1. Comentário do António Graça de Abreu ao poste de 9 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5079: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (5): Lugajole, disse ele (Luís Graça) (*)
Pois é, meu caro Luís, pois é!...Madina do Boé, Lugajole, etc.
Importante para os nossos irmãos da Guiné-Bissau, para nós também.
Trata-se ou não do berço onde nascemos, como país, como Pátria? Ou será que tanto vale, na fronteira com a Guiné-Conacri,ou dentro da Guiné-Conacri, em Madina do Boé, em Lugajole, etc...
Tenho um imenso respeito pelos combatentes do PAIGC. Morreram pelo que acreditavam ser a sua Pátria, a construir com o fermento e o sangue de mártires. Vi-os morrer à minha frente, um nó apertado em volta do meu coração.
Esses heróis do PAIGC merecem o respeito dos homens da Guiné de hoje, e o nosso.
Quem sou eu, simples alferes miliciano num Comando de Operações tuga, 1972/1974, para criticar ou dar lições a quem quer que seja?
Mas os povos da Guiné, nossos irmãos, precisam de construir o seu futuro e de ter orgulho nos seus melhores. Infelizmente, ao longo destes 34 anos de independência, os dirigentes deste país têm passado os anos a cerzir maquinações, a odiar-se, a matar-se uns aos outros. Como diz António Borges Coelho, no poema cantado pelo então padre Francisco Fanhais, por volta de 1970, "os mortos apontam em frente o caminho da esperança que resta."
Desculpem-me mas creio que isto tem tudo a ver com o lugar onde nascemos, como pessoas, ou como Pátria. Pelo orgulho que sentimos em sermos guineenses ou portugueses.
Um abraço,
António Graça de Abreu
[Revisão / fixação de texto / bold a cor: L.G.]
____________
Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste desta série:
8 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5076: (Ex)citações (51): Credibilidade e humildade precisam-se! (António Matos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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5 comentários:
Caro Graca de Abreu. Como um dos crentes nos nossos subjacentes "brandos costumes"nao posso no entanto esquecer que alguns dos nossos dirigentes terao "passado os anos a cerzir maquinacoes,a odiar-se,(e mesmo)a matar-se uns aos outros.Mortos no desvio do navio St.Maria,mortos na revolta de Beja,assassínio de Humberto Delgado,mortos em frente dos "escritórios" da PIDE aquando do tao florido 25 de Abril,mortos no 11 de Marco,no,e frente ao RALIS,mortos á bomba no chamado Verao quente,mortos em Lisboa no 25 de Novembro,mortos pelas FP-25 ABR,a somar aos mortos provocados pelas forcas da ordem em manifestacoes e greves sindicais durante todo o Estado Novo.Em comparacao com as mortandades de outros países europeus,durante o mesmo período de anos e por razoes exclusivamente políticas,ou por tentativas de extremínio de minorias,os nossos mortos nao serao tantos.Mas,um morto pelos seus ideais políticos é sempre....um morto a mais.Mas porque será que NÓS reagimos com "o coracao nas maos" quando os africanos se matam por razoes políticas,e nao só?Serao 40 anos suficientes para emergirem de séculos da tao falada accao civilizadora do colonialismo europeu?Qual a nossa implantacao cívica-educacional nos séculos de presenca na Guiné?Naso só nao se criaram as mínimas condicoes prácticas para a implantacao das mesmas,como,muitas das vezes,violentamente,impedimos os povos locais de se organizarem em liberdade dentro dos parametros das respectivas culturas e tradicoes.As percentagens dos que sabiam ler e escrever no Portugal dos anos 50 parecem hoje incríveis!Seria possivel,nessas condicoes,levar a tal educacao que nos faltava á Guiné,quando os dirigentes de entao pouco "interesse" tinham? Um abraco com Amizade do J.Belo.(peco desculpa do teclado sueco do computador)
Meu caro Belo
Claro que os nossos brandos costumes não nos impediram de matar alguns de nós. Mas isso aconteceu, acontece por tudo quanto é lugar no mundo. Vê a civilizada Itália, da Sicília ao Piemonte, recorda por exemplo o assassínio de um homem como o sueco Olaf Palme.
Infelizmente em África as coisas são mais graves.
Não acredito muito na acção civilizadora do colonialismo europeu.Mas uma certa esquerda cega
tem tentado associar o desastre político e económico em quase toda a África ao mau colonialismo, aos europeus que durante séculos nada fizeram pelas suas colónias.
Tudo isto é redutor e simplista.
Há centenas de fuzilados pelos restos do PAIGC, pós 25 de Abril. Quem matou Francisco Mendes, e Veríssimo Serra, e Ansume Mané, e Nino Vieira, etc? Foi o colonialismo?
Porque é que muitos dos melhores quadros de inúmeras nações africanas preferem viver e trabalhar no antigo país colonizador do que dar o seu contributo para, com os seus compatriotas, ajudar a própria pátria?
Porque lá a vida é bem mais difícil, a segurança de cada um é bem mais incerta do que na Europa.
Sem nenhuns complexos de colonialista, que creio, nunca tive,
um abraço,
António Graça de Abreu
railysubCaro Graca de Abreu. É sempre agradável dialogar,mesmo á distancia de toda uma Europa.Como por certo compreendes,muitos de nós "exigrados" teem bem poucas oportunidades de comversar com os...seus.Daí,oseguir com especial atencao os variados temas do blogue.Se me permites o pessoalismo,creio ter lido,há já bastante tempo,uma frase tua em que referias:-Abaixo de Deus...os Abreus! Como recordo,em crianca,ter lido a mesma frase inscrita em lápide num solar de família no minho,pergunto-me:-Será que somos ainda familiares afastados?Noutros tempos(!) á frente do meu nome de família escreveu-se "Abreus e Limas",terás por acaso raízes no Minho medievo?Um abraco do José Belo.
A frase correcta é "Depois de Deus, os Abreus" e está por baixo do brasão, o escudo e armas dos Abreus. Podes encontrar esta frase na sala dos Brasôes, no Palácio da Vila em Sintra.
Os Abreus são de facto originários do Minho, com uma ramificação galega. Mas hoje existem tantos Abreus que me estou nas tintas para as genealogias, a história das famílias ilustres, ou tidas como tal.
Não sou monárquico e essa de "Depois de Deus os Abreus", tem graça, não ofende, mas é falso.
Depois de Deus, todos os homens debaixo dos céus.
Um abraço,
António Graça de Abreu
Caro Graca de Abreu. Muito grato pelos esclarecimentos quanto a antepassados minhotos.É sempre agradável para um "perigoso" esquerdista,com 3 estadias em presídios militares por razoes políticas inconvenientes,ter a confirmacao de que muitos acreditam,hoje,que,como tao bem dizes:-Depois de Deus......todos os homens! Um abraco do J.Belo.
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