Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
Guiné 63/74 - P13518: Unidades Militares mobilizadas nos Açores para a Guerra no Ultramar (1961-1975). Notas para uma investigação (2) (Carlos Cordeiro)
Segunda parte do trabalho do nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), Professor na Universidade dos Açores, na situação de Reforma, intitulado "Unidades Militares Mobilizadas nos Açores Para a Guerra no Ultramar (1961-1975) - Notas Para Uma Investigação
(Continua)
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Nota do editor
Primeiro poste da série de 19 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13513: Unidades Militares mobilizadas nos Açores para a Guerra no Ultramar (1961-1975). Notas para uma investigação (1) (Carlos Cordeiro)
Guiné 63/74 - P13517: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (4): "Carta aberta às vítimas da descolonização”, por Jacques Soustelle
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Julho de 2014:
Queridos amigos,
É redundante referir que a descolonização deixou feridas por sarar, em vários países.
Neste livro, Jacques Soustelle profere uma dolorosa litania a pensar fundamentalmente na Argélia que ele tão bem conheceu e tanto amou. Estudou o dossiê português, do lado nacionalista, e faz a sua defesa, ponto por ponto.
É um documento muito bem escrito, não é por acaso que ele foi alçapremado à Academia Francesa. Há quem continue a insistir, no caso português, que outra descolonização era possível. Há nacionalistas corajosos, caso de Jaime Nogueira Pinto, que já veio a público dizer que depois de muito estudar considera que outra via para a descolonização portuguesa não teria andado longe do que aconteceu com a que se praticou e está abundantemente documentada. Ora cá está um bom tema para férias, questionar o passado mais pela razão e menos pelo coração.
Um abraço do
Mário
Biblioteca em férias (4)
Carta aberta às vítimas da descolonização
Beja Santos
“Carta aberta às vítimas da descolonização”, por Jacques Soustelle, Parceria A. M. Pereira, Lda., 1973, foi uma obra que deu brado em França mas também em Portugal, onde recebeu grande aplauso de praticamente todos os adeptos da causa do Ultramar. Acrescia o facto desta carta-libelo sair do punho de uma personalidade eminente: Soustelle (1912-1990) tinha elevadas credenciais no campo da etnologia (os seus estudos na investigação da América Pré-Colombiana ainda hoje são de referência obrigatória), combateu na França Livre e foi ministro por várias vezes de Charles De Gaulle, teve elevadas responsabilidades na Argélia francesa, comprometeu-se com a OAS, o que o levou ao exílio; foi deputado e membro da Academia Francesa.
Esta carta dedicada à descolonização tem sempre a Argélia na mira, é pungente, documentada, elogia o esforço português na guerra em África. Tem um interlocutor, é Ibrahima Gueye, fala saudosamente de um projeto: “Sabíamos que já mais poderiam desaparecer entre os nossos povos as relações entre dominante e dominado, os complexos de superioridade ou de inferioridade, o desprezo racista. Pensávamos que as colónias deviam ser transformadas em províncias, regiões, Estados de uma grande federação multirracial, em redor da República Francesa”. Lê-se hoje e pensa-se no federalismo de Spínola. É uma carta onde se fala de destroços, da África arruinada, comandada por tiranos megalómanos, mas os mortos-mártires da Argélia pesam sempre, tanto ou mais que os franceses expulsos, o que dói mais é a sorte de cinco ou seis mil franceses e francesas desaparecidos para sempre, a morte no meio dos suplícios mais cruéis de cento e cinquenta mil muçulmanos culpados por terem acreditado na Argélia francesa, os muitos chacinados.
Increpa-se contra a denominação de Terceiro Mundo, eufemisticamente tratados como países em vias de desenvolvimento e diz frontalmente: “Os seus recursos insuficientes não conseguem fazer face a uma população que aumenta sem cessar. A esse desequilíbrio fundamental juntam-se, muitas vezes, os erros de uma administração incapaz ou corrompida, a exploração cínica de alguns países por um neocolonialismo que revela todos os defeitos do antigo, o militarismo desencadeado nos Estados sem elites formadas, o gosto pelo dinheiro e pelo luxo entre alguns privilegiados em confronto com a profunda miséria do povo. Com raríssimas exceções, é este o panorama que se revela na maioria dos antigos territórios coloniais: emancipados sob a férula de generais, coronéis e comandantes, com certeza mais ditatoriais e tirânicos – e até menos competentes – do que os piores governadores de outros tempos”.
É a carta de um europeu que se dirige àqueles que foram os seus compatriotas de além-mar. Alude nostalgicamente à vocação euro-africana na França, de que foi grande participante. Todos perderam com as soluções precipitadas daquelas independências: voltou o tribalismo, a mais degradante tirania feudal, enumera as violências de Bokassa, de Sekou Touré, e de tantos outros. É inadmissível, diz, haver um progresso nestes países em comparação ao que vivia no período colonial: “A verdade é que os povos nada ganharam com a nova situação, a não ser o fato de terem conhecido novos patrões”. A descolonização falhou em toda a parte, regrediu-se, esbanjou-se em projetos megalómanos de industrialização descurando as potencialidades que estavam a ser aproveitadas, e de novo fala na Argélia.
Antigo amigo de De Gaulle, refere a conferência de Brazzaville, de 1944, onde alguns dos mentores da França Livre se comprometeram a garantir a unidade política do mundo francês e a respeitar a liberdade local de cada um dos territórios além-mar, e critica profundamente as opções de De Gaulle que levaram ao abandono da Argélia. É neste contexto que elogia a política de Lisboa com a África portuguesa. Faz a ironia com a propaganda do PAIGC: “Amílcar Cabral pretende afirmar a cada passo que libertou dois terços ou quatro quintos da Guiné portuguesa, que assim se revela como um dos países mais extensos do mundo, porque as guerrilhas de Cabral avançam sem cessar desde há perto de dez anos, sem nunca chegarem a ocupar inteiramente esse território”. Recorda igualmente que a escravatura não foi uma invenção dos europeus, os africanos foram espancados, exterminados e escravizados, sem qualquer intervenção exterior, durante muitos séculos e observa: “Os árabes muçulmanos foram durante séculos os mais encarniçados caçadores de homens através dos seus mercados de escravos e de mulheres que alimentassem os haréns, e sabe-se ainda que nas Nações Unidas alguns países, que têm direito a voto e condenam virtuosamente o colonialismo, continuam a praticar a escravatura”.
Procura realçar paradoxos como ninguém se chocar com o império Russo na Ásia com os seus muçulmanos colonizados enquanto a opinião mundial anda permanentemente agitada com os muçulmanos argelinos, os árabes israelitas e palestinianos. Os ditadores africanos dedicam-se a práticas tribais e a um racismo que os revolucionários tenham a ignorar caso de Idi Amin Dada, Bokassa, Mobutu, entre outros. E regressa à África portuguesa, Soustelle considera que os portugueses são um povo isente de racismo, que não há discriminação racial nos territórios portugueses, que a despeito de muito atraso se progrediu muito na saúde e que o governo de Caetano tem implementado reformas corajosas. E questiona quem são os responsáveis da luta desencadeada contra as províncias portuguesas do Ultramar: aponta o dedo para Argel, para o coronel Boumediène, que deu guarida aos partidos terroristas. Fala nos apoios militares soviético e chinês, e também cubano, das armas soviéticas, checas e chinesas. Fala dos perigos do controle soviético nestas paragens, parece um general português da velha escola: “Possuir as ilhas de Cabo Verde, como também Moçambique, é possuir uma enorme vantagem, talvez decisiva, no caso de conflito mundial. Nas mãos de um país neutro, despojado de todo o intento agressivo, mas pró-ocidental, estas ilhas constituem um elemento de segurança da Europa, especialmente porque que cobrem as linhas de comunicação à volta de África. Em poder de um estado imperialista, ameaçariam estas linhas vitais; a experiência da última guerra demostra que o Mediterrânio pode ser parcial ou completamente fechado, e é então que o acesso ao oceano Índico, ao Golfo Pérsico, ao petróleo do Médio Oriente, depende da possibilidade dos navios contornarem o continente africano”.
Jacques Soustelle estudou o dossier português na perfeição, no todo as suas posições confluem para as do governo de Marcello Caetano. E, por último, a carta-libelo regressa aos problemas da francofonia em África, aos demandos governamentais dos adeptos do socialismo africano, alerta para o perigo de se estar a falar cada vez menos francês em África. Ponto por ponto, desmonta o fiasco da descolonização argelina, mas também a cooperação que se envolve em projetos inúteis. Jacques Soustelle é frontal, é hipercrítico e é emotivo. E ao despedir-se questionando o seu interlocutor como será possível fazer frente às pesadas ameaças que cobrem o futuro, escreve; “Ninguém poderá dar uma resposta a esta pergunta, atualmente. Eis a razão, Ibrahima, porque escrevo uma carta tão longa e sem rodeios: já que as minhas inquietações e as minhas queixas são as de um homem que amou o vosso país e o vosso povo e que, por que não confessá-lo, os ama ainda hoje com todo o seu coração”. Pense o que se pensar desta catilinária, foi um documento que fez época e que caiu bem nas hostes já muito desorientadas dos ultranacionalistas portugueses.
Na mesma manhã e no mesmo bricabraque onde comprei o livro de Jacques Soustelle, há muitos anos emprestado e desaparecido, encontrei numa caixa esta estampa, um primor de trabalho daqueles tempos em que qualquer livro que se prezasse trazia gravuras e estampas.
Gostei muito desta Aixa, sultana de Granada, e é com satisfação que a ofereço ao blogue.
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Nota do editor
Último poste da série de 13 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13491: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (3): A literatura de Mickey Spillane
Queridos amigos,
É redundante referir que a descolonização deixou feridas por sarar, em vários países.
Neste livro, Jacques Soustelle profere uma dolorosa litania a pensar fundamentalmente na Argélia que ele tão bem conheceu e tanto amou. Estudou o dossiê português, do lado nacionalista, e faz a sua defesa, ponto por ponto.
É um documento muito bem escrito, não é por acaso que ele foi alçapremado à Academia Francesa. Há quem continue a insistir, no caso português, que outra descolonização era possível. Há nacionalistas corajosos, caso de Jaime Nogueira Pinto, que já veio a público dizer que depois de muito estudar considera que outra via para a descolonização portuguesa não teria andado longe do que aconteceu com a que se praticou e está abundantemente documentada. Ora cá está um bom tema para férias, questionar o passado mais pela razão e menos pelo coração.
Um abraço do
Mário
Biblioteca em férias (4)
Carta aberta às vítimas da descolonização
Beja Santos
“Carta aberta às vítimas da descolonização”, por Jacques Soustelle, Parceria A. M. Pereira, Lda., 1973, foi uma obra que deu brado em França mas também em Portugal, onde recebeu grande aplauso de praticamente todos os adeptos da causa do Ultramar. Acrescia o facto desta carta-libelo sair do punho de uma personalidade eminente: Soustelle (1912-1990) tinha elevadas credenciais no campo da etnologia (os seus estudos na investigação da América Pré-Colombiana ainda hoje são de referência obrigatória), combateu na França Livre e foi ministro por várias vezes de Charles De Gaulle, teve elevadas responsabilidades na Argélia francesa, comprometeu-se com a OAS, o que o levou ao exílio; foi deputado e membro da Academia Francesa.
Esta carta dedicada à descolonização tem sempre a Argélia na mira, é pungente, documentada, elogia o esforço português na guerra em África. Tem um interlocutor, é Ibrahima Gueye, fala saudosamente de um projeto: “Sabíamos que já mais poderiam desaparecer entre os nossos povos as relações entre dominante e dominado, os complexos de superioridade ou de inferioridade, o desprezo racista. Pensávamos que as colónias deviam ser transformadas em províncias, regiões, Estados de uma grande federação multirracial, em redor da República Francesa”. Lê-se hoje e pensa-se no federalismo de Spínola. É uma carta onde se fala de destroços, da África arruinada, comandada por tiranos megalómanos, mas os mortos-mártires da Argélia pesam sempre, tanto ou mais que os franceses expulsos, o que dói mais é a sorte de cinco ou seis mil franceses e francesas desaparecidos para sempre, a morte no meio dos suplícios mais cruéis de cento e cinquenta mil muçulmanos culpados por terem acreditado na Argélia francesa, os muitos chacinados.
Increpa-se contra a denominação de Terceiro Mundo, eufemisticamente tratados como países em vias de desenvolvimento e diz frontalmente: “Os seus recursos insuficientes não conseguem fazer face a uma população que aumenta sem cessar. A esse desequilíbrio fundamental juntam-se, muitas vezes, os erros de uma administração incapaz ou corrompida, a exploração cínica de alguns países por um neocolonialismo que revela todos os defeitos do antigo, o militarismo desencadeado nos Estados sem elites formadas, o gosto pelo dinheiro e pelo luxo entre alguns privilegiados em confronto com a profunda miséria do povo. Com raríssimas exceções, é este o panorama que se revela na maioria dos antigos territórios coloniais: emancipados sob a férula de generais, coronéis e comandantes, com certeza mais ditatoriais e tirânicos – e até menos competentes – do que os piores governadores de outros tempos”.
É a carta de um europeu que se dirige àqueles que foram os seus compatriotas de além-mar. Alude nostalgicamente à vocação euro-africana na França, de que foi grande participante. Todos perderam com as soluções precipitadas daquelas independências: voltou o tribalismo, a mais degradante tirania feudal, enumera as violências de Bokassa, de Sekou Touré, e de tantos outros. É inadmissível, diz, haver um progresso nestes países em comparação ao que vivia no período colonial: “A verdade é que os povos nada ganharam com a nova situação, a não ser o fato de terem conhecido novos patrões”. A descolonização falhou em toda a parte, regrediu-se, esbanjou-se em projetos megalómanos de industrialização descurando as potencialidades que estavam a ser aproveitadas, e de novo fala na Argélia.
Antigo amigo de De Gaulle, refere a conferência de Brazzaville, de 1944, onde alguns dos mentores da França Livre se comprometeram a garantir a unidade política do mundo francês e a respeitar a liberdade local de cada um dos territórios além-mar, e critica profundamente as opções de De Gaulle que levaram ao abandono da Argélia. É neste contexto que elogia a política de Lisboa com a África portuguesa. Faz a ironia com a propaganda do PAIGC: “Amílcar Cabral pretende afirmar a cada passo que libertou dois terços ou quatro quintos da Guiné portuguesa, que assim se revela como um dos países mais extensos do mundo, porque as guerrilhas de Cabral avançam sem cessar desde há perto de dez anos, sem nunca chegarem a ocupar inteiramente esse território”. Recorda igualmente que a escravatura não foi uma invenção dos europeus, os africanos foram espancados, exterminados e escravizados, sem qualquer intervenção exterior, durante muitos séculos e observa: “Os árabes muçulmanos foram durante séculos os mais encarniçados caçadores de homens através dos seus mercados de escravos e de mulheres que alimentassem os haréns, e sabe-se ainda que nas Nações Unidas alguns países, que têm direito a voto e condenam virtuosamente o colonialismo, continuam a praticar a escravatura”.
Procura realçar paradoxos como ninguém se chocar com o império Russo na Ásia com os seus muçulmanos colonizados enquanto a opinião mundial anda permanentemente agitada com os muçulmanos argelinos, os árabes israelitas e palestinianos. Os ditadores africanos dedicam-se a práticas tribais e a um racismo que os revolucionários tenham a ignorar caso de Idi Amin Dada, Bokassa, Mobutu, entre outros. E regressa à África portuguesa, Soustelle considera que os portugueses são um povo isente de racismo, que não há discriminação racial nos territórios portugueses, que a despeito de muito atraso se progrediu muito na saúde e que o governo de Caetano tem implementado reformas corajosas. E questiona quem são os responsáveis da luta desencadeada contra as províncias portuguesas do Ultramar: aponta o dedo para Argel, para o coronel Boumediène, que deu guarida aos partidos terroristas. Fala nos apoios militares soviético e chinês, e também cubano, das armas soviéticas, checas e chinesas. Fala dos perigos do controle soviético nestas paragens, parece um general português da velha escola: “Possuir as ilhas de Cabo Verde, como também Moçambique, é possuir uma enorme vantagem, talvez decisiva, no caso de conflito mundial. Nas mãos de um país neutro, despojado de todo o intento agressivo, mas pró-ocidental, estas ilhas constituem um elemento de segurança da Europa, especialmente porque que cobrem as linhas de comunicação à volta de África. Em poder de um estado imperialista, ameaçariam estas linhas vitais; a experiência da última guerra demostra que o Mediterrânio pode ser parcial ou completamente fechado, e é então que o acesso ao oceano Índico, ao Golfo Pérsico, ao petróleo do Médio Oriente, depende da possibilidade dos navios contornarem o continente africano”.
Jacques Soustelle estudou o dossier português na perfeição, no todo as suas posições confluem para as do governo de Marcello Caetano. E, por último, a carta-libelo regressa aos problemas da francofonia em África, aos demandos governamentais dos adeptos do socialismo africano, alerta para o perigo de se estar a falar cada vez menos francês em África. Ponto por ponto, desmonta o fiasco da descolonização argelina, mas também a cooperação que se envolve em projetos inúteis. Jacques Soustelle é frontal, é hipercrítico e é emotivo. E ao despedir-se questionando o seu interlocutor como será possível fazer frente às pesadas ameaças que cobrem o futuro, escreve; “Ninguém poderá dar uma resposta a esta pergunta, atualmente. Eis a razão, Ibrahima, porque escrevo uma carta tão longa e sem rodeios: já que as minhas inquietações e as minhas queixas são as de um homem que amou o vosso país e o vosso povo e que, por que não confessá-lo, os ama ainda hoje com todo o seu coração”. Pense o que se pensar desta catilinária, foi um documento que fez época e que caiu bem nas hostes já muito desorientadas dos ultranacionalistas portugueses.
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Na mesma manhã e no mesmo bricabraque onde comprei o livro de Jacques Soustelle, há muitos anos emprestado e desaparecido, encontrei numa caixa esta estampa, um primor de trabalho daqueles tempos em que qualquer livro que se prezasse trazia gravuras e estampas.
Gostei muito desta Aixa, sultana de Granada, e é com satisfação que a ofereço ao blogue.
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Nota do editor
Último poste da série de 13 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13491: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (3): A literatura de Mickey Spillane
Guiné 63/74 - P13516: Parabéns a você (774): Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf.º da CCAÇ 2615 (Guiné, 1969/71)
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Nota do editor
Último poste da série de 19 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13512: Parabéns a você (773): Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 763 (Guiné, 1965/66)
Nota do editor
Último poste da série de 19 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13512: Parabéns a você (773): Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 763 (Guiné, 1965/66)
terça-feira, 19 de agosto de 2014
Guiné 63/74 - P13515: Convívios (617): Almoço do pessoal e comemoração do 40.º aniversário do regresso da Guiné das CCAV 8350 (Guileje) e 8352 (Caboxanque-Cantanhez), dia 30 de Agosto de 2014 em Estremoz (Coutinho e LIma)
1. Mensagem do dia 18 de Agosto de 2014 do nosso camarada Alexandre
Coutinho e Lima, Coronel na situação de Reforma (ex-Cap Art.ª, CMDT da
CART 494, Gadamael, 1963/65; Adjunto da Repartição de Operações do COM-CHEFE das FA da Guiné, 1968/70 e ex-Major Art.ª, CMDT do COP 5, Guileje, 1972/73):
Caro Luís
Espero que as férias estejam a correr bem, de modo a que as baterias fiquem bem carregadas para um novo ano de trabalho.
No próximo dia 30 do corrente mês (Sábado), vai realizar-se a comemoração dos 40 anos do regresso da Guiné, das CCAV 8350 (Guileje) e CCAV 8352 (Caboxanque-Cantanhez), com o seguinte programa:
1. 10H00 - Concentração e visita ao Regimento de Cavalaria de Extremoz - Unidade Mobilizadora
2 . 10H30 - Homenagem aos mortos em combate
a. Guarda de honra
b. Colocação de uma coroa de flores
c. Intervenção de um Oficial do Regimento
d. Intervenção de um Oficial, em nome do pessoal presente
3. 11H00 - Descerramento de uma lápide comemorativa, nos claustros
4. 11H45 - Missa numa Igreja de Extremoz
5. 13H00 - Almoço convívio num restaurante em Cabeço de Vide
Aqueles que se quiserem associar a esta efeméride, serão muito bem-vindos.
Quem pretender participar no almoço convívio (preço/pessoa - 20 €), deve fazer a sua inscrição, até ao dia 26 Ago 14 (3ª. Feira):
Rui Pedro Silva - 923 342 006
Coutinho e Lima - 917 931 126
Gostaria que esta comemoração fosse publicitada no nosso blogue.
Um abraço amigo
Coutinho e Lima
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Nota do editor
Último poste da série de 12 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13489: Convívios (616): VI Encontro do pessoal da CART 6254/72, dia 13 de Setembro de 2014, em Paramos - Espinho (Manuel Castro)
Caro Luís
Espero que as férias estejam a correr bem, de modo a que as baterias fiquem bem carregadas para um novo ano de trabalho.
No próximo dia 30 do corrente mês (Sábado), vai realizar-se a comemoração dos 40 anos do regresso da Guiné, das CCAV 8350 (Guileje) e CCAV 8352 (Caboxanque-Cantanhez), com o seguinte programa:
1. 10H00 - Concentração e visita ao Regimento de Cavalaria de Extremoz - Unidade Mobilizadora
2 . 10H30 - Homenagem aos mortos em combate
a. Guarda de honra
b. Colocação de uma coroa de flores
c. Intervenção de um Oficial do Regimento
d. Intervenção de um Oficial, em nome do pessoal presente
3. 11H00 - Descerramento de uma lápide comemorativa, nos claustros
4. 11H45 - Missa numa Igreja de Extremoz
5. 13H00 - Almoço convívio num restaurante em Cabeço de Vide
Aqueles que se quiserem associar a esta efeméride, serão muito bem-vindos.
Quem pretender participar no almoço convívio (preço/pessoa - 20 €), deve fazer a sua inscrição, até ao dia 26 Ago 14 (3ª. Feira):
Rui Pedro Silva - 923 342 006
Coutinho e Lima - 917 931 126
Gostaria que esta comemoração fosse publicitada no nosso blogue.
Um abraço amigo
Coutinho e Lima
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Nota do editor
Último poste da série de 12 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13489: Convívios (616): VI Encontro do pessoal da CART 6254/72, dia 13 de Setembro de 2014, em Paramos - Espinho (Manuel Castro)
Guiné 63/74 - P13514: Fotos à procura de... uma legenda (33): Professoras que passaram pelas escolas da Guiné colonial... (Nelson Herbert)
Foto nº 1
Foto nº 1 A
Foto nº 1 - B
Uma relíquia, diz o Nelson Herbert!... Legenda sumária: Algumas das professoras que passaram pelas.escolas na Guiné...colonial. Foto enviada pelo nosso amigo Nelson Herbert, jornalista da VOA (Voice of America, Voz da América), de origem guineense. Os únicos dois homens do grupo parecerem ser padres, missionários...
Será que neste grupo está a professora de Bambadinca do meu tempo e do tempo de alguns camaradas do blogue, a Dona Violete da Silva Aires, de origem caboverdiana ? Não me parece, na única foto que temos dela, de c. 1965/66, ela usava óculos escuros e cabelo encaracolado... (LG)
Foto: © Nelson Herbert (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]
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Nota do editor:
Último poste da série > 6 de agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13470: Fotos à procura de... uma legenda (32): A arte xávega... que está a morrer (Luís Graça)
Guiné 63/74 - P13513: Unidades Militares mobilizadas nos Açores para a Guerra no Ultramar (1961-1975). Notas para uma investigação (1) (Carlos Cordeiro)
Começamos hoje a publicar um trabalho do nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), Professor na Universidade dos Açores, na situação de Reforma, intitulado "Unidades Militares Mobilizadas nos Açores Para a Guerra no Ultramar (1961-1975) - Notas Para Uma Investigação.
(Continua)
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Guiné 63/74 - P13511: Notas de leitura (624): De uma exposição com Eduardo Malta a outra exposição com Amílcar Cabral (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Fevereiro de 2014:
Querido amigos,
Assim se matam dois coelhos com uma só cajadada.
A Feira da Ladra continua a desvelar os seus tesouros, aqui fica o registo de outros belos desenhos de Eduardo Malta com motivos guineenses. O catálogo da exposição promovida pela Fundação Mário Soares, em 2000, e dedicada a Amílcar Cabral, após a operação de salvaguarda de documentos que corriam risco de se perderem ou ficarem irreversivelmente afectados, depois da guerra civil de 1998-1999, é um documento de incontestável valor, o meu propósito é repertoriar a documentação mais interessante para o curioso ou para quem se quer iniciar nos estudos guineenses.
Um abraço do
Mário
De uma exposição com Eduardo Malta a outra exposição com Amílcar Cabral
Beja Santos
Não é a primeira vez que falamos de Eduardo Malta e da Guiné.
Eduardo Malta é um dos artistas convidados para a Exposição Colonial do Porro, em 1934. É durante a exposição que Malta esboça belíssimos desenhos de gente da Guiné, Angola, Índia, Macau e Timor. Já que se reproduziram os desenhos que ele dedicou ao régulo Mamadu Sissé, que acompanhou Teixeira Pinto durante as campanhas de pacificação, da Rosinha, uma esplendorosa imagem em que captou a pose digna de uma elegante bajuda e em traje à europeia, o principesco Abdulai Sissé, num contido perfil de elegância e majestade. Por isso o reproduzimos aqui. Produto das incursões aos alfobres da Feira da Ladra, desta vez o encontro foi com o álbum de desenhos apresentado na Exposição Internacional de Paris, de 1937, um acontecimento do maior relevo para as artes plásticas europeias e onde Portugal participou com pavilhão próprio e mostra colonial. Vale a pena procurar no Google o Pavilhão Português na Exposição de 1937.
É desse álbum que reproduzimos agora o desenho de Inês, dançarina Bijagó, e de Chadi dançarino Bijagó. Confesso que o desenho da Inês aparece inultrapassável, o claro-escuro é sublime, o modo como o pano se prende no ventre só é possível a um grande artista, e a inclinação dos ombros é irrepreensível. Não direi o mesmo de Chadi, há ali qualquer coisa de esboço apressado, de uma simplificação redutora, fica-se com uma sensação de obra incompleta.
No âmbito do Projeto de Salvaguarda dos Documentos de Amílcar Cabral, a Fundação Mário Soares apresentou uma exposição de documentos recuperados, tratados, digitalizados e fotografados pelo seu arquivo, tendo também utilizado documentos do acervo de Mário Pinto de Andrade e outros cedidos por Iva Cabral, filha de Amílcar. Decorrente do conflito de 1998/1999, muitos documentos de incontentável valor histórico estavam em sério risco, em adiantado estado de degradação, havia que encontrar meios técnicos, humanos e financeiros para obviar ao desaparecimento de tão significativo património.
A exposição mostra como foram tratadas mais de 7500 páginas de documentos, devidamente classificados e indexados antes da sua transferência para suporte digital. A exposição prossegue mostrando os familiares do líder do PAIGC. A sua adolescência, os seus estudos em Lisboa, os seus documentos científicos, depoimentos de colegas que avaliam os seus dotes profissionais.
Mostram-se depois alguns documentos elaborados em Conacri em 1960, Cabral assina Abel Djassi e escreve aos seus camaradas do PAI (antecessor do PAIGC): “Tomai atenção: Eu sou o vosso irmão, o vosso camarada de sempre, aquele que criou o PAI, o nosso Partido autónomo. Eu sou aquele que ama a agricultura. É preciso dizer aos nossos camaradas que estou aqui e que a nossa luta continua”. Seguem documentos e fotografias dos primórdios da luta anticolonial, reproduz-se a cópia do memorando enviado ao governo Português apelando à independência da Guiné, o manifesto aos cabo-verdianos residentes no Senegal, 1961, em que procura demonstrar que os cabo-verdianos são africanos e que devem lutar ao lado dos guineenses.
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Nota do editor
Último poste da série de 17 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13509: Notas de leitura (623): Os "Capitães Generais" e os "Capitães Políticos", por Tenente Coronel Luís Ataíde Banazol (José Manuel Matos Dinis)
Querido amigos,
Assim se matam dois coelhos com uma só cajadada.
A Feira da Ladra continua a desvelar os seus tesouros, aqui fica o registo de outros belos desenhos de Eduardo Malta com motivos guineenses. O catálogo da exposição promovida pela Fundação Mário Soares, em 2000, e dedicada a Amílcar Cabral, após a operação de salvaguarda de documentos que corriam risco de se perderem ou ficarem irreversivelmente afectados, depois da guerra civil de 1998-1999, é um documento de incontestável valor, o meu propósito é repertoriar a documentação mais interessante para o curioso ou para quem se quer iniciar nos estudos guineenses.
Um abraço do
Mário
De uma exposição com Eduardo Malta a outra exposição com Amílcar Cabral
Beja Santos
Eduardo Malta no Porto e em Paris
Não é a primeira vez que falamos de Eduardo Malta e da Guiné.
Eduardo Malta é um dos artistas convidados para a Exposição Colonial do Porro, em 1934. É durante a exposição que Malta esboça belíssimos desenhos de gente da Guiné, Angola, Índia, Macau e Timor. Já que se reproduziram os desenhos que ele dedicou ao régulo Mamadu Sissé, que acompanhou Teixeira Pinto durante as campanhas de pacificação, da Rosinha, uma esplendorosa imagem em que captou a pose digna de uma elegante bajuda e em traje à europeia, o principesco Abdulai Sissé, num contido perfil de elegância e majestade. Por isso o reproduzimos aqui. Produto das incursões aos alfobres da Feira da Ladra, desta vez o encontro foi com o álbum de desenhos apresentado na Exposição Internacional de Paris, de 1937, um acontecimento do maior relevo para as artes plásticas europeias e onde Portugal participou com pavilhão próprio e mostra colonial. Vale a pena procurar no Google o Pavilhão Português na Exposição de 1937.
É desse álbum que reproduzimos agora o desenho de Inês, dançarina Bijagó, e de Chadi dançarino Bijagó. Confesso que o desenho da Inês aparece inultrapassável, o claro-escuro é sublime, o modo como o pano se prende no ventre só é possível a um grande artista, e a inclinação dos ombros é irrepreensível. Não direi o mesmo de Chadi, há ali qualquer coisa de esboço apressado, de uma simplificação redutora, fica-se com uma sensação de obra incompleta.
Capa do álbum de Eduardo Malta apresentado na Exposição Internacional de Paris, 1937
Desenho de Abdulai Sissé
Desenho de Inês, dançarina Bijagó
Chadi, dançarino Bijagó
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Sou um simples Africano…
No âmbito do Projeto de Salvaguarda dos Documentos de Amílcar Cabral, a Fundação Mário Soares apresentou uma exposição de documentos recuperados, tratados, digitalizados e fotografados pelo seu arquivo, tendo também utilizado documentos do acervo de Mário Pinto de Andrade e outros cedidos por Iva Cabral, filha de Amílcar. Decorrente do conflito de 1998/1999, muitos documentos de incontentável valor histórico estavam em sério risco, em adiantado estado de degradação, havia que encontrar meios técnicos, humanos e financeiros para obviar ao desaparecimento de tão significativo património.
A exposição mostra como foram tratadas mais de 7500 páginas de documentos, devidamente classificados e indexados antes da sua transferência para suporte digital. A exposição prossegue mostrando os familiares do líder do PAIGC. A sua adolescência, os seus estudos em Lisboa, os seus documentos científicos, depoimentos de colegas que avaliam os seus dotes profissionais.
Mostram-se depois alguns documentos elaborados em Conacri em 1960, Cabral assina Abel Djassi e escreve aos seus camaradas do PAI (antecessor do PAIGC): “Tomai atenção: Eu sou o vosso irmão, o vosso camarada de sempre, aquele que criou o PAI, o nosso Partido autónomo. Eu sou aquele que ama a agricultura. É preciso dizer aos nossos camaradas que estou aqui e que a nossa luta continua”. Seguem documentos e fotografias dos primórdios da luta anticolonial, reproduz-se a cópia do memorando enviado ao governo Português apelando à independência da Guiné, o manifesto aos cabo-verdianos residentes no Senegal, 1961, em que procura demonstrar que os cabo-verdianos são africanos e que devem lutar ao lado dos guineenses.
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Nota do editor
Último poste da série de 17 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13509: Notas de leitura (623): Os "Capitães Generais" e os "Capitães Políticos", por Tenente Coronel Luís Ataíde Banazol (José Manuel Matos Dinis)
Guiné 63/74 - P13510: Parabéns a você (772): Alice Carneiro, Amiga Grâ-Tabanqueira, madrinha de guerra, irmã e esposa de ex-combatentes
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Nota do editor
Último poste da série de 17 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13506: Parabéns a você (771): José Manuel Cancela, ex-Soldado Apontador de Metraladora da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70)
Nota do editor
Último poste da série de 17 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13506: Parabéns a você (771): José Manuel Cancela, ex-Soldado Apontador de Metraladora da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70)
domingo, 17 de agosto de 2014
Guiné 63/74 - P13509: Notas de leitura (623): Os "Capitães Generais" e os "Capitães Políticos", por Tenente Coronel Luís Ataíde Banazol (José Manuel Matos Dinis)
1. Em mensagem do dia 13 de Agosto de 2014, o nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), enviou-nos uma recensão ao livro de TCor Luís Ataíde Banazol, que versa o período revolucionário pós-25 de Abril de 1974.
Os "Capitães Generais" e os "Capitães políticos"
José Manuel Matos Dinis
Já existe no Blogue uma recensão sobre outra obra do mesmo autor, essa a debruçar-se sobre um imaginário da descolonização, ainda dava os primeiros e controversos sinais do que poderia significar para milhares de pessoas de passagem ou residentes na África "portuguesa".
Agora descobri o livro Os "Capitães Generais" e os "Capitães Políticos" do Tenente Coronel Luís Ataíde Banazol (Prelo Editora, Lisboa, 1976), entre as aquisições que faço em alfarrabistas. Esgota-se em 130 páginas, e transporta-nos para os idos de 76. Trata-se de um texto pessoalizado sobre meia-dúzia de personalidades relevantes do MFA, que, em geral, marcaram períodos do processo revolucionário durante os dois primeiros anos, e através daqueles retratos classifica os períodos então vividos, a partir de análises sarcásticas, que podem questionar os conteúdos de liberdade, democracia, justiça e progresso social, entre as diferentes qualificações que se pretendeu, e ainda se pretende, dar à iniciativa dos capitães.
Segundo Vasco Lourenço em "Avatar", o TCoronel Banazol apareceu numa reunião onde se discutiam requerimentos e processos reivindicativos, e por influência daquele oficial de mais alta patente, os capitães acabaram o encontro com a ideia revolucionária a efervescer. Depois disso, parece ter-se mantido afastado do Movimento, e em 1976, quando edita o presente título, já faz a análise crítica aos êxitos e insucessos da iniciativa revolucionária, dos equívocos, rivalidades e diferenças estabelecidas, que a conduziram a uma revolução "pequeno-burguesa" influenciada pelas actividades dos partidos, que evidenciaram a falta de união em torno de um sentido de orientação claro e unificador entre os militares da génese renovadora.
Logo de início aborda a questão motivadora do Movimento nos seguintes termos: "signo revolucionário decisivo e bem vincado que, como se verá, continuou a comandar todo o desencadear dos acontecimentos até vinte e cinco de Novembro, ponto final prático da conturbada descolonização, apenas catorze dias após a proclamação da independência de Angola. Assim, poder-se-á afirmar que o drama colonial é a via por onde tudo se escoa, como torrente impetuosa que arrasta consigo vidas e haveres, convicções e esperanças, corpos e almas, num torvelinho catastrófico sem paralelo na História de Portugal". E sobre o Programa do MFA ("na reunião de 5 de Março tinha sido assumido como essencial a elaboração de um programa político" - no Avatar) conclui que «estas "criações de condições", lançamentos de fundamentos, e a nível nacional, seriam coisas de entusiasmar, se fosse possível abstrair da existência "dos outros"... e "que se teve de enveredar pela traição ao programa do MFA"» no conjunto de considerandos políticos sobre o ultramar. Também abordou com clareza, crer que "pela primeira vez na História, os escalões combatentes provaram que poderiam decidir da guerra ou da paz, antecipando-se ou mesmo sobrepondo-se às decisões dos altos comandos", e no decurso da orgia revolucionária, também provaram que "poderiam ditar procedimentos a esses altos comandos, fazendo destes apenas coordenadores e procuradores, digamos, dos anseios de paz e de regresso à Pátria donde tinham partido, estrangulados pela angustia e pelo desespero. E é neste contexto que se torna impossível a execução de qualquer directiva superior, desde que ela esteja em desacordo ou de algum modo possa vir a condicionar as aspirações do fim da guerra e do regresso". Ora, a tal "torrente" é facilmente identificada pela "sincronia destas tomadas de posição dos escalões combatentes em África com as reivindicações populares em Portugal... e as conquistas revolucionárias do campesinato e do proletariado levam o passo certo com a retirada sucessiva dos efectivos das frentes de combate", conjugação de actuações que hoje nos permitem ver com clareza que o poder caíra na rua, e tornara-se impossível dar algum nexo de governabilidade ao país.
O autor não refere, mas em simultâneo, Portugal confrontava-se com a perda dos rendimentos das colónias, com a fragilização ou destruição da capacidade produtiva na metrópole, com o esvaziamento financeiro, com a crise do petróleo, e com o surto inflacionista que as circunstâncias potenciavam. Atenuou a situação, o recurso às reservas financeiras acumuladas e alguma quantidade de ouro vendido, a que se sucedeu o primeiro pedido de assistência ao FMI, que impôs regras para sufoco da algazarra nas ruas. Era o inicio do controle sobre o "Poder Popular".
O autor identifica três fases para o período revolucionário, e em cada uma elege personalidades do MFA marcantes no respectivo desenvolvimento. Na primeira fase, de gaúdio e entrega do poder ao general Spínola, com manifestas divergências entre oficiais spinolistas e puristas da revolução, tornou-se "justo e necessário e impunha-se que um dos homens mais importantes da Revolução dos Capitães fosse utilizado para comandar uma força capaz de colocar Lisboa, principalmente, ao abrigo das surpresas revolucionárias", do que viria a resultar o PREC como oposição à acção de Spínola e em sintonia com o Poder Popular. Refere-se aos "capitães-generais", e a Otelo em primeiro lugar. A segunda fase é a dos "nove", depois dos SUV e da ocupação de quartéis, que ameaçaram novamente a estabilidade dos militares do quadro permanente, cujo corolário aconteceu em vinte e cinco de Novembro. O Documento dos Nove veio assim oferecer os princípios de equilíbrio necessários à consagração do regime democrático. Sentia-se que "a maioria dos portugueses o que quer é saúde e dinheiro", tendo em vista "a integração, como parente pobre, de uma Europa pretensamente rica", ideias muito propaladas pelos partidos ditos democráticos de feição ocidental que tinham criado tentáculos de influência nas Forças Armadas. E acrescenta numa breve análise: "Vai-se de vento em popa para um sistema pluralista, muito bem, agora sim, mas não se chegou a saber bem o que os capitães pretenderam com a Revolução, além de acabar-se com a guerra colonial.
Recapitulando: primeira fase avançada para obedecer à tormenta da convulsão descolonizadora; segunda fase, a fase de transição, que é a que se atravessa na hora em que se escrevem estas linhas, com a descolonização terminada e as tropas à braseira da família. Esta fase irá até Abril das eleições. Seguir-se-lhe-à a terceira fase, a legal, a da «reconstrução», onde não será admissível o «aventureirismo»,salvo se ele partir de forças eminentemente anticomunistas".
Apesar do pouco tempo decorrido desde o vinte e cinco de Abril até à edição em Junho de setenta e seis, o autor faz uma rara apreciação dos acontecimentos, independente de influências, e com o humor de observador inteligente. Acaba com algumas apreciações sobre alguns personagens da revolução, e só é pena não ter tido vontade ou oportunidade para se alongar com outros pormenores reveladores de muitas falácias e influências que ainda perduram como verdades incontestáveis.
Desejo-vos boas leituras.
JD
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Nota do editor
Último poste da série de 15 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13499: Notas de leitura (622): Trajectórias divergentes: Guiné-Bissau e Cabo Verde desde a Independência, na Revista "Relações Internacionais R:I", dirigida por Nuno Severiano Teixeira (Mário Beja Santos)
Os "Capitães Generais" e os "Capitães políticos"
José Manuel Matos Dinis
Já existe no Blogue uma recensão sobre outra obra do mesmo autor, essa a debruçar-se sobre um imaginário da descolonização, ainda dava os primeiros e controversos sinais do que poderia significar para milhares de pessoas de passagem ou residentes na África "portuguesa".
Agora descobri o livro Os "Capitães Generais" e os "Capitães Políticos" do Tenente Coronel Luís Ataíde Banazol (Prelo Editora, Lisboa, 1976), entre as aquisições que faço em alfarrabistas. Esgota-se em 130 páginas, e transporta-nos para os idos de 76. Trata-se de um texto pessoalizado sobre meia-dúzia de personalidades relevantes do MFA, que, em geral, marcaram períodos do processo revolucionário durante os dois primeiros anos, e através daqueles retratos classifica os períodos então vividos, a partir de análises sarcásticas, que podem questionar os conteúdos de liberdade, democracia, justiça e progresso social, entre as diferentes qualificações que se pretendeu, e ainda se pretende, dar à iniciativa dos capitães.
Segundo Vasco Lourenço em "Avatar", o TCoronel Banazol apareceu numa reunião onde se discutiam requerimentos e processos reivindicativos, e por influência daquele oficial de mais alta patente, os capitães acabaram o encontro com a ideia revolucionária a efervescer. Depois disso, parece ter-se mantido afastado do Movimento, e em 1976, quando edita o presente título, já faz a análise crítica aos êxitos e insucessos da iniciativa revolucionária, dos equívocos, rivalidades e diferenças estabelecidas, que a conduziram a uma revolução "pequeno-burguesa" influenciada pelas actividades dos partidos, que evidenciaram a falta de união em torno de um sentido de orientação claro e unificador entre os militares da génese renovadora.
Logo de início aborda a questão motivadora do Movimento nos seguintes termos: "signo revolucionário decisivo e bem vincado que, como se verá, continuou a comandar todo o desencadear dos acontecimentos até vinte e cinco de Novembro, ponto final prático da conturbada descolonização, apenas catorze dias após a proclamação da independência de Angola. Assim, poder-se-á afirmar que o drama colonial é a via por onde tudo se escoa, como torrente impetuosa que arrasta consigo vidas e haveres, convicções e esperanças, corpos e almas, num torvelinho catastrófico sem paralelo na História de Portugal". E sobre o Programa do MFA ("na reunião de 5 de Março tinha sido assumido como essencial a elaboração de um programa político" - no Avatar) conclui que «estas "criações de condições", lançamentos de fundamentos, e a nível nacional, seriam coisas de entusiasmar, se fosse possível abstrair da existência "dos outros"... e "que se teve de enveredar pela traição ao programa do MFA"» no conjunto de considerandos políticos sobre o ultramar. Também abordou com clareza, crer que "pela primeira vez na História, os escalões combatentes provaram que poderiam decidir da guerra ou da paz, antecipando-se ou mesmo sobrepondo-se às decisões dos altos comandos", e no decurso da orgia revolucionária, também provaram que "poderiam ditar procedimentos a esses altos comandos, fazendo destes apenas coordenadores e procuradores, digamos, dos anseios de paz e de regresso à Pátria donde tinham partido, estrangulados pela angustia e pelo desespero. E é neste contexto que se torna impossível a execução de qualquer directiva superior, desde que ela esteja em desacordo ou de algum modo possa vir a condicionar as aspirações do fim da guerra e do regresso". Ora, a tal "torrente" é facilmente identificada pela "sincronia destas tomadas de posição dos escalões combatentes em África com as reivindicações populares em Portugal... e as conquistas revolucionárias do campesinato e do proletariado levam o passo certo com a retirada sucessiva dos efectivos das frentes de combate", conjugação de actuações que hoje nos permitem ver com clareza que o poder caíra na rua, e tornara-se impossível dar algum nexo de governabilidade ao país.
O autor não refere, mas em simultâneo, Portugal confrontava-se com a perda dos rendimentos das colónias, com a fragilização ou destruição da capacidade produtiva na metrópole, com o esvaziamento financeiro, com a crise do petróleo, e com o surto inflacionista que as circunstâncias potenciavam. Atenuou a situação, o recurso às reservas financeiras acumuladas e alguma quantidade de ouro vendido, a que se sucedeu o primeiro pedido de assistência ao FMI, que impôs regras para sufoco da algazarra nas ruas. Era o inicio do controle sobre o "Poder Popular".
O autor identifica três fases para o período revolucionário, e em cada uma elege personalidades do MFA marcantes no respectivo desenvolvimento. Na primeira fase, de gaúdio e entrega do poder ao general Spínola, com manifestas divergências entre oficiais spinolistas e puristas da revolução, tornou-se "justo e necessário e impunha-se que um dos homens mais importantes da Revolução dos Capitães fosse utilizado para comandar uma força capaz de colocar Lisboa, principalmente, ao abrigo das surpresas revolucionárias", do que viria a resultar o PREC como oposição à acção de Spínola e em sintonia com o Poder Popular. Refere-se aos "capitães-generais", e a Otelo em primeiro lugar. A segunda fase é a dos "nove", depois dos SUV e da ocupação de quartéis, que ameaçaram novamente a estabilidade dos militares do quadro permanente, cujo corolário aconteceu em vinte e cinco de Novembro. O Documento dos Nove veio assim oferecer os princípios de equilíbrio necessários à consagração do regime democrático. Sentia-se que "a maioria dos portugueses o que quer é saúde e dinheiro", tendo em vista "a integração, como parente pobre, de uma Europa pretensamente rica", ideias muito propaladas pelos partidos ditos democráticos de feição ocidental que tinham criado tentáculos de influência nas Forças Armadas. E acrescenta numa breve análise: "Vai-se de vento em popa para um sistema pluralista, muito bem, agora sim, mas não se chegou a saber bem o que os capitães pretenderam com a Revolução, além de acabar-se com a guerra colonial.
Recapitulando: primeira fase avançada para obedecer à tormenta da convulsão descolonizadora; segunda fase, a fase de transição, que é a que se atravessa na hora em que se escrevem estas linhas, com a descolonização terminada e as tropas à braseira da família. Esta fase irá até Abril das eleições. Seguir-se-lhe-à a terceira fase, a legal, a da «reconstrução», onde não será admissível o «aventureirismo»,salvo se ele partir de forças eminentemente anticomunistas".
Apesar do pouco tempo decorrido desde o vinte e cinco de Abril até à edição em Junho de setenta e seis, o autor faz uma rara apreciação dos acontecimentos, independente de influências, e com o humor de observador inteligente. Acaba com algumas apreciações sobre alguns personagens da revolução, e só é pena não ter tido vontade ou oportunidade para se alongar com outros pormenores reveladores de muitas falácias e influências que ainda perduram como verdades incontestáveis.
Desejo-vos boas leituras.
JD
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Nota do editor
Último poste da série de 15 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13499: Notas de leitura (622): Trajectórias divergentes: Guiné-Bissau e Cabo Verde desde a Independência, na Revista "Relações Internacionais R:I", dirigida por Nuno Severiano Teixeira (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P13508: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte IV: Nem bem com Deus nem com César, ou a dupla dificuldade de ser-se sacerdoite vestido de camuflado numa terra a ferro e fogo...
Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Quartel > Foto 32 >
"Cerimónia militar em fevereiro de 1968, por ocasião da imposição à CART 1689 da Flâmula de Honra (ouro) do CTIG, atribuída em julho de 1967. Edifício do comando. Presença de militares, civis da administração, correios e comerciantes locais.
"Da esquerda para a direita, (A) um militar, de camuflado que não consigo identificar; (B) de costas, o cap médico Morais; (C) o comandante, ten cor Abílio Santiago Cardoso; (D) quatro funcionários dos Correios e Administração; (E) o comerciantes Sr. José Saad [, libanês,] e filha; (F) o comerciante, Sr. Mota: (G) o comerciante Sr. Dantas e filha; (H) o comerciante Sr. Barros; (I) o electricista civil Jerónimo: (J) e, por fim, o alf mil capelão Horácio [Neto Fernandes]".
Fotos (e legendas) de Catió: Victor Condeço (1943/2010) / © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Todos os direitos reservados
Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió - Vila > A igreja mandada edificar pelos missionários italisnos, entranto expulsos da zona, Guiné, no início da guerra...
Foto de Victor Condeço (1943/2010) / © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Todos os direitos reservados
1. Continuação da publicação do testemunho do nosso camarada, o grã-tabanqueiro Horácio Fernandes.que foi alf mil capelão no BART 1913 (Catió, 1967/69) (*)
[ Horácio Fernandes: foto à direita tirada pelo nosso saudoso Victor Condeço, 1943-2010, que foi fur mil mec armam, CCS/BART 1913].
Esse tstemunho é um excerto do seu livro autobiográfico, "Francisco Caboz; a construção e a desconstrução de um padre" (Porto: Papiro Editora, 2009, pp. 127-162). O livro já aqui foi objeto de recensão crítica por parte do nosso camarada Beja Santos (*). (LG)
O Horácio Fernandes vive há 4 décadas no Porto. Vestiu o hábito franciscano, tendo sido ordenado padre em 1959. Deixou o sacerdócio no início dos anos 70. É casado, tem 3 filhos. Está reformado da Inspeção Geral de Educação onde trabalhou 25 anos na zona norte. Em 2006 doutorou-se em ciências da educação pela Universidadfe de Salamanca, Espanha.
Francisco Caboz é o "alter ego" do Horácio Fermandes (n. 1935, Ribamar, Lourinhã). O livro começou por ser uma tese de dissertação de mestrado em ciências da educação, pela Univeridade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, (1995): Francisco Caboz: de angfélico ao trânsfuga, uma autobiografia (147 pp.) (A tese de dissertação, orientada pelo Prof Doutor Stephen R. Stoer, já falecido, está aqui disponível em formato pdf).
Nesta IV parte (pp. 143-148), o autor realta-nos a dupla dificuldade que era ser capelâo militar, aos olhos dos militares (e em especial dos furriéis e alferes milicianos, já mais afastados da prática religiosa), e ao mesmo tempo ser sacerdote católico, aos olhos dos civis, e em especial dos balantas cristianizados... A outra etnia predominahte em Catió eram os fulas, ilsmazizados. Os missionários italianos que estavam em Catió tinham sido explusos pelas autoridades portugueses no início da guerra.
Foi o nosso camarada e amigo Alberto Branquinho quem descobriu o paradeiro do seu antigo capelão (*). Tenho a autorização verbal do autor, dada por altura do nosso reencontro, 50 anos depois da sua missa nova (em 15 de agosto de 1959, em Ribamar, sua terra natal), para reproduzir esta parte do livro, relativa à sua experiênciade como capelão militar na Guiné, muito marcante e decisiva para o seu futuro como homem e como padre. Ele irá abandonar o sacerdócio ainda nop início dos anos 70, depois de regressar da Guiné e fazer uma curta experiência como capelão da marinha mercante aos serviço do Stella Maris.
Eu e o Horácio somos parentes, pertencemos ao clã Maçarico, de Ribamar, Lourinhã: a minha bisavó paterna e do seu bisavô paterno, nascidos por volta de 1860, eram irmãos. (LG)
Último poste da série < 15 de agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13498: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte III: Um periquito praxado com pornografia à mesa do comandante... E as primeiras impressões (más) de Catió e do destacamento de Ganjola...
Fotos (e legendas) de Catió: Victor Condeço (1943/2010) / © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Todos os direitos reservados
Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Catió - Vila > A igreja mandada edificar pelos missionários italisnos, entranto expulsos da zona, Guiné, no início da guerra...
Foto de Victor Condeço (1943/2010) / © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Todos os direitos reservados
1. Continuação da publicação do testemunho do nosso camarada, o grã-tabanqueiro Horácio Fernandes.que foi alf mil capelão no BART 1913 (Catió, 1967/69) (*)
[ Horácio Fernandes: foto à direita tirada pelo nosso saudoso Victor Condeço, 1943-2010, que foi fur mil mec armam, CCS/BART 1913].
Esse tstemunho é um excerto do seu livro autobiográfico, "Francisco Caboz; a construção e a desconstrução de um padre" (Porto: Papiro Editora, 2009, pp. 127-162). O livro já aqui foi objeto de recensão crítica por parte do nosso camarada Beja Santos (*). (LG)
O Horácio Fernandes vive há 4 décadas no Porto. Vestiu o hábito franciscano, tendo sido ordenado padre em 1959. Deixou o sacerdócio no início dos anos 70. É casado, tem 3 filhos. Está reformado da Inspeção Geral de Educação onde trabalhou 25 anos na zona norte. Em 2006 doutorou-se em ciências da educação pela Universidadfe de Salamanca, Espanha.
Francisco Caboz é o "alter ego" do Horácio Fermandes (n. 1935, Ribamar, Lourinhã). O livro começou por ser uma tese de dissertação de mestrado em ciências da educação, pela Univeridade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, (1995): Francisco Caboz: de angfélico ao trânsfuga, uma autobiografia (147 pp.) (A tese de dissertação, orientada pelo Prof Doutor Stephen R. Stoer, já falecido, está aqui disponível em formato pdf).
Nesta IV parte (pp. 143-148), o autor realta-nos a dupla dificuldade que era ser capelâo militar, aos olhos dos militares (e em especial dos furriéis e alferes milicianos, já mais afastados da prática religiosa), e ao mesmo tempo ser sacerdote católico, aos olhos dos civis, e em especial dos balantas cristianizados... A outra etnia predominahte em Catió eram os fulas, ilsmazizados. Os missionários italianos que estavam em Catió tinham sido explusos pelas autoridades portugueses no início da guerra.
Foi o nosso camarada e amigo Alberto Branquinho quem descobriu o paradeiro do seu antigo capelão (*). Tenho a autorização verbal do autor, dada por altura do nosso reencontro, 50 anos depois da sua missa nova (em 15 de agosto de 1959, em Ribamar, sua terra natal), para reproduzir esta parte do livro, relativa à sua experiênciade como capelão militar na Guiné, muito marcante e decisiva para o seu futuro como homem e como padre. Ele irá abandonar o sacerdócio ainda nop início dos anos 70, depois de regressar da Guiné e fazer uma curta experiência como capelão da marinha mercante aos serviço do Stella Maris.
Eu e o Horácio somos parentes, pertencemos ao clã Maçarico, de Ribamar, Lourinhã: a minha bisavó paterna e do seu bisavô paterno, nascidos por volta de 1860, eram irmãos. (LG)
Nem bem com Deus nem César...
(Contnua)
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Nota do editor:
Último poste da série < 15 de agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13498: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte III: Um periquito praxado com pornografia à mesa do comandante... E as primeiras impressões (más) de Catió e do destacamento de Ganjola...
Guiné 63/74 - P13507: Recortes de imprensa (69): O jornal Notícias De Cá e De Lá, na reportagem sobre os 128 do Concelho de Loures, cita o nosso Blogue (José Marcelino Martins)
1. Em mensagem do dia 13 de Agosto de 2014, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70), enviou-nos um recorte do jornal Notícias De Cá e De Lá com uma reportagem da Comemoração dos 128 anos do Concelho de Loures, onde no parágrafo assinalado na imagem se faz referência ao nosso Blogue e ao Zé Martins.
Nota do editor
Último poste da série de 14 DE AGOSTO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13497: Recortes de imprensa (68): Notícia sobre o lançamento do livro "O Corredor da Morte", do nosso camarada Mário Gaspar, no Jornal Apoiar
Clicar na imagem para ampliar
____________Nota do editor
Último poste da série de 14 DE AGOSTO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13497: Recortes de imprensa (68): Notícia sobre o lançamento do livro "O Corredor da Morte", do nosso camarada Mário Gaspar, no Jornal Apoiar
Guiné 63/74 - P13506: Parabéns a você (771): José Manuel Cancela, ex-Soldado Apontador de Metraladora da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70)
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Nota do editor
Último poste da série de 16 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13502: Parabéns a você (770): Armando Faria, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4740 (Guiné, 1972/74)
Nota do editor
Último poste da série de 16 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13502: Parabéns a você (770): Armando Faria, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4740 (Guiné, 1972/74)
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