Guiné > Região do Oio > Bissorã > 1968 > CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69) > O saudoso Fur Mil SAM é o militar de óculos escuros, na ponta esquerda.
Foto: © Manuel Moreira (2012). Todos os direitos reservados
1. Mensagem do nosso leitor Rui Moreira, empresário e gestor do Porto, enviada em 24 de Janeiro último:
Assunto: Pedido de informação
Luís Graça:
Ao visionar por mero acaso o seu blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné deparei-me com um gigantesco manancial de informação sobre a Guerra Colonial nomeadamente no teatro de operações da Guiné.
Luís Graça:
Ao visionar por mero acaso o seu blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné deparei-me com um gigantesco manancial de informação sobre a Guerra Colonial nomeadamente no teatro de operações da Guiné.
Chamo-me Rui Fernando Teixeira Dias Moreira, tenho 53 anos de idade, dois filhos já adultos (com 27 e 21 anos, respectivamente) e o meu tio Fernando Maria Teixeira Dias, irmão mais novo de minha mãe, furriel miliciano VM [ vagomestre, nº mecanográfico]03682465 pertenceu ao BCac 2852 /CArt 1746 e faleceu na Guiné em 14/11/1968, julgo que a pouco tempo de regressar.
Estas são as únicas informações que possuo e que consegui obter através da Net.
Sendo eu o primeiro de 4 irmãos, o meu tio Fernando foi o mais próximo de um irmão mais velho que alguma vez tive. Natural de Amarante veio, ainda adolescente, estudar para o Porto, passando a viver em casa dos meus pais, onde compartilhava um quarto comigo. A sua partida para a Guiné arquivou, nas minhas memórias de criança, um dos raros sentimentos de infelicidade e saudade que perduram até hoje.
Por um triste acaso fui eu que atendi a porta, a um estafeta que julgo era da companhia Marconi, portador de um telegrama e que me pediu para falar com o pai. Os acontecimentos que se seguiram gostaria de os manter apenas na minha memória.
O assunto da morte do tio Fernando, foi sempre uma espécie de tabu nomeadamente para as crianças da família, que era a minha condição na altura. Ouvimos alguns zum zuns como o de uma visita feita ao meu avô, homem rijo, temperado por uma guerra e uma vida não isenta de dificuldades, por um antigo companheiro de armas de meu tio, que o teria deixado bastante combalido.
O assunto da morte do tio Fernando, foi sempre uma espécie de tabu nomeadamente para as crianças da família, que era a minha condição na altura. Ouvimos alguns zum zuns como o de uma visita feita ao meu avô, homem rijo, temperado por uma guerra e uma vida não isenta de dificuldades, por um antigo companheiro de armas de meu tio, que o teria deixado bastante combalido.
Depois nunca mais se falou no assunto e o meu tio Fernando passou a ser uma memória visual na sala de estar da casa dos meus avós.
Por entender que os Portugueses, independentemente de quaisquer considerações filosóficas ou políticas, mereciam ter tido um outro tratamento por parte da Nação que defenderam com armas na mão, com todo o tipo de custos que esse facto lhes terá acarretado, bem como a sua história estar ainda por escrever, vi-a respeitada, no sentido estrito e lato da palavra, no seu blogue.
Por entender que os Portugueses, independentemente de quaisquer considerações filosóficas ou políticas, mereciam ter tido um outro tratamento por parte da Nação que defenderam com armas na mão, com todo o tipo de custos que esse facto lhes terá acarretado, bem como a sua história estar ainda por escrever, vi-a respeitada, no sentido estrito e lato da palavra, no seu blogue.
Também porque ainda hoje, enquanto lhe escrevo, tenho sentimentos que pensava o tempo tinha já apagado para sempre, atrevo-me a pedir-lhe o favor de, se lhe for possível, guiar-me ou ajudar-me no sentido de saber como o meu tio deixou a sua ainda curta vida na Guiné.
Com um pedido de desculpas por o importunar, não o conhecendo e agradecendo desde já o seu tempo.
Com um pedido de desculpas por o importunar, não o conhecendo e agradecendo desde já o seu tempo.
Com os melhores cumprimentos,
Rui Fernando Teixeira Dias Moreira.
2. Informação, com data de 31 de janeiro, que nos foi dada pelo nosso camarada Manuel Moreira, a nosso pedido, sobre a emboscada de 14/11/1968 que vitimou o
2. Informação, com data de 31 de janeiro, que nos foi dada pelo nosso camarada Manuel Moreira, a nosso pedido, sobre a emboscada de 14/11/1968 que vitimou o
Assunto: A Emboscada de 14 de Novembro de 1968
Amigo e Camarada Luís:
Amigo e Camarada Luís:
O dia 14 de Novembro de 1968 está na memória de toda a CART 1746 .
Eu tinha chegado no dia 13 à tarde da talvez mais dura Coluna em que a CART 1746 participou e que durou três dias mas fica para contar a qualquer momento.
No dia 14, a coluna prepara-se para sair [do Xime] e o 1º Cabo Mec Pinheiro que foi nela, e que também é de Águeda, pediu-me para ser eu a ir no lugar dele porque temia algum perigo nesse dia. Como eu tinha acabado de chegar de uma outra coluna muito dura e complicada, estaria preparado para outra, ao que eu recusei. Também ia o Furriel Mecânico.
A coluna sai, vou ao "Abrigo dos Mecânicos " fazer a minha cama e, qual o meu espanto, encontro um papel escrito pelo Pinheiro debaixo da minha almofada que dizia: "Moreira, hoje vou morrer na emboscada. Peço-te que, quando fores embora, contes à minha Mãe como aconteceu".
Claro que abanei todo de cima a baixo e disse: "Este gajo é doido !"... Tinha acabado de ler esta mensagem quando rebenta o fogo na mata a seguir à bolanha da saída do Xime entre Taliuara e Ponta Coli.
Um Grupo de Combate acorreu imediatamente do Xime para socorrer e apoiar a coluna e eu segui sozinho num Unimog à procura de feridos. Encontro o Pinheiro com um joelho ferido e carreguei-o para o Xime .
O fogo durou cerca de 15 minutos e, quando acabou, regressaram ao Xime todas as viaturas com todo o pessoal e os feridos, que foram muitos, atingidos nas costas, já no chão, por estilhaços quando uma granada de RPG bateu no taipal de uma viatura e fez ricochete.
Numa das viaturas vinha o Fur Dias , já sem vida. O Fernando Maria Teixeira Dias era o nosso Vaguemestre.
Como faz parte do meu "Diário de Guerra" em verso, junto as quadras alusivas à emboscada e que são:
285
O Novembro de 68
Foi o mês de pior sorte,
A Companhia sofreu,
Em Combate, a única morte
291
Mas 14 de Novembro
É a data mais lembrada,
Morreu-nos o Vaguemestre
Em terrível emboscada.
292
Ia em muitas colunas,
Comprar gado era a missão,
Pois ele era o responsável
Pela nossa alimentação.
293
Fernando Dias, de seu nomem,
Furriel era o seu Posto,
Era muito popular,
Sentimos grande desgosto.
E para que fique registado, envio uma foto tirada em Bissorã num desfile pela Vila onde o Fur Dias, de óculos, eu e o Fur Polho fazemos a linha da frente. Curiosamente o Fur Polho faleceu em Janeiro de 2011.
Envio um Abraço de Solidariedade ao sobrinho Rui Fernando .
Um Abraço, Luis.
Manuel Moreira
3. Resposta ao Rui F. T. Dias Moreira:
Meu caro Rui:
Li com mágoa, compaixão mas também com algum conforto a sua mensagem. Ficamos sempre sem jeito quando um familiar de um camarada nosso nos pergunta: "Diga-me como morreu o meu tio, o meu irmão, o marido, o meu namorado, ou até o meu pai"...
Temos portugueses, 40 anos depois, que não sabem como morreram os seus entes queridos na guerra colonial... O exército limitava-se a mandar um seco telegrama com a triste ocorrência... Isso acontecia com toda a gente, incluindo os oficiais do quadro... Ora o silêncio sobre a morte de alguém (e as suas circunstâncias, ainda para mais na guerra) é sempre opressivo e não nos ajuda a fazer o luto... Por isso, dou-lhe os parabéns também pela sua iniciativa, reveladora de uma grande nobreza de caráter e de uma grande humanidade... O Rui é um exemplo e um conforto para todos nós que, tendo vivido o fantasma da morte e do abandono, tivemos apesar de tudo a sorte de regressar...
Interessei-me naturalmente pelo seu caso e pedi ao meu camarada Manuel Moreira, que é de Águeda e foi da mesma companhia do seu tio, para me dar informação adicional sobre essa terrível emboscada do dia 14 de novembro de 1968... O Manuel Moreira é dos bravos do Xime que faz parte desta comunidade virtual que é o nosso blogue.
Eu ainda não estava na Guiné, só lá cheguei no início de Junho de 1969 mas ainda conheci (de vista) alguns camaradas da CART 1746: foram eles que montaram segurança à estrada Xime-Bambadinca, quando viémos de Bissau, em Lancha de Desembarque Grande (LDG), e abicámos ao Xime, a caminho do leste... O inferno do Xime, como eu próprio viria mais tarde a conhecer (A minha companhia africana, CCAÇ 12, fez lá muitas operações e inclusive fez segurança à nossa estrada, alcatroada, que entretanto foi feita)...
Essa emboscada ficou na memória dos nossos camaradas... Muitos meses depois, em meados de 1969, eu ouvi contar a história e soube da morte do nosso camarada, o furriel vagomestre Fernando Maria Teixeira Dias... Sempre que passávamos à na zona de Taliuará / Ponta Coli, a seguir ao Xime (ou antes do Xime, para quem vem de Bambadinca) (vd. aqui o mapa do Xime), lembrávamo-nos respeitosamente dos camaradas que tinham sido vítimas dessa emboscada...
Melhor do que ninguém, o Manuel Moreira explica-lhe o que se passou, nessa manhã. Ele é o único representante, no nosso blogue, da CART 1746, juntamente com um outro camarada que está nos EUA há 40 anos, o J. Ferraz, mas que chegou ao Xime já depois da morte do seu tio... Também já aqui apareceu o capitão da companhia, cap António Manuel Rodrigues Vaz, como simples leitor, não tenho a certeza de ele nos ter deixado o seu endereço de email... Vou ver melhor com tempo e vagar... (O Gilberto Madail também era desta companhia, mas nunca entrou em contacto connosco: temos no blogue uma ou outra história ou foto com ele).
O Manuel Moreira teve, além disso, a gentileza de nos mandar uma foto com o seu tio.. E mais: alguns versos do seu cancioneiro do Xime...em que ele presta homenagem ao único morto em combate da companhia... Tomo a liberdade de partilhar, com ele, esta mensagem que lhe mando a si, em privado. Gostaria no entanto de pedir ao Rui autorização para publicar no blogue esta nossa troca de mensagens, no caso de não achar inconveniente. O seu exemplo merece ser conhecido da nossa geração e da geração dos nossos filhos, bem como dos portugueses, em geral, que são um povo amnésico.... E queremos também fazer um poste, para a série In Memoriam, de homenagem ao furriel Dias. Podemos, no entanto, omitir a identidade do Rui, por razões éticas, sociais, profissionais ou outras.
Peço-lhe desculpa pela demora na resposta. Hoje tentei telefonar-lhe para a empresa. Disponha sempre. E, inclusive, fica convidado para integrar este espaço de partilha de memórias e de afetos que é o nosso blogue, e a nossa Tabanca Grande (reunimo-nos pelo menos 1 vez por ano, em Monte Real,e já somos mais de meio milhar). Um Alfa Bravo (ABraço).
Luís Graça
4. Resposta, de 1 de fevereiro, do Rui Dias Moreira:
Caro Luis Graça: Começo por lhe agradecer, respeitosamente, o tempo e o esforço que despendeu para satisfazer o meu pedido, agradecimentos que estendo ao seu camarada Manuel Moreira.
Não respondo hoje ao telefonema que teve a amabilidade de me fazer(não estava no escritório, por mera coincidência tinha ido a Amarante por questões profissionais), porque fiquei com os sentimentos ou pouco baralhados e tenho receio de não conseguir articular a conversa que gostaria de ter consigo… escrevendo é mais fácil.
Mas se me autorizar devolvo-lhe posteriormente o telefonema, para um dos números que menciona no seu mail.Quanto á utilização da nossa troca de palavras, fará o Luis aquilo que entender, não tenho qualquer problema seja de que natureza for a que ela se torne pública , antes pelo contrário!
Vou pedir autorização à minha mãe, minhas tias e ao meu tio, para digitalizar algumas fotos do tio Fernando que lhe enviarei. Porque da memória dos vivos, tem também que fazer parte a saudade dos mortos. Com um muito obrigado mais uma vez. Abraço, Rui Dias Moreira
_____________Eu tinha chegado no dia 13 à tarde da talvez mais dura Coluna em que a CART 1746 participou e que durou três dias mas fica para contar a qualquer momento.
No dia 14, a coluna prepara-se para sair [do Xime] e o 1º Cabo Mec Pinheiro que foi nela, e que também é de Águeda, pediu-me para ser eu a ir no lugar dele porque temia algum perigo nesse dia. Como eu tinha acabado de chegar de uma outra coluna muito dura e complicada, estaria preparado para outra, ao que eu recusei. Também ia o Furriel Mecânico.
A coluna sai, vou ao "Abrigo dos Mecânicos " fazer a minha cama e, qual o meu espanto, encontro um papel escrito pelo Pinheiro debaixo da minha almofada que dizia: "Moreira, hoje vou morrer na emboscada. Peço-te que, quando fores embora, contes à minha Mãe como aconteceu".
Claro que abanei todo de cima a baixo e disse: "Este gajo é doido !"... Tinha acabado de ler esta mensagem quando rebenta o fogo na mata a seguir à bolanha da saída do Xime entre Taliuara e Ponta Coli.
Um Grupo de Combate acorreu imediatamente do Xime para socorrer e apoiar a coluna e eu segui sozinho num Unimog à procura de feridos. Encontro o Pinheiro com um joelho ferido e carreguei-o para o Xime .
O fogo durou cerca de 15 minutos e, quando acabou, regressaram ao Xime todas as viaturas com todo o pessoal e os feridos, que foram muitos, atingidos nas costas, já no chão, por estilhaços quando uma granada de RPG bateu no taipal de uma viatura e fez ricochete.
Numa das viaturas vinha o Fur Dias , já sem vida. O Fernando Maria Teixeira Dias era o nosso Vaguemestre.
Como faz parte do meu "Diário de Guerra" em verso, junto as quadras alusivas à emboscada e que são:
285
O Novembro de 68
Foi o mês de pior sorte,
A Companhia sofreu,
Em Combate, a única morte
291
Mas 14 de Novembro
É a data mais lembrada,
Morreu-nos o Vaguemestre
Em terrível emboscada.
292
Ia em muitas colunas,
Comprar gado era a missão,
Pois ele era o responsável
Pela nossa alimentação.
293
Fernando Dias, de seu nomem,
Furriel era o seu Posto,
Era muito popular,
Sentimos grande desgosto.
E para que fique registado, envio uma foto tirada em Bissorã num desfile pela Vila onde o Fur Dias, de óculos, eu e o Fur Polho fazemos a linha da frente. Curiosamente o Fur Polho faleceu em Janeiro de 2011.
Envio um Abraço de Solidariedade ao sobrinho Rui Fernando .
Um Abraço, Luis.
Manuel Moreira
3. Resposta ao Rui F. T. Dias Moreira:
Meu caro Rui:
Li com mágoa, compaixão mas também com algum conforto a sua mensagem. Ficamos sempre sem jeito quando um familiar de um camarada nosso nos pergunta: "Diga-me como morreu o meu tio, o meu irmão, o marido, o meu namorado, ou até o meu pai"...
Temos portugueses, 40 anos depois, que não sabem como morreram os seus entes queridos na guerra colonial... O exército limitava-se a mandar um seco telegrama com a triste ocorrência... Isso acontecia com toda a gente, incluindo os oficiais do quadro... Ora o silêncio sobre a morte de alguém (e as suas circunstâncias, ainda para mais na guerra) é sempre opressivo e não nos ajuda a fazer o luto... Por isso, dou-lhe os parabéns também pela sua iniciativa, reveladora de uma grande nobreza de caráter e de uma grande humanidade... O Rui é um exemplo e um conforto para todos nós que, tendo vivido o fantasma da morte e do abandono, tivemos apesar de tudo a sorte de regressar...
Interessei-me naturalmente pelo seu caso e pedi ao meu camarada Manuel Moreira, que é de Águeda e foi da mesma companhia do seu tio, para me dar informação adicional sobre essa terrível emboscada do dia 14 de novembro de 1968... O Manuel Moreira é dos bravos do Xime que faz parte desta comunidade virtual que é o nosso blogue.
Eu ainda não estava na Guiné, só lá cheguei no início de Junho de 1969 mas ainda conheci (de vista) alguns camaradas da CART 1746: foram eles que montaram segurança à estrada Xime-Bambadinca, quando viémos de Bissau, em Lancha de Desembarque Grande (LDG), e abicámos ao Xime, a caminho do leste... O inferno do Xime, como eu próprio viria mais tarde a conhecer (A minha companhia africana, CCAÇ 12, fez lá muitas operações e inclusive fez segurança à nossa estrada, alcatroada, que entretanto foi feita)...
Essa emboscada ficou na memória dos nossos camaradas... Muitos meses depois, em meados de 1969, eu ouvi contar a história e soube da morte do nosso camarada, o furriel vagomestre Fernando Maria Teixeira Dias... Sempre que passávamos à na zona de Taliuará / Ponta Coli, a seguir ao Xime (ou antes do Xime, para quem vem de Bambadinca) (vd. aqui o mapa do Xime), lembrávamo-nos respeitosamente dos camaradas que tinham sido vítimas dessa emboscada...
Melhor do que ninguém, o Manuel Moreira explica-lhe o que se passou, nessa manhã. Ele é o único representante, no nosso blogue, da CART 1746, juntamente com um outro camarada que está nos EUA há 40 anos, o J. Ferraz, mas que chegou ao Xime já depois da morte do seu tio... Também já aqui apareceu o capitão da companhia, cap António Manuel Rodrigues Vaz, como simples leitor, não tenho a certeza de ele nos ter deixado o seu endereço de email... Vou ver melhor com tempo e vagar... (O Gilberto Madail também era desta companhia, mas nunca entrou em contacto connosco: temos no blogue uma ou outra história ou foto com ele).
O Manuel Moreira teve, além disso, a gentileza de nos mandar uma foto com o seu tio.. E mais: alguns versos do seu cancioneiro do Xime...em que ele presta homenagem ao único morto em combate da companhia... Tomo a liberdade de partilhar, com ele, esta mensagem que lhe mando a si, em privado. Gostaria no entanto de pedir ao Rui autorização para publicar no blogue esta nossa troca de mensagens, no caso de não achar inconveniente. O seu exemplo merece ser conhecido da nossa geração e da geração dos nossos filhos, bem como dos portugueses, em geral, que são um povo amnésico.... E queremos também fazer um poste, para a série In Memoriam, de homenagem ao furriel Dias. Podemos, no entanto, omitir a identidade do Rui, por razões éticas, sociais, profissionais ou outras.
Peço-lhe desculpa pela demora na resposta. Hoje tentei telefonar-lhe para a empresa. Disponha sempre. E, inclusive, fica convidado para integrar este espaço de partilha de memórias e de afetos que é o nosso blogue, e a nossa Tabanca Grande (reunimo-nos pelo menos 1 vez por ano, em Monte Real,e já somos mais de meio milhar). Um Alfa Bravo (ABraço).
Luís Graça
4. Resposta, de 1 de fevereiro, do Rui Dias Moreira:
Caro Luis Graça: Começo por lhe agradecer, respeitosamente, o tempo e o esforço que despendeu para satisfazer o meu pedido, agradecimentos que estendo ao seu camarada Manuel Moreira.
Não respondo hoje ao telefonema que teve a amabilidade de me fazer(não estava no escritório, por mera coincidência tinha ido a Amarante por questões profissionais), porque fiquei com os sentimentos ou pouco baralhados e tenho receio de não conseguir articular a conversa que gostaria de ter consigo… escrevendo é mais fácil.
Mas se me autorizar devolvo-lhe posteriormente o telefonema, para um dos números que menciona no seu mail.Quanto á utilização da nossa troca de palavras, fará o Luis aquilo que entender, não tenho qualquer problema seja de que natureza for a que ela se torne pública , antes pelo contrário!
Vou pedir autorização à minha mãe, minhas tias e ao meu tio, para digitalizar algumas fotos do tio Fernando que lhe enviarei. Porque da memória dos vivos, tem também que fazer parte a saudade dos mortos. Com um muito obrigado mais uma vez. Abraço, Rui Dias Moreira
Nota do editor:
Último poste da série > 29 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9416: In Memoriam (107): Está de luto a CCAV 488 do BCAV 490, pelo falecimento de Augusto Pimenta Henriques Simões (Fur Mil)