Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém > Visita dos participantes do Simpósio Internacional de Guileje > 2 de Março de 2008 > As instalações da televisão comunitária Massar. Na foto, a Maria Alice, esposa do editor do nosso blogue, Luís Graça. Massar, em dialecto nalu, quer dizer estrela. Do logótipo da TV Massar faz parte o mítico Nhinte-Camatchol.
Foto: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.
A televisão TVMassar está a emitir em ondas hertzianas, desde Novembro de 2007, para todo o sector de Cubucaré.
Com um forte envolvimento da comunidade local que confeccionou adobes, forneceu material local (areia, pedra e cascalho, cibes para a cobertura) e mão-de-obra (pedreiros e carpinteiros), construiu-se este edifício onde uma equipa de oito jovens prepara os programas diários que podem ser vistos nas tabancas do sector.
A uma rede de 7 televisores instalados em outras tantas Escolas de Verificação Ambiental, assim como alguns televisores privados, permitem a visão colectiva das emissões da TVM.
Foto: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.
A televisão TVMassar está a emitir em ondas hertzianas, desde Novembro de 2007, para todo o sector de Cubucaré.
Com um forte envolvimento da comunidade local que confeccionou adobes, forneceu material local (areia, pedra e cascalho, cibes para a cobertura) e mão-de-obra (pedreiros e carpinteiros), construiu-se este edifício onde uma equipa de oito jovens prepara os programas diários que podem ser vistos nas tabancas do sector.
A uma rede de 7 televisores instalados em outras tantas Escolas de Verificação Ambiental, assim como alguns televisores privados, permitem a visão colectiva das emissões da TVM.
Guiné-Bissau > AD- Acção para o Desenvolvimento > Foto da Semana > 27 de Janeiro de 2008
Dentro de um ano e meio a zona norte do país vai passar a beneficiar da Ponte de S.Vicente, sobre o rio Cacheu, o que encurtará a distância entre Bissau e Ziguinchor, segunda cidade do Senegal.
Tudo indica que a cidade de S. Domingos cresça rapidamente e possa assumir-se como a segunda cidade do país, especialmente como entreposto de produtos nesta subregião africana. Os mercados da Gambia e Senegal são excelentes oportunidades de negócio para os nossos operadores comerciais.
Daí que o Centro de Formação Rural (CENFOR) de S.Domingos esteja a incrementar um importante programa de formação profissional (serralharia, marcenaria, informática, etc.) para permitir aos jovens aceder ao mercado de trabalho especializado.
Guiné-Bissau > AD - ACção para o Desenvolvimento > Foto da Semana > 24 de Fevereiro de 2008
Jovens balantas de Cafine participam na festa da cerimónia de entrada no fanado, isto é, o acto de iniciação para a vida adulta.
Na zona de Cantanhez, várias etnias convivem amigável e solidariamente, gerindo os recursos naturais, cooperando a nível de diversas associações de agricultores, de jovens, de mulheres e de pescadores, bem como apreciando as culturas de cada uma delas.
Para além dos chamados “donos do chão”, os nalús, conhecidos pela sua escultura de rara beleza, estão presentes os balantas, notáveis orizicultores de bolanha salgada, os fulas, mestres na arte da palavra, os djacancas, profundos conhecedores da religião muçulmana, os tandas, minoria proveniente da Guiné-Conakry, os sossos, especialistas na fruticultura e agricultores de outras etnias.
Guiné-Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da Semana > 30 de Março de 2008
Numa das zonas mais isoladas da Guiné-Bissau, no litoral norte, na baía de Varela, onde a terra acaba e o mar começa, foi construída por iniciativa da comunidade local a Escola de Verificação Ambiental de Djufunco.
A funcionar desde Outubro de 2007, esta escola acolhe uma centena de alunos da primeira à quarta classe, que para além de se defrontarem com o isolamento geográfico (nenhuma estrada digna desse nome existe para lá chegar), não tem acesso a material escolar elementar.
Graças ao apoio da Câmara Municipal de Coimbra, um lote de material de excelente qualidade foi oferecido às crianças, pela Caravana que este mês veio de carro até à Guiné-Bissau, alguns deles para participar também no Simpósio Internacional de Guiledje.
Fotos e legendas: Cortesia de: © AD- Acção para o Desenvolvimento (2008). Direitos reservados.
Continuação publicação do relatório de actividades de 2007, da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com quem mantemos desde finais de 2005 uma relação, franca, aberta, privilegiada, de cooperação, tendo como pretexto inicial o Projecto Guileje que deu origem, entre outras iniciativas que tiveram o nosso apoio, à realização do Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1 a 7 de Março de 2008), e que abriu portas a outras iniciativas mais recentes, como por exemplo a recolha de sementes.
AD -Acção para o Desenvolvimento: Relatório de actividades de 2007 > Parte III
Revisão e fixação de texto: L.G. (Não se reproduzem, por razões técnicas e de economia de meios, as fotos do relatório original, divulgado em formato pdf, no sítio da AD).
C. Os Programas Regionais da AD
Em 2007, a AD regressou ao seu “formato” original desenvolvendo programas nas suas 3 zonas de intervenção, sendo duas rurais (Cubucaré-Quitafine e S.Domingos-Bigene) e uma urbana (bairro de Quelele).
1 - Programa de Apoio aos Agrupamentos do Norte (PAN)
As acções mais importantes neste ano foram as seguintes:
a) Conhecimento dos Circuitos Comerciais
O incremento da produção agrícola tanto a comercial como a destinada ao autoconsumo, impõe a existência de uma rede comercial de mercados que equilibrem a procura local de alimentos e dinamizem a venda exterior dos excedentes. A importância dos circuitos comerciais é tanto maior quanto próxima dos países vizinhos, potenciais compradores de todos os produtos agrícolas que lhes faltam. O Senegal e a Gâmbia estão neste caso, se tivermos em conta as suas condições edafoclimáticas que as fazem aproximar-se muito do deserto.
Em 2007, um trabalho dirigido por Ba Mody, aprofundou o conhecimento dos mercados locais, do volume de negócios, do tipo de procura senegalesa, da importância do mercado subregional de Djaobé, no Senegal, assim como os constrangimentos à comercialização nos sectores de S. Domingos e Bigene.
Foram estudados os lumus de Bigene, com um número médio de actores de 800 pessoas durante a época seca, contra 350 na época das chuvas; o lumu de Ingoré varia de 300 a 500, enquanto o de Sedengal de 600 a 400. O lumu de S. Domingos é o maior de todos com uma média de 3.000 pessoas.
Para se ter uma ideia do volume médio dos negócios realizados num dia nestes lumus por um retalhista ele situa-se entre 2.000 a 4.000 Cfa em produtos agrícolas alimentares (arroz, milho, feijão, batata-doce), 4.000 a 8.000 Cfa em géneros alimentícios (açúcar, óleo, sal) e 10.000 a 30.000 Cfa em produtos manufacturados (tecidos, utensílios). Como a maioria das retalhistas vendem produtos agrícolas, com fraco volume de negócios, as margens de lucro são muito pequenas, situando-se à volta de 500 a 1.000 Cfa por dia.
Assiste-se a uma forte procura senegalesa de produtos brutos guineenses, praticando preços compensadores, mas dominando eles todos os circuitos comerciais (operadores, transporte, clientes e conivências aduaneiras, fiscais e policiais). Por vezes, como em Varela, essencialmente um mercado de peixe, são maioritariamente os pescadores senegaleses, cerca de 150 para 50 canoas diárias, que dominam a actividade, abastecendo de peixe fresco a zona turística de Cap Skiring.
O fluxo de produtos para o Senegal comporta dois circuitos: um que vai do local de produção directamente para o Senegal, caso do peixe fresco e fumado, e outro circuito que passa por S. Domingos (óleo de palma, vinho de palma, frutos silvestres, vassouras) sendo que este último constitui o principal motor de transacções do sector.
Já o fluxo de produtos do sector de S. Domingos para Bissau e Bula, centra-se no mango fora-de-estação (Setembro-Outubro), carvão, sal e peixe fumado, muito menos intenso que para o Senegal, uma vez que os preços praticados naqueles mercados são menos atraentes e a distância é muito maior, tanto mais que tem uma jangada de funcionamento imprevisível.
Já no sentido inverso, os produtos provenientes do Senegal, Gâmbia e Guiné-Conakry são manufacturados, registando-se uma excepção em relação ao mercado grossista de Bigene que recebe uma média semanal de 50 porcos.
Outro produto que vem de fora é o sal. De registar que os lumus do lado da Guiné-Bissau são generalistas, embora o de Cassolol se especialize mais em
vinho de palma e o de Bigene em porcos.
Se tivermos em conta os produtos agrícolas e florestais, o cenário apresenta-se da seguinte forma:
- óleo de palma: é começado a vender de Outubro a Fevereiro, época baixa, com volumes variando entre os 5.000 e os 7.000 litros mensais. Entre Março e Julho o valor situa-se nos 15.000 litros por mês;
- fole: entre Julho e Setembro a oferta situa-se entre as 150 e 225 toneladas mensais;
- vinho de palma: entre Agosto e Novembro, época alta, a média mensal de exportação para o Senegal é de 50.000 litros;
- cabaceira: é um produto de fraca oferta em que, de Dezembro a Fevereiro, a oferta se situa entre as 2,5 a 5 toneladas por mês;
- vassouras: não se tendo conseguido registar a quantidade exportada, ela incide sobretudo nos meses de Outubro a Junho.
O incremento da produção agrícola nesta zona fronteiriça passa pela:
- criação de infraestruturas de comercialização (tradicionais e modernas), tais como os lumus que a AD vem promovendo em Elia, Cassolol e Suzana, assim como os mercados comunitários de Ingoré (concluído em 2007) e S. Domingos (previsto para o final de 2008);
- maior integração no mercado subregional de Diaobé, no Senegal, maior entroncamento comercial da costa ocidental africana;
- limitação dos constrangimentos à comercialização nestes dois sectores geográficos, em especial na luta contra a falta de cultura comercial e de estratégia de comercialização, a fraca capacidade de produção e consequente dificuldade em controlar a oferta, no desencravamento dos lumus, nos abusos de que os comerciantes são vítimas pelas taxações dos serviços florestais guineenses e senegaleses.
b) Dinamização da Produção Agrícola
Várias actividades foram incrementadas durante este ano, sendo de realçar:
- o programa de reaproveitamento das bolanhas salgadas do sector de Bigene, que haviam sido abandonadas há muitos anos atrás, tendo sido beneficiadas 8 tabancas que irão permitir dentro de poucos anos a cultura de arroz numa área estimada em cerca de 1.000 ha;
- perto de Barro foram apoiadas acções em 3 tabancas para a melhoria da gestão de água em bolanhas de “bas-fonds”, representando uma área de 80 ha para a produção imediata de arroz;
- foram distribuídas 7 toneladas de sementes de arroz das variedades Cablak e Banimalu, impondo-se urgentemente a criação de uma rede local de agricultores-multiplicadores de semente para assegurar uma maior segurança local de produção. Acresce o fornecimento de 100 Kg de feijão mancanha, na forma de minikits, e de estacas de mandioca a 19 tabancas;
- apoiaram-se 42 tabancas (30 em Bigene e 12 em S. Domingos) para a produção hortícola e fruticultores de 10 tabancas, com sementes, propágulos e pequeno material hortícola e frutícola.
- foram instaladas 2 descascadoras de arroz, uma moageira de milho, 23 prensas de óleo de palma, 10 carroças de tracção animal.
c) Outras Actividades
- construção de 3 Escolas de Verificação Ambiental (EVA) em Nhambalan, Djufunco e Elala;
- 11 poços de água em outras tantas tabancas do sector de Bigene;
- alargamento das instalações de carpintaria do Centro de Formação Rural de S. Domingos (CENFOR) e reforço dos programas de formação profissionalizante (serralharia, carpintaria e informática) e comunitária (descascadoras de arroz, fabrico de sabão, tinturaria);
- construção do edifício da Rádio Comunitária Balafon de Ingoré, com afectação de melhores meios de trabalho, cuja conclusão está prevista para o final do primeiro trimestre de 2008;
- apoio à equipa médica de oftalmologia da ONG ANAWIN que em Setembro realizou numerosas operações às cataratas e tracomas;
- dinamização da assistência médica ao Centro Materno-Infantil de Djufunco, assegurada pela colaboração voluntária da equipa médica cubana
sedeada em S. Domingos;
- apoio à Associação dos Afilhados de Elx e à sua ludoteca;
- assistência para a elaboração dos estatutos e legalização da Rádio Kasumai.
2 – Desenvolvimento Urbano de Quelele
As acções mais importantes em 2007 no bairro de Quelele centraram-se na Escola de Artes e Ofícios sendo de assinalar:
3.1. Melhoria de funcionamento dos cursos: adequação de planos curriculares e dos sistemas de avaliação
a) Educadores de Infância: foram introduzidas 2 novas disciplinas (linguagem e iniciação à Matemática), com o objectivo de facilitar a identificação e selecção de jogos e materiais para melhorar o desenvolvimento linguístico e cognitivo de crianças. Foi implementado um sistema de estágio organizado e acompanhado, com a duração de 160 horas repartido em 2 meses, destinado a promover o contacto com os potenciais empregadores, alargar possibilidades de emprego e atribuir uma ligação entre as vertentes teórico-práticas do curso;
b) Electrónica: na disciplina de gestão de pequenos negócios, foram introduzidas as componentes de “técnicas de elaboração de orçamentos” e “apresentação de um diagnóstico de avaria”.
Alterou-se o sistema avaliativo com o objectivo de valorizar os trabalhos práticos realizados em laboratório, assim como os testes escritos passaram a ter um peso de 70% na avaliação, contra os 100% dos anos anteriores. Introduziu-se um sistema de estágio com a empresa Areeba, tendo estagiado 5 formandos dos quais 1 conseguiu emprego.
3.2. Contribuição da EAO na melhoria de funcionamento de outras Instituições
A Escola Popular Aruna Embalo, pela primeira vez, introduziu no seu sistema educativo o nível de educação pré-escolar, contando com a participação de 5 formandas da EAO na área de educadoras de infância, apoiando ainda no programa de educação infantil.
3.3. Cursos realizados
a) Cursos Profissionalizantes
- Electrónica: foram organizados 2 cursos (de 30 alunos cada, todos do sexo masculino). Registou-se uma redução da taxa de desistência de 55% para 39% entre 2006 e 2007, a que correspondeu um aumento do número de finalistas de 13 para 20 alunos (45% e 61% respectivamente);
- Auxiliares de Educadores de Infância: foi organizado 1 curso de 3 turmas com 69 formandas, todas do sexo feminino, tendo desistido apenas 3, equivalente a 6%. O novo formato do curso, com mais aulas práticas do que teóricas e um sistema de estágios acompanhados, permitiu a redução de desistências em 10% de 2006 para 2007;
- Instalações Eléctricas: iniciaram-se cursos em novos moldes e novo formato. Se anteriormente os cursos comportavam 340 horas repartidas em 5 meses, agora passaram a ser ministrados em 3,5 meses com uma carga horária de 134 horas. Os materiais e equipamentos para as aulas práticas foram alterados e adaptados, isto é, cada aluno passou a ter uma bancada individual ao invés de bancadas e quadros colectivos. Foram organizados 3 cursos, dos quais 2 já terminaram, tendo-se inscrito 27 alunos todos do sexo masculino e chegado ao fim, devido a viagem ao estrangeiro;
- Informática: os cursos passaram de 4 em 2006 para 4,5 em 2007, tendo havido um acréscimo de 11% de alunos inscritos, isto é passaram de 488 em 2006 para 495 alunos, sendo 275 rapazes e 220 raparigas.
Concluíram os cursos este ano 84% dos inscritos contra 95% em 2006, sendo que as razões apontadas estão a falta de pagamento, deslocações e viagens para o exterior e oportunidades de emprego entretanto surgidas. Para 2008 vaise implementar o sistema de pagamento único logo na inscrição.
- Painéis Solares: em colaboração com o CENFOR, realizaram-se 2 cursos de instalação e reparação de painéis solares, com o objectivo de
dispor de técnicos qualificados que garantam a difusão deste tipo de energia alternativa. Foram formados 11 técnicos.
b) Cursos Comunitários: foram realizados 2 cursos de tinturaria para 18 jovens raparigas, com a duração de 45 horas (1 mês e meio).
3.4. Construção da Escola de Artes Domésticas e Hotelaria
Em Dezembro de 2007, foi iniciado o processo de legalização do terreno junto da EAO e construção da nova Escola de Artes Domésticas e Hotelaria, destinada a formar jovens quadros capazes de se integrarem no processo de crescimento do turismo na Guiné-Bissau e satisfazer as ambições de outros de melhoria da qualidade de vida familiar.
3 - Programa Integrado de Cubucaré (PIC)
As acções mais importantes neste ano foram as seguintes:
a) Preparação do Simpósio Internacional de Guiledje
A organização deste Simpósio teve início dois anos antes da sua efectivação, factor determinante para que a sua preparação tenha sido preparada em todos os seus pormenores e detalhes. Ocupou a preocupação central de todos os quadros do PIC que fizeram um excelente trabalho logístico para a recepção aos participantes, de animação e enquadramento dos diversos grupos locais e comunidades que se envolveram nos programas de reabilitação dos antigos quartéis de Guiledje e Gandembel, na preparação dos programas culturais e na finalização da construção das infraestruturas de acolhimento.
Por outro lado, um trabalho lento e gradual de sensibilização de todos os participantes do exterior, portugueses, cubanos, caboverdianos e de outros países europeus, foi desenvolvido, levando especialmente os antigos militares portugueses que estiveram na Guiné e intelectuais e professores universitários a irem-se interessando cada vez mais pelo Simpósio e a considerarem-no como também seu.
O site de Guiledje gerido pela AD foi um momento alto dessa comunicação com os participantes, sendo de realçar a participação notável e determinante do Blogue “Luís Graça e os Camaradas da Guiné”, que promoveu o Simpósio como ninguém, chegando ao ponto de se antecipar ao site de Guiledje na publicação de informações frescas. Igualmente a participação activa da Fundação Mário Soares, através do Arquivo Amílcar Cabral, foi decisiva para a qualidade do conteúdo do evento.
Curiosamente que foi a nível interno, de Bissau, que o envolvimento dos participantes teve flutuações mais significativas, assistindo-se a uma adesão espontânea e interessada, logo de início dos intelectuais e quadros técnicos guineenses, seguido mais tarde pelos combatentes da liberdade da pátria e só por último das autoridades governativas.
Em termos de financiadores há a destacar o apoio da União Europeia, do Governos português e guineense e do IMVF, obtidos atempadamente e que quase cobriram o orçamento estimado. De notar o envolvimento activo do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau que foi assegurando apoios fundamentais para o bom sucesso deste encontro.
Um dos pontos mais altos dos preparativos do Simpósio foi o do registo em DVD dos testemunhos dos combatentes guineenses, dos comandantes caboverdianos que participaram em Guiledje e as dos militares portugueses que contribuíram com uma significativa entrega de documentos históricos pessoais e de instituições oficiais. Durante este período foi-se conseguindo obter um arquivo de qualidade que irá enriquecer o futuro Museu de Guiledje com fotografias, filmes de 8mm, objectos de recordações e livros de unidade.
b) Dinamização agrícola
Em 2007 foram dinamizadas as seguintes acções de apoio aos pequenos agricultores dos sectores de Cubucaré e de Quitafine:
- apoiaram-se 7 tabancas para a reabilitação de bolanhas salgadas abandonadas ou destruídas pela força das marés e subida do nível médio das águas do mar, através do fornecimento de tubos de drenagem e reconstrução de diques atingidos, o que representa o aproveitamento de cerca de 500 ha potenciais para a cultura do arroz;
- 8 tabancas beneficiaram de apoio para o aproveitamento dos pequenos vales interiores para a cultura de arroz na época das chuvas e de batata-doce e legumes na época seca;
- para a diversificação de culturas foram distribuídas sementes de feijão mancanha (168 kg) e propágulos de batata-doce e mandioca;
- foram distribuídos 40 kg de sementes de legumes diversificados a 28 tabancas de ambos os sectores;
- apoiaram-se agrupamentos e fruticultores na criação de 10 viveiros de espécies frutícolas, fornecendo-se apoio técnico e pequeno material de trabalho (catanas, enxadas, sachos e pás);
- introduziram-se 2 descascadoras de arroz, 2 unidades de fabrico de farinha de mandioca, com um sucesso extraordinário, 10 prensas de óleo de palma e 2 unidades manuais para farinhar peixe.
c) Outras actividades
- concluiu-se a construção das Escolas de Verificação Ambiental de Sintchur Caramba e de Cafine;
- construiu-se e inaugurou-se o lumu de Gandembel que teve um começo excelente na troca de mercadorias com a Guiné-Conakry, mas que foi decaindo ao longo do ano fruto da instabilidade política registada naquele país;
- apoiaram-se duas mulheres na construção de 2 casas de restauração, uma em Faro Sadjuma e outra no porto de Canamina, para servirem refeições aos turistas;
- avançou-se bastante na construção dos 3 bungalows na área turística de Iemberém.
_________
Nota de L.G.:
(*) Vd. postes anteriores desta série:
7 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3118: Ser solidário (14): ONG AD: Relatório de actividades de 2007 - Parte I: A segurança alimentar
Dentro de um ano e meio a zona norte do país vai passar a beneficiar da Ponte de S.Vicente, sobre o rio Cacheu, o que encurtará a distância entre Bissau e Ziguinchor, segunda cidade do Senegal.
Tudo indica que a cidade de S. Domingos cresça rapidamente e possa assumir-se como a segunda cidade do país, especialmente como entreposto de produtos nesta subregião africana. Os mercados da Gambia e Senegal são excelentes oportunidades de negócio para os nossos operadores comerciais.
Daí que o Centro de Formação Rural (CENFOR) de S.Domingos esteja a incrementar um importante programa de formação profissional (serralharia, marcenaria, informática, etc.) para permitir aos jovens aceder ao mercado de trabalho especializado.
Guiné-Bissau > AD - ACção para o Desenvolvimento > Foto da Semana > 24 de Fevereiro de 2008
Jovens balantas de Cafine participam na festa da cerimónia de entrada no fanado, isto é, o acto de iniciação para a vida adulta.
Na zona de Cantanhez, várias etnias convivem amigável e solidariamente, gerindo os recursos naturais, cooperando a nível de diversas associações de agricultores, de jovens, de mulheres e de pescadores, bem como apreciando as culturas de cada uma delas.
Para além dos chamados “donos do chão”, os nalús, conhecidos pela sua escultura de rara beleza, estão presentes os balantas, notáveis orizicultores de bolanha salgada, os fulas, mestres na arte da palavra, os djacancas, profundos conhecedores da religião muçulmana, os tandas, minoria proveniente da Guiné-Conakry, os sossos, especialistas na fruticultura e agricultores de outras etnias.
Guiné-Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da Semana > 30 de Março de 2008
Numa das zonas mais isoladas da Guiné-Bissau, no litoral norte, na baía de Varela, onde a terra acaba e o mar começa, foi construída por iniciativa da comunidade local a Escola de Verificação Ambiental de Djufunco.
A funcionar desde Outubro de 2007, esta escola acolhe uma centena de alunos da primeira à quarta classe, que para além de se defrontarem com o isolamento geográfico (nenhuma estrada digna desse nome existe para lá chegar), não tem acesso a material escolar elementar.
Graças ao apoio da Câmara Municipal de Coimbra, um lote de material de excelente qualidade foi oferecido às crianças, pela Caravana que este mês veio de carro até à Guiné-Bissau, alguns deles para participar também no Simpósio Internacional de Guiledje.
Fotos e legendas: Cortesia de: © AD- Acção para o Desenvolvimento (2008). Direitos reservados.
Continuação publicação do relatório de actividades de 2007, da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com quem mantemos desde finais de 2005 uma relação, franca, aberta, privilegiada, de cooperação, tendo como pretexto inicial o Projecto Guileje que deu origem, entre outras iniciativas que tiveram o nosso apoio, à realização do Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1 a 7 de Março de 2008), e que abriu portas a outras iniciativas mais recentes, como por exemplo a recolha de sementes.
AD -Acção para o Desenvolvimento: Relatório de actividades de 2007 > Parte III
Revisão e fixação de texto: L.G. (Não se reproduzem, por razões técnicas e de economia de meios, as fotos do relatório original, divulgado em formato pdf, no sítio da AD).
C. Os Programas Regionais da AD
Em 2007, a AD regressou ao seu “formato” original desenvolvendo programas nas suas 3 zonas de intervenção, sendo duas rurais (Cubucaré-Quitafine e S.Domingos-Bigene) e uma urbana (bairro de Quelele).
1 - Programa de Apoio aos Agrupamentos do Norte (PAN)
As acções mais importantes neste ano foram as seguintes:
a) Conhecimento dos Circuitos Comerciais
O incremento da produção agrícola tanto a comercial como a destinada ao autoconsumo, impõe a existência de uma rede comercial de mercados que equilibrem a procura local de alimentos e dinamizem a venda exterior dos excedentes. A importância dos circuitos comerciais é tanto maior quanto próxima dos países vizinhos, potenciais compradores de todos os produtos agrícolas que lhes faltam. O Senegal e a Gâmbia estão neste caso, se tivermos em conta as suas condições edafoclimáticas que as fazem aproximar-se muito do deserto.
Em 2007, um trabalho dirigido por Ba Mody, aprofundou o conhecimento dos mercados locais, do volume de negócios, do tipo de procura senegalesa, da importância do mercado subregional de Djaobé, no Senegal, assim como os constrangimentos à comercialização nos sectores de S. Domingos e Bigene.
Foram estudados os lumus de Bigene, com um número médio de actores de 800 pessoas durante a época seca, contra 350 na época das chuvas; o lumu de Ingoré varia de 300 a 500, enquanto o de Sedengal de 600 a 400. O lumu de S. Domingos é o maior de todos com uma média de 3.000 pessoas.
Para se ter uma ideia do volume médio dos negócios realizados num dia nestes lumus por um retalhista ele situa-se entre 2.000 a 4.000 Cfa em produtos agrícolas alimentares (arroz, milho, feijão, batata-doce), 4.000 a 8.000 Cfa em géneros alimentícios (açúcar, óleo, sal) e 10.000 a 30.000 Cfa em produtos manufacturados (tecidos, utensílios). Como a maioria das retalhistas vendem produtos agrícolas, com fraco volume de negócios, as margens de lucro são muito pequenas, situando-se à volta de 500 a 1.000 Cfa por dia.
Assiste-se a uma forte procura senegalesa de produtos brutos guineenses, praticando preços compensadores, mas dominando eles todos os circuitos comerciais (operadores, transporte, clientes e conivências aduaneiras, fiscais e policiais). Por vezes, como em Varela, essencialmente um mercado de peixe, são maioritariamente os pescadores senegaleses, cerca de 150 para 50 canoas diárias, que dominam a actividade, abastecendo de peixe fresco a zona turística de Cap Skiring.
O fluxo de produtos para o Senegal comporta dois circuitos: um que vai do local de produção directamente para o Senegal, caso do peixe fresco e fumado, e outro circuito que passa por S. Domingos (óleo de palma, vinho de palma, frutos silvestres, vassouras) sendo que este último constitui o principal motor de transacções do sector.
Já o fluxo de produtos do sector de S. Domingos para Bissau e Bula, centra-se no mango fora-de-estação (Setembro-Outubro), carvão, sal e peixe fumado, muito menos intenso que para o Senegal, uma vez que os preços praticados naqueles mercados são menos atraentes e a distância é muito maior, tanto mais que tem uma jangada de funcionamento imprevisível.
Já no sentido inverso, os produtos provenientes do Senegal, Gâmbia e Guiné-Conakry são manufacturados, registando-se uma excepção em relação ao mercado grossista de Bigene que recebe uma média semanal de 50 porcos.
Outro produto que vem de fora é o sal. De registar que os lumus do lado da Guiné-Bissau são generalistas, embora o de Cassolol se especialize mais em
vinho de palma e o de Bigene em porcos.
Se tivermos em conta os produtos agrícolas e florestais, o cenário apresenta-se da seguinte forma:
- óleo de palma: é começado a vender de Outubro a Fevereiro, época baixa, com volumes variando entre os 5.000 e os 7.000 litros mensais. Entre Março e Julho o valor situa-se nos 15.000 litros por mês;
- fole: entre Julho e Setembro a oferta situa-se entre as 150 e 225 toneladas mensais;
- vinho de palma: entre Agosto e Novembro, época alta, a média mensal de exportação para o Senegal é de 50.000 litros;
- cabaceira: é um produto de fraca oferta em que, de Dezembro a Fevereiro, a oferta se situa entre as 2,5 a 5 toneladas por mês;
- vassouras: não se tendo conseguido registar a quantidade exportada, ela incide sobretudo nos meses de Outubro a Junho.
O incremento da produção agrícola nesta zona fronteiriça passa pela:
- criação de infraestruturas de comercialização (tradicionais e modernas), tais como os lumus que a AD vem promovendo em Elia, Cassolol e Suzana, assim como os mercados comunitários de Ingoré (concluído em 2007) e S. Domingos (previsto para o final de 2008);
- maior integração no mercado subregional de Diaobé, no Senegal, maior entroncamento comercial da costa ocidental africana;
- limitação dos constrangimentos à comercialização nestes dois sectores geográficos, em especial na luta contra a falta de cultura comercial e de estratégia de comercialização, a fraca capacidade de produção e consequente dificuldade em controlar a oferta, no desencravamento dos lumus, nos abusos de que os comerciantes são vítimas pelas taxações dos serviços florestais guineenses e senegaleses.
b) Dinamização da Produção Agrícola
Várias actividades foram incrementadas durante este ano, sendo de realçar:
- o programa de reaproveitamento das bolanhas salgadas do sector de Bigene, que haviam sido abandonadas há muitos anos atrás, tendo sido beneficiadas 8 tabancas que irão permitir dentro de poucos anos a cultura de arroz numa área estimada em cerca de 1.000 ha;
- perto de Barro foram apoiadas acções em 3 tabancas para a melhoria da gestão de água em bolanhas de “bas-fonds”, representando uma área de 80 ha para a produção imediata de arroz;
- foram distribuídas 7 toneladas de sementes de arroz das variedades Cablak e Banimalu, impondo-se urgentemente a criação de uma rede local de agricultores-multiplicadores de semente para assegurar uma maior segurança local de produção. Acresce o fornecimento de 100 Kg de feijão mancanha, na forma de minikits, e de estacas de mandioca a 19 tabancas;
- apoiaram-se 42 tabancas (30 em Bigene e 12 em S. Domingos) para a produção hortícola e fruticultores de 10 tabancas, com sementes, propágulos e pequeno material hortícola e frutícola.
- foram instaladas 2 descascadoras de arroz, uma moageira de milho, 23 prensas de óleo de palma, 10 carroças de tracção animal.
c) Outras Actividades
- construção de 3 Escolas de Verificação Ambiental (EVA) em Nhambalan, Djufunco e Elala;
- 11 poços de água em outras tantas tabancas do sector de Bigene;
- alargamento das instalações de carpintaria do Centro de Formação Rural de S. Domingos (CENFOR) e reforço dos programas de formação profissionalizante (serralharia, carpintaria e informática) e comunitária (descascadoras de arroz, fabrico de sabão, tinturaria);
- construção do edifício da Rádio Comunitária Balafon de Ingoré, com afectação de melhores meios de trabalho, cuja conclusão está prevista para o final do primeiro trimestre de 2008;
- apoio à equipa médica de oftalmologia da ONG ANAWIN que em Setembro realizou numerosas operações às cataratas e tracomas;
- dinamização da assistência médica ao Centro Materno-Infantil de Djufunco, assegurada pela colaboração voluntária da equipa médica cubana
sedeada em S. Domingos;
- apoio à Associação dos Afilhados de Elx e à sua ludoteca;
- assistência para a elaboração dos estatutos e legalização da Rádio Kasumai.
2 – Desenvolvimento Urbano de Quelele
As acções mais importantes em 2007 no bairro de Quelele centraram-se na Escola de Artes e Ofícios sendo de assinalar:
3.1. Melhoria de funcionamento dos cursos: adequação de planos curriculares e dos sistemas de avaliação
a) Educadores de Infância: foram introduzidas 2 novas disciplinas (linguagem e iniciação à Matemática), com o objectivo de facilitar a identificação e selecção de jogos e materiais para melhorar o desenvolvimento linguístico e cognitivo de crianças. Foi implementado um sistema de estágio organizado e acompanhado, com a duração de 160 horas repartido em 2 meses, destinado a promover o contacto com os potenciais empregadores, alargar possibilidades de emprego e atribuir uma ligação entre as vertentes teórico-práticas do curso;
b) Electrónica: na disciplina de gestão de pequenos negócios, foram introduzidas as componentes de “técnicas de elaboração de orçamentos” e “apresentação de um diagnóstico de avaria”.
Alterou-se o sistema avaliativo com o objectivo de valorizar os trabalhos práticos realizados em laboratório, assim como os testes escritos passaram a ter um peso de 70% na avaliação, contra os 100% dos anos anteriores. Introduziu-se um sistema de estágio com a empresa Areeba, tendo estagiado 5 formandos dos quais 1 conseguiu emprego.
3.2. Contribuição da EAO na melhoria de funcionamento de outras Instituições
A Escola Popular Aruna Embalo, pela primeira vez, introduziu no seu sistema educativo o nível de educação pré-escolar, contando com a participação de 5 formandas da EAO na área de educadoras de infância, apoiando ainda no programa de educação infantil.
3.3. Cursos realizados
a) Cursos Profissionalizantes
- Electrónica: foram organizados 2 cursos (de 30 alunos cada, todos do sexo masculino). Registou-se uma redução da taxa de desistência de 55% para 39% entre 2006 e 2007, a que correspondeu um aumento do número de finalistas de 13 para 20 alunos (45% e 61% respectivamente);
- Auxiliares de Educadores de Infância: foi organizado 1 curso de 3 turmas com 69 formandas, todas do sexo feminino, tendo desistido apenas 3, equivalente a 6%. O novo formato do curso, com mais aulas práticas do que teóricas e um sistema de estágios acompanhados, permitiu a redução de desistências em 10% de 2006 para 2007;
- Instalações Eléctricas: iniciaram-se cursos em novos moldes e novo formato. Se anteriormente os cursos comportavam 340 horas repartidas em 5 meses, agora passaram a ser ministrados em 3,5 meses com uma carga horária de 134 horas. Os materiais e equipamentos para as aulas práticas foram alterados e adaptados, isto é, cada aluno passou a ter uma bancada individual ao invés de bancadas e quadros colectivos. Foram organizados 3 cursos, dos quais 2 já terminaram, tendo-se inscrito 27 alunos todos do sexo masculino e chegado ao fim, devido a viagem ao estrangeiro;
- Informática: os cursos passaram de 4 em 2006 para 4,5 em 2007, tendo havido um acréscimo de 11% de alunos inscritos, isto é passaram de 488 em 2006 para 495 alunos, sendo 275 rapazes e 220 raparigas.
Concluíram os cursos este ano 84% dos inscritos contra 95% em 2006, sendo que as razões apontadas estão a falta de pagamento, deslocações e viagens para o exterior e oportunidades de emprego entretanto surgidas. Para 2008 vaise implementar o sistema de pagamento único logo na inscrição.
- Painéis Solares: em colaboração com o CENFOR, realizaram-se 2 cursos de instalação e reparação de painéis solares, com o objectivo de
dispor de técnicos qualificados que garantam a difusão deste tipo de energia alternativa. Foram formados 11 técnicos.
b) Cursos Comunitários: foram realizados 2 cursos de tinturaria para 18 jovens raparigas, com a duração de 45 horas (1 mês e meio).
3.4. Construção da Escola de Artes Domésticas e Hotelaria
Em Dezembro de 2007, foi iniciado o processo de legalização do terreno junto da EAO e construção da nova Escola de Artes Domésticas e Hotelaria, destinada a formar jovens quadros capazes de se integrarem no processo de crescimento do turismo na Guiné-Bissau e satisfazer as ambições de outros de melhoria da qualidade de vida familiar.
3 - Programa Integrado de Cubucaré (PIC)
As acções mais importantes neste ano foram as seguintes:
a) Preparação do Simpósio Internacional de Guiledje
A organização deste Simpósio teve início dois anos antes da sua efectivação, factor determinante para que a sua preparação tenha sido preparada em todos os seus pormenores e detalhes. Ocupou a preocupação central de todos os quadros do PIC que fizeram um excelente trabalho logístico para a recepção aos participantes, de animação e enquadramento dos diversos grupos locais e comunidades que se envolveram nos programas de reabilitação dos antigos quartéis de Guiledje e Gandembel, na preparação dos programas culturais e na finalização da construção das infraestruturas de acolhimento.
Por outro lado, um trabalho lento e gradual de sensibilização de todos os participantes do exterior, portugueses, cubanos, caboverdianos e de outros países europeus, foi desenvolvido, levando especialmente os antigos militares portugueses que estiveram na Guiné e intelectuais e professores universitários a irem-se interessando cada vez mais pelo Simpósio e a considerarem-no como também seu.
O site de Guiledje gerido pela AD foi um momento alto dessa comunicação com os participantes, sendo de realçar a participação notável e determinante do Blogue “Luís Graça e os Camaradas da Guiné”, que promoveu o Simpósio como ninguém, chegando ao ponto de se antecipar ao site de Guiledje na publicação de informações frescas. Igualmente a participação activa da Fundação Mário Soares, através do Arquivo Amílcar Cabral, foi decisiva para a qualidade do conteúdo do evento.
Curiosamente que foi a nível interno, de Bissau, que o envolvimento dos participantes teve flutuações mais significativas, assistindo-se a uma adesão espontânea e interessada, logo de início dos intelectuais e quadros técnicos guineenses, seguido mais tarde pelos combatentes da liberdade da pátria e só por último das autoridades governativas.
Em termos de financiadores há a destacar o apoio da União Europeia, do Governos português e guineense e do IMVF, obtidos atempadamente e que quase cobriram o orçamento estimado. De notar o envolvimento activo do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau que foi assegurando apoios fundamentais para o bom sucesso deste encontro.
Um dos pontos mais altos dos preparativos do Simpósio foi o do registo em DVD dos testemunhos dos combatentes guineenses, dos comandantes caboverdianos que participaram em Guiledje e as dos militares portugueses que contribuíram com uma significativa entrega de documentos históricos pessoais e de instituições oficiais. Durante este período foi-se conseguindo obter um arquivo de qualidade que irá enriquecer o futuro Museu de Guiledje com fotografias, filmes de 8mm, objectos de recordações e livros de unidade.
b) Dinamização agrícola
Em 2007 foram dinamizadas as seguintes acções de apoio aos pequenos agricultores dos sectores de Cubucaré e de Quitafine:
- apoiaram-se 7 tabancas para a reabilitação de bolanhas salgadas abandonadas ou destruídas pela força das marés e subida do nível médio das águas do mar, através do fornecimento de tubos de drenagem e reconstrução de diques atingidos, o que representa o aproveitamento de cerca de 500 ha potenciais para a cultura do arroz;
- 8 tabancas beneficiaram de apoio para o aproveitamento dos pequenos vales interiores para a cultura de arroz na época das chuvas e de batata-doce e legumes na época seca;
- para a diversificação de culturas foram distribuídas sementes de feijão mancanha (168 kg) e propágulos de batata-doce e mandioca;
- foram distribuídos 40 kg de sementes de legumes diversificados a 28 tabancas de ambos os sectores;
- apoiaram-se agrupamentos e fruticultores na criação de 10 viveiros de espécies frutícolas, fornecendo-se apoio técnico e pequeno material de trabalho (catanas, enxadas, sachos e pás);
- introduziram-se 2 descascadoras de arroz, 2 unidades de fabrico de farinha de mandioca, com um sucesso extraordinário, 10 prensas de óleo de palma e 2 unidades manuais para farinhar peixe.
c) Outras actividades
- concluiu-se a construção das Escolas de Verificação Ambiental de Sintchur Caramba e de Cafine;
- construiu-se e inaugurou-se o lumu de Gandembel que teve um começo excelente na troca de mercadorias com a Guiné-Conakry, mas que foi decaindo ao longo do ano fruto da instabilidade política registada naquele país;
- apoiaram-se duas mulheres na construção de 2 casas de restauração, uma em Faro Sadjuma e outra no porto de Canamina, para servirem refeições aos turistas;
- avançou-se bastante na construção dos 3 bungalows na área turística de Iemberém.
_________
Nota de L.G.:
(*) Vd. postes anteriores desta série:
7 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3118: Ser solidário (14): ONG AD: Relatório de actividades de 2007 - Parte I: A segurança alimentar
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