domingo, 10 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11226: Ser solidário (143): Rádio Comunitária Papagaio, Buba: "SOS!!!!... Querem fechar-nos as portas!... Ajudem-nos a adquirir um filtro de harmónicos!".... (Luís da Silva, diretor)


Guiné-Bissau < Região de Quínara > Buba >> Rádio Papagaio, criada em 2002: diretor, jornalistas e técnicos... 


Guiné-Bissau < Região de Quínara > Buba > Rádio Papagaio... Diretor Luís da Silva



Guiné-Bissau < Região de Quínara > Buba > Edifício da Rádio Comunitária Papagaio, propriedade da ONG AMIN - Associação dos Amigos da Natureza. É uma das 30 rádios comunitárias que cobrem o país e são a verdadeira voz da população guineense. Faz parte da RENARC - Rede Nacional das Redes Comunitárias da Guiné-Bissau 

Fotos: Rádio Comunitária Papagaio (2013)






1. Mensagem recebida em 8 de fevereiro último:

Amigos e Camaradas da Guiné Bissau

Somos a Rádio Papagaio em Buba, Sul da Guiné-Bissau. Conforme podem ver nos anexos Aviso e Notificação, estamos prestes a encerrar as nossas portas e de perder nossos materiais por falta de 1000 euros para comprarmos um filtro harmónico e pagar seu transporte até  à Guiné.

Precisamos da vossa ajuda e da vossa solidareiedade de sempre que tem para o nosso Pais. Ajudem a salvar a Rádio Papagaio. O prazo do aviso expirou. Solicitamos à ARN [Autoridade Reguladora Nacional das TIC] para nos atenuar até ao mês de Março. Não sabemos o que vai acontecer...

Luis da Silva
Telefone 00245 6634323

PS - Cumprimentos ao Sr António Camilo.

2. Novo apelo, dramático, com data de 15 de fevereiro:

Buba, Guiné-Bissau 15 de Fevereiro de 2013

Amigos da expedição portuguesa.  Somos a Rádio Comunitária Papagaio. Estamos em Buba, Região de Quínara, sul da Guiné-Bissau. Estamos num momento de aflição e recorremos a vocês, pedindo vossa
ajuda, para ultrapassarmos as exigências da ARN. A nossa Rádio está a ser ameaçada de multas, encerramento de suas portas e apreensão dos seus materiais, se não cumprirmos com o Aviso e
Notificação em anexo.

Já cumprimos com duas exigências: a sinalização aérea e a licença radioeléctrica. Mas não estamos em condições financeiras de comprar o filtro harmónico num pais europeu. Na Itália custa 800 euros incluindo seu transporte para a Guiné. Com o trabalho do técnico, vamos precisar ao todo de 1000 euros.
Esta é a razão desta mensagem enviada a vocês para nos apoiar.

O FILTRO HARMONICO DEVE TER FREQUÊNCIA DE 93.10 MHZ
É
 tudo e esperamos vosso apoio
Luís da Silva
Coordenador da AMIN/ Rádio Papagaio

3. Na mesma data fizemos um apelo (interno) à solidariedade de todo o pessoal da Tabanca Grande:

Amigos e camaradas: A maior parte das rádios comunitárias da Guiné-Bissau são ilegais, mas prestam uma serviço relevante...É o 2º ou o 3º email, de aflição, que recebo da Rádio Papagaio, de Buba. É malta que conhece alguns de nós, o António Camilo e outros "amigos da expedição portuguesa" (sic). Não sei como podemos ajudá-los. Mas dou-vos conhecimento do seu dramático apelo e vou publicar um poste no nosso blogue (quando tiver mais informação concreta da malta que conhece a Buba de hoje e esta rádio) . Bom fim de semana. Luís Graça

PS - Informação que me deu o Pepito sobre esta situação:

"1. Radio Papagaio: é verdade que todas as rádios têm de pagar ao Estado uma licença de emissão, mesmo sabendo o dito cujo que as rádios fornecem um excelente trabalho nos domínios da saúde, informação, divulgação da cultura, promoção de um espírito de tolerância étnica, etc. Por outro lado, há pequenas avarias difíceis de solucionar por falta de recursos financeiros (estas rádios trabalham em regime de voluntariado)."...

4. Recebemos várias respostas de camaradas nossos ao nosso apelo:

(i) Do nosso camarada Osvaldo Colaço recebemos de imediato uma resposta, com conhecimento à Rádio Papagaio:

Colaço, Osvaldo
15 Fev
 
Boa tarde amigos

Li o vosso apelo através do Luís e do Carlos

Digam-me como posso enviar uma pequena ajuda monetária
Ex-furriel mil  (Empada-Catió 72-74)

Osvaldo Colaço
Responsável Oficina Máquinas & Moldes
Verallia Portugal

Tel: +351 233 403 224
Mob: +351 964 857 804
www.verallia.com

(ii) Júlio Madaleno
15 Fev

Luís Graça, quero ajudá-los. Não faço nem quero usar a Net para assuntos de bancos. Por favor dá-me um NIB e lá constará uma transferência minha de € 50,00 que é do que posso dispor. Sem esquecer as necessidades do meu país,  não me passa ao lado o apelo de gente que aprendi a admirar.

Júlio T S Madaleno ex- fur mil das CCAAÇ 1685 e 2317.


(iii) Fernando Súcio
15 Fev


Caro camarada Luis Graça: da minha parte estou disposto a colabarar. Digam-me como posso enviar a minha contribuição que faço da melhor vontade. Com um abraço para toda essa boa gente,
e para ti,  Luís.
Fernando Súcio


(iv)  Cândido Morais
19 Fev


Pois... Só se formos solicitados a contribuir com alguma coisa, através de um NIB comummente aceite. Por mim, estou disponível para colaborar, na medida das minhas possibilidades e mau grado a crise...
Não conheço Buba. A CCAÇ 2679, de que fiz parte em 70/71, esteve no leste, desde Piche a Buruntuma e depois em Bajocunda/Copá, mas sempre me sensiblizou aquela gente, no interior da Guiné. Um abraço para todos.

6.  Conta bancária > IBAN:GWO96 01001 011111 010185 38 

 Buba, 16 de Fevereiro de 2013

Amigos Osvaldo Colaço, Carlos Vinhal, Magalhães Ribeiro, Luis Graça,

Antonio Camilo...

recebam a coordenada bancária e espero o vosso apoio.
_______________________________________________

Coordenada Bancária
BAO Banco da Africa Ocidental SA
Guine-Bissau

REMITTANCE DETAILS
Instructions for Receipt of Wire Transfer

Pay To-Caixa económica-Montepio Geral
Lisbon, Portugal
Swift code : MPIOPTPL

For Credit : Banco da Africa Ocidental, SA
Rua Guerra Mendes, 18 A/C
CP 1360 – Bissau, Guiné-Bissau
TEL: 00245 320 34 18/ 19
FAX: 00245 320 34 12


SWIFT: BAOBGWGWXXX

For Further Credit To:
Account Name: Luis da Silva
Account Number: 011111/010185.
MONTEPIO GERAL, RUA DO OURO 219-241, LISBOA,
PORTUGAL- TEL(. 351-21-3248000)
IBAN:GWO96 01001 011111 010185 38


7. Mensagm da Rádio Papagaio

28 de fevereiro de 2013

Amigos, Camaradas da Guiné e da Rádio Papagaio: comunico-os que já recebi 2 ajudas de 50 euros cada : uma de Osvaldo e outra de Sr Súcio. Depois de muitas solicitações a ARN prorrogou para este mês do Março próximo o prazo para colocar filtros harmónicos na Rádio.
um forte abraço
Luis da Silva
espero o vosso apoio
telef 00 245 66343235. 

8. Nova mensagem, de 3 do corrente

Amigos,  camaradas da Guiné: Rádio Papagaio está vivendo os momentos de incerteza da sua vida. Se vai calar definitivamente a sua boca tanto apreciada pela comunidade local, mas tambem esperando uma resposta da vossa parte, sempre com esperanças de que podem ajudar segundo as vossas possibilidades.

Já temos confirmação de 2 apoios de 50 euros cada. enviados através de SOFIB WESTERN UNION.  Queríamos saber se já foi depositado na Caixa Económica-Montepio Geral,  segundo a coordenada que enviei, para assim me poder deslocar a Bissau e fazer a encomenda do Filtro harmónico para a Rádio.
Mais uma vez obrigado pela atenção.
Luis da Silva
telef 002456634323

9.  Nova mensagem, de 5 do corrente

Amin Papagaio
Amigos da Guiné e da Rádio Papagaio, Senhores, Osvaldo Colaço e Fernando Súcio

Recebemos as vossas contribuições, o muito significantes para nós. Dos grãos em que se enche o papo duma ave. Assim, e esperamos que exerçam vossas influências junto aos restantes amigos da Guiné para que façam o mesmo gesto de solidariedade.

De todos os pedidos enviados aos vossos companheiros, só vocês os dois é que até então deram a sua mãozinha num total de 100 euros. É para a instalação do filtro na rádio que termina neste mês de Março. Esperamos que as vossas influências junto aos vossos colegas possam surtir algum resultado positivo.

Um abraço do vosso amigo, Luis da Silva.
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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de fevereiro de 2013 > óniosGuiné 63/74 - P11117: Ser solidário (142): Movimento Lionístico em favor da solidariedade para com o povo da Guiné-Bissau (Jaime Machado / José Rodrigues)

Guiné 63/74 - P11225: Parabéns a você (543): Joaquim Cruz, ex-Soldado Condutor Auto da CCS/BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 8 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11210: Parabéns a você (543): António Marques Lopes, Coronel DFA Reformado, ex-Alf Mil da CCAÇ 1690 (Guiné, 1967/69)

sábado, 9 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11224: (Ex)citações (214): Na Operação Irã, realizada nos dias 2 e 3 de Maio de 1965, participaram as CART 566 e CART 730 (João Parreira)

1. Mensagem do nosso camarada João Parreira, ex-Fur Mil Op Esp / COMANDO da CART 730 / BART 733 e do Grupo de Comandos “Fantasmas”, Bissorã e Brá, 1964/66, com data de 4 de Março de 2013:


Guiné 63/74 - P11157: Memória dos lugares (219): Olossato, anos 60, no princípio era assim (5) (José Augusto Ribeiro)

Com agradecimento pela partilha daquele conjunto das cinco fotografias (?) que retrata o bom resultado de uma operação que foi feita em Morés em 1964 com a Companhia do Olossato e a 730 (?), provavelmente referem-se a uma 'op' realizada nos finais daquele ano, Novembro(?) Dezembro(?).

Ajudas-de-memória:

Camarada e Amigo Carlos Vinhal,
Estive recentemente a ver em Memória de Lugares, o P11157 de 26 de Fevereiro enviado pelo nosso camarada José Augusto Ribeiro, da CArt 566.

Contactei alguns camaradas da CArt 730 sobre esta operação que foi mencionada ter sido efectuada em Nov/Dez 64(?) e da qual eu não me recordava.

O meu amigo Zaupa da Silva, furriel mil. enfermeiro da 730 respondeu-me dizendo:

A data da operação a Mores foi em 2 de Maio de 1965 foi uma operação em que foi o médico e o capelão. Tu estavas nos Comandos, nessa operação sofremos uma grande emboscada numa casa de mato. Estivemos mais de uma hora debaixo de fogo mas por sorte não tivemos nem um ferido. Do pessoal que aparece nas fotos é da "566" ainda vagamente me lembro de algumas caras. 
Um abraço Zaupa

A Companhia (730) à qual pertenci, e que esteve envolvida nesta operação foi para Bissorã em 8 de Dezembro de 1964.



Foto 166 > Material capturado ao IN

Foto: © José Augusto Ribeiro (2013). Direitos reservados



Fui rever o que tinha em meu poder e assim junto envio um Relatório abreviado da Operação “Irã” efectuado pela CArt 730.

02 e 03MAI65 – A CArt 730 participou na operação “Irã” que proporcionou o maior sucesso das NT na Província e talvez mesmo em todas as outras até àquela data.

Capturou-se a maior quantidade de material de sempre, cerca de 1 tonelada, por parte da CArt 566, que executou a acção no objectivo tendo a "730" montado a segurança

A CArt 730 saíu de Bissorã em 021515, desembarcou em movimento pelas 17h30 e irradiou para outra localização onde montou estacionamento. Depois seguiu para outro local, onde montou uma rede de emboscadas em protecção à CArt 566 que executou o ataque à Base Central do Morés.

Pelas 05h50 após a execução do golpe de mão pela CArt 566 à Base Central Morés cerca de 20 elementos fugindo do objectivo caíram na zona de morte, na qual foi feito um prisioneiro que interrogado imediatamente localizou a Base de Iracunda para onde a CArt 730 seguiu para a execução do golpe de mão.

A Companhia sofreu 2 fortes acções de de fogo de várias armas sem consequências. Foram destruídas a cozinha e as casas de mato da Base que, pela constituição encontrada, denunciavam sem dúvida a presença de um numeroso grupo In.

A CArt 566 arrancou com cinco helicópteros carregados de mateiral In, além do transporte pelo pessoal e já não falando no que o incómodo e peso obrigaram a abandonar durante a marcha de regresso.

Com um abraço amigo.
João Parreira
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 21 de Fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11129: (Ex)citações (213): Cameconde, hoje seria um lugar de absurdo, de pesadelo e de loucura... (Alexandre Margarido, ex-cap mil, CCAÇ 3520, Cacine e Cameconde, 1972/74)

Guiné 63/74 - P11223: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (7): Fotos de um líder, do Cap Inf Op Esp Fernando Assunção Silva, primeiro cmdt da CCAÇ 2797


À esquerda: O saudoso Cap Op Esp Fernando Assunção Silva


1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 17 de Fevereiro de 2013:


FANTASMAS DO FUNDO BAÚ

7 - Fotos de um líder - Cap Op Esp Fernando Assunção Silva

Caros Luis Graça/Carlos Vinhal,
Cordiais saudações.

Remexendo o fundo do baú, agora ligeiramente ilustrado, encontrei essas duas fotos de um LÍDER.
Esta é a minha modesta e respeitosa homenagem. Fica a imagem, as palavras já foram escritas:

Sereno, intrépido, generoso... um LÍDER

(...) "A CCaç 2796 foi fustigada de forma brutal nos seus primeiros passos em Gadamael numa primeira tentativa do PAIGC de, indirectamente, eliminar a posição de Guileje (o que veio a conseguir em 1973 por via directa). Sofreu baixas, incluindo o comandante da companhia (24Jan71) e nos finais de Janeiro de 1971 era uma subunidade extenuada psicologicamente. 

Com muito trabalho de todos, reagiu, recuperou, deixou obra feita (reordenamento, escola, posto sanitário, casernas, organização do terreno) e garantiu a posse de Gadamael, a segurança da população, o apoio logístico a Guileje e a liberdade de movimentos no seu sector. Em suma "Cumpriu a Missão". Não desmereceu do seu primeiro e valoroso comandante de companhia – Capitão Assunção Silva, dos seus restantes camaradas mortos e feridos em combate e da confiança da população que apoiou de múltiplas formas e com quem manteve relações de respeito e amizade." (...) 

Coronel Morais Silva

"O Capitão Assunção Silva comandou sempre magistralmente a reação a todas as flagelações, e ordenava patrulhas regulares, algumas delas comandadas por ele pessoalmente. Pois é, e numa delas aconteceu, um simples disparo de um franco-atirador atingiu-o mortalmente no peito."

Vasco Pires


Ao fundo o saudoso Capitão de Infantaria Op Esp Fernando Assunção Silva, à sua direita Alferes Campinho, Alferes Manso, os dois da CCAÇ 2796, e Alferes Costa Gomes, Pel Rec Fox 2260 (um "benemérito" de Guileje, pois fazia a segurança das colunas de reabastecimento), à sua esquerda Vasco Pires (camiseta branca) e Alferes Rodrigues CCAÇ, os restantes são Furriéis da CCAÇ e Pel Rec, que por estarem parcialmente retratados não dá para identificar. 
Me perdoem os camaradas, se quarenta anos depois errei algum nome.

Forte abraço
Vasco Pires
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 3 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11185: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (6): ...onde também tem lealdade, dedicação e competência

Guiné 63/74 - P11222: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (5): Balantas, mandingas e mansoancas


Foto s/nº - "A morte da árvore"... [Parece ser um poilão sagrado, centenário...]


Foto s/ nº - "Bajudas"... [transportando lenha à cabeça]


Foto s/ nº - "Depois da pesca"... [Mukheres, balantas, que regressam do Rio Mansoa]


Foto s/ nº - "Tabanca 2"


Foto s/ nº - "O pilão"


Foto s/ nº - "Alimentar o almoço" ... [Neste caso, os bacorinhos]



Foto s/ nº - "Transporte do rancho"... [Que ternura de foto!]


Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1972/1974 > BCAÇ 4612 (1972/74) >  Legenda do Jorge Canhão:


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74).

Estas fotos, relativas a Mansoa,  chegaram-nos às mãos através de outro grã-tabanqueiro, o Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), residente em Leiria. Os nossos especiais agradecimentos aos dois, e muito em especial ao nosso camarada Jorge Canhão, a quem desejamos boa continuação da sua recuperação de um recente problema de saúde.

Não sabemos quem é o autor (ou quem são aos autores) das fotos,,,  Estas fotos constam de um CD, do Agostinho Gaspar, estão sob um ficheiro com a seguinte designação: Jorge Canhão > Vários Batalhão.

Principais grupos humanos do setor (excertos da Históira do BCAÇ 4162, Mansoa, 1972/74, Cap II, pp. 8-11



Guiné 63/74 - P11221: Do Ninho D'Águia até África (56): ...tudo parecia redondo (Tony Borié)





1. Quinquagésimo sexto episódio da série "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177:




DO NINHO D'ÁGUIA ATÉ ÁFRICA - 56


O mês era Abril, e alguns diziam:
- A Páscoa, está à porta!.

Para o Cifra, tanto fazia ser Páscoa como Natal, os dias eram iguais, andava por ali, fumava os seus cigarros, umas vezes normais, outras vezes “especiais”, quase sempre trazia nas mãos uma garrafita de “coca-cola”, cheia de álcool, alguma água e um pouco de vinho ou café para lhe dar a cor, parecendo coca-cola, não aparecia à hora do comer e depois roubava pão e vinho, e quando havia oportunidade, álcool ao Pastilhas, metia conversa com este e com aquele, mas o final da conversa era sempre, “tirem-me daqui”. O Curvas, alto e refilão, já não se podia aturar, tinha sempre razão, os outros é que estavam todos errados, mas nesse dia reparou numa coisa diferente.


O Curvas, alto e refilão, andava em cima de uma bicicleta, muito velha, mesmo velha, sem pneus, com os aros tortos a fazer barulho no chão, de vez em quando desiquilibrava-se, quase que caía, colocava os pés no chão e gritava palavras obscenas, bicicleta esta, que possivelmente roubou a algum miúdo natural da aldeia com as tais casas cobertas de colmo, que ficava próximo do aquartelamento, trazia vestido uns calções rotos, em que o forro dos bolsos já tinha desaparecido há muito tempo, nos pés trazia os restos de umas botas de pano e borracha que tinham sido novas há vinte e dois meses atrás, amarradas com um fio, a servir de atacadores, somente nos dois últimos buracos do resto das referidas botas.
A medalha cruz de guerra andava pendurada na frente do resto da camisa suja, que tinha sido amarela quando as botas que trazia nos pés eram novas, medalha esta que balançava com o movimento do seu corpo. Guiava só com uma mão, pois a outra trazia o maço de cigarros “três vintes” e o isqueiro que o Movimento Nacional Feminino lhe tinha oferecido, por indicação do Cifra, não que ele o tivesse pedido, isqueiro esse que funcionava a gasolina ou a álcool, que ele roubava da enfermaria quando apanhava o “Pastilhas” desprevenido, pois o “Pastilhas” quando o via próximo, escondia o frasco do álcool. Quando isso acontecia, usava gasolina e deitava um cheiro que alguns diziam:
- Cheira a gasolina, anda por aí o Curvas, alto e refilão.

Andava na bicicleta, não conseguia rolar pois mais que uns escassos metros, voltava a desiquilibrar-se, quase que caía de novo, e então dizia com a voz um pouco alta e algo excitado:
- Fujam, fujam caral..! Que esta merda, ainda vai cair!

O Cifra olhou para ele e sentou-se em cima de uns restos de um barril de vinho vazio, que por ali andava a já não sabia há quanto tempo, tapou a cara com a mão, em sinal de desespero, pois estava nesse momento a pensar na sua aldeia do vale do Ninho d’Águia, passado uns momentos, tira a mão da cara, e olhou para o tampão, que também era redondo, e pensou para si:
- Isto é muita coincidência.

Olhou para o seu relógio de pulso, que também é redondo, e rondava por volta das seis horas da tarde, o Curvas, alto e refilão, rodava na bicicleta velha, com as rodas tortas, a pequena bolanha, ou seja pântano, que existe ao fundo do aquartelamento, também é redonda na sua superfície, pássaros de diversas cores, voavam e rodavam em redor uns dos outros, na tal pequena árvore florida, de que já se falou, no princípio desta série de textos e que existe junto da bolanha.

Verificando melhor, lá ao fundo, vem um bando de patos rodeando a bolanha, o furriel miliciano vai a passar por ali, com um cigarro feito à mão na boca, leva a sua G-3 ao ombro, que acabou de limpar, no cabanal, era assim que se chamava ao local onde os militares de acção limpavam e oleavam as armas, que era um lugar que alguém se lembrou de fazer, com quatro estacas de troncos redondos de palmeiras, cobertas com três folhas de zinco, já com alguma ferrugem que andavam por ali, depois alguém para lá levou uns barris de vinho vazios, também redondos, que serviam de mesas, e lá começaram a limpar as armas, passando a chamar-se, “o cabanal da limpeza de armas”. O dito furriel, com uma habilidade espantosa, talvez sobre influência do cigarro feito à mão, dá um tiro certeiro num dos patos, talvez para experimentar a arma, que rodou sobre si, morto por uma redonda bala, saída de um redondo cano, o resto do bando dos patos continuou a rodear a bolanha, mas fugindo, na procura de novos rumos. O Cifra, pensou para si:
- Estou a ficar maluco, é tudo redondo, por favor tirem-me daqui!


Olhou melhor para o barril vazio, e os aros também eram redondos, o buraco no meio, também era redondo, assim como a rolha, e ficou a pensar que o pato que o furriel miliciano matou, sem tirar o cigarro, feito à mão, da boca, cigarro esse que apesar de encurrilhado, na mente do Cifra também lhe parecia redondo, e pensou que o pato morto com o tiro certeiro, não rodará mais, mas fará rodar os membros de quem o comer, e de repente, põe de novo a mão na cara, fica por segundos a pensar e lhe volta à ideia a sua aldeia do vale do Ninho d’Águia e quando era criança também formavam uma roda em redor uns dos outros, esperando que o futuro os rodeasse com os seus caprichos, e quem sabe se foi graças à roda que se inventou a bola de futebol, e por falar em bola, lá ao fundo vem o Trinta e Seis, que é baixo e forte na estatura, e que no pensamento do Cifra, não vem a caminhar, vem a rebolar, pois também parece redondo como uma bola.

Era demais, tinha que ir ver o “Pastilhas”, o tal cabo enfermeiro, pois já estava a ficar tonto, e por cima não tinha fumado nenhum “especial”, e a pensar em tudo isto, levantou a cabeça e reparou lá ao longe que o sol, também redondo, se estava a querer esconder para dar lugar à lua, que nesta altura, também é redonda.

Levantou-se, sacudiu a cabeça e começou a correr ao lado do Curvas, alto refilão, tentando também empurrar a bicicleta, ao que ele resistiu, com os seus insultos habituais, dizendo:
- Fora daqui, caral..!. Isto é a minha bicicleta!
____________

Nota do editor:

Vd. último poste da série de 2 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11180: Do Ninho D'Águia até África (55): O fim aproximava-se, mas havia desespero (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P11220: Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/69) (Parte IX): Subsetor de Empada: atividade operacional de Out 68 a jan 69

1. Continuação da série do Manuel Serôdio (camarada que vive em Rennes, Bretanha, França), sobre a história da sua companhia, a CCAÇ 1787 (*)... 

Material enviado em 26 de fevereiro último.

Recorde-se que a CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 foi mobilizada pelo RI 15, partiu para o TO da Guiné em 18/10/1967 e regressou a 21/8/1969. Passou sucessivamente por Bula, Bissau, Empada, Buba, Bissau, Quinhamel. Comandante: Cap Inf Marcelo Heitor Moreira. O BCAÇ 1932 esteve sediado em Bissau, Farim e Bigene (Comandante: ten cor inf Narsélio Fernandes Matias)

 
Outubro de 1968
(Continuação)...


Patrulhamento a Tarna
Situação:

A área de Tarna Canchuma Manjaco é controlada pela nossas tropas e,   embora não haja ali culturas, as produções frutículas são colhidas  pela população de Empada, devidamente escoltada.

Missão:

Patrulhar a área de Tarna Canchumba Manjaco, aniquilando os grupos  inimigos que se revelassem. 

Forças executantes:
2 grupos de combate da Companhia 1787  + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6 

Sem contato

Patrulhamento a Madina de Cima Beafada 

Situção:

A área de Madina e Beja, é por vezes frequentada por grupos inimigos,  que ali vão colher frutos, embora seja mais ou menos controlada pelas  nossas tropas, dada as frequentes operações que para aquela zona se  efetuam.

Missão:

Patrulhar a área referida, montando uma rede de emboscadas, por forma  a aniquilar os grupos inimigos que se revelassem.

Forças executantes:

2 grupos de combate da Companhia 1787  + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n 6

Sem contato


Guiné > Região de Quínara > Empada > 1968 > Em primeiro plano, o furriel Serôdio, mais o Dayves [, presumivelmente da Companhia de Milícia nº 6]

Foto: © Manuel Serôdio (2013). Todos os direitos reservados.


Novembro de 1968

Patrulhamentos e picagem diários à estrada para o cais, Ualada e pista  de aterragem.
Montar segurança aos barcos e aviões que demandaram Empada.
Montar segurança aos trabalhadores da bolanha.
Patrulhamentos conjugados com emboscadas (8)

Patrulhamento a Cantora 

Situação:
A área de Cantora é frequentada por grupos inimigos, que patrulham a  área vindos das bases da península da Pobreza. Têm sido ali  estabelecidos alguns contatos mais ou menos rendosos para as nossas  tropas, que ali infligiram perdas em pessoal ao inimigo, e capturado  algum material.

Missão:

Patrulhar a área referida, montando uma rede de emboscadas, por forma  a aniquilar os grupos inimigos que se revelassem.

Forças executantes:

2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6
Não houve contato

Alterações ao dispositivo 

O segundo grupo de combate seguiu para Bedanda, onde ficou a depender  daquele Comando por tempo indeterminado.

Dezembro 1968

Patrulhamentos e picagem diários à estrada para o cais, Ualada e pista  de aterragem.

Montar segurança aos barcos e aviões que demandaram Empada.

Patrulhamentos diários conjugados com emboscadas.

Janeiro 1969 

Patrulhamentos e picagem diários à estrada para o cais, Ualada e pista de aterragem.

Montar segurança aos barcos e aviões que demandaram Empada.
Patrulhamentos diários conjugados com emboscadas.

Outros Patrulhamentos


A noz de cola, fruto muito apreciado pelos guineenses... incluindo os guerrilheiros e a população controlada pelo do PAIGC no tempo da guerra colonial no subetor de Empada. Excerto de entrada na Wikipedia: (...) 

"Possuindo um gosto amargo e grande quantidade de cafeína, a noz-de-cola é usada por muitas culturas do oeste africano, tanto individualmente quanto em grupo. Muitas vezes é usada cerimonialmente ou dada para convidados.

A noz era utilizada originalmente para produzir refrigerantes de cola, mas foi substituída por aromatizantes artificiais visando a diminuir custos na produção em massa. (...)

As sementes têm ação estimulante, regularizadora da circulação. Atuam como um tônico revigorante, excitante do sistema nervoso e muscular. É também antidiarréica e usada nos casos de anemia, convalescença de doenças graves, problemas estomacais e certas enxaquecas, e sobretudo nas perturbações funcionais do coração. As sementes contêm teobromina e cafeína, usadas por muitas pessoas como sucedâneo do cacau e do café.

A noz-de-cola cresce espontaneamente na África Ocidental e Central em climas quentes e úmidos. O uso de suas amêndoas difundiu-se na região norte da América Latina por intermédio dos escravos negros que mascavam colas para suportar trabalhos penosos. Depois foi levada a outros países com finalidades agroindustriais".(...)


Patrulhamento a Caur de Cima, Beja e Bijante  [vd. carta de Catió]

Situação: 

A área de Beja, Bijante e Caur de Cima, é por vezes frequentada por  grupos inimigos, que ali vão colher frutos, (sobretudo na altura da  cola), embora seja mais ou menos controlada pelas nossas tropas, dados  os frequentes patrulhamentos que ali têm sido realizados, com a  finalidade de verificar se elementos inimigos têm utilizado o rio  Jassonca como variante da linha de reabastecimento do setor de  Quinara. Admite-se que os grupos inimigos que esporadicamente ali se  deslocam, sejam constituidos por elementos da população, protegidos  por grupos armados, pois a quase totalidade dos povos das tabancas  referidas, refugiou-se no mato, provavelmente nas áreas de Aidará,  Najo e Ganduá, inteiramente controlada pelo inimigo.

Missão:

De acordo com a diretiva n° 1 do COP 4, para cuja dependência  operacional, a Unidade acaba de passar, compete-lhe executar ações de reconhecimento na região de Caur de Cima, com especial atenção às  nmargens do rios:  Caur,  Daja, Nengonga,  Candate, Bahodo.

Forças executantes:

2 grupos de combate da Companhia 1787  + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem contato. Detetados vestígios recentíssimos de grupo inimigo  numeroso, (calculado em cerca de 100 elementos). Verificou-se que os  elementos inimigos tinham apanhado a fruta existente na área, bem como  a cola.

(Continua)
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Guiné 63/74 - P11219: Memória dos lugares (223): Capó, na estrada Bachile-Cacheu. uma das estações do calvário da CCAÇ 2444: ali morreram em combate três camaradas açorianos em 6/2/1969, no mesmo dia da tragédia no Rio Corubal, no Cheche (João Rebola / J. C. Resendes Carreiro / Manuel Carvalho)



Guiné > Região de Cacheu > Carta de Teixeira Pinto (1961) (Escala 1/50 mil) Posição relativa de Capó, na estrada entre Teixeira Pinto - Churobrique -Bachile - Capó - Cacheu.


1. João Rebola (, foto atual à esquerda):

(...)  Estava o Janeiro a terminar
Para o Cacheu fomos transferidos.
Continuámos a nossa epopeia
Com mortos e muitos feridos.

Dia 6, data fatídica, mês de Fevereiro,
Aziago e de muita má lembrança,
Que retirou do mundo algumas vidas
Plenas de vida e esperança.

Recordem, amigos, do local o seu nome
Que, de repente, desfez sonhos e não só
Deixando para sempre tristeza, luto e dor
Aquela operação insidiosa, em Capó. (...) (*)


Ao fim de 9 anos a blogar (mais de 11200 postes, 608 membros da Tabanca Grande, 40 mil comentários...) há lugares (ou topónimos) que ainda não constam da nossa lista, na coluna do lado esquerdo do blogue, como "marcadores"... Por exemplo, Capó, na estrada Bachilé-Cacheu, onde morreram 3 camaradas açorianos,  da CCAÇ 2444, em 6 de fevereiro de 1969, no mesmo dia, na travessia do Rio Corubal, em Cheche, sofreríamos 47 mortos, "por acidente"... (**)

Essa  longa lista do nosso martirológico guineense precisa de ser actualizada, de A a Z... De qualquer aqui vaio  mais um topónimo, Capó, de que poucos tinham ouvido falar até agora.  (***)

A morte destes três camaradas já aqui foi referida, através da transcrição de um artigo de opin

ião do ex-alf mil João Carlos Resendes Carreiro, pertencente à citada companhia, e ele próprio açoriano:

2. Homenagem a 3 militares mortos na Guiné a 6 de Fevereiro de 1969

06 Fevereiro 2009 [Opinião]


Correio dos Açores


Faz hoje 40 anos que numa emboscada na Guiné, morreram os militares, de saudosa memória, o furriel Manuel Carreiro (o Mani, filho do então Director do Diário dos Açores), o soldado José Aveiro (do Nordeste) e o soldado Manuel Almeida (o triclinas do Outeiro dos Arrifes). 


Eram 7 horas da manhã, a luz do dia já começava a aparecer, mas a densidade do nevoeiro (cacimbo) mal deixava ver as palmeiras e restante vegetação à nossa volta. 

Estávamos na zona de Capó, entre o Cacheu e Bachile, uma curva na estrada, com bolanha dos dois lados. Uma rajada de metralhadora deu cobertura à saída de uma bazucada que atingiu a zona do estômago do Mani, de uma maneira fatal. O tiroteio entretanto prosseguiu, a minha espingarda foi atingida de modo que o carregador ficou todo estilhaçado. O Graça, que ficou gravemente ferido, começou a gritar que tinha a perna despachada, quando levantei a cabeça, para ver o que se passava, uma rajada levantou o pó da estrada, qual cena do far west . 

O furriel Mani e o José Aveiro eram do pelotão que eu comandava, como alferes miliciano, faziam parte da 3.ª secção, que naquela hora estavam a passar para a frente. Quando o meu pelotão ia na frente rodávamos de 2 em 2 horas de secção, eu costumava ir na secção da frente, porém ainda não tinha dado tempo, eles ainda estavam a passar. 

Só me recordo de estar deitado na valeta da estrada, no meio do fumo da pólvora e cheiro a sangue que não vou esquecer nunca. 

Fizemos parte da CCAÇ 2444, “os coriscos”, estivemos na Guiné de 1968 e 1970. 

Passados 40 anos quero recordar aqui estes três jovens, de 22 anos, que deram a vida pela pátria, a 6 de Fevereiro de 1969, a cumprir o seu dever de cidadãos. Quando hoje exerço o direito à cidadania, faço-o com convicção, também pensando neles. 

O furriel Mani, o Mani, não era um militar, era um jovem bem formado, que à noite rezava o terço com os soldados da sua secção. Era um brincalhão, sempre alegre que fumava charutos e tentava viver um dia de cada vez. Nunca te vou esquecer, amigo! 

Tínhamos todos 22 anos, tão jovens, mas que adultos que éramos, assumíamos responsabilidades de gente adulta e madura.  Um dia ver-nos-emos, vocês não morreram, passaram a viver de outra maneira!

Um grande abraço para vocês!

Autor: João Carlos Resendes Carreiro



3. Explicações adicionais, dadasa pelo Manuel Carvalho  (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) [, foto atual, à esquerda]:

(...) Em 6 de fevereiro de 1969,  começou a operação Aquiles Primeiro que se prolongou até 14 de fevereio. Logo no primeiro dia, 6 de fevereiro, a CCAÇ 2444 teve três mortos e um guia civil e três feridos e a CCAÇ 2446 teve um morto e um ferido e o Pel mil 130 quatro feridos. Ficou também ferido o alferes do Pel. Caç Nat 58 mais dois guias civis e um auxiliar.I sto logo no primeiro dia da operação.Pela nossa parte,  CCAÇ 2366,  julgo que tivemos um ferido e um dia apanhamos um RPG2 e três armas mas estávamos a ver que as munições não chegavam para abrir caminho para o quartel. Alguns de nós chegaram a Jolmete com meia dúzia de balas no carregador.Pois é, caro Rebola.  o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é Grande. Quem diria que as nossas companhias tinham andado na mesma operação. (...)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P11209: Blogpoesia (324): Sinopse Lúdico-Histórica da CCAÇ 2444 (João Rebola)

(**) Essa trágica coincidência fez com que os 3 mortos da CCAÇ 2444, todos açorianos, em Capó, na região do Cacheum, tenham sido dados, originalmente, como desaparecido nas águas do Corubal, na região do Boé:

Vd. poste de maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2819: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (4): 1968-1973 (Fim) (A. Marques Lopes):

(,...) Aqueles que nem no caixão regressaram - Parte IV (Final)

(Organização por ordem cronológica da data de morte: A. Marques Lopes, Cor DFA, Ref) (Continuação) (2)

[...] José Bento Pacheco Aveiro, Soldado / CCaç 2444 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Nordeste, São Miguel, Açores / Corpo não recuperado.


[...] Manuel Amaral Carreiro, Furriel / CCaç 2444 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / São José, Ponta delgada, Açores / Corpo não recuperado.


[...] Manuel dos Santos Costa Almeida, Soldado / CCaç 2444 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Arrifes, Ponta Delgada, Açores /Corpo não recuperado. [...]

Esse lamentável apso só foi corrigido um ano e tal depois. na sequência do artigo de opinião do João Carlos Resendes Carreiro e de um mail enviado pelo Carlos Cordeiro.

Vd. poste de 22 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4853: Dando a mão à palmatória (23): Verdadeira causa da morte de três camaradas açorianos da CCAÇ 2444 (Carlos Cordeiro/Carlos Vinhal)

(***) Útimo poste da série > 8 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11213: Memória dos lugares (222): Olossato, anos 60, no princípio era assim (7) (José Augusto Ribeiro)

Guiné 63/74 - P11218: Agenda cultural (255): Convite para o 5.º encontro da "Tertúlia Fim do Império”: Messe da Batalha/Porto, dia 14 de Março, pelas 16h00 (Manuel Barão da Cunha)

1. Convite que nos foi enviado pelo Cor Manuel Júlio Matias Barão da Cunha (CMDT da CCAV 704/BCAV 705), que esteve na Guiné entre os anos de 1964 e 1966:


Caríssimos camaradas combatentes residentes no Norte, incluindo os sócios da invicta Tabanca, recordo a nossa tertúlia na Messe da Batalha, cujo 5.º encontro será dia 14, 5ª feira, com livros de dois ex-alferes milicianos, conforme convite anexo. 



Agradecemos que tentem ir e divulgar, serão bem-vindos, 



Abraços de M. Barão da Cunha, coordenador em regime de voluntariado, residente em Oeiras, mas que irá. 

E que é feito dos briosos ex-furriel mil Pinto Correia e soldado «Porto»? 

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Nota de MR:

Vd. último poste da série em: 

Guiné 63/74 - P11217: Diário de Iemberém (Anabela Pires, voluntária, projeto do Ecoturismo, Cantanhez, jan-mar 2012) (10): Nunca pensei vir a gostar deste arroz e não me aborrecer de o comer praticamente todos os dias

1. Continuação da publicação do Diário de Iemberém, por Anabela Pires (Parte X) (*) [, Foto à direita; créditos fotográficos: JERO]


24 de Fevereiro de 2012

Nos últimos dois dias tivemos cá dois grupos de turistas.

Um dos grupos, de 11 pessoas, veio via Mali. Era constituído por 5 homens (americanos e ingleses) e 6 casais, dos quais 2 italianos. Vinham acompanhados de um guia do Mali e de outro guineense e já vinham do arquipélago dos Bijagós.

O outro grupo era um casal francês com 3 filhos, o mais pequeno dos quais tinha 5 anos. Vinham também acompanhados de um guia francês que trabalha para uma operadora no arquipélago. Fiquei a pensar que o meu João já cá pode vir, afinal os perigos não são assim tantos.

Pela primeira vez foi servida uma sopa no restaurante da Satu e adoraram a tarte de coco e banana, o bolo de laranja, as laranjas da Rosinda, os doces de limão e laranja, além do mel daqui e dos pratos tradicionais da Satu.

 Um dos pratos favoritos é a galinha ou cabrito à cafreal que é bem diferente do cafreal de Moçambique. Aqui, depois de grelhar a carne, é feito o tal molho onde a carne é metida. O molho tem 3 vantagens: torna a carne mais macia – mesmo as galinhas aparentemente pequenas têm a carne muito dura, permite manter a comida mais tempo quente e é o tempero do arroz que é só cozido em água e sal. 

Nunca pensei vir a gostar deste arroz e não me aborrecer de o comer praticamente todos os dias mas, na verdade, sabe muito bem. Não sei explicar como e nem porquê mas que sabe bem, isso sabe. Como dizem aqui as pessoas “muito sabe”. Outra expressão muito curiosa que usam quando uma comida é boa é dizer que pica. Um dia dei um bolo a provar à Pónu e ela começou a dizer-me “pica, pica”. Eu fiquei espantada e disse-lhe “mas eu não pus malagueta no bolo”. Então lá percebi que a expressão não tem nada a ver com picante mas que só quer dizer que é bom.

[Foto à esquerda: Anabela Pires, Catesse, janeiro de 2012. Foto de Pepito]


29 de Fevereiro de 2012

Hoje o Pepito vem cá. Foi bom de ver a Duturna cheia de pica ontem a fazer as limpezas! Ainda não consegui perceber bem o que muitas destas pessoas sentem pelo Pepito mas é um misto de respeito, de admiração, de medo? Mas de um medo bom, de um medo, creio, de o aborrecer, de o desiludir.

Ainda não terminámos as grandes limpezas, talvez seja hoje! Tem sido difícil convencer as mulheres a limpar paredes e a esfregar as junções dos ladrilhos. A sensação que tenho neste momento é que sempre que virei costas aldrabaram o trabalho, mas no final de Março faremos outra vez limpezas gerais e vou ter de estar sempre presente.

No Domingo voltei a ir à pesca mas só o Sambajuma apanhou uma raia. Mas foi um dia e tanto. Mudámos 3 vezes de piroga, fomos até ao “mar grande”, sempre em contra corrente e a partir de determinada altura só com um remo. Bem, uma maluquice do timoneiro! Passámos mais tempo a andar de piroga do que à pesca e o Sambajuma e o Alfa (irmão do Gassimo com 24 anos) “apanharam uma canseira” daquelas! Logo na mudança da 1ª piroga, quando olhei, estava tudo cheio de água, bem salgada, por sinal. Conclusão, entrou água para dentro da caixa onde ia o molho de galinha, para dentro do saco onde levava bolo que tinha feito de manhã …. Só comi meio “cuduro” com ovo mexido mas eles comeram tudo o resto. 

Já fizemos parte do caminho de noite, cansadíssimos e sem peixe! Como é costume, eu é que preparo e pago tudo, desde a comida, ao material de pesca, ao isco, e no fim ainda dou uma gorjeta a cada um. Ainda assim é muito mais barato ir à pesca aqui do que em Portugal. Compro isco para todos por menos de 50 cêntimos, as gorjetas são de 1,5€ por homem e não gastamos gasolina. Tenho de mandar vir material de pesca pois assim o que trouxe não me vai chegar para os 6 meses. Apesar de ter sido um dia louco foi muito saboroso pois a paisagem é muito bonita e repousante.

A bateria do PC está a finar-se e tenho mesmo de ficar por aqui. Ontem à noite o gerador só pegou às 21.30 e foi um bocado doloroso não ter luz logo às 19 horas. Coisas que acontecem!

[Foto acima: pescadores do Rio Geba, região de Bafatá, dezembro de 2009. Foto de João Graça]
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Nota do editor:

Último poste da série > 4 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11189: Diário de Iemberém (Anabela Pires, voluntária, projeto do Ecoturismo, Cantanhez, jan-mar 2012) (9): O batizado muçulmano da Aminata, a filha do padeiro

sexta-feira, 8 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11216: Tabanca Grande (389): Joaquim Nunes Sequeira, ex-1.º Cabo Canalizador do BENG 447 (Guiné, 1965/67), grã-tabanqueiro nº 608

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Joaquim Nunes Sequeira, ex-1.º Cabo Canalizador do BENG 447, Guiné, 1965/67:

Primeiro uma explicação, o aerograma foi para ver se há mais companheiros que tenham outros pois até hoje só vi este que guardo religiosamente e que me foi enviado por um conterrâneo da Força Aérea que já não está entre nós.

A outra foto é em Belém no 10 de Junho de 2009 onde já vou pela 20.ª vez consecutiva, levando o Guião da Liga dos Combatentes - Núcleo de Sintra. Será recorde.
Quem está comigo é o General Tomé Pinto da CCAÇ 675 - Binta, onde estive algum tempo, onde estavam também os camaradas Belmiro Tavares e o J.E.R.Oliveira e tantos outros que nos encontramos há vários anos no almoço da Companhia, a Gloriosa 675 - "Que Nunca Cederá" que tem no emblema uma corrente. Sendo eu da ferrugem, não mais os larguei.

- Joaquim Nunes Sequeira - "O Sintra da Guiné"
- Data de Nascimento - 11/03/1944
- 1.º Cabo Canalizador N.º 8/65 C.M.E
- Batalhão de Engenharia 447
- Guiné, 17/12/1965 a 22/11/1967

Segue em anexo foto actual e mais duas da Guiné. Logo que tenha oportunidade mando a primeira história da praxe e depois irão mais, seguindo mais ou menos as voltas que dei pela Guiné.

Passagem por: Pelundo, Nhacra, Mansoa, Cutia, Mansabá, K3, Farim, Binta, Lamel, Jumbembem, Canjambari, Bambadinca, Cuntima, Bafatá, Nova Lamego, São João, Bolama, Jabadá, Tite, Enxudé, Fulacunda, Ilha das Galinhas, Ilha das Cobras, Nova Sintra, Olossato, e Bissorã...

Por agora é tudo, até sempre.
Um abraço Amigo

Antes de terminar, não sei qual o meu número de Tabamqueiro se antes, se depois do 600.
Antecipadamente um obrigado por me aceitarem a fazer parte da Familia mais Nummmmmmmmerosa de PORTUGAL.

O SINTRA DA GUINÉ
1.º CABO Nº 8/65
BENG 447

Nova Sintra > Bagabaga

S. João, 1966


2. Comentário de CV:

Caro Sintra da Guiné, bem-vindo à Tabanca Grande.
Deste-me cá uma trabalheira para decifrar a tua mensagem que nem te conto. Eram estrelas por tudo quanto era sítio e o texto todo misturado. Para a próxima escreve a mensagem de dia, evitas assim as "estrelas", e confere se o que escreveste está perceptível. Desta vez desenrasquei-me.

Desculpa por ter brincado agora mesmo contigo, precisas, talvez, de um pouco mais de treino.

Já vi que tens bons amigos, a perceber pela amostra. O JERO e o Belmiro Tavares são nossos amigos particulares e tertulianos activos. Não tenho o prazer de conhecer pessoalmente o senhor General Tomé Pinto, mas o seu passado fala por si.

Para os nossos leitores perceberem a tua introdução, vou fazer um link para o teu primeiro poste* já publicado e apresentar de novo as fotos que referes.



Belém, 10 de Junho de 2009 > Joaquim Nunes Sequeira, porta-bandeira do Núcleo de Sintra da Ligados Combatentes, falando com o Gen Tomé Pinto.

Caro Sequeira, estás então apresentado à tertúlia.
Quando quiseres envia as tuas fotos, com as legendas à parte, porque as que enviaste traziam umas etiquetas que tive de retirar pois não são muito funcionais em termos de edição. Podes dar um número a cada foto, e à parte, escreves as respectivas legendas.

Recebe um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.
 O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 30 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10881: O nosso livro de visitas (154): Joaquim Nunes Sequeira, ex-combatente da Guiné

Vd. último poste da série de 4 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11192: Tabanca Grande (388): Fernando Macedo, ex-1.º Cabo Apontador de Artilharia Pesada do 5.º Pel Art (Cabedu, 1971/72)