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quarta-feira, 4 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26879: Facebook...ando (81): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte I: De volta a Bissau Velho, agora de cara lavada




Foto nº 1A e 1  > Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > 3 de maio de 2025 >  Jovens vendedeiras de bananas... Lindas bajudas!...E bela froto!... " Tirada no estacionamento do aeroporto Osvaldo Vieira, atualmente em remodelação e ampliação por uma firma turca".


Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 > Esta foto de um edifício em Bissau Velho, tem para mim um significado muito especial. É hoje a principal sede do BAO – Banco da África Ocidental. Este edifício,   o seu primeiro andar, era  em tempos  o meu “Porto Seguro”, quando me deslocava ou passava por Bissau, vindo do “buraco” que era Cumbijã. Nesse primeiro andar morava o casal Oliveira, um casal amigo com origem na minha terra natal , e que estavam “emigrados” na Guiné. Só quem passou por Bissau em tempo de guerra é que poderá avaliar o conforto que era chegar a Bissau e ter um Lar onde ficar com todo o carinho familiar que tanta falta fazia!...

Onde quer que estejam, que esse casal tenha a paz que ambos merecem por todo o bem que me fizeram. Obrigado!.


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 > Bissau Velho á noite...  Toda aquela zona habitacional em frente ao Porto de Mar, foi em outros tempos o verdadeiro centro de Bissau! Cinco anos atrás, nem de jipe se podia circular... Hoje, felizmente está de "cara lavada" , com ruS novas e asfaltadas e, já se começa a parecer com o passado...



Foto nº 4 Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 >


Foto nº 5 Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 >



Foto nº 6 Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 > A renovada av Amílcar Cabral, antiga av da República (até 1975), que ia do Palácio do Governador (ex-praça do Império) até ao porto de mar (cais do Pijiguiti)


Foto nº 7 Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 > "Mão de Timba": homenageia uma revolta das estivadoras, no cais do Pijiguiti em 3 de agosto de 1959...A título de esclarecimento, "Mão de Timba" tem um significado dual na Guiné-Bissau. Pode referir-se à pata do porco-formigueiro (também conhecido como timba), que é usada em feitiços e superstições. No entanto, a expressão mais comum significa "mão de caloteiro", referindo-se a uma pessoa que não paga as suas dívidas...


Foto º 8  Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 > Hospital Nacional Simão Mendes: recebeu o nome de António Simões Mendes (1930–1966) (*), um enfermeiro nascido em Canchungo que tratou combatentes do PAICG durante a Guerra da Independência. Em 2009-2011, passou por uma remodelação significativa, continha 417 camas e oferecia 21 especializações, das quais a maternidade, pediatria, oftalmologia, radiologia e laboratório eram as mais procuradas. Na época, contava com 41 médicos e 82 enfermeiros.
Atualmente, a realidade é bem mais preocupante (...) sofre de imensas carências, tanto a nível de quadros como de consumíveis.
Anualmente, seguem voluntariamente 13 profissionais de saúde, oriundos do Hospital Distrital de Aveiro "Bisturi Humanitário" que concorrem com material, intervenções cirúrgicas, consultas etc., menorizando as lacunas existentes.



Foto nº 9 >  Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 > Das 20 estradas transversais à principal avenida de Bissau - Avenida Amílcar Cabral - somente 13 estão com alcatrão novo. Entretanto, andam neste momento a continuar a sua total asfaltagem.(...).


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 > A velha catedral católica, na av Amílcar Cabral... Um ícone do nosso tempo.



Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 > Interior da catedral católica...



Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Bissau > Bissau Velho > Maio de 2025 > Fortaleza da Amura > Está aqui instalado o "Museu Militar da Luta de Libertação Nacional" e o panteão nacional ( onde repousam os restos mortais de Amílcar Cabral e de outros "heróis da liberdade da Patria").
 


Fotp nº 13 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cumbijã > Maio de 2025 > O João de Melo com os miúdos de uma escola que está a ajudar.



Foto nº 14  Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cumbijã > Maio de 2025 >  João de Melo e Maria do Carmo, ao centro, acarinhados pela equipa de futebol local,  "Os Tigres do Cumbijã".


Fotos (e legendas): © João de Melo  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



João Melo (ou João Reis de Melo), ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74): 

(i)  é profissional de seguros, vive em Alquerubim, Albergaria-a-Velha; (ii) viaja regularmente, desde 2017,  para a Guiné-Bissau, em "turismo de saudade e de solidariedade" (em que distribui material pelas escolas de Cumbijã, e apoia também, mais recentemente,  o clube de futebol local); (iii) regressou há pouco tempo da sua viagem desde ano de 2025; (iv) fez uma visita demorada à Amura e ao atual Museu Militar; (v) tem página no Facebook (João Reis Melo); (vi) tem cerca de 20 referências no nosso blogue para o qual entrou em 1 de março de 2009.


1. No passado dia 24 de maio passado, o João  de Melo mandou-nos, pelo Formulário de Contacto do Blogger, a seguinte mensagem;


Data - sábado, 24/05/2025, 15:57 

Boa tarde, amigo Luís.

Há uns meses atrás, solicitaste-me que, quando voltasse à Guiné, gostarias de ter umas fotos de algo (que não me recordo agora) que estaria exposto no antigo Quartel de Amura.

Vim de lá há uma semana e tirei imensas fotos do museu. Caso tenhas interesse em alguma em especial, por favor diz-me, que pode ser que a tenha tirado...

Fui muito bem recebido. Inclusive o tenente Fernando Tchami fez questão de me servir de guia; mostrou-me o interior do contentor onde a "Rádio Liberdade" começou as suas emissões através de Conacri;  retirou a capa do carro onde foi assassinado Amilcar Cabral para poder fotografar o seu interior (!!!) e, no final, ainda me solicitou para escrever no Livro de Honra do Quartel-Museu de Amura, facto esse que muito me honrou!

Abraço amigo.
Abraço
Cumprimentos,
João de Melo


2. Com a devida vénia e a sua autorização, vamos publicar uma seleção das  fotos recentes do João de Melo, tiradas na sua última viagem à Guiné-Bissau, em maio de 2025 (**). 

Começamos por Bissau, e nomeadamente a Bissau Velho que tem mais do que a cara lavada... Houve um trabalho profundo de remodelação das ruas (e de alguns edifícios) da "Bissau Colonial"... 
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Notas do editor:

(*) Vd, poste de 10 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17123: (D)o outro lado do combate (Jorge Araújo) (6): Vida e morte de Simão Mendes, vítima de bombardeamento, pela FAP, da base central do Morés, em 20 de fevereiro de 1966

terça-feira, 3 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26878: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (14): Tite, Quarto dos Furriéis e Últimos dias em Bissau

CCAV 2483 / BCAV 2867 - CAVALEIROS DE NOVA SINTRA
GUINÉ, 1969/70


VIVÊNCIAS EM NOVA SINTRA

POR ANÍBAL JOSÉ DA SILVA


44 - TITE

É a localidade onde está situada a sede do Batalhão, denominada Companhia de Comando e Serviços (CCS), implantada na região administrativa do Quinara, que dá início à zona sul que é bastante pantanosa. Situa-se a 18 Km de Nova Sintra e talvez 4 a 5 Km do Enxudé, onde existia um posto avançado junto à margem esquerda do rio Geba, que fazia de cais às LDM´s e ao bote que diariamente atravessava o Geba em direção a Bissau. Em redor do quartel havia muitas moranças que constituíam a Tabanca de Tite, sendo as etnias dominantes os "Beafadas” e os “Balantas”.

Vista aérea de Tite
Porta de armas
Convívio de furriéis
Parada e Comando
Refeitório
Festa do Fanado em Novembro


45 - QUARTO DE FURRIÉIS EM TITE

O inferno de Nova Sintra ficara para trás e rumamos a Tite para cumprir os últimos três meses de comissão, num quartel com instalações condignas. Para além da óbvia dormida, sempre que a atividade operacional permitia, passávamos algum tempo no quarto, umas vezes jogando às cartas, escrevendo à família e sobretudo ouvir música. Aproximava-se o regresso à Metrópole e alguns já tinham comprado aparelhagens de som. Lembro a do Brito e o famoso Akai do Jardim, que tocavam à vez.
Para além disso também se faziam algumas maroteiras, sendo as principais vítimas o Teixeira e sobretudo o Oliveira Miranda.
Um dia, ou melhor uma noite, o Miranda ao regressar dum patrulhamento noturno, ao abrir a porta do quarto, estratégicamente entreaberta, levou em cima da cabeça com uma bacia cheia de água.
Outra vez colocamos velas acesas nas extremidades da cama dele e sentamo-nos à volta, simulando um velório.
Noutra vez o Miranda entrou e verificou que estava tudo calmo. A luz estava apagada e aparentemente toda a gente a dormir. Hum, disse ele, deve estar algum santo para cair do altar e que o que é que estes camelos estão preparados para fazer. Aparentemente nada, mas sim havia algo. O Miranda foi tomar banho, regressou ao quarto e preparava-se para deitar e disse, hoje parece que estou safo. Deitou-se e passados dez minutos, sobre a sua cama começaram a cair pingos continuados de água. Como uma mola levantou-se e foi verificar o que estava a acontecer.
Alguém que não estava deitado ficou fora do quarto a aguardar que ele tomasse banho e se deitasse. Previamente foi instalada uma mangueira que saía duma torneira do chuveiro contíguo ao quarto, que passava sobre o teto falso e pendia sobre a cama. Com ele no ninho foi só abrir a torneira. Verificada a marosca regressou ao quarto, fulo e a vociferar palavrões dirigidos aos “dorminhocos”.


46 - ÚLTIMOS DIAS EM BISSAU

No dia 15 de dezembro de 1970 a compamhia seguiu de Tite para Bissau a fim de aguardar embarque para a Metrólole, previsto para o dia 22.
Os últimos dias serviram para fazer compras, principalmente nas lojas dos Libaneses. Rádios, gira-discos, gravadores, relógios, tapetes, artesanato africano e principalmente whisky, muito whisky. Alguns Furriéis, eu incluído, alugamos o espaço de uma casa para servir de armazém. Nas compras, nos restaurantes e cervejarias, tudo servia para gastar os últimos pesos (moeda da Guiné).
Alguém conseguiu autorização para numa tarde desfrutar da água morna da piscina dos oficiais. Foi um regalo, mas o pior tinha acontecido. Quando fomos para os balneários, verificamos que os nossos haveres tinham desaparecido, pois foram roubados relógios, dinheiro e até anéis. Eu fiquei sem um relógio seiko que comparara dias antes, mas já não tinha dinheiro suficiente para comprar outro.

Muçulmanos e cais do Pidjiguiti
Palácio do Governador
Forte da Amura
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Nota do editor

Último post da série de 27 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26852: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (13): Comissão liquidatária e Esferográficas Parker

Guiné 61/74 - P26877: Convívios (1037): Fotorreportagem do 61º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 29 de maio de 2025 (Manuel Resende / Luís Graça ) - Parte IV



Foto nº 29 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés >
Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  O régulo Manuel Resende  a receber os parabéns pelo evento, da parte do  luso-americano João Crisõstomo (que seguiu hoje, mais a sua Vilma, para Nova Iorque, depois de quase dois meses de viagem pela Estónia e Portugal)



Foto nº 30 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés >
Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  Da esquerda para a direita, José Mico (Carnaxide) e Mário Santos (Loulé), dois bravos representantes da FAP
 


Foto nº 31 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > António  Figuinha (Seixal) e Francisco Palma  (Estoril, Cascais)


Foto nº 32 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Abílio Duarte (Amadora) e Daniel Gonçalves (Carcavelos, Cascais)


Foto nº 33 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025  > De pé, o José Inácio Leão Varela  (Algés, Oeiras): à sua esquerda, o José Carlos Valente (Amadora)  e o Helder Sousa (Setúbal)



Foto nº 34 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > À esquerda é o José Augusto Batista, e à direita é o seu convidado (GNR), ambos de Palmela. ("O José Augusto Batista foi furriel da minha Companhia, a CCAÇ 2585", diz o Manuel Resende).
 


Foto nº 35> Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025  > Emanuel Ribeiro Fernandes   e o José Manuel Azevedo (ambos de Mafra.


Foto nº 36 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 Dinis Souza Faro (São Domingos de Rana, Cascais) , com a esposa (ao centro), e com a Ana Marques, esposa do António Duque Marques (Amadora).



Foto nº 37 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025  > João Rebelo (Lisboa), à direita, com o Eduardo Estrela Cacela, V. R.Stº António) e   José Serrano Matias (Évora)
 

Foto nº 38 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > À esquerda , o Alpoim de Sousa Ribeiro (Algés) e à direita o Manuel Carvalho Guerra (Barreiro).


Foto nº 39 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Alfredo Monteiro (Alcabideche), foi da 37ª Comandos em Angola.

Foto nº 40 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025  >  
Raúl Jesus Martins (Caxias, Oeiras).



Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mais fotos do Manuel Resende, do nosso último convívio, em Algés.   Com a ajuda do "régulo" Manuel Resende, identificámos todos os convivas...

Guiné 61/74 - P26876: Questões politicamente (in)corretas (60): Afinal o "tuga" também jogava xadrez no CTIG (José Belo /António Graça de Abreu / Carlos Vinhal / José Botelho Colaço / Ernestino Caniço / Eduardo Estrela)



Guiné > Bolama > CIM - Centro de Instrução Militar > 1969 > CCAÇ 2592 (futura CCAÇ 14) > O fur mil Eduardo Estrela a jogar zadrez com o seu camarada Abel Loureiro.



Mensagem do Eduardo Estrela, a propósito do poste P26873 (*):

Data - 2 jun 2025 10:32;

Bom dia, Luís!

Nós também jogávamos xadrez.

Como prova anexo uma fotografia tirada ainda em Bolama. À esquerda estou eu e na direita o Abel Loureiro que foi Fur Mil na minha companhia.

Para além da lerpa, abafa e outros que tais, também se jogava xadrez.
A qualidade da fotografia não é a melhor, mas sei que vais conseguir melhorar a mesma.

Grande abraço
Eduardo Estrela


Foto (e legenda): © Eduardo Estrela (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Suécia > Estocolmo >7 de maio de 2017 > Jogando xadrez (em grande formato) no Kungsträdgården" (o "Jardim do Rei"), parque muito conhecido e central em Estocolmo. 

Link enviado ontem pelo Joseph Belo.


Foto: © Tommy Gerhad (2017) (com a devida vénia...)


1. Afinal, o "tuga" também jogava xadrez, no CTIG... Comentários ao poste P26873 (*):


(i) António Graça de Abreu

Em Cufar, 73/74,  joguei muitas vezes xadrez com o alferes Eiriz, o oficial das Transmissões no nosso CAOP 1. Normalmente era depois do jantar, na nossa pequeníssima messe de oficiais, ao lado do gabinete do capitão miliciano Dias da Silva, comandante da CCaç 4740.

Logo ao lado tínhamos as valas para onde mergulhávamos em caso de ataque do PAIGC. No meu caso, naquela maravilhosa colónia de férias, Cufar sur Cumbijã, aconteceu quatro vezes. Não nos deixavam jogar xadrez em paz.

António Graça de Abreu
segunda-feira, 2 de junho de 2025 às 13:10:11 WEST


(ii) Carlos Vinhal

Não me lembro de na nossa messe se jogar xadrez, os jogos mais vulgares eram as damas, a lerpa, o king e o rummy, este muito parecido com o bridge, ao que sei. Os mais solitários jogavam paciências de cartas. Tínhamos também uma mesa de ténis para destilar as gorduras (?).

Cá fora jogava-se a bola no campo de futebol ou contra as paredes dos dormitórios, onde havia alguém a centrar a bola e outros a cabeceá-la, conforme a habilidade que tinham, para uma baliza imaginária, onde estava um guarda-redes de ocasião.

Eu nunca fui grande jogador de cartas, mas uma noite aventurei-me a jogar lerpa. Ao fim de pouco tempo tinha já perdido 100 "paus". O 1.º Rita chegou-se a mim e disse-me: "Vinhal. deixe-me ocupar o seu lugar".

Ao fim de algum tempo, tinha ele ganho já uma boa maquia, levantou-se e discretamente deu-me os 100 pesos que havia perdido. Aceitei o dinheiro e a lição e, nunca mais na minha vida joguei cartas a dinheiro.

Carlos Vinhal
segunda-feira, 2 de junho de 2025 às 13:57:25 WEST


(iii) José Botelho Colaço


No Cachil, CCAÇ  557, havia quem jogasse Damas: ganhar um jogo ao capitão Ares era caso raro. Mas como diz o camarada Graça Abreu, também no Cachil por vezes o jogo era interrompido pelo som das costureirinhas do PAIGC a quererem entrar: Não no jogo; mas sim no aquartelamento. 

Abraço Colaço.
segunda-feira, 2 de junho de 2025 às 14:04:44 WEST

(iv) Ernestino Caniço

Enquanto estive em Mansabá (na primeira metade de 1970 ) joguei muitas vezes xadrez com o ex-capitão Carreto Maia, cmdt  da CCAÇ 2403. Os jogos eram no bar de oficiais (preferencialmente junto ao balcão, que era feito de cimento e pedra,  se bem lembro), que obviamente poderia proporcionar alguma "proteção". Não me lembro de quem era o tabuleiro nem a sua origem. Registo que não tinha ar condicionado como na Amura em Bissau.

Abraço,
Ernestino Caniço
segunda-feira, 2 de junho de 2025 às 17:10:16 WEST

 (v) Eduardo Estrela

Jogar à batota na messe?

Nunca o fiz! Somente no abrigo e com muito recato. E,  quando não havia batota, havia xadrez e paciências.

A propósito, mandei pela manhã um mail ao Luís com uma foto dum jogo de xadrez.

Grande abraço
Eduardo Estrela
segunda-feira, 2 de junho de 2025 às 19:17:30 WEST

(Seleção, revisão / fixação de texto: LG)

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 2 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26873: Questões politicamente (in)corretas (59): Porque é que os "turras" jogavam xadrez e os "tugas" não ? (José Belo, Suécia)

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26875: Notas de leitura (1804): "A Independência da Guiné-Bissau e a Descolonização Portuguesa", por António Duarte Silva; Afrontamento, 1997 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Maio de 2024:

Queridos amigos,
Foi neste seu primeiro livro que António Duarte Silva vislumbrou o que havia de inédito na estratégia congeminada por Amílcar Cabral para sair do impasse da luta armada graças à declaração unilateral de independência, que ele analisa em detalhe, conjugando o direito e a política, foi um processo cuja anatomia envolveu o confronto estratégico de Spínola e Cabral, o progressivo isolamento diplomático de Portugal e a credibilização do PAIGC sempre em alta; o autor esmiúça o processo eleitoral da Assembleia Nacional Popular e como se prepararam as reuniões para a independência. No terceiro e último texto, iremos ver a descolonização portuguesa e o reconhecimento da Guiné-Bissau, chamando a atenção para o riquíssimo acervo documental e bibliográfico que o autor nos preparou.

Um abraço do
Mário



A independência da Guiné-Bissau e a descolonização portuguesa (2)

Mário Beja Santos


Como se assinalou no texto anterior, o investigador António Duarte Silva encarou esta obra como um roteiro em quatro partes: colonialismo e nacionalismo na Guiné; o que houve de inédito e revolucionário na declaração unilateral da independência, que ocorreu formalmente em 24 de setembro de 1973; que caminhos trilhou a descolonização portuguesa e como a República da Guiné-Bissau nasceu de um conjunto de normas e atos políticos singularíssimos: o direito à autodeterminação previsto na Carta das Nações Unidas, como o PAIGC se fez legitimar não só pela lutar armada mas como um lutador pela independência que tinha território ocupado pelo colonizador; e o caso inédito de que essa declaração unilateral da independência foi acompanhada com prontidão pelo reconhecimento do número maioritário dos Estados pertencentes às Nações Unidas e como pelo 25 de Abril, se chegou ao reconhecimento português e à admissão da Guiné-Bissau na ONU.

O autor enfoca o tempo e o modo da descolonização portuguesa, como se procurou a negociação com o Governo português para chegar à autodeterminação, sem qualquer êxito, e também como o pensamento de Cabral era consistente na definição do que devia ser a soberania e poder constituinte: idealizou uma assembleia que votasse a independência, gerou empatia no ONU, a Assembleia Nacional Popular começou por aprovar a independência, depois a Constituição e designou os titulares dos outros órgãos centrais do Estado. Há aqui um dos pontos capitais da análise que o autor faz à formação da Guiné-Bissau enquanto Estado africano.

Ele diz expressamente:
“O Estado, em África, resulta de um transplante e não só a evolução das sociedades e dos sistemas político-jurídicos africanos profundamente marcada pelo fenómeno colonial como a sociedade pós-colonial foi pré-definida de um modo decisivo através do princípio da territorialidade, da imposição do sistema normativo ocidental e da mundialização do sistema inter-estatal. De facto, os Estados africanos, sobretudo da África negra, corresponderam a uma repetição geral do Estado moderno. A mundialização do Estado moderno constituiu um dos traços dominantes do nosso tempo e acelerou-se no decurso dos últimos decénios. O Estado africano, cuja existência é anterior à de uma nação sobre a qual se possa fundar, tem de indo construindo a sua própria nação. Enquanto procede à construção nacional, o Estado resume-se à mera soma de aparelhos administrativos, que procuram separar-se da sociedade civil, já que a sociedade civil não permite ainda distinguir a função do órgão e o órgão do seu titular. A grande maior dos Estados africanos imitou formalmente o Estado metropolitano. Acresce que a receção do modelo estadual europeu foi essencialmente organizacional, pois nem o espírito democrático foi assimilado, nem o Estado africano, precisamente por vir de fora e ser imposto de cima, tem a contextura do Estado moderno.”

E daí a observação que o autor faz das particularidades da Guiné-Bissau, continuo a pensar que se trata de uma apreciação que nenhum investigador da problemática guineense devia ignorar. E, logo de seguida, o autor procede a uma síntese de como a Guiné fez parte do império colonial português, é uma figura política e jurídica surgida a Convenção Luso-Francesa de 12 de maio de 1886, a presença portuguesa na região foi sempre muito mitigada, a sua colonização assentou no trabalho forçado, no imposto de capitação e na exportação comercial – aí tiveram um papel de capital a chamada Casa Gouveia e a Sociedade Comercial Ultramarina, esta ligada ao Banco Nacional Ultramarino.

Dado o contexto, o autor muda de campo de observação para todo o histórico da declaração de independência, o que remete para uma síntese do direito colonial, do que se passou no teatro de operações, como foi evoluindo o envolvimento internacional e a ação diplomática de Amílcar Cabral, a importância que teve em termos políticos internacionais, a visita de uma missão especial da ONU no início de abril de 1972 a alguns pontos do Sul da Guiné, como Cabral pôde potenciar as conclusões da missão e o beneplácito recebido pela Assembleia Geral da ONU; temos igualmente um quadro das tentativas de negociação. Cabral congeminara uma estratégia para a declaração unilateral da independência: a convocação de eleições nas chamadas zonas libertadas, elaborou um documento intitulado Bases para a criação da 1.ª Assembleia Nacional Popular na Guiné, estava a ganhar forma o cenário para a independência a que Cabral fisicamente não assistiu, na última mensagem de Ano Novo, proferida no mês em que foi assassinado, ele refere-se expressamente à eleição e reunião da Assembleia Nacional Popular, dizendo que a Guiné-Bissau até aí é uma colónia dispondo de um movimento de libertação e cujo povo libertou durante anos de luta armada parte do seu território nacional, passaria a ser, aprovada a independência, um país dispondo do seu Estado e que tem uma parte do seu território nacional ocupada por forças armadas estrangeiras.

Entre o assassinato de Cabral e a declaração unilateral da independência, e indo um pouco atrás, houvera a ofensiva portuguesa no Sul, a reocupação do Cantanhez, a chamada Operação Grande Empresa, que inicialmente deixou o PAIGC em grande confusão; seguem-se os acontecimentos de março e abril, a chegada dos mísseis terra-ar e de duas grandes operações montadas para cercar Guidage e Guilege, com resultados devastadores. Spínola envia para Lisboa um relatório atemorizador: “Aproximamo-nos, cada vez mais, da contingência do colapso militar.”

De 18 a 22 de julho, próximo de Madina do Boé, realiza-se o segundo congresso do PAIGC; Aristides Pereira é eleito como Secretário-Geral e Luís Cabral como Secretário-Geral Adjunto; reveem-se os estatutos do PAIGC e convoca-se a Assembleia Nacional Popular com o fim de proclamar a independência. O lugar inicialmente escolhido era Balana, no Sul, por razões de segurança e por ter havido rotura de ligações diplomáticas entre o Senegal e a Guiné-Conacri, escolheu-se um ponto de Boé, e não seriam ainda 9 horas de 24 de setembro quando a dita assembleia proclamou o Estado da Guiné-Bissau.
O autor disseca o teor da Proclamação do Estado, analisa a Constituição do Boé e extrai uma breve conclusão:
“Das muitas considerações que esta Constituição pode suscitar, destaca-se que a Guiné-Bissau foi criada como Estado constitucional, cuja Lei Fundamental não foi uma mera técnica de descolonização, antes o produto de uma luta de libertação nacional ampla e duradoura, e pretendia ser o estatuto de um Estado-Nação combinando os (dominantes) modelos europeus com soluções próprias da sua história, em especial, da descolonização da Guiné-Bissau (e, também, de Cabo Verde).”


(continua)
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Notas do editor:

Vd. post de 26 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26849: Notas de leitura (1801): "A Independência da Guiné-Bissau e a Descolonização Portuguesa", por António Duarte Silva; Afrontamento, 1997 (1) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 30 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26864: Notas de leitura (1803): "Um Império de Papel, Imagens do Colonialismo Português na Imprensa Periódica Ilustrada (1875-1940)", por Leonor Pires Martins; Edições 70, 2012 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26874: Efemérides (456): Comemoração do 99.º aniversário do Núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes e homenagem aos antigos combatentes do Concelho (João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil)



1. Mensagem do nosso camarada João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil, CMDT do Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, 1968/71) com data de 1 de Junho de 2025:

Boa tarde,
Esta manhã, ocasionalmente, assisti à cerimónia do Núcleo da Liga dos Combatentes de Torres Vedras, que comemorou 99 anos, e prestou homenagem aos mortos deste concelho, condecorando também alguns ex-combatentes.
Este Núcleo (do qual não sou associado) ao que tenho acompanhado pelo jornal Badaladas, tem várias actividades e convívios.

Aproveitei para uma pequena reportagem fotográfica que, julgo, terá interesse para publicar no Blog, presumindo que esta intromissão será bem recebida por este Núcleo.

Grande abraço
João Rodrigues Lobo


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Nota do editor

Último post da série de 9 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26784: Efemérides (455): Cerimónia da inauguração do Monumento Concelhio aos Combatentes do Ultramar, do Dia do Combatente e do 16.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levadas a efeito no passado dia 3 de Maio de 2025 (Carlos Vinhal)

Guiné 61/74 - P26873: Questões politicamente (in)corretas (59): Porque é que os "turras" jogavam xadrez e os "tugas" não ? (José Belo, Suécia)



PAIGC > Algures numa "barraca" > s/d (c. 1970) > Um partida de xadrez entre Júlio Carvalho ("Julinho") e Valdemar Lopes da Silva,  cabo-verdianos.  Observadores: "Tchifon" e Cláudio Duarte, também cabo-verdianos. A caixa do tabuleiro tem a inscrição "svenska schack" (em sueco, "xadrez sueco")... Uma oferta da Suécia  com amor ao PAIGC...  A foto deve ser c. início dos anos 70. Em primeiro plano, uns óculos de sol e a ponta de uma arma (talvez uma Kalash, russa)

 (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)

Fonte: Casa Comum | Instituição:Fundação Mário Soares e Maria Barroso | Pasta: 05222.000.141 | Título: Júlio de Carvalho, Tchifon, Cláudio Duarte e Valdemar Lopes | Assunto: Os combatentes cabo-verdianos Júlio de Carvalho [Julinho], Tchifon, Cláudio Duarte e Valdemar Lopes [da Silva] jogando xadrez numa base do PAIGC | Data: 1963 - 1973 | Observações: Valdemar Lopes da Silva foi professor no Centro de Instrução Política e Militar (CIPM) do PAIGC, a partir de 1970 | Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral | Tipo Documental: Fotografias


Citação:
(1963-1973), "Júlio de Carvalho, Tchifon, Cláudio Duarte e Valdemar Lopes", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43496 (2025-5-31)

(Reproduzido com a devida vénia...)



1. Comentário do José Belo, o (e)terno régulo da Tabanca da Lapónia de Um Homem Só (oficial do exército dos "tugas", e jurista na Suécia,  reformado):


Data - domingo, 1/06/ 2025, 23:02
 
Assunto - Fronteira cultural ?

Caro Luis

A caixa da fotografia é de facto uma caixa de xadrez de marca muito conhecida na Suécia.

Eram muitos, e diversos, os fornecimentos efectuados pela Suécia ao PAIGC.

Curiosamente, em talvez milhares de fotografias dos Camaradas da Guiné por nós observadas, não existe uma única com um tabuleiro de xadrez.

Matraquilhos, póquer  de
 dados, damas, lerpa, e talvez uma pseudossofisticada partida de bridge no Clube Milar de Santa Luzia em Bissau ou … em resguardados Comandos de Batalhão.

Mas, xadrez? Ficaria para os “turras”? 

Abraço do J. Belo
 
2. Comentário do editor LG:

Zé Belo, boa pergunta, melhor observação (**)... "Fronteira cultural ?"...

Eu sei que o xadrez era cultivado na Suécia com grande entusiasmo ... Na guerra, nos sítios por onde passei, não me lembro de facto de ver um tabuleiro de xadrez... Mas isso não faz ciência... O mais vulgar eram os jogos de cartas, a "vermelhinha", a lerpa, a sueca, o king, talvez o bridge... 

Nunca gostei de jogar cartas... Alegava sempre que era daltónico, não sabia distinguir as copas das espadas...Também não me lembro de ver tabuleiros de damas nos nossos quartéis... (O meu pai, que era um excelente jogador de damas, aprendeu em Cabo Verde, quando lá foi  "expedicionário", em 1941/43)...

O Movimento Nacional Feminino podia oferecer um tabuleiro (de xadrez, de damas)... Se calhar nunca ninguém pediu à Cilinha (*)...Não sei se Salazar gostava de xadrez...Sei que gostava da Cilinha... E a Cilinha gostava de nós... E nós gostávamos da Guiné... Estivemos lá 13 anos, em pré-guerra e em guerra. E continuamos a gostar:  a prova é este blogue que já fez 21 anos em 23 de abril passado...