sábado, 16 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16310: Carta aberta a... (13): ...ao Senhor Presidente da Republica Portuguesa e Comandante Supremo das Forças Armadas (José Martins, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5)

Cemitério Militar de Bissau


1. Em mensagem do dia 14 de Julho de 2016, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos uma Carta Aberta dirigida ao Presidente da República Portuguesa e Comandante Supremo das Forças Armadas, a propósito da sua próxima deslocação à Guiné-Bissau.



CARTA ABERTA

14 de Julho de 2016

Senhor Presidente da Republica Portuguesa e Comandante Supremo das Forças Armadas 

Excelência 

Tomei conhecimento, pela comunicação social, que V. Exª em breve visitará a Republica da Guiné-Bissau que, antes de se tornar independente e reconhecida como tal, foi palco de vastas operações militares, onde tombaram soldados Metropolitanos e Africanos, julgando defender o Território Nacional, honrando o Juramento feito perante a Bandeira Nacional. 

Como antigo combatente naquele território, numa Companhia de Caçadores Africanos, encarecidamente lhe peço, e agradeço que, ao contrário do que os seus antecessores, no mesmo cargo fizeram, não deixe de colocar uma coroa de flores no Cemitério Militar de Bissau, em nome de todos os Combatentes de Portugal, que não o podem fazer pessoalmente, não só por razões materiais mas também económicas.

Nesse momento, quando colocar a coroa e se curvar perante a memória dos nossos camaradas tombados para sempre, terá, obrigatoriamente, centenas de combatentes, ainda que à distância, ao seu lado, perfilados e em continência.

Atentamente 
José Martins 
Fur. Mil. Trms. Inf. 
C.Caç 5 – Canjadude
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14388: Carta aberta a... (12): ...aos meus netos, neste Dia do Pai (José Martins)

8 comentários:

J. Gabriel Sacôto M. Fernandes (Ex ALF. MIL. Guiné 64/66) disse...

Penso de igual modo. Também assino.

Anónimo disse...




O comentário do J. Gabriel Sacôto Fernandes, inspirou-me. Camarada José Martins tal como ele assino, por baixo igualmente.

Um abraço. Francisco Baptista

Anónimo disse...

É de um grande sentido de oportunidade esta carta aberta.

Parabéns camarada Martins.

Carvalho de Mampatá

Anónimo disse...

Bom dia camaradas
Bem lembrado. Também acho que, além das homenagens que possam ser prestadas, nunca é tarde para, de uma vez por todas, se organizar o repatriamento dos nossos mortos para que possam descansar em paz na terra que os viu nascer. Eles que morreram por esta Pátria ingrata que os usou e abandonou. Isso eu não perdoo.
Um abraço.
Carlos Farinha

Carlos Vinhal disse...

A propósito desta Carta Aberta, telefonou-me o camarada Mário Beja Santos a informar que durante a visita Presidencial que o Dr. Mário Soares fez à Guiné-Bissau em 1989, exigiu, contra o que estava no programa da visita, depositar uma coroa de flores no Cemitério Militar de Bissau. Embora a contragosto, o seu pedido foi satisfeito.
Não consegui encontrar na net o relato deste acto, pelo que espero que o Mário Beja Santos, o José Martins ou qualquer outro camarada nos ajude a clarificar o assunto, para repor a justeza do acto.
Carlos Vinhal
Co-editor

J. Gabriel Sacôto M. Fernandes (Ex ALF. MIL. Guiné 64/66) disse...

Obrigado Carlos Vinhal.
A verdade deve ser conhecida, mas foi ele quem derramou leite...

Hélder Valério disse...

Caro Zé Martins

A tua iniciativa é correcta e oportuna.
Sabe-se, pelo menos vai-se lendo, que estas coisas, as visitas de Estado, obedecem a protocolos e a 'preparações negociadas'.
Por isso, sendo feita com alguma antecedência (suficiente? insuficiente?) haverá a possibilidade de considerar o assunto.
Ficaríamos todos bem na fotografia e poderia servir para se darem novos passos no sentido de se concretizar uma velha e justa aspiração de muitos, que é a da trasladação dos corpos.

Se nada vier a acontecer no sentido que propões, pelo menos fica a iniciativa e a afirmação de vontade de muitos.

Obrigado, José Martins.
Abraço
Hélder Sousa

Mário Beja Santos disse...

Queridos camaradas, Li a notícia do José Martins num tablet, assumo o meu analfabetismo digital, não sei expedir mails no tablet, sirvo-me dele para ter acesso a notícias. Não é exato que alguma vez em visitas de Estado um presidente da República português não tenha manifestado depor flores em homenagem aos combatentes portugueses, no cemitério de Bissau. Desconheço se o presidente Eanes o tenha feito quando visitou Bissau para se encontrar com presidente Agostinho Neto, sobre os hospícios do presidente Luís Cabral. No volume de entrevistas com Maria João Avillez, Soares Presidente, Círculo de Leitores, 1997, explica-se o que foi a visita que Soares fez à Guiné em 1989. Havia muitas tensões no ar, basta recordar que Soares apelou a Nino Vieira para não mandar executar Paulo Correia, e houve conflitos diplomáticos tremendos relacionados com a oposição guineense em Portugal. O que Soares diz é que em conversa com Nino Vieira o informou que ia com a sua comitiva depor uma coroa de flores em memória de todos os militares ali sepultados. Nino Vieira reagiu mal e foi desagradável na linguagem, Soares informou-o que ou essa visita iria acontecer ou a sua visita oficial acabava naquele momento. Nino recuou, a homenagem realizou-se. Desconheço inteiramente se houve visitas dos presidentes Sampaio e Cavaco à Guiné-Bissau. Mas a exceção de Soares rompe com o conceito de que os combatentes portugueses tenham sido ignorados. Em obra recente, de que aqui já se fez recensão no blogue, o embaixador ao tempo, Rosa Lã, conta estas e outras peripécias da visita do presidente Soares. Pedi ao Carlos Vinhal a gentileza de avançar com o primeiro esclarecimento, agradeço-lhe o gesto. Um abraço do Mário