Exército Português > Campanhas ultramarinas 1961/74 > Viaturas > GM 4X4 TT m/947 /conhecido por granadeiro), fig. 91.
Fonte: © Viriatus - Miniaturas e Figurinos Militares (2001). Direitos reservados (com a devida vénia..)
1. Mensagem do Mário Dias, ex- sargento comando (Brá, 1963/66).
Caro Luis
Li a tua mensagem que me deixou perplexo por supores que eu estou zangado.
Não. Não estou nem nunca poderei estar. Não tenho qualquer motivo para isso, bem pelo contrário.
Continuo fiel e interessado leitor de tudo quanto consta na nossa Tabanca Grande. Não falho um só dia, desde que me encontre em casa. Confesso que não tenho sido bom colaborador nos últimos tempos porque o grosso da minhas memórias dos belos tempos passados na Guiné está praticamente esgotado (1). Tenho ainda algumas coisas para relatar que espero vir ainda a fazer quando me passar a preguiça crónica que me assaltou. Por enquanto, demos voz àqueles que suportaram a pior parte da guerra que foi, sem dúvida, a partir de 1968. Eu, apesar de tudo, fui um privilegiado pois safei-me de lá em Fevereiro de 1966.
Assim, e aproveitando este interregno inesperado na minha amada preguiça, aqui vai um pequeno esclarecimento sobre a razão do nome de granadero dado à Berliet modificada de Enxalé (2).
O que pretendiam dizer era granadeiro. (Fazendo um pouco de humor, sem ofensa, talvez os militares de Enxalé fossem, na sua maioria, alentejanos. Daí, o granadero em vez de granadeiro).
Realmente existiu no EP (não sei se ainda existe) um blindado ligeiro, de caixa aberta, destinado a transportar uma secção de atiradores em missões de reconhecimento avançado e de protecção dos flancos das tropas em progressão e que poderiam fazer uso do lançamento de granadas de mão. Por isso essas viaturas se designavam por carro de granadeiros ou, simplesmente, granadeiro.
Recordo-me perfeitamente que as duas companhias de Caçadores Especiais que foram para a Guiné em 1962 , tinham viaturas dessas ao seu serviço. Também os Esquadrões de Reconhecimento de Cavalaria as tinham.
Pensei que seria melhor mostrar uma - porque uma imagem vale mais que mil palavras - pesquisei no Google e achei. Em anexo segue a fotografia de um granadeiro, com a devida vénia do site www.viriatus.com/GU61_74_07.asp [Viriatus -Miniaturas e Figuras Militares].
Quanto à biografia do Domingos Ramos, pouco mais conseguirei acrescentar ao que já relatei (3). De facto, eu conheci-o apenas durante o tempo em que ambos estivemos a cumprir o serviço militar em Bissau. Não foi muito tempo mas o suficiente para que tivessemos desenvolvido uma verdadeira e grande amizade que ainda hoje recordo com nostalgia e que os caminhos opostos que cada um de nós seguiu não abalou.
Vou tentar, sem compromisso, obter mais elementos tais como data e local de nascimento, filiação e outros de interesse para uma biografia.
Um grande abraço para toda a tabanca.
Mário Dias
2. Comentário de L.G.:
Mário:
Que bom saber de ti e da tua relativa disponibilidade para continuar a colaborar com o nosso projecto, como fizeste no passado. Acredita que entendo (e invejo) a tua proverbial preguiça. Estás a fazer as coisas que gostas e para as quais agora tens tempo, como a música e o canto.
Por outro lado, quero que esclarecer-te que estava a tentar provocar-te, no bom sentido do termo. Seria incapaz de estar zangado contigo, por causa da tropa, da guerra, da política ou do blogue. Para mim já és um velho amigo, embora só tenhamos estado juntos um fracção de tempo das nossas vidas. Quis apenas, piscando o olho ao nosso comum amigo VB, obrigar-te a dar sinais de vida. Estou encantado, porque o consegui...
Guardo, entretanto, a tua promessa de acrescentares mais qualquer coisa aos teus preciosos apontamentos sobre a figura do Domingos Ramos que, imagino, deveria ter a tua idade, se hoje fosse vivo. ´
Obrigado também pelos teus competentíssimos esclarecimentos sobre o insólito e malogrado granadeiro do Enxalé.Inté. Mantenhas. (A propósito, estás disponível na Net o Dicionário Caboverdeano Português, da Priberam, que nos poe ser útil, se bem que o crioulo da Guiné-Bissau e o de Cabo Verde tenham diferenças que, julgo, são acentuadas).
__________
Notas de L.G.:
(1) Há dias tinha-me mandado um mail ao Virgínio Briote com conhecimento ao nosso querido amigo comum, Mário Dias:
(...) Quem melhor do que nós para fazer um pequeno apontamento sobre o Domingos Ramos ? Para a série PAIGC - Quem foi quem ... Só o Mário... Vê se o convences... Ele a mim não me liga, pela simples razão de não ter sido ... comando. O Mário escreveu um dos mais belos textos que se podem escrever sobre a amizade entre dois homens... Não podemos perder o seu talento... Espero que ele não ande zangado connosco... por achar a nossa Tabanca Grande muito maior do que a nossa caserna (...).
17 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXCV: A verdade sobre a Op Tridente (Ilha do Como, 1964) (Carlos Fortunato / Mário Dias)
15 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXX: Histórias do Como (Mário Dias)
15 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXII: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): Parte I (Mário Dias)
16 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXV: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): II Parte (Mário Dias)
17 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXX: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): III Parte (Mário Dias)
15 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLI: Falsificação da história: a batalha da Ilha do Como (Mário Dias)
9 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXII: Memórias do antigamente (Mário Dias) (1): Um cabaço de leite
19 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - LDXVI: Memórias do antigamente (Mário Dias) (2): Uma serenata ao Governador
15 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXX: Memórias do antigamente (Mário Dias) (3): O progresso chega a Bissau
(2) Vd.post de 2 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2148: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (3): O famigerado granadero do Enxalé, da CCAÇ 1439 (1965/67)
(3) Vd. posts de:
1 Fevereiro 2006 > Guiné 63/74 - CDXCI: Domingos Ramos, meu camarada e amigo (Mário Dias)
2 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCIII: Domingos Ramos e Mário Dias, a bandeira da amizade (Luís Graça / Mário Dias)
2 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCIV: O segredo do Mário Dias, ex-sargento comando
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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