sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17700: In Memoriam (303): Faleceu António Pedro Carneiro de Miranda da CART 1689/BART 1913. O seu funeral realiza-se amanhã, dia 26 de Agosto, pelas 18h45, na Igreja de S. Pedro, em Amarante (José Ferreira da Silva / Alberto Branquinho)

António Pedro Carneiro de Miranda


IN MEMORIAM

O Miranda faleceu


1. Texto do nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69):

Amarantino de gema e combatente inveterado pelas causas que defendia, fosse em tempos de paz ou de guerra, o António Pedro Carneiro de Miranda não resistiu ao último ataque. Lutou imenso pela sua terra, pela sua Pátria e, por último, pela sua saúde. Quem o conheceu sabe bem do seu valor e seguramente o irá recordar para sempre.

A nossa amizade deveu-se ao facto de nos termos conhecido no Quartel de Vendas Novas, nos princípios de 1966, termos convivido durante toda a restante prestação militar, no Continente e na Guerra da Guiné e termos mantido uma óptima relação até aos dias de hoje.

Para além da sua notável prestação militar, o Carneiro de Miranda destacou-se como Director do jornal “Tribuna de Amarante”, onde sempre procurou defender os interesses amarantinos. Lembramos também o seu livro em defesa do Rio Tâmega e contra a implantação da Barragem do Torrão.

O Miranda também era conhecido pelo seu saudável “Portismo” e pela camaradagem que mantinha e promovia junto dos seus amigos ex-combatentes. Lembro a referência que lhe fiz em https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2010/09/guine-6374-p6951-memorias-boas-da-minha.html incluído no II volume de “Memórias boas da minha guerra”, páginas 59 a 65.

José Ferreira da Silva
(José Ferreira)

 José Ferreira e Carneiro de Miranda

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2. Texto do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69).

Quando vi o Miranda pela primeira vez no RAP 2, em Vila Nova de Gaia, ao formarmos Batalhão, que acabaria por embarcar para a Guiné, pareceu-me viver escondido atrás dos óculos grandes, com lentes fumadas. Os óculos descaíam pelo nariz e ele empurrava-os, repetidamente, para cima com os dedos da mão direita - um tique que o acompanhou toda a vida.

Com o passar do tempo revelou-se um companheirão, mas, ACIMA DE TUDO, estava o orgulho em Amarante, a cultura amarantina, as figuras da literatura, da pintura… e a cultura popular à volta de S. Gonçalo.

Em noites mais animadas cantava e arrastava consigo todos para cantarem as quadras de S. Gonçalo, que, mesmo para quem não as conhecia, lhe ficaram no ouvido/na memória. E, quando regressou de umas férias, trazia uns exemplares da doçaria tradicional da sua Amarante, que obrigou toda a gente a comer.

Agora que o Miranda partiu para LÁ e, talvez, já tenha tido oportunidade de conhecer S. Gonçalo, juro-vos (daquilo que dele conheci) que, se, acaso, essas “coisas” que se dizem de S. Gonçalo não forem verdade, ele não vai informar ninguém… para que tudo na sua Amarante continue como ele a conheceu, amou, apreciou… e VIVEU.

E que viva sempre na nossa memória!

Alberto Branquinho

 Carneiro de Miranda, o segundo, de pé, a partir da direita

O funeral realiza-se amanhã, dia 26 de Agosto, pelas 18,45 na Igreja de S. Pedro, no centro de Amarante

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3. Nota do editor:

Aos familiares, amigos e camaradas do malogrado Carneiro de Miranda, aqui fica o mais sentido pesar da tertúlia deste Blogue.
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17684: In Memoriam (302): Morreu o Aurélio Duarte, mais um dos nossos, da nossa seita, da nossa guerra... Nunca mais ouvirei o teu grito de guerra coimbrão, Eferreá!... Eferreá!... Mas para ti vai tudo, amigo e camarada!... Ficas à sombra do nosso poilão, no lugar nº 750!... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 /CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)

9 comentários:

Valdemar Silva disse...

Nunca mais nos vamos encontrar em Canquelifá.
Sentidos pêsames.
Valdemar Queiroz

Hélder Valério disse...

Mais um dos nossos!

A contagem decrescente não pára.
Temos que nos conformar.
O que se pode, e deve, fazer, é honrar a sua memória, relembrar os bons e os maus momentos (principalmente os bons, os que nos fazem sorrir) para que assim essa memória perdure um pouco mais entre nós.
O que o Silva e o Branquinho escreveram é exactamente um exemplo do que deve ser feito.

Sentidos pêsames à família e aos amigos.

Hélder Sousa

Anónimo disse...



Conheci o teu amigo Miranda através duma crónica tua e apercebi-me da vossa relação, já tão antiga, de proximidade, amizade e admiração mútua. Quando um amigo parte leva-nos sempre alguma da nossa vontade e energia de viver. Sendo tu a pessoa mais próxima que conheço desse camarada dou-te os meus pêsames amigo José Ferreira. Um abraço.

Francisco Baptista

Tabanca Grande Luís Graça disse...

À família enlutada e aos camaradas da CART 1689, um abraço solidário na dor... Afinal, Amarante é concelho vizinho do "meu" Marco de Canaveses. Infelizmente, não tivemos ocasião de nos conhecermos. Um abraço especial para Zé Ferreira e o António Branquinho. LG

Anónimo disse...

Que descanse em paz.
Condolências à família.
BS

Anónimo disse...

O Pedro Carneiro(1943-2017), como era conhecido em Amarante, conheci-o desde Outubro de 1945, teria dois anos, pois o meu Pai e o dele eram muito amigos. Ele vivia no Campo da Feira (Largo Sertório de Carvalho-Amarante). Nessa altura frequentavamos uma especie de Creche de uma Senhora, junto da casa dele. Depois, foi para escola no mesmo Largo e foi condiscipulo de meu irmão Acúrcio. Lembro-me de ele e outros irem brincar para a beira da nossa casa, no Lugar do Tapado. Quando vim da Guiné em 1965, ele quis falar comigo sobre a guerra da Guiné.
Eramos muito amigos.
Paz à sua Alma
Alcidio Marinho
C.C 412
1963-1965

Anónimo disse...

Também frequentamos o Colégio de S.Gonçalo em anos diferentes
Alcidio Marinho

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Proponho que o António Pedro Carneiro de Miranda (1943-2017) passe a integrar, a título póstumo, a nossa Tabanca Grande, ocupando o lugar nº 751.

O Zé Ferreira já lhe fez um belíssimo retrato, em poste (reproduzido no seu II volume das "Memórias da Minha Guerra")

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2010/09/guine-6374-p6951-memorias-boas-da-minha.html

E outros camaradas conheceram-no e com ele privaram, e não só na CART 1689, como é o caso do Valdemar Queiroz e do Alcídio Marinho.

Gostava que houvesse mais testemunhos sobre o amarantino Carneiro de Miranda, como homem e como militar.

Luís Graça

José Ferreira disse...

"ETERNAMENTE GRATA! 💙
O turbilhão emocional é incomensurável, inibe-me os sentidos e limita-me as capacidades.
Queria ser capaz de estar à altura da minha herança genética e agradecer-vos com maestria, mas não o conseguirei fazer.
O último mês foi terrível, os últimos dias surreais. Nunca me imaginei a viver esta situação, nunca sequer supus que algum dia fosse acontecer. O meu pai sempre foi o meu herói e os heróis não morrem!
Falar-vos dele seria interminável, há tanto para dizer, tanto para sentir... dizer-vos só, que o meu pai é, e digo é, porque sempre o será, uma pessoa especial, alguém que amava desmesuradamente as suas pessoas e de igual modo amava, a sua Amarante, que defendia intransigente e afincadamente, como ninguém.
E com isto, quero só dar um abraço do tamanho do mundo a todos quantos estiveram connosco, que nos ampararam, que não nos deixaram cair, que foram a nossa força, quando a dor nos sufocava. Temos uma FAMÍLIA como não há igual e os melhores AMIGOS do mundo.
Amo-vos!
Um agradecimento muito especial a todos quantos estiveram presentes e a todos quantos de uma forma ou de outra, nos fizeram chegar o seu apoio, fazendo-se presentes.
ETERNAMENTE GRATA! 💙
Dália Carneiro"