terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5873: Contraponto (Alberto Branquinho) (6): (Especial) Os seis anos do Blogue

Mensagem de Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data 21 de Fevereiro de 2010:

Caro Vinhal
Aqui vai o meu contributo para a festa dos 6 anos do blogue, incluido no Contraponto.

Um abraço do
Alberto Branquinho



CONTRAPONTO (6)

OS SEIS ANOS


Ouvi (ou li?) que está a fazer seis anos um rapaz-adulto que dá pelo nome de Blogue do Graça. Proporciona encontros (por vezes pequenos desencontros…), reencontros, amizade, companheirismo, camaradagem entre rapazes na casa dos sessenta, que passaram pela Guiné quando tinham vintes. Além de outros e outras com vinculo a pessoas e às coisas dessa terra.
É filho do Luís Graça (conhecem?), mas da mãe não há notícia. (Será a E.N.S.P.?).

O rapaz (já crescido, bem crescido) vem sendo acompanhado por dois, três, quatro padrinhos, mais ou menos da idade do pai. Alimentam-no. E dessa acção do pai e dos padrinhos resultam variadíssimas intervenções no corpo do próprio Blogue do Graça, onde todo e qualquer outro, a quem eles já tenham “passado cartão”, pode dar conta das suas façanhas de guerra, das suas experiências menos ou nada guerreiras, dos seus sofrimentos, medos e angústias de guerreiro, das suas tiradas intelectuais, do seu diletantismo, do seu literatismo, do seu ecumenismo, da sua benemerência, do seu humanismo, das suas sensibilidades, ironias, frontalidade, das suas experiências mais ou menos relacionadas com a sua vida na Guiné (ou partir do momento em que foram, de novo, paridos para a vida quando abandonaram Bissau, em barco ou avião).

Aos mortos, aos ressuscitados (há um, pelo menos), aos afectados física e psiquicamente pela guerra, dá o rapaz Blogue espaço, lembrança e vida. E, também, àqueles que estiveram “do outro lado” da guerra e aos que a conheceram enquanto crianças ou aos que, porque ainda não nascidos nesses tempos, eram, então, água, carbono, sais minerais, cálcio, proteínas… vagueando por essa e outras terras do planeta nosso.

Mas o que mais enternece e nos toca na ponta do bico do fundo do coração é que, apesar de toda essa diversidade, cada um pode falar de si e dos outros e encontra nesses outros a ressurreição dos tempos e da juventude (que na Guiné deixou em grande parte) e os encontros/reencontros se sucedem, se repetem e é como se fossem sempre a primeira vez. E os que aparecem pela primeira vez sentem-se, comportam-se e relacionam-se com os outros presentes como se tivessem estado sempre presentes desde o princípio dos séculos.
Alguém pode explicar isto? (É que não é matéria de Sociologia do Trabalho. Ou será da Saúde?)
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5767: Contraponto (Alberto Branquinho) (5): Nojo, ou um alferes descomposto

3 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro Alberto Branquinho

Como sempre, um texto bem conseguido.
De facto, não me ocorre, assim de repente, qualquer falta na tua caracterização do nosso Blogue, embora seja sempre possível descobrir novas formas de abordagem.
Um abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Caro Branquinho

Dá gosto ler as tuas mensagens.
Simples, mas profunda.
Um abraço.

Jorge Rosales

Anónimo disse...

Branquinho,
Caro Amigo,
Espero que leves exemplares do teu livro para o nosso encontro.~
Lá nos encontraremos, espero.
Um grande abraço pela tua sempre oportuna e inteligente intervenção.
BSardinha