quinta-feira, 2 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8366: As mulheres que, afinal, foram à guerra (15): Aerogramas precisam-se, para reportagem sobre madrinhas de guerra e ex-combatentes (Sara Oliveira, mestrado de comunicação e jornalismo, Universidade de Coimbra)

1. Mensagem que nos chega de um nossa leitora, Sara Oliveira, aluna de um curso de Mestrado em Comunicação e Jornalismo da Universidade de Coimbra [, vd. foto à esquerda: Coimbra > 3 de Outubro de 2009 > Universidade de Coimbra > A famosa torre sineira e a cabra... Foto de L.G.]


De: Sara Oliveira [sara.i.s.oliveira@gmail.com]


Data: 1 de Junho de 2011 16:45


Assunto: Reportagem sobre madrinhas de guerra e ex-combatentes


Caro Luís Graça, 

Sou estudante de mestrado em Comunicação na Universidade de Coimbra e estou, neste momento, a fazer uma grande reportagem sobre madrinhas da guerra colonial e ex-combatentes que se corresponderam com elas. 


Estive a falar com a [jornalista e cineasta] Diana Andringa e ela sugeriu-me o seu nome como alguém que talvez me pudesse ajudar. 


Correspondeu-se com madrinhas de guerra? Ainda tem cartas/aerogramas dessa altura? 

Aguardo uma resposta sua, com a esperança de que me possa ajudar... 

Os meus melhores cumprimentos,  


Sara Oliveira




Uma aerograma enviado de Guileje, com data de 17/4/72, pelo nosso camarada J. Casimiro Carvalho aos seus pais (na Maia)... 




Foto: © José Casimiro Carvalho  / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Todos os direitos reservados




2. Comentário de L G.:


Cara Sara: Você foi bater à porta errada e à janela certa. Sou ex-combatente mas não tive madrinha de guerra, nem nunca escrevi nenhum aerograma... Em contrapartida, há aqui, neste blogue, muitos camaradas meus que, no teatro de operações da Guiné, tinham madrinhas de guerra, escreviam regularmente e provavelmente conservam alguns, poucos, aerogramas... 


Poucos ? Com tantas centenas de milhares de homens em armas durante a chamada guerra do ultramar, com tantos milhões de aerogramas distribuídos, gratuitamente, pelo Movimento Nacional Feminino (mais de 30 milhões por ano, nos últimos anos da guerra), é difícil encontrar alguém que tenha uma boa colecção desses documentos, e sobretudo que esteja disposto a pô-la à consulta dos outros (investigadores, escritores, editores de blogues, etc.). Já fiz esse apelo aqui, e os resultados ainda são magros, ao fim de sete anos... Veja os descritores:


madrinhas de guerra
aerogramas
as nossas mulheres


Em muitos casos, os correspondentes perderam o rasto uns dos outros. As madrinhas de guerra devem ter deitado ao lixo ou à fogueira as cartas e aerogramas de homens, estranhos, que nunca chegaram a conhecer pessoalmente.  Essas operações de limpeza costumavam fazer-se na véspera dos casórios... E depois a guerra acabou, war is over, baby, como diz um poema que eu escrevi... Alguém mais quis saber do que um afilhado de guerra dizia a uma madrinha de guerra, na tal guerra de que já ninguém se lembra nem quer lembrar ?...  


A ideia é linda, Sara, mas vem com um atraso de décadas... Parabéns às mulheres, às nossas mulheres, que estão a pôr a mão na velha massa das ressequidas e dolorosas recordações daquele tempo... Procure também no Arquivo Histórico Militar...


Em todo o caso pode ser que alguém, de bom coração, nos leia e queira fazer uma boa acção (de que todos, afinal,  beneficiaremos, espero)... Para isso, seria bom que a Sara dissesse mais alguma coisa sobre si e sobre o seu projecto de trabalho: Qual o seu "curriculum vitae"  resumido ? Qual o seu interesse especial por este tema ? Podemos usar o seu e-mail ? Não nos quer mandar uma fotografia ? (Aqui estamos habituados a dar a cara...)...


Enfim, não leve a mal que a gente faça estas perguntas... É também jornalista ? A "grande reportagem" (sic) destina-se a que fim  ? É mais um trabalho académico, uma tese de dissertação de mestrado ? É um trabalho de investigação jornalística ? É para publicar em livro ? Quem paga as fotocópias dos aerogramas e o seu envio para si ?, etc ... 


Desculpe estas perguntas todas... Temos todo o gosto em colaborar consigo (temos ajudado estrangeiros, por que é que não deveríamos ajudar  uma jovem, presumo, investigadora portuguesa ?) e, naturalmente, temos a obrigação cívica e moral de colaborar com a Academia, mas gostamos também de saber com quem, e em que termos,  apesar de você trazer a recomendação da nossa amiga Diana Andringa, uma das cerca de 40 mulheres que integram este blogue. 


Aqui fica o seu pedido (parti do princípio que era para divulgar através do blogue), e aqui tem a expressão (pública) do meu apoio à sua louvável iniciativa. Esperemos que alguém nos leia, de entre as ex-madrinhas e os ex-afilhados de guerra... Saudações bloguísticas. Luis Graça

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Nota do editor:


Último poste da série > 28 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8340: As mulheres que, afinal, foram à guerra (14): Mais de um terço de uma amostra (de conveniência) dos nossos leitores tenciona ver o filme de Marta Pessoa, em breve no circuito comercia

1 comentário:

Manuel Reis disse...

É apenas uma pequena rectificação ao aerograma do Casimiro Carvalho, nada de importante.
A data referida no aerograma 17/4/72 não está correta; nessa altura ainda a Companhia estava na Metrópole. Deve ser 17/4/73.
Desculpai-me a intromissão.

Manuel Reis