Guiné > Região do Óio > Bissorã > c. 1973/74 > Maria Dulcinea (Ni), esposa do nosso camarada Henrique Cerqueira, que esteve com o marido e o filho em Bissorã, de outubro de 1973 a junho de 1974 (*). [O Henrique Cerqueira foi fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, e CCAÇ 13, Biambe e Bissorã, 1972/74]
Guiné > Região do Óio > Bissorã > c. 1973/74 > Miguel, o filho do Henrique Cerqueira, e da Maria Dulcinea (Ni), com a filha de um capitão da CCS, no quintal da casa dos Cerqueira.
Guiné > Região do Óio > Mansoa > c. 1973/74 > Miguel, a Maria Dulcinea (Ni), de costas, com a esposa de um outro militar de Bissorã, também de costas, em visita a Mansoa.
A. INQUÉRITO 'ON LINE':
"NO MATO, NO(S) SÍTIO(S) ONDE EU ESTIVE, NA GUINÉ, HAVIA FAMILIARES NOSSOS"...
(i) Jorge Cabral
Missirá era um Quartel ou uma Tabanca? E estar no mato, o que era? Tudo fora de Bissau? Bafatá era mato? Por outro lado, e como se sabe, as mulheres fulas acompanhavam sempre os maridos militares. (...) Assim no meu Pelotão [, Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71] , existiam 24 soldados, 19 mulheres e 32 crianças...
(ii) Vasco Pires
Nós, da Artilharia, "herdávamos" um Pelotão [, o 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72] com cerca de trinta soldados e outras tantas mulheres, e uns quantos filhos, e, sinceramente, às vezes ficava difícil de a administrar. (...) Felizmente, lá em Gadamael, como já referi anteriormente, os Furriéis eram dedicados, eficazes e leais (Furriéis Kruz e Oliveira). Eu mesmo (com os Furriéis) morava na tabanca, bem como os soldados e cabos de recrutamento local.
(iii) Jorge Canhão
Em relação ao poste do meu camarada Carlos Fraga, há um pequeno equívoco da parte dele, pois em Mansoa, além de esposa do cmdt do batalhão, esteve lá também a esposa e filho do cap Patrocínio, então da CCaç 15, a esposa e filha de um camarada nosso mas da CCS, assim como a esposa de um furriel (Roma) da CCS. Penso que também a esposa do major de operações da CCS estava lá. Inclusive numa festa africana em Mansoa, um individuo atirou uma granada para o meio da festa tendo provocado bastantes feridos, estava lá o camarada Jesus (o tal da CCS) com a esposa e a filhota, que felizmente não foram feridos.
Jorge Canhão, ex fur mil. 3ª Caç/BCaç 4612/72
(iv) Rogério Cardoso
Em 1964 e 1965 a Cart 64, "Águias Negras", estava sediada em Bissorã. O seu 1.º sargento, de nome Rogério Meireles, estava acompanhado da mulher e de uma filha de pouca idade, residia numa pequena casa fora do aquartelamento. Acabou ao fim de 1 ano deixar de pertencer à companhia por ter problemas de estômago, e deste modo foi embora com a família. Digo de passagem que foi o melhor que ele fez, pois, quando de alguns ataques noturnos, aquelas pobres sofriam bastante. Também o furriel vaguemestre mandou ir a mulher, que chegou a Bissau no dia seguinte a ele ter sido ferido, mas sem gravidade. Ele ao fim de uns meses também mandou a mulher de regresso, pelas mesmas razões do anterior caso.
Resultados finais (=117)
O prazo de resposta terminou em 20/10/2016, 5ª feira, às 6h52. O inquérito admitia até três respostas: por exemplo 1, 2 e 3.
1. Sim, esposas (não guineenses) > 26 (22%)
2. Sim, esposas e filhos (não guineenses) > 13 (11%)
3. Sim, familiares guineenses (sem ser das milícias) > 14 (11%)
4. Não, não havia > 73 (62%)
5. Não aplicável: não estive no mato > 3 (2%)
6. Não sei / não me lembro > 0 (0%)
Total: 117
O prazo de resposta terminou em 20/10/2016, 5ª feira, às 6h52. O inquérito admitia até três respostas: por exemplo 1, 2 e 3.
B. Comentários dos nossos camaradas, leitores do blogue (**):
Missirá era um Quartel ou uma Tabanca? E estar no mato, o que era? Tudo fora de Bissau? Bafatá era mato? Por outro lado, e como se sabe, as mulheres fulas acompanhavam sempre os maridos militares. (...) Assim no meu Pelotão [, Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71] , existiam 24 soldados, 19 mulheres e 32 crianças...
(ii) Vasco Pires
Nós, da Artilharia, "herdávamos" um Pelotão [, o 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72] com cerca de trinta soldados e outras tantas mulheres, e uns quantos filhos, e, sinceramente, às vezes ficava difícil de a administrar. (...) Felizmente, lá em Gadamael, como já referi anteriormente, os Furriéis eram dedicados, eficazes e leais (Furriéis Kruz e Oliveira). Eu mesmo (com os Furriéis) morava na tabanca, bem como os soldados e cabos de recrutamento local.
(iii) Jorge Canhão
Em relação ao poste do meu camarada Carlos Fraga, há um pequeno equívoco da parte dele, pois em Mansoa, além de esposa do cmdt do batalhão, esteve lá também a esposa e filho do cap Patrocínio, então da CCaç 15, a esposa e filha de um camarada nosso mas da CCS, assim como a esposa de um furriel (Roma) da CCS. Penso que também a esposa do major de operações da CCS estava lá. Inclusive numa festa africana em Mansoa, um individuo atirou uma granada para o meio da festa tendo provocado bastantes feridos, estava lá o camarada Jesus (o tal da CCS) com a esposa e a filhota, que felizmente não foram feridos.
Jorge Canhão, ex fur mil. 3ª Caç/BCaç 4612/72
(iv) Rogério Cardoso
Em 1964 e 1965 a Cart 64, "Águias Negras", estava sediada em Bissorã. O seu 1.º sargento, de nome Rogério Meireles, estava acompanhado da mulher e de uma filha de pouca idade, residia numa pequena casa fora do aquartelamento. Acabou ao fim de 1 ano deixar de pertencer à companhia por ter problemas de estômago, e deste modo foi embora com a família. Digo de passagem que foi o melhor que ele fez, pois, quando de alguns ataques noturnos, aquelas pobres sofriam bastante. Também o furriel vaguemestre mandou ir a mulher, que chegou a Bissau no dia seguinte a ele ter sido ferido, mas sem gravidade. Ele ao fim de uns meses também mandou a mulher de regresso, pelas mesmas razões do anterior caso.
(v) Carlos Mendes Pauleta
O camarada Fraga refere que não existiam familiares de militares em Mansoa. Como o Jorge Canhão referiu no seu comentário, tal não corresponde à realidade. Além dos militares identificados pelo Canhão, também o major António Rebelo Simões, 2.º Comandante do BCAÇ 4612/72, vivia com a sua esposa. Se assim não fosse como poderia um 1.º cabo sapador ter sido castigado por estar a "espreitar" a esposa do 2.º comandante do batalhão a tomar banho?
(vi) Eduardo Estrela [ ex-Fur Mil da CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71]
(...) Lembro-me bem que em 1970 estavam em Farim, a esposa dum fur mil e a esposa e filha dum 1.º sargento. Não me recordo a que unidades militares pertenciam, mas ambos estavam integrados na guarnição do Batalhão 2879, do qual a minha CCaç 14 fazia parte como unidade de reforço.
(vii) José Botelho Colaço
Penso que nos primeiros anos da guerra no verdadeiro mato não havia um mínimo de condições [para alojar familiares de militares, quer esposas, quer filhos]. Além disso a cultura que nos foi ministrada também não ajudava nada para que tal acontecesse, os filhos e esposas não guineenses coabitarem connosco no mato.
Na minha CCaç 557 (1963/65) a única mulher que nos fez companhia foi a esposa do médico mas só nos finais de 1964 quando no regresso do mato (Ilha do Como) a Bissau e nos fixámos em Bafatá. Aí a drª Maria Luísa foi uma companheira amiga e presente no dia a dia além do doutor, ela era, e ainda é para nós, militares da 557, a nossa amiga doutora.
(viii) José Diniz Carneiro de Sousa e Faro
O meu caso assim como todos os combatentes pertencentes à BAC 1 / GAC 7 que estavam no mato, os pelotões de Artilharia tinham sempre familiares dos seus praças oriundos de incorporação territorial que transportavam consigo os seus familiares (mulheres e filhos). Era frequente utilizar duas ou mais viaturas só para transporte dos familiares que eram alojadas nas tabancas. Em Binar (1970) tinha um soldado com 6 mulheres.
J. Diniz S. Faro, ex-fur mil art, 1968 - 1970
(ix) Manuel Amaro
No meu BCAÇ 2892, em 1970, Aldeia Formosa (Quebo), estiveram, durante pouco tempo, duas senhoras, esposas de um Alferes e de um Sargento. A estada foi curta porque o PAIGC, depois de um tempo de quase ausência, decidiu aumentar a sua acção na zona. O único branco civil em Aldeia Formosa era o agente da PIDE/DGS, de apelido Manjerico.
(...) Lembro-me bem que em 1970 estavam em Farim, a esposa dum fur mil e a esposa e filha dum 1.º sargento. Não me recordo a que unidades militares pertenciam, mas ambos estavam integrados na guarnição do Batalhão 2879, do qual a minha CCaç 14 fazia parte como unidade de reforço.
(vii) José Botelho Colaço
Penso que nos primeiros anos da guerra no verdadeiro mato não havia um mínimo de condições [para alojar familiares de militares, quer esposas, quer filhos]. Além disso a cultura que nos foi ministrada também não ajudava nada para que tal acontecesse, os filhos e esposas não guineenses coabitarem connosco no mato.
Na minha CCaç 557 (1963/65) a única mulher que nos fez companhia foi a esposa do médico mas só nos finais de 1964 quando no regresso do mato (Ilha do Como) a Bissau e nos fixámos em Bafatá. Aí a drª Maria Luísa foi uma companheira amiga e presente no dia a dia além do doutor, ela era, e ainda é para nós, militares da 557, a nossa amiga doutora.
(viii) José Diniz Carneiro de Sousa e Faro
O meu caso assim como todos os combatentes pertencentes à BAC 1 / GAC 7 que estavam no mato, os pelotões de Artilharia tinham sempre familiares dos seus praças oriundos de incorporação territorial que transportavam consigo os seus familiares (mulheres e filhos). Era frequente utilizar duas ou mais viaturas só para transporte dos familiares que eram alojadas nas tabancas. Em Binar (1970) tinha um soldado com 6 mulheres.
J. Diniz S. Faro, ex-fur mil art, 1968 - 1970
(ix) Manuel Amaro
No meu BCAÇ 2892, em 1970, Aldeia Formosa (Quebo), estiveram, durante pouco tempo, duas senhoras, esposas de um Alferes e de um Sargento. A estada foi curta porque o PAIGC, depois de um tempo de quase ausência, decidiu aumentar a sua acção na zona. O único branco civil em Aldeia Formosa era o agente da PIDE/DGS, de apelido Manjerico.
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Em Junho [de 1974] regresso a Portugal com o Miguel, e em Julho regressa o Henrique, e uma vez mais fui ter com ele a Lisboa ao RALIS onde foi (fomos) definitivamente desmobilizado[s].
(...) Antes de acabar, lembro que em Bissorã viviam mais senhoras, esposas de militares, ou seja dum soldado, dum furriel e de um capitão que tinha uma menina linda de quem vou tomar a liberdade de publicar a foto, junta com o meu Miguelito. (...)
(**) Vd. os últimos postes da série:
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 26 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8329: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (11): Como fui parar à Guiné (Maria Dulcinea)
(...) Quando chegamos a Bissorã e entro na nossa 'Casa' fiquei espantada pois estava decorada com assentos dum carocha, as camas eram da tropa, tínhamos um frigorífico a petróleo, a casa de banho eram dois bidões de chapa. Tínhamos chuveiro pois o Henrique conseguiu ir buscar água bem longe (daí a explicação do seu estado de magreza pois que arranjou casa, fez uma abrigo, decorou a casa e sempre fazendo a sua actividade militar, porque na CCAÇ 13 não se mandriava).
Quanto à nossa alimentação, foi organizada do seguinte modo: as refeições dos adultos vinham duma espécie de restaurante (O Labinas') que tinha um acordo com a tropa, mas as refeições do nosso Miguel era eu que as confeccionava com artigos comprados na messe e outros sempre que possível na população.
Entretanto eu e o Henrique tiramos a Carta de Condução no mesmo dia em Bissau. Não pensem que nos facilitaram a vida, não, pelo contrário, foram bem exigentes no exame em Bissau.
Para além de ter tido um Natal muito especial em 1973, com pinheirinho (uma folha de palmeira enfeitada), rabanadas e aletria, tudo isto foi enviado pela família da metrópole. Mas o que mais gostei foi ter partilhado esse Natal com outros soldados que invadiram a nossa casa que até se esqueceram que havia algures por ali uma Guerra.
Entretanto veio o 25 de Abril, e tive a oportunidade de ir cumprimentar o pessoal do PAIGC ainda no seu estado de combatentes inimigos. Uns dias antes os "patifes" tinham-nos bombardeado com foguetões, porque pareciam não estarem satisfeitos com o susto que me pregaram em Dezembro, ao infligirem-nos um bruto ataque que foi o meu baptismo de fogo. (...)
(*) Vd. poste de 26 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8329: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (11): Como fui parar à Guiné (Maria Dulcinea)
(...) Quando chegamos a Bissorã e entro na nossa 'Casa' fiquei espantada pois estava decorada com assentos dum carocha, as camas eram da tropa, tínhamos um frigorífico a petróleo, a casa de banho eram dois bidões de chapa. Tínhamos chuveiro pois o Henrique conseguiu ir buscar água bem longe (daí a explicação do seu estado de magreza pois que arranjou casa, fez uma abrigo, decorou a casa e sempre fazendo a sua actividade militar, porque na CCAÇ 13 não se mandriava).
Quanto à nossa alimentação, foi organizada do seguinte modo: as refeições dos adultos vinham duma espécie de restaurante (O Labinas') que tinha um acordo com a tropa, mas as refeições do nosso Miguel era eu que as confeccionava com artigos comprados na messe e outros sempre que possível na população.
Entretanto eu e o Henrique tiramos a Carta de Condução no mesmo dia em Bissau. Não pensem que nos facilitaram a vida, não, pelo contrário, foram bem exigentes no exame em Bissau.
Para além de ter tido um Natal muito especial em 1973, com pinheirinho (uma folha de palmeira enfeitada), rabanadas e aletria, tudo isto foi enviado pela família da metrópole. Mas o que mais gostei foi ter partilhado esse Natal com outros soldados que invadiram a nossa casa que até se esqueceram que havia algures por ali uma Guerra.
Entretanto veio o 25 de Abril, e tive a oportunidade de ir cumprimentar o pessoal do PAIGC ainda no seu estado de combatentes inimigos. Uns dias antes os "patifes" tinham-nos bombardeado com foguetões, porque pareciam não estarem satisfeitos com o susto que me pregaram em Dezembro, ao infligirem-nos um bruto ataque que foi o meu baptismo de fogo. (...)
Em Junho [de 1974] regresso a Portugal com o Miguel, e em Julho regressa o Henrique, e uma vez mais fui ter com ele a Lisboa ao RALIS onde foi (fomos) definitivamente desmobilizado[s].
(...) Antes de acabar, lembro que em Bissorã viviam mais senhoras, esposas de militares, ou seja dum soldado, dum furriel e de um capitão que tinha uma menina linda de quem vou tomar a liberdade de publicar a foto, junta com o meu Miguelito. (...)
(**) Vd. os últimos postes da série:
13 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16597: Inquérito 'on line' (73): Até ao dia 20 deste mês, responder à questão "No mato, no(s) sítio(s) onde eu estive, havia familiares nossos... esposas com ou sem filhos"
6 comentários:
Ni e Henrique: Não sei se na altura deram conta de 2 comentários da vossa amiga e vizinha, a Zinha, a mulher do alferes da CCS que esteve convosco em Biossorã (out 73/jun 74)... Aqui reproduzo as mensagens (mas infelizmente não há nenhum endereço de email para contacto):
zinha disse...
k giro Ni! Foram tempos k jamais esqueceremos e k apesar de tudo, o saldo foi possitivo! Obrigada por todas estas recordações.Bjnhs Zinha
21 de julho de 2012 às 09:04
zinha disse...
recordar é viver!
Obrigada Ni por estes momentos k jamais esqueceremos.
Bjnhs
Zinha
21 de julho de 2012 às 09:08
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2011/05/guine-6374-p8329-as-mulheres-que-afinal.html
De facto, poucas das "nossas mulheres" foram à guerra, excluindo as nossas camaradas enfermeiras paraquedistas... Mulheres e crianças brancas fora de Bissau, no "mato", eram afinal "bichos raros", sem ofensa... A Ni já aqui deu a cara, tal como a Regina Gouveia (que esteve em Bafatá com o marido, Fernando Gouveia...). O mesmo se passou com a Adelaide Barata Carr~elo que foi com o pai, a mãe e os irmãos para Nova Lamego (1970/71), tinha sete anos...
Seria interessante que aparecessem mais testemunhos, incluindo o de famílias que estiveram em Bissau...com a guerra ali tão perto. Foi o caso da família do nosso amigo Luís Gonçalves Vaz. Saudações a todos/as. LG
Luís Graça.
Obrigado pelo poste e pelo aviso em relação á Zinha.
Ela era mulher do Alferes Santos Operações especiais.e ele não era da CCS mas sim da CCAÇ13 e veio para lá comigo do Biambe.
Lamentavelmente eu perdi o contacto com eles apesar de ambos serem daqui do Porto.
Um abraço.
Henrique Cerqueira e Ni.
Carlos Martins pereira
Realmente esta "guerra" tinha algumas particularidades. Famílias juntos dos combatentes? Só com Portugueses.
Como havíamos de ganhar a guerra?
C.M.Pereira
Em localidades do interior que eram sede de circunscrição (Bafatá, Bissorã, Mansoa, Nova Lamego...) ou posto administrativo (Bambadinca...) e ao mesmo tempo eram sede de batalhão (c. de 300 homens, CCS + subunidades adidas), podemos contar, em certos períodos, 1, 2, 3, 4 esposas de militares, com ou sem filhos...
Tirando talvez o caso das companhias africanas (CCAÇ 12, CCAÇ 13...), os militares em geral não eram operacionais... De qualquer modo, tudo somado, daria o máximo de um por cento, por batalhão...
É possível que em Bissau houvesse esposas de tropas especiais (paraquedistas, fuzileiros...). Mas aqui, como no mato (e pior no mato), também haveria problemas de alojamento... Temos de ter em conta os usos e costumes da época, a mentalidade dos militares, as fracas (e em muitos casos péssimas) condições de alojamento do pessoal... Mesmo os comandantes de batalhão não deveriam ter "suites" à sua disposição, com casa de banho privativa, etc. A presença de senhoras nos quarteis e nas messes, etc. devia provocar alguns "constrangimentos" e até "atritos"... Pelo menos mos primeiros tempos... Os quarteis das NT, no TO da Guiné, eram como os bairros de lata: cada companhia que chegava de novo ia aumentando o "condomínio", com mais umas arrecadações, uns abrigos, umas latrinas...
Seguramente que os nossas camaradas e os nossos superiores hierárquicos que levaram para a Guiné, para o mato, as suas esposas (e até filhos) tiveram que fazer prova, eles e elas, do tradicional sentido de "desenrascanço" que se reconhecem aos portugueses por esse mundo fora...
É pena termos tão poucos depoimentos sobre o dia a dia no mato por parte de esposas de camaradas nossos...que passaram pelo TO da Guiné, entre 1961 e 1974. Ainda por cima, a Guiné era uma terra mal afamada, senão mesmo amaldiçoada... "Terra das febres", dizia o pai do transmontano Paulo Salgado...
carlos fraga
21 out 2016 15:40
Certamente os camaradas Jorge Canhão e o Pauleta terão razão. Mas estariam as mulheres lá quando eu lá estive de Agosto a Novembro de 1973?
É que nunca vi nenhuma, nem ouvi falar de nenhuma em Mansoa e apenas ouvi referências a uma mulher de um Alf Mil que lá estaria estado anos antes. Havia vários oficiais que dormiam na vila e não no quartel mas nunca me constou que tivessem lá família e, como disse, nunca vi nos 4 meses que lá estive nenhuma mulher de militar. Aliás, na sala de oficiais, e por brincadeira diziamos que havia 2 assuntos tabú de que não se falava: guerra porque havia demais; mulheres porque não havia.
Em Bissorã sim, lembro-me de uma vez termos escoltado um oficial superior de Mansoa (o 2º Cmdt do Cot9 se não estou em erro) que foi a Bissorã ao aniversário da filha do Cmdt do Cot9 (creio que era Cot9). Essa escolta também foi engraçada.
Portanto se cometi um lapso penitencio-me mas foi involuntário.
Carlos Fraga
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