texto: L.G.
3. Os editores do blogue saudam o Vitor, mas querem saber mais sobre ele e a sua unidade. Para já, e com atraso de alguns meses, publicamos algumas das fotos relativas ao nosso camarada, novo membro da nossa tertúlia, e à sua companhia, incluindo a digitalização de uns versos, sob o título Soldado, que presumimos fazer parte do Cancioneiro de Cuntima...
Esperamos que ele nos leia e esclareça algumas das nossas dúvidas. Os editores.
PS - Encontrámos a seguinte mensagem do Vitor Silva, com data de 8 de Maio de 2007, no Livro de Visitas do Sapo da página do nosso camarada Domingo Pereira Monteiro, ex-Alf Mil da CCAÇ 1496, BCAÇ 1876, 1966/67:
Fui enviado para a Guiné, a bordo do UÍGE, integrado na Companhia de Artilharia 3331 em 14 de Dezembro de 1970. Fomos destacados para CUNTIMA onde permanecemos até ao dia 25 de Novembro de 1972.
O dia a dia não terá sido muito diferente de outras localidades. A Guiné era quase tudo mato ! De dia, saída para o mato, picagens para os reabastecimentos até FARIM, e à noite junto às valas à espera do fogo de artifício que costumava vir dos lados do SENEGAL. A minha companhia ficou conhecida por TIGRES DE CUNTIMA. Um abraço.
1 comentário:
Em 1970/71 tambem havia burros em BIGENE
Agora dos outros havia bastantes em toda a Guiné .
Até tiveram direito a viagem á borla . 5 dias de barco . Era um, luxo
Quem me dera ter 20 anos outra vez !
Não me importava de ser burro .
Enviar um comentário