Colóquio "A Cidade, o Mosteiro, os Afetos" e Lançamento do livro "Arco de Memórias", de José Eduardo Oliveira (JERO) - Contador de histórias; Luci Pais, Jornalista e Rui Rasquilho - Historiador
Dia 18 de Dezembro de 2016, pelas 16 horas
Sala da Debulhadora - Cooperativa Agrícola - Alcobaça
____________Nota do editor
Último poste da série de 9 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16817: Agenda cultural (529): Integrado no 16.º Ciclo das Tertúlias Fim do Império, apresentação do livro "TEN.GENERAL ALÍPIO TOMÉ PINTO, O Capitão do quadrado", dia 13 de Dezembro de 2016, pelas 15 horas, na Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras (Manuel Barão da Cunha)
1 comentário:
Partilho uma história do livro "ARCO de MEMÓRIA's".
Uma “chamada” com que ninguém contava…
Saber lidar com a morte é algo difícil para a maioria das pessoas. Nessas horas o sentimento de dor e desespero pela perda é muito difícil de ultrapassar pelos familiares e amigos próximos.
Mas depois há as profissões que convivem de perto com a morte.
Uma das profissões em que isso acontece – quase sempre em condições dramáticas - é a do perito legista. Trabalhando no Instituto Médico Legal esses profissionais, na maioria das vezes, realizam perícias de mortes trágicas, que envolvem acidentes ou assassinatos.
Há ainda o caso dos coveiros que precisam trabalhar perante o sofrimento e a dor dos familiares do ente querido que vai a enterrar.
Mas ainda antes do ato de sepultar os mortos, existe o serviço das funerárias , onde os seus funcionários, normalmente conhecido por cangalheiros, preparam o corpo para a última viagem. Vestem, fazem maquiagem, cortam o cabelo, fazem a barba, colocam flores no caixão, para que fique uma boa impressão do falecido durante o velório. Para que um corpo fique pronto gastam-se largos minutos. Quando não são horas.
Feito o contexto do tema que hoje abordamos vamos ficar por “estórias” que constam acerca de alguns velórios.
Desde a daquele homem do campo, cujo caixão foi transportado durante alguns quilómetros em cima de um burro até à Igreja, e que caiu tantas vezes durante o percurso que, durante o velório, abriu os olhos e voltou (momentaneamente) à vida...assustando toda a gente.
Ou a de um pescador já idoso, que no velório na capela da sua naturalidade, “acordou” e se levantou por momentos do caixão onde repousava, sujeitando-se de imediato a um ralhete da sua (assumida) viúva, que rapidamente o aconselhou a deitar-se de novo pois as despesas do funeral já estavam feitas…
A última é dos nossos dias e aconteceu durante o velório numa capela duma igreja duma aldeia perdida deste nosso Portugal.
Na preparação do corpo para o funeral o cangalheiro, que trabalhava sozinho, reparou que o casaco do morto era do mesmo padrão e cor do que trazia vestido, mas com uma diferença. Era novo e o seu …nem por isso. E quanto a tamanho? Eram iguais. O cangalheiro pensou em voz alta (ou teria sido em voz baixa…) que o morto não se ia importar e fez a troca.
Seguiu-se o velório. As horas foram passando e, como é habitual, com o decorrer do tempo as condolências foram escasseando e na capela mortuária ficaram os familiares mais próximos e dois ou três amigos intelectíveis. E o cangalheiro.
Perto da meia-noite tocou um telemóvel. Uma, duas, três, quatro vezes e mais vezes. Ninguém atendia. Os presentes olhavam uns para os outros mas o som do telemóvel parecia cada vez mais estridente no silêncio da noite que já ia longa.
Mas o mais estranho de tudo era que o som do telemóvel parecia vir de dentro do caixão…
O longo minuto terminou quando o cangalheiro bateu com a mão na própria cabeça e foi “ajeitar o corpo” no caixão. O som do telemóvel deixou se ouvir.
Vá se lá saber porquê!!!
Quem é que ia esperar uma “chamada” a horas mortas…
JERO
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