quarta-feira, 19 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P970: Os efeitos do 'cacimbo' (Joaquim Mexia Alves)


1. Mensagem de Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil da CART 3492, (Xitole / Ponte dos Fulas), Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15, (Mansoa) (1971/73):

Caro Luis Graça

Com efeito cacimbo é um termo oriundo de Angola que significa, salvo o erro, a estação mais fria , a estação de maior humidade e chuva.

Penso mesmo que o termo cacimbo significará isso mesmo, uma espécie de humidade tão intensa que parece chuva e que portanto fará mal à cabeça.

Depois de sair da Guiné fui trabalhar para Angola, motivo pelo qual também tenho uma ligação a esta terra extraordinária.

A época do cacimbo começava, salvo o erro, em meados de Maio e iria até meados de Setembro.

Entre aqueles que residiam em Luanda havia um termo que se utilizava que era: "Os inspectores do cacimbo". Este termo era utilizado para designar uns indivíduos que durante essa época do ano vinham de Portugal a Angola, tentando enganar os incautos com dinheiro, propondo negócios fabulosos que na maior parte dos casos não existiam ou não tinham qualquer interesse. Como se dizia então, "vinham vender fábricas de água a ferver".

A alguns as coisas às vezes corriam mal e não se pense que eram só vulgares vigaristas, pois também havia gente da alta.

Aqui fica uma achega, que nada tem a ver com os cacimbados, mas tem a ver com o termo e com África. Prometo escrever mais sobre os efeitos do cacimbo nas nossas tropas na Guiné, especialmente neste teu camarada.

Abraço
Joaquim Mexia Alves
Termas de Monte Real

1 comentário:

Paulo disse...

Foi há muito tempo que a ONU deixou de reconhecer as províncias ultramarinas como parte integrante da Nação Portuguesa, impondo-nos que reconhecêssemos a todos esses povos o direito à autodetermição...
Pena ter demorado tanto tempo...Há ainda muito que fazer para provar a verdadeira realidade do ultramar português.


Paulo