quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Guiné 63/74 - P3114: Blogoterapia (59): A Sombra do Pau Torto ou a notável capacidade de persistência e resistência de Carlos Schwarz (João Tunes)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Simpósio Internacional de Guiledje > 1 de Março de 2008 > Visita ao antigo aquartelamento de Guileje > À esquerda, o Pepito "apanhado em flagrante", numa formidável manifestação de bom humor e de energia esfuziante, tendo a seu lado um elemento da população local com uma T-Shirt de Amílcar Cabral, em que salta à vista uma grosseira gralha tipográfica na estampagem da fotografia e do nome do fundador da Pátria...



Apesar de ainda vivo na memórias dos antigos guerrilheiros do PAIGC e das gentes do Cantanhez (como eu pude comprovar in loco), Cabral foi e continua a ser maltratado no país onde nasceu e por quem lutou até ao sacrifício da sua própria vida... O promenor pode ser anedótico, mas não de deixa de ser simbólico: até o C tiraram a Cabral, parece quer dizer o nosso amigo Pepito...





Foto: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.


1. Reproduzido, com a devida vénia, do blogue do nosso amigo e camarada João Tunes > Água Lisa (6) > 1 de Agosto de 2008 > A Sombra do Pau Torto (*)

Carlos Schwarz da Silva, um engenheiro agrónomo nascido na Guiné-Bissau, com ascendências que misturaram sangues das mais variadas origens (caboverdiano, português, judeu, polaco) e que para a Guiné-Bissau regressou, quando jovem licenciado pelo Instituto Superior de Agronomia (Lisboa), para se dedicar à causa do desenvolvimento das populações do país que o viu nascer e que ele ama entranhadamente, sendo tão difícil, ali, onde a pobreza e o atraso dos povos se casaram com o desleixo, o gangsterismo e a corrupção (muitas destas maleitas são o que sobrou das terríveis experiências do “marxismo-leninismo africano”), resistir aos desenganos. E nota-se que, para resistir e persistir, Carlos Schwarz da Silva (“Pepito”, assim lhe chamam os amigos) ainda se ilumina no exemplo e na obra (incompleta, porque interrompida por Spínola, a PIDE e a traição de alguns dos “seus”) de outro agrónomo guineense, Amílcar Cabral.

Num notável texto autobiográfico, agora e aqui editado, Carlos Schwarz da Silva (na foto, tirada pelo seu e meu amigo Luís Graça) como que faz uma síntese da história épico-trágica da experiência da independência da Guiné-Bissau. Sem ponta de dúvida, uma leitura a não perder. A menos que se queira fechar os olhos à África de hoje, a África que os europeus deixaram aos africanos. E, nesta história, queira-se ou não, goste-se ou deteste-se, Portugal, nós, também entra(mos).

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Nota de L.G.:

(*) Tinha prometido a mim mesmo não dar sinais de vida nem, muito menos, aparecer por estas bandas durante o mês de Agosto, deixando as despesas da conversa bloguística aos meus/nossos abnegados e generosos co-editores Carlos Vinhal e Virgínio Briote... Mas não resisti ao reparo do João Tunes, que se queixa de ter enviado um comentário ao poste de 31 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3101: Histórias de vida (13): Desistir é perder, recomeçar é vencer (Carlos Schwarz, 'Pepito', para os amigos), comentário esse que, mais uma vez (!), se terá perdido na blogosfera...

Consultado o seu blogue - Água Lisa (6) - , o que faço com alguma regularidade, encontrei esta peça sobre o Pepito que, para além de nosso amigo e camarada, é uma das vozes mais lúcidas e corajosas da Guiné-Bissau. É da mais elementar justiça dar a conhecê-la, esta peça, ao próprio Pepito e aos demais amigos e camaradas da Guiné que fazem parte do nosso blogue.

O Pepito que está, em Portugal, com a família, a passar férias e a carregar baterias para mais um ano de trabalho à frente da sua AD - Acção para o Desenvolvimento, também precisa do nosso apoio, carinho e solidariedade. Vou, de resto, estar com ele, de novo, no dia 7, em São Martinho do Porto. Sei que o Pepito também deverá receber, no dia 19, uma missão especial dos Gringos de Guileje, com o Abílio Delgado e o Zé Carioca à cabeça... Não sei se lá poderei estar nesse dia, embora da Lourinhã a São Martinho do Porto seja perto... Logo se verá... De qualquer modo, no dia 7, levarei um abraço de toda a nossa Tabanca Grande a este homem que é grande, da cabeça aos pés, da alma ao coração...

Julgo que era basicamente este o comentário que o João Tunes nos enviou e que, por razões técnicas, que nos são alheias, não chegaram ao nosso conhecimento... O João de certo compreenderá que aos nossos pobres editores não pode ser imputado este erro (que já lhe ocorreu pelo menos duas vezes, ao tentar fazer comentários aos nossos postes; e que provavelmente já ocorreu a mais camaradas e amigos nossos; quando for assim, que nos contactem, por favor, por e-mail)...

Embora sujeitos a moderação, todos os comentários que nos chegam são imediatamente publicados, desde que (i) não contenham insultos pessoais e (ii) tragam elementos de identificação do autor (nome ou email). Que fique claro: em caso algum, fora destas duas regras elementares de boa ética e boa convivência, faremos censura aos comentários de quem quer que seja... Seria a total negação do espírito aberto, plural e solidário do nosso blogue... Boa continuação de férias, para os sortudos. Boa saúde, bom trabalho, para os demais. LG

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