1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Janeiro de 2011:
Queridos amigos,
Não é fácil ler uma obra que está polvilhada de erros, gralhas e frases incompreensíveis, o livro deve ter sido feito à pressa e publicado sem revisão.
A ser tudo verdade o que aqui se diz, não restam dúvidas que o povo guineense é de um paciência ilimitada com os ditadores e os seus carrascos que não param de nos surpreender com toda a classe de barbaridades. Não se pode estudar a história da Guiné-Bissau desviando o olhar do tenebroso processo contra Paulo Correia, não é possível compreender Nino Vieira e os seus cortesãos sem inserir esta tentativa de actos bombistas em Lisboa, numa época em que o regime prometia alguma abertura.
Um abraço do
Mário
Episódios de terror e despotismo nos tempos de Luís Cabral e Nino Vieira*
Beja Santos
O tenente-coronel Queba Sambu, especialista em contra-informação, militante do PAIGC com provas dadas durante o período da luta, na região de Catió, responsável pelos serviços secretos nos tempos de Luís Cabral e sobretudo de Nino Vieira, deixa-nos um testemunho brutal sobre as arbitrariedades e os actos torcionários inenarráveis perpetrados ao tempo destes dois ditadores: “Dos Fuzilamentos ao caso das bombas da Embaixada da Guiné”, por Queba Sambu, Edições Referendo, 1989. No primeiro texto, referiu-se a participação do autor durante a guerra da libertação, a sua formação em segurança, na União Soviética, o clima político, económico e social na Guiné-Bissau entre a independência e o golpe de 14 de Novembro de 1980 e a sua actividade na chefia dos serviços de contra-informação das Forças Armadas. É nessa funções que ele se apercebe da existência de sucessivas maquinações, boatos orquestrados de sedições e intrigas de palácio contra os quadros políticos e militares da etnia balanta. O alvo principal era o coronel Paulo Correia, uma das principais figuras do vértice da pirâmide, do poder de então. Tem interesse acompanhar a desmontagem destes falsos golpes de Estado que será uma constante durante os anos 80: desde difamações baratas sobre um major que tinha em casa granadas de mão e que tencionava matar o Presidente; passando por uma pretensa rebelião da Brigada Mecanizada 14 de Novembro e a invenção da denúncia de que andava um civil com uma Kalachnikov perto desta Brigada Motorizada; até insurreições montadas por Paulo Correia e Viriato Pã, todas demonstradamente inexistentes. Paulo Correia era odiado pelos marxistas do PAIGC por ter discordado da instalação de uma base naval soviética em Bissau, a partir daí montou-se uma conspiração (com aspectos burlescos) de que na órbita destes políticos e de alguns apoiantes militares estava a ser preparada uma conjura para matar o Presidente. Mas outras invenções de rebelião existiram, vindo-se sempre apurar que eram acusações falsas embora, estranhamente, nunca houvesse consequências para os caluniadores. Em 1984 inventou-se um golpe de Estado atribuído ao primeiro-ministro Victor Saúde Maria, arquitectado pelo Ministro da Defesa; montou-se uma cabala incriminando oficiais balantas da Marinha. Segundo diz Queba Sambu, ele pediu reiteradamente para abandonar as suas funções, não tinha dúvidas de que se vivia o tribalismo e a ameaça de degeneração de lutas entre etnias.
Queba Sambu foi transferido das Forças Armadas para o Ministério do Interior e destes para os Negócios Estrangeiros. É aqui que irá ser nomeado secretário para a Embaixada da Guiné-Bissau em Lisboa. É nesta fase que é montada a farsa do processo contra Paulo Correia e outros quadros políticos e militares balantas, que ele descreve minuciosamente. Este processo culminou com uma vaga de fuzilamentos, sem que, antes, com todo o aparato do terror, os presos tenham sido sujeitos aos tratamentos mais bárbaros, foi sob a maior violência física que muitos deles confessaram o seu envolvimento em actos que inteiramente desconheciam.
Em Novembro de 1986, o autor passa a estar em missão de serviço em Lisboa. O Embaixador Leonel Vieira informa-o que tem uma encomenda que lhe é destinada, só falta a segunda parte. É-lhe apresentada uma rapariga guineense que tinha tirado um curso em Cuba sobre montagens de bombas. A encomenda que Queba Sambu recebe são 10 bombas-relógio. Segundo o embaixador Leonel Vieira, os Ministros da Defesa e do Interior tinham elaborado um plano bombista para a eliminação dos dirigentes da Resistência da Guiné-Bissau/Movimento Bafatá. A justificação para esta eliminação física é de que estes políticos praticavam a contra-revolução e eram potencialmente perigosos. De acordo com o embaixador, as bombas destinavam-se a ser utilizadas aos pares em cada operação terrorista, ou seja cada uma explodiria separadamente mas numa acção simultânea. A bombista treinada em Cuba iria ensinar-lhe o manejo de bombas-relógio e o comportamento do agente no terreno da acção. Queba Sambu mostra relutância, chama a atenção para as consequências que tais actos iriam trazer nas relações luso-guineenses e o sem número de vítimas inocentes. Procura impedir a execução do plano e pede para ir a Bissau. A bombista, de nome Maria do Rosário, explicou-lhe que seriam recrutados dois estudantes guineenses para dar apoio a esta missão. Em Janeiro de 1987, Sambu procura falar com os dirigentes políticos, para seu espanto estes confessam-lhe que o próprio presidente está indeciso quanto à necessidade desta operação. Regressado a Lisboa, Sambu toma uma decisão importante, pedir asilo político e escrever um livro a denunciar esta maquinação.
Consegue retirar as bombas de um cofre da Embaixada e entrega-as às autoridades portuguesas. Não se sabe como, os órgãos de comunicação social badalam o acontecimento, as autoridades de Bissau retaliam apresando barcos portugueses.
O acontecimento está hoje esquecido mas na verdade denota, em todas as suas peripécias, a fragilidade do poder de Nino Vieira, forçado, com a cumplicidade dos seus apaniguados, a permanentes espasmos de terror, artificialmente preparados para dissuadir a contestação em torno do afundamento económico e financeiro do país.
É um livro útil para se perceber a esquizofrenia do poder que fabricou intentonas atrás de intentonas, que se lançou numa demência de perseguições e suspeitas com amplo sabor estalinista. É um dever de memória procurar compreender este Nino Vieira que virá a ser reeleito depois de fugir do país e que acabou nas mãos de novos algozes, completamente abandonado pelos seus apaniguados.
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Nota de CV:
(*) Vd. poste de 28 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7689: Notas de leitura (194): Ordem Para Matar, de Queba Sambu (1) (Mário Beja Santos)
Vd. poste de 31 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7699: Notas de leitura (196): Lobo... dos Mares, de Joaquim Cortes (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Guiné 63/74 - P7703: Ex-combatentes da Guerra Colonial lançam uma Petição Pública On Line (4): "Eu servi a minha Pátria. É justo que a minha Pátria reconheça isso" (Cândido J. R. Pimenta)
O autor da petição, o nosso camarigo Inácio Silva (, foto à esquerda, ex-1.º Cabo da CART 2732, Mansabá, 1970/72)
1. Nós já subscrevemos a Petição Os ex-combatentes solicitam ao Estado Português o reconhecimento cabal dos seus serviços e sacrifícios, para Assembleia da República e Governo. 2178 pessoas (ex-combatentes, seus familiares, seus amigos, seus concidadãos) já subscreveram. Faltam mais de 1800 assinaturas. Aqui ficam alguns comentários (selecção dos editores)...
2. Texto da petição
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1. Nós já subscrevemos a Petição Os ex-combatentes solicitam ao Estado Português o reconhecimento cabal dos seus serviços e sacrifícios, para Assembleia da República e Governo. 2178 pessoas (ex-combatentes, seus familiares, seus amigos, seus concidadãos) já subscreveram. Faltam mais de 1800 assinaturas. Aqui ficam alguns comentários (selecção dos editores)...
Nº
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Nome
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Comentário
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2162
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Carlos de Jesus Gouveia Rodrigues
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Estive na Guiné 69/70, não tenho Pensão, mas estou convosco.
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2137
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Vitor Hugo Rodrigues Figueiredo
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Apoio 100%. Nação que não protege os
seus veteranos, não merece qualquer sacrifício de parte os seus cidadãos.
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2104
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Ana Maria Delgado Martins
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Sou filha de um ex-combatente na Guiné -
Bissau, Comp de Caçadores 1589, Fá e Madina de Boé.
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2117
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Aurélio Neves de Sousa
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A todos os camaradas que serviram a
Pátria além fronteiras, sou solidário no reconhecimento que o Estado Portugês
deve aos ex-combatente uma vez que no cumprimento de suas missões revelaram
um elevado sentido de Patriotismo e como tal deve ser reconhecido o seu
mérito.
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2090
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Amaro de Oliveira Antonio
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Comando de Agrupamento 1980 - Guine, Bafatá
67/68
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2047
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José Joaquim das Estevas
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Combati na Guiné em nome de Portugal.
Mereço respeito.
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1864
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Francisco Martins Moris
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O dever de gratidão também deveria fazer
parte do código de ética do Estado Português.
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1821
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Joao Luis dos Reis Moniz
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Guiné, 1970-1971-1972...
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1728
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Candido José Rodrigues Pimenta
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Eu servi a minha Pátria. É justo que a
minha Pátria reconheça isso.
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1686
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Manuel gonçalves
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Começo a entender que fomos os
"mainatos" da pátria.
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1638
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Francisco Manuel Branco Frutuoso
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Guiné. Guidage, 1969 a 1971.
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1611
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Carlos Gil Correia Veloso da Veiga
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Há sobretudo que dar uma atenção muito
especial aos ex-combatentes naturais da ex-colónias e que por lá ficaram,
perdendo a nacionalidade portuguesa.
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1556
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Jorge Morais de Araújo Ribeiro
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Consultar legislação similar dos EUA
sobre veteranos da Guerra do Vietname.
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1509
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António Manuel de Lemos Viana Boavida
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Cmdte do Pelotão de Morteiros 4581/72 . Entrada em Mafra em 24 Abril de 1972. Guiné desde 1973 a 1974.
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1480
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Vítor Manuel Sampaio e Melo dos Santos
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Sou ex-combatente miliciano e saliento
que o País não trata devidamente os seus ex-combatentes como nos países
desenvolvidos e até nos países mais pobres como os PALOP, em que existe um
Ministério dos Ex-Combatentes.
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1447
|
Pedro Gonçalo Coelho Nunes de Melo
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Um povo que não honra quem o serviu, não
merece esse nome.
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1324
|
Renato Manuel Laia Epifânio
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Presidente do MIL - Movimento
Internacional Lusófono.
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1320
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Manuel Augusto Gordo Correia
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"Honrai a Pátria que ela vos
Comtempla" era o lema que nos massacrou durante todo o tempo de serviço.
Nós honrámos a Pátria e ela não nos comtemplou. É mais que tempo para que se
faça justiça. Tenho dito.
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1240
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António Monteiro Marques
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Bendita Pátria que tais filhos tem.
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1160
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Honorata Jesus Soares Pequeno
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Eu, como mulher do ex-combatente, é que
sei o que as mulheres sofrem com o stress de guerra, eu tenho um cá em casa.
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1034
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Filipe Vilhena Lemos Gonçalves
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Lembrar ao Estado que os ex-combatentes
não foram como voluntários para a guerra do ultramar.
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943
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Verónica leal
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O meu pai quase morreu em 1966 na Guiné, hoje com 66 anos tem muitas mazelas fisicas e psicológicas e nunca
recebeu nem recebe nada nem um obrigado...
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926
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João Alves Gomes
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A Pátria deve honrar os seus soldados, a
quem lhes pediu todos os sacrifícios incluindo o da vida. Quando isso não
acontce, essa Pátria está doente.
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919
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Carlos Alberto Candido Ferra
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Só neste País é que não reconhecem os
ex- combatentes. Nos Estados Unidos são tratados como heróis, e com
assistência total e boas reformas.
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723
|
Carlos Manuel Alves Coutinho
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Peca pelo tardio.
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586
|
Terry Chagas Lino
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O meu pai sofreu, e ainda sofre, por
causa da guerra na qual participou.
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388
|
José Alexandre da Silveira Câmara
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Fur Mil, CCaç 3327/BII17, Guiné
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305
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Manuel Fernando Dias Oliveira
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O Carácter de Uma Nação Vê-se Pela
Forma Como Trata os Seus Veteranos (Winston Churchill).
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137
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João Maria Pereira da Costa
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Muitos há anos que já mereciam os seus
problemas resolvidos. Não esqueço os africanos que tombaram e vivem em
condições sub-humanas. No livro «A Última Missão» do ex- Major Pára Calheiros
vem a vergonha que assinámos e nos comprometemos. Leiam.
|
Brazão da madeirense CART 2732 (Mansabá, 1970/72), a que pertenceram, entre outros os nossos camarigos Inácio Silva, Carlos Vinhal e Jorge Picado
2. Texto da petição
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Nota de L.G.:
Último poste da série > 19 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7641: Ex-combatentes da Guerra Colonial lançam uma Petição Pública On Line (3): Alerta aos camaradas que subscreveram, mas não confirmaram a assinatura (Inácio Silva)
Guiné 63/74 - P7702: Memória dos lugares (130): Banjara, destacamento a 45 km de Geba, CART 1690 / BART 1914, subunidade com um dos mais trágicos historiais do CTIG (1967/69) (A. Marques Lopes / Alfredo Reis)
Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > O Alf Mil Alfredo Reis, com uma mauser... O Reis foi colega do Alberto Branquinho, dos tempos de Liceu em Santarém...
Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > O destacamento não tinha população civil e era defendido por um pelotão da CART 1690. Distava 45 km de Geba. O ataque a 24 de Julho de 1968, às 18h00, já foi descrito por A. Marques Lopes, membro da nossa Tabanca Grande, na I Série do nosso blogue. As fotos são do ex-Alf Mil Alfredo Reis, também da CART 1690, embora tenham chegado à nossa mão através do A. Marques Lopes. Pela colaboração com o nosso blogue, o Alfredo Reis e o António Moreira passam, a partir de agora, a figurar na lista dos membros da nossa Tabanca Grande.
Fotos: © Alfredo Reis / A. Marques Lopes (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
Lisboa > Jantar de Natal 2007 > Os quatro gloriosos alferes da CART 1690 > Ao fundo, estão o Domingos Maçarico, à esquerda, e o Alfredo Reis, à direita. Em primeiro plano, está o António Moreira, à esquerda, e o António Marques Lopes, à direita. Pela colaboração com o nosso blogue, o Alfredo Reis e o António Moreira passam, a partir de agora, a figurar na lista dos membros da nossa Tabanca Grande. E a CART 1690 faz o "pleno" em matéria de alferes milicianos...
Recorde-se o que o A. Marques escreveu sobre estes quatro grandes camarigos: "Em 21 de Agosto de 1967, fui ferido na estrada de Geba para Banjara e fui, uma semana depois, evacuado para o HMP, em Lisboa . O Domingos Maçarico foi ferido em 21 de Setembro de 1967, sendo igualmente evacuado para o HMP. O Alfredo Reis foi ferido na mesma altura, mas esteve apenas vários dias no hospital em Bissau. O António Moreira nunca foi ferido. Ele e o Reis estiveram sempre na companhia, em Geba e destacamentos, até Outubro de 1968"...A. Marques Lopes (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
Foto: © A. Marques Lopes (2007). Todos os direitos reservados
O Geba Estreito (Rio), ligando o Xime-Bambadinca-Bafatá-Contuboel e, na margem norte, a povoação de Geba, mais ou menos a 12 km, a oeste de Bafatá. Em 1953/55, na altura em que foi foi feito o levantamento cartográfico da Guiné, Geba era um centro ou entreposto comercial e uma "povoação de tipo indígena, cerrada". Em 1968, Geba era a sede da CART 1690. A noroeste de Geba ficava o destacamento de Banjara.
Fonte: Excerto da Carta da Guiné Portuguesa (1961) 1/500.000.
Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 > Destacamentos e aquartelamentos > 1968 > A CART 1690, com sede em Geba, tinha vários destacamentos: Banjara, Cantacunda, Sare Banda, Sare Ganá... Os destacamentos não tinham luz eléctrica e as condições de segurança eram precárias. O IN tinha uma importante base em Sinchã Jobel.
Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Milho Rei > Almoço-convívio das 4ªas feiras > 26 de Janeiro de 2011 > O regresso do nosso camarigo A. Marques Lopes... Ex-Alf Mil At Inf CART 1690 (Geba) e CCAÇ 3 (Barro) (1967/69), hoje Cor DFA, reformado.
Foto: © Tabanca de Matosinhos (2011) (Com a devida vénia...)
1. Há tempos, depois do Natal de 2010, falámos por telefone e eu perguntei-te:
- O que é feito de ti, camarigo António Marques Lopes, tertuliano da primeira hora, pioneiro do nosso blogue, co-fundador e co-editor do blogue Tabanca de Matosinhos ?...
Foto: © Tabanca de Matosinhos (2011) (Com a devida vénia...)
1. Há tempos, depois do Natal de 2010, falámos por telefone e eu perguntei-te:
- O que é feito de ti, camarigo António Marques Lopes, tertuliano da primeira hora, pioneiro do nosso blogue, co-fundador e co-editor do blogue Tabanca de Matosinhos ?...
Acabei por saber que estavas com um problema de saúde por resolver... Pois, muito folgo de ver-te agora de regresso ao convívio dos camarigos, das 4ªas feiras, na Tabanca de Matosinhos (foto acima), neste caso no passado dia 26, no restaurante Milho Rei...
Em tua homenagem, fui desencantar velhas fotos de Banjara, destacamento onde esteve um Grupo de Combate da tua primeira companhia na Guiné, a CART 1690... Em tua homenagem e dos camaradas, como tu, que por lá passaram, e de quem não temos falado nestes últimos tempos... Aqui ficam, editadas por mim, e reproduzidas em formato extra-largo... São "fotos falantes", com rostos expressivos, que por isso mesmo dispensam legenda... Banjara foi um dos muitos Bu...rakos por onde andávamos naquela terra onde Cristo nunca parou....
A CART 1690 foi mobilizada pelo RAL 1, fazendo parte do BART 1914 (Tite, 1967/1969). Partiu para a Guiné em 8/4/1967 e regressou à Metrópole em 3/3/1969. Esteve em Geba e em Bissau. Comandantes: Cap Art Manuel Carlos da Conceição Guimarães, e Cap Mil Art Carlos Manuel Morais Sarmento Ferreira.
Esta subunidade tem um dos mais trágicos historiais da guerra da Guiné: 10 mortos em combate, incluindo o Cap Art Guimarães, 2 alferes milicianos e um furriel miliciano; 12 militares "retidos pelo IN" (e levados para Conacri), dos quais 2 morreram no cativeiro; 5 militares, feridos em combate, e evacuados para o Hospital Militar Principal, da Estrela, em Lisboa, incluindo dois alferes milicianos, o A. Marques Lopes e o Domingos Maçarico (meu parente afastado). (LG)
2. O ataque ao destacamento de Banjara em 24 de Julho de 1968
por A. Marques Lopes
Vou-vos falar sobre Banjara. Não havia população civil e estava cercado por mata. Estava só um pelotão, 30 efectivos. A um quilómetro havia uma fonte onde, alternadamente, os nossos e o PAIGC se iam fornecer de água. Às vezes, encontravam-se… Mas havia uma fuga concertada dos dois lados, sem tiroteio. Ficava a 45 kms da sede da companhia (a CART 1690, em Geba).
Como podem ver pelo mapa [do sector de] Geba que já vos enviei, tinha do lado esquerdo a base de Samba Culo, do PAIGC, e do lado direito a base de Sinchã Jobel. Os abastecimentos eram feitos por terra, com grandes dificuldades. Às vezes demoravam muito tempo, pelo que era necessário recorrer aos "produtos" da natureza, isto é, apanhar algum bicho para comer (javalis, pássaros, macacos e até cobras). Neste ataque de que vos dou o relatório, tentaram fazer o mesmo que em Cantacunda [, apanhar a malta à unha], mas sem sucesso.
Ataque a Banjara (excertos do relatório):
24 de Julho de 1968.
"Desenrolar da acção: No passado dia 24, pelas 18H00, o destacamento de Banjara foi atacado por numeroso grupo IN, estimado em cerca de 80 elementos (Bigrupo reforçado) com o seguinte armamento:
-Morteiro 82
-Morteiro 60
-Bazuca
-Lança-Rocketes
-Metralhadoras pesadas
-Armas ligeiras
"O ataque terminou às 19H15. Verificou-se que, durante o ataque, as NT sofreram 1 morto e 2 feridos, tendo sido atingido por uma granada de morteiro a caserna e por uma granada do lança-rocketes o depósito de géneros.
"O ataque foi efectuado no sentido Norte-Sul tendo o IN instalado alguns elementos do lado Sul. Verificou-se que, mal o IN abriu fogo com os morteiros 82 e 60, alguns elementos correram imediatamente para a rede de arame farpado, cortando o arame nalguns sítios, procurando penetrar no aquartelamento. No entanto, devido à pronta reacção das NT, não o conseguiram, tendo sido obrigados a retirar, após o que continuaram a flagelar o aquartelamento sem, contudo, causarem mais baixas às NT.
"Diversos: A hora a que o ataque se realizou quase que coincidiu com a hora da terceira refeição. Verificou-se que a maioria dos soldados se encontravam a tomar banho, pois tinham acabado de jogar uma partida de futebol.
"O impacto inicial do ataque foi sustido principalmente pelo soldado Manuel da Costa que, mal se iniciou o ataque, correu para a metralhadora pesada Breda [, vd. foto acima,]e, sem ser apontador da mesma, pô-la imediatamente [em acção] e manteve-se sempre nesse posto, e pelo soldado José Manuel Moreira da Sila Marques que, sozinho, em virtude dos outros dois camaradas que constituíam a esquadra do morteiro 81, terem sido feridos, funcionou com o mesmo, tendo a presença de espírito para, a certa altura, e após ter verificado que algumas das granadas estavam sujas de terra, despir os calções para limpar as mesmas e poder assim continuar a bater o IN com um fogo bastante certeiro.
"A coluna de socorro, constituída por 1 PEL REC do EREC [Esquadrão de Reconhecimento] 2350, 1 Gr Comb da CART 1690 e pelo PEL CAÇ NAT 64, saiu de Saré Banda às 07H30 do dia 25 (e tal deveu-se a ter sido necessário recolher as forças que executavam a Operação Iluminado) e atingiu Banjara às 15H00, pois foi necessário picar toda a estrada até ao destacamento de Banjara.
"Quando a coluna lá chegou ordenei que um Gr Comb batesse toda a região, tendo o mesmo detectado várias manchas de sangue e pedaços de camuflado IN, e munições de armas ligeiras.
"Devido às baixas, deixei uma secção a reforçar o destacamento de Banjara, tendo em seguida regressado a Geba.
"Resultados obtidos:
"Baixas sofridas pelo IN: dois mortos confirmados; várias baixas prováveis; material capturado: munições de armas ligeiras e uma granada de morteiro 82".
[Revisão / fixação de texto / edição e selecção de fotos: L.G.]
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Nota de L.G.:
Último poste desta série > 31 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7700: Memória dos lugares (129): Ponta do Inglês no tempo da CART 1746 (Manuel Moreira)
A CART 1690 foi mobilizada pelo RAL 1, fazendo parte do BART 1914 (Tite, 1967/1969). Partiu para a Guiné em 8/4/1967 e regressou à Metrópole em 3/3/1969. Esteve em Geba e em Bissau. Comandantes: Cap Art Manuel Carlos da Conceição Guimarães, e Cap Mil Art Carlos Manuel Morais Sarmento Ferreira.
Esta subunidade tem um dos mais trágicos historiais da guerra da Guiné: 10 mortos em combate, incluindo o Cap Art Guimarães, 2 alferes milicianos e um furriel miliciano; 12 militares "retidos pelo IN" (e levados para Conacri), dos quais 2 morreram no cativeiro; 5 militares, feridos em combate, e evacuados para o Hospital Militar Principal, da Estrela, em Lisboa, incluindo dois alferes milicianos, o A. Marques Lopes e o Domingos Maçarico (meu parente afastado). (LG)
2. O ataque ao destacamento de Banjara em 24 de Julho de 1968
por A. Marques Lopes
Vou-vos falar sobre Banjara. Não havia população civil e estava cercado por mata. Estava só um pelotão, 30 efectivos. A um quilómetro havia uma fonte onde, alternadamente, os nossos e o PAIGC se iam fornecer de água. Às vezes, encontravam-se… Mas havia uma fuga concertada dos dois lados, sem tiroteio. Ficava a 45 kms da sede da companhia (a CART 1690, em Geba).
Como podem ver pelo mapa [do sector de] Geba que já vos enviei, tinha do lado esquerdo a base de Samba Culo, do PAIGC, e do lado direito a base de Sinchã Jobel. Os abastecimentos eram feitos por terra, com grandes dificuldades. Às vezes demoravam muito tempo, pelo que era necessário recorrer aos "produtos" da natureza, isto é, apanhar algum bicho para comer (javalis, pássaros, macacos e até cobras). Neste ataque de que vos dou o relatório, tentaram fazer o mesmo que em Cantacunda [, apanhar a malta à unha], mas sem sucesso.
Ataque a Banjara (excertos do relatório):
24 de Julho de 1968.
"Desenrolar da acção: No passado dia 24, pelas 18H00, o destacamento de Banjara foi atacado por numeroso grupo IN, estimado em cerca de 80 elementos (Bigrupo reforçado) com o seguinte armamento:
-Morteiro 82
-Morteiro 60
-Bazuca
-Lança-Rocketes
-Metralhadoras pesadas
-Armas ligeiras
"O ataque terminou às 19H15. Verificou-se que, durante o ataque, as NT sofreram 1 morto e 2 feridos, tendo sido atingido por uma granada de morteiro a caserna e por uma granada do lança-rocketes o depósito de géneros.
"O ataque foi efectuado no sentido Norte-Sul tendo o IN instalado alguns elementos do lado Sul. Verificou-se que, mal o IN abriu fogo com os morteiros 82 e 60, alguns elementos correram imediatamente para a rede de arame farpado, cortando o arame nalguns sítios, procurando penetrar no aquartelamento. No entanto, devido à pronta reacção das NT, não o conseguiram, tendo sido obrigados a retirar, após o que continuaram a flagelar o aquartelamento sem, contudo, causarem mais baixas às NT.
"Diversos: A hora a que o ataque se realizou quase que coincidiu com a hora da terceira refeição. Verificou-se que a maioria dos soldados se encontravam a tomar banho, pois tinham acabado de jogar uma partida de futebol.
"O impacto inicial do ataque foi sustido principalmente pelo soldado Manuel da Costa que, mal se iniciou o ataque, correu para a metralhadora pesada Breda [, vd. foto acima,]e, sem ser apontador da mesma, pô-la imediatamente [em acção] e manteve-se sempre nesse posto, e pelo soldado José Manuel Moreira da Sila Marques que, sozinho, em virtude dos outros dois camaradas que constituíam a esquadra do morteiro 81, terem sido feridos, funcionou com o mesmo, tendo a presença de espírito para, a certa altura, e após ter verificado que algumas das granadas estavam sujas de terra, despir os calções para limpar as mesmas e poder assim continuar a bater o IN com um fogo bastante certeiro.
"A coluna de socorro, constituída por 1 PEL REC do EREC [Esquadrão de Reconhecimento] 2350, 1 Gr Comb da CART 1690 e pelo PEL CAÇ NAT 64, saiu de Saré Banda às 07H30 do dia 25 (e tal deveu-se a ter sido necessário recolher as forças que executavam a Operação Iluminado) e atingiu Banjara às 15H00, pois foi necessário picar toda a estrada até ao destacamento de Banjara.
"Quando a coluna lá chegou ordenei que um Gr Comb batesse toda a região, tendo o mesmo detectado várias manchas de sangue e pedaços de camuflado IN, e munições de armas ligeiras.
"Devido às baixas, deixei uma secção a reforçar o destacamento de Banjara, tendo em seguida regressado a Geba.
"Resultados obtidos:
"Baixas sofridas pelo IN: dois mortos confirmados; várias baixas prováveis; material capturado: munições de armas ligeiras e uma granada de morteiro 82".
[Revisão / fixação de texto / edição e selecção de fotos: L.G.]
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Nota de L.G.:
Último poste desta série > 31 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7700: Memória dos lugares (129): Ponta do Inglês no tempo da CART 1746 (Manuel Moreira)
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Guiné 63/74 - P7701: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (53): Na Kontra Ka Kontra: 17.º episódio
1. Décimo sétimo episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 31 de Janeiro de 2011:
NA KONTRA
KA KONTRA
17º EPISÓDIO
Prosseguiram, passando pelo mangueiro onde havia o estrado para o pessoal se sentar à conversa, principalmente à noite. Estava lá o João e conversaram um pouco, tendo este chamado a atenção para uma nuvem negra ao longe. Queria dizer com isso que provavelmente se aproximava um tornado com a consequente chuvada torrencial. Era necessário ir jantar rapidamente para ainda se poder comer à mesa.
No fim do jantar já se tinha levantado o vendaval que precedia o aguaceiro pelo que todos se dirigiram para as suas palhotas. O nosso Alferes ainda tem que correr para se livrar das primeiras pingas. Próximo da sua morança, repara que o vulto do qual já se tinha esquecido, continua à sua porta.
Parou numa atitude de defesa mas, com a ajuda do clarão de um raio, pôde ver os reflexos nos óculos espelhados de quem o esperava e concluiu logo de quem se tratava. Havia um milícia que nunca largava os óculos escuros espelhados, nem à noite. Pelos vistos o Milícia Sadjuma estava ali sentado há cerca de duas horas. Que se passaria para ele estar tanto tempo à espera do Alferes? Algo de grave teria acontecido. Pela sua cabeça passou logo a ideia, muito generalizada, dos casos passionais entre milícias que, contrariamente aos metropolitanos que os resolvem à pancada ou até pela morte, os tropas africanos vêem muitas vezes pedir a opinião ou ajuda ao mais graduado presente. Recorda quando a Kadidja o procurou para a ajudar a resolver o seu diferendo com o João.
Está-se naquele fim do mundo, a dezenas de quilómetros de qualquer tabanca importante. Está-se em plena época das chuvas o que torna as picadas intransitáveis. Mulheres, salvo a bajuda Asmau, só havia as de alguns milícias. Havia pois alguns que não tinham companheira. O cérebro do Alferes quase “deita fumo” tentando articular respostas para o que o Sadjuma lhe iria expor. A mulher do Sadjuma era a Bobo, sem dúvida a mais interessante mulher da tabanca, exceptuando a Asmau, claro. Era pois muito apetecível. Até o nosso Alferes, logo no primeiro dia, ficou um tanto perturbado quando a viu. Pensou nessa altura que seria bajuda, apesar de estar com uma criança ao colo, o filho do João.
Quando o nosso Alferes se aproxima da sua morança o Sadjuma levanta-se e, como está devidamente fardado, faz uma continência como lhe ensinaram na instrução. O Alferes estava cada vez mais preocupado com o que podia sair da boca do milícia. É sabido que em assuntos estritamente militares, inclusive de guerra, o nosso Alferes é muito desenvolto, mas no que diz respeito aos sentimentos é muito inibido. Depois de uma continência daquelas o Alferes não tem alternativa e pergunta:
- Que se passa Sadjuma?
- Desculpe meu “Alfero” vir incomodá-lo mas tenho uma coisa muito importante a pedir-lhe.
Na cabeça do Alferes há um turbilhão de ideias pois não consegue antever o que vai sair dali. Um homem esperar duas horas para lhe pedir uma coisa… Algo muito importante será. Porque o não teria procurado durante o jantar? Talvez por ser assunto sigiloso. Ah era isso, pensou. Deve ser coisa muito “cabeluda”.
Deve dizer-se que o milícia Sadjuma é o militar mais aprumado de todo o pelotão de milícia. Nunca é visto sem camisa ou sem boina. Quando um superior fala com ele, põe-se sempre na posição de sentido.
A chuva começa a cair com intensidade o que serviu para o Alferes interromper por momentos a conversa que, a contra gosto, iria ter com o Sadjuma.
- Entra Sadjuma, senão molhamo-nos.
Entraram ambos para a morança e o Alferes sentou-se numa ponta da sua cama e ofereceu a outra ponta ao milícia. Este recusou, dizendo que estava bem de pé. O Alferes insistiu, tanto mais que aquela posição rígida de sentido o estava a incomodar. Numa atitude de obediência acabou por se sentar. Para retardar mais um pouco a conversa que imaginava complexa, o Alferes ao ligar um pequeno candeeiro a pilhas, foi dizendo:
- Sadjuma, bebes uma cerveja?
- Não meu “Alfero”, não posso, sou muçulmano.
- Desculpa, não sabia, queres então uma “Fanta” ou água do filtro?
- Pode ser água.
Lá fora a chuva caía em rajadas. O nosso Alferes nota que, contrariamente ao que acontecia no Agrupamento em Bafata, em que uma chuvada assim produzia um tal barulho nos telhados de chapa que nem dava para conversar, aqui numa morança com cobertura de capim, a chuva não produzia ruído algum.
Não havia que fugir mais ao problema que ali tinha trazido aquele homem. Mais nada havia a dizer que não fosse o Sadjuma fazer o pedido ao Alferes.
- Diz lá Sadjuma o que me tens a pedir.
- É sobre o forno que o meu Alferes fez.
De tudo o que o Alferes tinha pensado como sendo o problema do milícia, o forno não fazia parte. O Sadjuma continuou.
Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 31 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7698: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (52): Na Kontra Ka Kontra: 16.º episódio
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