Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Guiné 63/74 - P7095: (In)citações (11): O arroz nosso de cada dia nos dai hoje... (Cherno Baldé)
Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > 6 de Junho de 2010 > Região de Cacheu > Barro > Foto tirada em 22 de Abril de 2010 > Palavra chave: segurança alimentar > Legenda: "O ano de 2009 foi um mau ano agrícola, especialmente com a redução da produção de arroz de bolanha salgada, responsável por cerca de 75% da colheita deste cereal na Guiné-Bissau. Daí que, neste ano de 2010, tenha havido uma mobilização geral dos agricultores para recuperar antigas bolanhas (arrozais) abandonadas e voltar a cultivá-las. Mulheres e homens meteram-se ao trabalho numa bolanha perto de Barro, no norte da Guiné-Bissau, contribuindo para a construção de uma barragem que impeça a água salgada de invadir os terrenos de cultivo".
Foto (e legenda): © AD - Acção para o Desenvolvimento (2010). (Com a devida vénia...)
1. Comentário de Cherno Baldé ao poster P7073, com data de 3 do corrente:
Há vários factores que estão a contribuir para o abandono gradual da produção do arroz na Guiné:
A partir dos anos 80, com a liberalização do comércio e das importações, aliado à descida de preços do amendoím no mercado internacional, o cajú transformou-se no principal produto de exportação da Guiné contribuindo, neste momento, com mais de 90% do PIB e ocupando mais de 80% da população activa.
A partir do momento em que há uma grande procura deste produto no mercado internacional, sobretudo indiano, e na condição de uma troca directa cajú/arroz, prevaleceu a lógica do mais fácil, ou seja, as famílias/populações preferiram aumentar os campos de plantação de cajú em detrimento da produção do arroz que, como sabem, é muito exigente em água, técnicas de cultivo e mão de obra intensiva.
Pouco a pouco o cajú transformou-se no concorrente e substituto directo do arroz numa altura em que se verifica uma certa diminuição e irregularidade das chuvas assim como um crescente êxodo da mão-de-obra mais jovem para as cidades.
As nossas autoridades estão confrontadas com o dilema do preço do arroz. Não podem perfilar pela subida do arroz importado para não prejudicar as populações (real politique exige)mas, também, não o podem diminuir muito porque o estado não é actor comercial directo.
Cherno AB.
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Nota de L.G.:
6 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7089: (In)Citações (10): Vídeos produzidos pela AD - Acção para o Desenvolvimento na área do Ambiente e Desenvolvimento (Pepito)
Guiné 63/74 - P7094: Notas de leitura (155): Polón di Brá, de João Carlos Gomes (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Outubro de 2010:
Queridos amigos,
Foi graças ao Francisco Henriques da Silva, antigo embaixador na Guiné-Bissau e nosso camarada na Guiné que tive acesso a este documento publicado graças à ASDI – Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional.
É compreensivelmente um documento muito datado e incompleto, é um apanhado de acontecimentos aos olhos de um jornalista que juntou os dados que lhe pareceram mais óbvios e evidentes.
Um abraço do
Mário
Poilão de Brá
Uma guerra devastadora, desnecessária e injustamente imposta ao povo
Beja Santos
“Polón di Brá”, de João Carlos Gomes (Bissau, 1998) é um livro singular. João Carlos Gomes é um jornalista guineense credenciado que trabalhou na Rádiodifusão Nacional da Guiné-Bissau e nas Nações Unidas. Em 1998, entrou pela fronteira do Senegal e veio cobrir os acontecimentos do chamado levantamento armado iniciado em 7 de Junho. O Polón di Brá foi o marco de separação entre as posições militares das forças leais ao presidente Nino e as posições da Junta Militar sob o comando do brigadeiro Ansumane Mané. O poilão é uma árvore muito respeitada na Guiné, usada mesmo para cerimónias da etnia papel, à sua sombra reúnem-se os guineenses para conviver.
Os acontecimentos descritos por João Carlos Gomes iniciam-se com o levantamento armado e vão até ao acordo celebrado em Banjul (Gâmbia) e Abuja (Nigéria), em que se previa a retirada total das tropas estrangeiras que tinham vindo em auxilio de Nino Vieira, uma força de interposição garantiria a segurança entre a Guiné-Bissau e o Senegal, ir-se-ia formar um Governo de unidade nacional e haveria eleições gerais e presidenciais o mais tardar até fins de Março de 1999. É escusado dizer que este acordo foi ultrapassado pelos acontecimentos, as forças leais a Nino Vieira acabaram derrotadas, este pediu exílio a Portugal e Ansumane Mané viria, tempos depois, a ser assassinado.
O autor coteja alguns dos acontecimentos que estiveram por detrás do motim militar: queixas persistentes dos antigos combatentes que se sentiam desprezados; revelações feitas por Ansumane Mané de um ambiente degradado no interior das Forças Armadas, revelando que no círculo presidencial estariam os principais cabecilhas ligados ao tráfico de armas para o Casamansa; o presidente Nino destituiu Ansumane Mané; inicio dos confrontos militares que rapidamente se intensificaram e que se saldaram na fuga de muitos habitantes de Bissau quer para o estrangeiro quer para o interior do país. Mas, como é evidente, o pano de fundo é muito mais denso, tem camada estrutural. Por detrás de uma revolta que levou a negociações políticas, em que os revoltosos tiveram uma arma eficaz no Rádio Bombolon, a degradação económica e social era profunda: desmoralização do aparelho de Estado, anarquia em todas as cadeiras de comando, penúria, desastres completos nos investimentos, incapacidade para prestar serviços de saúde e manter o sistema educativo em funcionamento; a própria cidade de Bissau era a vitrina de todo este abandalhamento: buracos nas ruas, desaparecimentos dos jardins, ausência absoluta de higiene, casas degradadas, uma oligarquia a exibir escandalosamente o seu arrivismo perante um povo a viver em condições deploráveis. Os antigos combatentes viam as suas condições de vida a deteriorar-se, o plano de liberalização da economia agravou as já péssimas condições de vida da generalidade da população. O PAIGC perdera totalmente a sua força mobilizadora, dera-se uma cisão profunda entre as forças armadas e o aparelho político.
É nesta atmosfera de desalento que as confrontações militares e as destruições que provocaram levaram ao êxodo das populações de Bissau. as imagens publicadas em Polón di Brá são eloquentes: a população em fuga, viaturas e tanques carbonizados, edifícios destruídos ou severamente atingidos, museus e estabelecimentos pilhados.
João Carlos Gomes disserta sobre o progressivo abandono de Nino, a necessidade que ele teve em, abruptamente, pedir a colaboração do Senegal e da Guiné Conacri, sem medir que tal iniciativa podia ter levado a uma eventual desestabilização de toda esta região da costa ocidental: havia a questão do Casamansa, o cenário de uma guerra civil envolvendo grupos étnicos ou do aparecimento de uma ditadura militar, até à anexação da Guiné pelo Senegal e Guiné Conacri. Sobretudo o comportamento das tropas senegalesas atingiu as raias da infâmia com pilhagens de postos de gasolina, hotéis, estabelecimentos comerciais, violações, etc. O impacto psicológico dos militares estrangeiros foi extremamente negativo, deixou sequelas que irão demorar muitos anos a sarar.
Por via diplomática, iniciou-se o processo de reconciliação nacional. Enquanto se escolhiam os promotores oficiais e os locais para negociações que levassem a um compromisso entre as duas grandes facções, internamente buscavam-se as soluções possíveis para resolver as preocupações imediatas dos deslocados e refugiados (Portugal teve aí um peso indesmentível); começou a discutir-se a necessidade de uma reforma geral e global das forças armadas e uma democratização do aparelho de Estado, controlado com a mão de ferro de Nino e o seu círculo próximo; durante este período que culminou com os acordos de Banjul/Abuja houve manifestações de paz, movimentaram-se os líderes muçulmanos e católicos apelando ao termo de todos os contenciosos.
O jornalista incluiu em anexos o conjunto de documentos de grande importância para a compreensão desta fase da guerra civil: Tratado de Amizade e Cooperação entre a República do Senegal e a República da Guiné-Bissau; manifesto da Junta Militar para consolidação da democracia, justiça e paz; memorandos das negociações entre as duas partes, actas de reuniões conjuntas e um documento reivindicativo de Combatentes da Liberdade da Pátria denunciando a corrupção e nepotismo nas Forças Armadas.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 6 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7087: Notas de leitura (154): Etnia, Estado e Relações de Poder na Guiné-Bissau, de Carlos Lopes (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Foi graças ao Francisco Henriques da Silva, antigo embaixador na Guiné-Bissau e nosso camarada na Guiné que tive acesso a este documento publicado graças à ASDI – Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional.
É compreensivelmente um documento muito datado e incompleto, é um apanhado de acontecimentos aos olhos de um jornalista que juntou os dados que lhe pareceram mais óbvios e evidentes.
Um abraço do
Mário
Poilão de Brá
Uma guerra devastadora, desnecessária e injustamente imposta ao povo
Beja Santos
“Polón di Brá”, de João Carlos Gomes (Bissau, 1998) é um livro singular. João Carlos Gomes é um jornalista guineense credenciado que trabalhou na Rádiodifusão Nacional da Guiné-Bissau e nas Nações Unidas. Em 1998, entrou pela fronteira do Senegal e veio cobrir os acontecimentos do chamado levantamento armado iniciado em 7 de Junho. O Polón di Brá foi o marco de separação entre as posições militares das forças leais ao presidente Nino e as posições da Junta Militar sob o comando do brigadeiro Ansumane Mané. O poilão é uma árvore muito respeitada na Guiné, usada mesmo para cerimónias da etnia papel, à sua sombra reúnem-se os guineenses para conviver.
Os acontecimentos descritos por João Carlos Gomes iniciam-se com o levantamento armado e vão até ao acordo celebrado em Banjul (Gâmbia) e Abuja (Nigéria), em que se previa a retirada total das tropas estrangeiras que tinham vindo em auxilio de Nino Vieira, uma força de interposição garantiria a segurança entre a Guiné-Bissau e o Senegal, ir-se-ia formar um Governo de unidade nacional e haveria eleições gerais e presidenciais o mais tardar até fins de Março de 1999. É escusado dizer que este acordo foi ultrapassado pelos acontecimentos, as forças leais a Nino Vieira acabaram derrotadas, este pediu exílio a Portugal e Ansumane Mané viria, tempos depois, a ser assassinado.
O autor coteja alguns dos acontecimentos que estiveram por detrás do motim militar: queixas persistentes dos antigos combatentes que se sentiam desprezados; revelações feitas por Ansumane Mané de um ambiente degradado no interior das Forças Armadas, revelando que no círculo presidencial estariam os principais cabecilhas ligados ao tráfico de armas para o Casamansa; o presidente Nino destituiu Ansumane Mané; inicio dos confrontos militares que rapidamente se intensificaram e que se saldaram na fuga de muitos habitantes de Bissau quer para o estrangeiro quer para o interior do país. Mas, como é evidente, o pano de fundo é muito mais denso, tem camada estrutural. Por detrás de uma revolta que levou a negociações políticas, em que os revoltosos tiveram uma arma eficaz no Rádio Bombolon, a degradação económica e social era profunda: desmoralização do aparelho de Estado, anarquia em todas as cadeiras de comando, penúria, desastres completos nos investimentos, incapacidade para prestar serviços de saúde e manter o sistema educativo em funcionamento; a própria cidade de Bissau era a vitrina de todo este abandalhamento: buracos nas ruas, desaparecimentos dos jardins, ausência absoluta de higiene, casas degradadas, uma oligarquia a exibir escandalosamente o seu arrivismo perante um povo a viver em condições deploráveis. Os antigos combatentes viam as suas condições de vida a deteriorar-se, o plano de liberalização da economia agravou as já péssimas condições de vida da generalidade da população. O PAIGC perdera totalmente a sua força mobilizadora, dera-se uma cisão profunda entre as forças armadas e o aparelho político.
É nesta atmosfera de desalento que as confrontações militares e as destruições que provocaram levaram ao êxodo das populações de Bissau. as imagens publicadas em Polón di Brá são eloquentes: a população em fuga, viaturas e tanques carbonizados, edifícios destruídos ou severamente atingidos, museus e estabelecimentos pilhados.
João Carlos Gomes disserta sobre o progressivo abandono de Nino, a necessidade que ele teve em, abruptamente, pedir a colaboração do Senegal e da Guiné Conacri, sem medir que tal iniciativa podia ter levado a uma eventual desestabilização de toda esta região da costa ocidental: havia a questão do Casamansa, o cenário de uma guerra civil envolvendo grupos étnicos ou do aparecimento de uma ditadura militar, até à anexação da Guiné pelo Senegal e Guiné Conacri. Sobretudo o comportamento das tropas senegalesas atingiu as raias da infâmia com pilhagens de postos de gasolina, hotéis, estabelecimentos comerciais, violações, etc. O impacto psicológico dos militares estrangeiros foi extremamente negativo, deixou sequelas que irão demorar muitos anos a sarar.
Por via diplomática, iniciou-se o processo de reconciliação nacional. Enquanto se escolhiam os promotores oficiais e os locais para negociações que levassem a um compromisso entre as duas grandes facções, internamente buscavam-se as soluções possíveis para resolver as preocupações imediatas dos deslocados e refugiados (Portugal teve aí um peso indesmentível); começou a discutir-se a necessidade de uma reforma geral e global das forças armadas e uma democratização do aparelho de Estado, controlado com a mão de ferro de Nino e o seu círculo próximo; durante este período que culminou com os acordos de Banjul/Abuja houve manifestações de paz, movimentaram-se os líderes muçulmanos e católicos apelando ao termo de todos os contenciosos.
O jornalista incluiu em anexos o conjunto de documentos de grande importância para a compreensão desta fase da guerra civil: Tratado de Amizade e Cooperação entre a República do Senegal e a República da Guiné-Bissau; manifesto da Junta Militar para consolidação da democracia, justiça e paz; memorandos das negociações entre as duas partes, actas de reuniões conjuntas e um documento reivindicativo de Combatentes da Liberdade da Pátria denunciando a corrupção e nepotismo nas Forças Armadas.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 6 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7087: Notas de leitura (154): Etnia, Estado e Relações de Poder na Guiné-Bissau, de Carlos Lopes (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P7093: (De) Caras (4): Eu também estive lá (Carlos Fernandes, ex-1º Cabo Pára-Quedista, CCP 122/BCP 12, 1971/74)
Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > CCP 122 / BCP 12 > 2 de Abril de 1972 > O 1º Cabo Pára-quedista Carlos Fernandes, apontador de MG 42, fotografado com um casal feito prisioneiro: em primeiro plano, a criança, filha do casal, completamente nua, levada pela mão do Carlos; em segundo plano, a mulher, de peito desnudo e com um simples pano à cinta, entre dois páras, vendo-se ainda o ombro do homem, à direita... Um foto, de guerra, que capta um momento de grande expressão dramática, e que tem um real valor documental. Quem terá sido o fotógrafo ? Seguramente um camarada do Carlos, da CCP 122, que "também estava lá"...
Foto: © Carlos Fernandes (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
1. Mensagem do ex-1º Cabo pára-quedista, Carlos Fernandes, CCP 122 / BCP (Bissalanca, BA 12, 1971/74), remetida em 30 de Setembro último:
Assunto: Eu estive lá também
Luis Graça:
Eu, Fernandes, ex-Pára da 122, estive lá na Guiné entre Novembro de 71 a Agosto de 74 e estive no grupo do Marcelino da Mata entre Janeiro de 74 até eu vir embora, muito depois do 25 de Abril.
A minha arma na Guiné foi a MG 42 sempre, desde o início da comissão até ao 25 de Abril, onde fui condecorado com a Cruz de Guerra 4ª classe pelo Marcelino. Só a recebi em 2006 em Chelas. Também recebi a Medalha das Campanhas da Guiné.
Mas antes estive em Moçambique, em Nacala, no BCP32, entre Março de 1970 a Janeiro de 71. Participei em várias operações, a melhor foi a Nó Górdio, em que a minha Companhia, a 1ª , apanhou para cima de 27 mil kilos de armamento junto ao Rio Rovuma.
Tomámos a Base Moçambique perto de Nangulolo, onde nessa altura morreu o tal Capitão das Chaimites e o pessoal que ia dentro dela, pois o Capitão, burro, colocou a Chaimite a abrir caminho, como arrebenta- minas. Eu ia nessa coluna.
Junto duas fotos do antigo, com a MG ao ombro, em Aldeia Formosa, e outra tirada o ano passado. Estou reformado. O meu posto foi 1º Cabo Pára-quedista. Vivo aqui na Ilha da Madeira por opção.
Meu contato é canico2009@hotmail.com
Irei dando noticias. Tenho fotos de alguns tempos e bons.
Um abraço amigo a todo o pessoal deste blog dos amigos da Guiné
Carlos Fernandes
TM 937743321
2. Comentário de L.G.:
Obrigado, Carlos, pelas tuas notícias e pelo abraço que mandas a todo o pessoal do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Tomei boa nota do teu interesse em continuar a dar-nos notícias tuas e mandar-nos fotos do teu álbum. Não foste, porém, explícito na manifestação do teu eventual interesse em fazer parte da nossa Tabanca Grande e subscrever as nossas regras de sã convívio e de boa ética. Presumo que sim, e nessa medida serás bem vindo, na tua qualidade de antigo combatente no TO da Guiné.
Sei que eras conhecido como o Fernandes da MG 42, e que terás pertencido ao 4º Gr Comb da CCP 122. Espero que encontres malta da tua subunidade, desse tempo.
Se bem leste e compreendeste as nossas regras, sabes que não fazemos juízos de valor sobre nenhum camarada, em termos de comportamento operacional. A missão fundamental do nosso blogue é criar condições, de liberdade intelectual e de conforto psicológico, parar partilharmos uns com os outros, e com os demais leitores que nos seguem de muitas partes do mundo (de Portugal, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Brasil, Estados Unidos, etc.), as histórias das nossas vidas no TO da Guiné, entre 1963 e 1974.
Não preciso, pois, de lembrar-te que não gostamos de chamar "burro" a ninguém, mesmo quando camaradas nossos tenham feito eventualmente asneiras fatais, no teatro de guerra, como terá sido o caso do tal capitão das Chaimites em Moçambique que tu não identificas (e ainda bem).
Sobre a foto com os prisioneiros, que publicamos acima, devo dizer-te que é forte e, para alguns dos nossos leitores, até poderá ser chocante, podendo ferir eventuais susceptibilidades e sensibilidades. Mas não vale a pena ignorar, escamotear ou branquear a realidade da guerra que nos tocou em sorte. Não quero que essa foto se vire contra ninguém: nem contra ti nem contra nós, os antigos combatentes portugueses, os pára-quedistas. Nem contra nós nem contra o PAIGC, o inimigo de ontem... Também a minha CCAÇ 12 fez prisioneiros, mulheres, crianças e idosos, em estado andrajoso, miserável, as crianças nuas e subnutridas... Essa foto teve o condão de mexer comigo e com algumas das memórias mais dolorosas da guerra...
Se quiseres e puderes, conta-nos pormenores dessa operação realizada na região de Aldeia Formosa, em Abril de 1972, as circunstâncias em que foi apanhada a criança e os seus pais, o destino que foi dado aos prisioneiros, etc... Muitos dos nossos camaradas e amigos gostariam, muito provavelmente, de conhecer mais pormenores desses acontecimentos de que foste actor e testemunha. E, já agora, lembras-te de quem foi o autor da foto ?
Enfim, feita a tua apresentação sumária como ex-1º Cabo Pára, falta-te contar pelo menos uma história da tua/nossa guerra, como mandam as nossas regras. Sobre o teu BCP 12, já temos no nosso blogue mais de 60 referências. E sobre a tua CCP 122 há já uma dezena de postes com referências. Um Alfa Bravo (abraço) para ti em meu nome e dos demais co-editores do blogue. Luís Graça
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Nota de L.G.:
Último poste desta série > 30 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7058: (De) Caras (3): A emboscada em Malandim e a descontrolada reacção do 1º Cabo Costa, na noite de 3 de Agosto de 1969:Branco assassino, mataste uma mulher (Beja Santos)
Guiné 63/74 - P7092: Parabéns a você (161): Jorge Rosales, ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ (Guiné, 1964/66) Tertúlia / Editores)
Neste dia 7 de Outubro de 2010, estamos a festejar pela primeira vez no Blogue o aniversário do nosso camarada Jorge Rosales*, ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ, Porto Gole, 1964/66.
Para nos ajudar nesta árdua tarefa, tivemos alguns voluntários que enviaram os seus textos, além da colaboração plástica do nosso designer gráfico privativo, Miguel Pessoa.
Postal ilustrado: Miguel Pessoa (2010)
Os textos, da responsabilidade exclusiva dos seus autores, seguem-se pela ordem de chegada ao Blogue
1. De Buarcos, Vasco da Gama
Jorge Rosales, este também um grande Homem e um muito bom Amigo, penso que o último a chegar ao “Bando do Cadaval”.
Conheci-o no dia em que o nosso Belarmino nos franqueou as suas portas para uma reunião onde conseguimos dar vida a um projecto que há algum tempo nos prendia a atenção.
Discutia-se a questão monetária, pois era necessário adiantar dinheiro à editora, cada um de nós facultara o possível e logo o Rosales emprestou o que faltava, sem discursos bacocos, sem pergunta alguma, sem conhecer o autor e alguns de nós.
Não foi a quantia que ele disponibilizou, mas sim a forma autêntica, genuína, leal, sincera como o fez, que me mostrou estar em presença de um ser humano de primeira apanha como felizmente venho tendo a oportunidade de constatar nos encontros que vamos tendo ou nas conversas telefónicas que vamos mantendo. De todos nós, ele apenas conhecia o José Dinis mas de imediato, sem vacilar, estava integrado no Bando.
Homem de farda amarela, com muitos anos de África e outros tantos de jogador de futebol do Estoril Praia, com uma passagem muito rápida pela Académica de Coimbra, (as tricanas não o deixavam concentrar) cativa de imediato quem o conhece.
Aliás, a malta da Guiné e em particular a nossa Tabanca Grande tem isto: não nos conhecemos e ao fim de duas horas somos amigos de e para toda a vida.
Com o Jorge não são necessárias duas horas, bastam dois minutos!
Aqui vos deixo duas fotografias do nosso querido Jorge Rosales.
A primeira, na Guiné em 1964 de calça de camuflado moderno(?) em Porto Gole; a segunda, na minha companhia, para vos mostrar o “cabedal” e a disposição natural para o bem do nosso aniversariante de hoje e já agora, mostrar também como esse grande escultor que é o tempo transforma em quarenta e quatro anos (para melhor) um combatente da Guiné.
Do meu Buarcos lindo te envio votos de muitas felicidades neste dia e nos outros todos, manifestando-te a minha amizade e agradecendo-te por seres meu amigo.
Vasco A. R. da Gama
2. Do Zé Brás recebemos estas palavras:
O Jorge nasceu adiantado à verdadeira ideologia da bola.
Jogou pela camisola e por ela ganhou e perdeu.
Perdeu algum tempo, talvez, porque mais ganharia pontapeando a dignidade.
Contudo, aguentou, cerrou o dente e manteve o direito à altivez.
E é nessa postura de jogador limpo que o vemos hoje na esperança de continuar a vê-lo marcar o seu golito e a receber os nossos parabéns por mais esta vitória.
Eu, guarda das redes antigas, me junto aqui confessando a minha admiração plena.
José Brás
3. O Belarmino Sardinha também botou faladura assim:
Uma vez mais o Comandante dá o disparo da partida para a partida que todos queremos pregar ao Rosales neste dia do seu aniversário.
Podia começar por sublinhar tudo o que o Vasco já escreveu, mas ficava o texto riscado e era uma pena.
O Rosales, com a sua farda amarela é, para mim, quase como o padrão dos descobrimentos, tal o tempo que mediou entre a passagem dele e a minha por aquelas paragens. Ele esteve no início e eu no fim.
Conheci o Rosales tal como o Vasco, mas de imediato se estabeleceu uma relação que foi como se nos conhecêssemos há décadas e tivéssemos partilhado o mesmo espaço e ao mesmo tempo na Guiné.
O importante, contudo, é ele ser como é, estar sempre disponível para partilhar com os outros as preocupações e as causas, sejam elas quais forem desde que perspectivem uma melhoria.
É de facto bom podermos contar com amigos como o Rosales. Obrigado Rosales por sermos amigos.
Que este seja apenas mais um dia feliz dos muitos que esperamos poder ainda partilhar contigo.
Um grande abraço de parabéns.
BS
4. Da Linha, do Zé Dinis, chegou este texto
Camaradas,
Sei da existência do Jorge Rosales desde os meus dez anos, pois frequentámos a ESSA, embora ele já com algum avanço. Mas o irmão dele, o Zé, esse foi da minha turma, e corria para os campos de futebol nos intervais das aulas. Eu dividia-me entre o ténis, o futebol e, mais raramente, o voley. O Jorge, hoje felicitado por meio mundo, não me passava cavaco. Nem me lembro de ele me ter arriado, como é seu (dele) costume gabar-se. Mas eu, puto, ainda beneficiei, sofri, e voltei a beneficiar, por ter sido confundido como irmão do Rola, considerado o melhor futebolista da escola (o Jorge já andava no estrelato). Mais tarde, já ele tinha prestígio consolidado no Estoril Praia, e jogámos contra, porque a minha equipe, os putos do CAC (Clube Académico de Cascais) íamos lá pôr à prova as capacidades daqueles tratores (este "c" de tratores deixei-o na nova convenção sobre a língua portuguesa). Quem ganhava, perguntarão vocências. Pois encaminho a pergunta para o festejado.
Coisas da vida: o irmão raramente o via, e ao Jorge encontrei-o muito recentemente.
No almoço da Ortigosa do ano passado, vi sentado, com aquele sorriso fininho, um gajo forte a quem tratavam por Rosales. A ampliação era grande. Mesmo assim arrisquei e fiz uma pergunta parva:
- És o Rosales? O vaidoso que está a abrir as prendas, retorquiu que sim. Mas a dúvida persistia: - O do Estoril? Ombre! claro que sim!
A partir desse acontecimento notável, em que dois caminheiros da velhice se encontraram ao fim de quarenta anos, sem rancores, nem outras mazelas que travassem o conhecimento, passei a sentir-me favorecido e protegido pelo homenageado, na medida em que ele tem tido uma carreira apoteótica, e já alcançou o posto de Comandante. Claro, porque o posto lhe confere poder, já levei alguns caldos a que sorrio para não lhe desenvolver a raiva.
Depois? Bem, depois disso vocês têm acompanhado o Rosales como eu, e não precisam de influências regionais para lhe atribuírem muito boa nota.
Parabéns Camarada, e que tenhas muitas alegrias por muitos e bons anos.
Embaraços fraternos, que isto de nos chegarmos todos ao festejado, pode dar confusão.
JD
5. Da outra banda, assim fala Hélder Sousa:
O Jorge Rosales faz anos…
Não conhecia o Jorge Rosales.
Sou um bocadito mais novo (pouco, é certo, mas ainda assim, mais novo), não vivia na Linha.
E, de repente, por via da Guiné, por via do facto de algures no tempo termos estado ambos na Guiné, por consequência disso acompanharmos o Blogue que em tão boa hora o Luís Graça entendeu fazer, alguns dos nossos passos acabaram por se cruzar. Era inevitável.
Mas isso foi facilitado pelas diligências do Zé Dinis que, aquando da nossa surtida a Peniche, para aquele encontro com o Vasco da Gama, me foi dando referências e mais referências sobre a excelência de carácter do Rosales. Daí que, quando o Grupo do Cadaval se reuniu nesse local, em espaço gentilmente cedido pelo Belarmino, tendo em vista a discussão do que haveria a fazer para concretizar a missão a que nos tínhamos proposto, no âmbito do Blogue, de facilitar o dar à estampa da famosa “História de Portugal em Sextilhas” do nosso camarada Maia, o Rosales aparece-me pela primeira vez de corpo inteiro.
É justo que diga que foi fácil, foi imediata a criação de empatia, não estivéssemos ali irmanados num único e mesmo propósito. O Rosales convenceu-me logo da sua disposição incondicional para colaborar na medida das suas possibilidades e capacidades com tudo o que era necessário fazer. E tudo isto com modos serenos, tranquilos, emanando uma grande firmeza de decisões.
Hoje é o seu dia de aniversário e à semelhança do que aqui se tem feito, é oportuno deixar umas palavras sobre o que dele pensamos.
Por mim, o melhor possível!
Amigo, solidário, companheiro, firme. Dá gosto contá-lo como amigo!
Parabéns!
Hélder Sousa
6. Os editores também têm que fazer valer os seus direitos para que a homenagem fique completa. Assim somos a dizer:
Caro Rosales, atravessaste as portas virtuais da nossa Tabanca em Junho de 2009*. Daí para cá, graças à tua simpatia e carácter, conquistaste verdadeiros amigos entre a tertúlia. (Ponho só algumas reticências nas palavras do Zé Dinis, lá no fundo deve haver recalcamentos de infância, porque parece teres gostado de molhar a sopa, ou seja dar uns caldinhos, no puto. Esperemos que esteja a ser sincero e já te tenha perdoado. Pelo sim pelo não, tem algum cuidado, é que ele agora é mesmo grande).
Face ao que acima disseram de ti, resta-nos desejar-te o melhor da vida para os próximos 30 anos. Chegados lá, veremos como será o teu futuro. Passa um alegre dia de anos junto da família e dos amigos, sempre, mas sempre com a melhor saúde, algum dinheiro para gastos e o indispensável amor. Afinal um homem de pouco precisa para ser feliz, está mesmo ao alcance da mão.
Caro Jorge, recebe um abraço de amizade destes teus mais de 450 amigos e camaradas.
Pela Tertúlia e pelos editores
Carlos Vinhal
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 9 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4488: Tabanca Grande (151): Jorge Rosales, ex-Alf Mil, Porto Gole, 1964/66, grande amigo do Cap 2ª linha Abna Na Onça
Vd. último poste da série de 4 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7078: Parabéns a você (160): Artur Conceição, ex-Soldado de TRMS da CART 730, (Guiné, 1965/67) (Tertúlia / Editores)
Para nos ajudar nesta árdua tarefa, tivemos alguns voluntários que enviaram os seus textos, além da colaboração plástica do nosso designer gráfico privativo, Miguel Pessoa.
Postal ilustrado: Miguel Pessoa (2010)
Os textos, da responsabilidade exclusiva dos seus autores, seguem-se pela ordem de chegada ao Blogue
1. De Buarcos, Vasco da Gama
Jorge Rosales, este também um grande Homem e um muito bom Amigo, penso que o último a chegar ao “Bando do Cadaval”.
Conheci-o no dia em que o nosso Belarmino nos franqueou as suas portas para uma reunião onde conseguimos dar vida a um projecto que há algum tempo nos prendia a atenção.
Discutia-se a questão monetária, pois era necessário adiantar dinheiro à editora, cada um de nós facultara o possível e logo o Rosales emprestou o que faltava, sem discursos bacocos, sem pergunta alguma, sem conhecer o autor e alguns de nós.
Não foi a quantia que ele disponibilizou, mas sim a forma autêntica, genuína, leal, sincera como o fez, que me mostrou estar em presença de um ser humano de primeira apanha como felizmente venho tendo a oportunidade de constatar nos encontros que vamos tendo ou nas conversas telefónicas que vamos mantendo. De todos nós, ele apenas conhecia o José Dinis mas de imediato, sem vacilar, estava integrado no Bando.
Homem de farda amarela, com muitos anos de África e outros tantos de jogador de futebol do Estoril Praia, com uma passagem muito rápida pela Académica de Coimbra, (as tricanas não o deixavam concentrar) cativa de imediato quem o conhece.
Aliás, a malta da Guiné e em particular a nossa Tabanca Grande tem isto: não nos conhecemos e ao fim de duas horas somos amigos de e para toda a vida.
Com o Jorge não são necessárias duas horas, bastam dois minutos!
Aqui vos deixo duas fotografias do nosso querido Jorge Rosales.
A primeira, na Guiné em 1964 de calça de camuflado moderno(?) em Porto Gole; a segunda, na minha companhia, para vos mostrar o “cabedal” e a disposição natural para o bem do nosso aniversariante de hoje e já agora, mostrar também como esse grande escultor que é o tempo transforma em quarenta e quatro anos (para melhor) um combatente da Guiné.
Do meu Buarcos lindo te envio votos de muitas felicidades neste dia e nos outros todos, manifestando-te a minha amizade e agradecendo-te por seres meu amigo.
Vasco A. R. da Gama
2. Do Zé Brás recebemos estas palavras:
O Jorge nasceu adiantado à verdadeira ideologia da bola.
Jogou pela camisola e por ela ganhou e perdeu.
Perdeu algum tempo, talvez, porque mais ganharia pontapeando a dignidade.
Contudo, aguentou, cerrou o dente e manteve o direito à altivez.
E é nessa postura de jogador limpo que o vemos hoje na esperança de continuar a vê-lo marcar o seu golito e a receber os nossos parabéns por mais esta vitória.
Eu, guarda das redes antigas, me junto aqui confessando a minha admiração plena.
José Brás
3. O Belarmino Sardinha também botou faladura assim:
Uma vez mais o Comandante dá o disparo da partida para a partida que todos queremos pregar ao Rosales neste dia do seu aniversário.
Podia começar por sublinhar tudo o que o Vasco já escreveu, mas ficava o texto riscado e era uma pena.
O Rosales, com a sua farda amarela é, para mim, quase como o padrão dos descobrimentos, tal o tempo que mediou entre a passagem dele e a minha por aquelas paragens. Ele esteve no início e eu no fim.
Conheci o Rosales tal como o Vasco, mas de imediato se estabeleceu uma relação que foi como se nos conhecêssemos há décadas e tivéssemos partilhado o mesmo espaço e ao mesmo tempo na Guiné.
O importante, contudo, é ele ser como é, estar sempre disponível para partilhar com os outros as preocupações e as causas, sejam elas quais forem desde que perspectivem uma melhoria.
É de facto bom podermos contar com amigos como o Rosales. Obrigado Rosales por sermos amigos.
Que este seja apenas mais um dia feliz dos muitos que esperamos poder ainda partilhar contigo.
Um grande abraço de parabéns.
BS
4. Da Linha, do Zé Dinis, chegou este texto
Camaradas,
Sei da existência do Jorge Rosales desde os meus dez anos, pois frequentámos a ESSA, embora ele já com algum avanço. Mas o irmão dele, o Zé, esse foi da minha turma, e corria para os campos de futebol nos intervais das aulas. Eu dividia-me entre o ténis, o futebol e, mais raramente, o voley. O Jorge, hoje felicitado por meio mundo, não me passava cavaco. Nem me lembro de ele me ter arriado, como é seu (dele) costume gabar-se. Mas eu, puto, ainda beneficiei, sofri, e voltei a beneficiar, por ter sido confundido como irmão do Rola, considerado o melhor futebolista da escola (o Jorge já andava no estrelato). Mais tarde, já ele tinha prestígio consolidado no Estoril Praia, e jogámos contra, porque a minha equipe, os putos do CAC (Clube Académico de Cascais) íamos lá pôr à prova as capacidades daqueles tratores (este "c" de tratores deixei-o na nova convenção sobre a língua portuguesa). Quem ganhava, perguntarão vocências. Pois encaminho a pergunta para o festejado.
Coisas da vida: o irmão raramente o via, e ao Jorge encontrei-o muito recentemente.
No almoço da Ortigosa do ano passado, vi sentado, com aquele sorriso fininho, um gajo forte a quem tratavam por Rosales. A ampliação era grande. Mesmo assim arrisquei e fiz uma pergunta parva:
- És o Rosales? O vaidoso que está a abrir as prendas, retorquiu que sim. Mas a dúvida persistia: - O do Estoril? Ombre! claro que sim!
A partir desse acontecimento notável, em que dois caminheiros da velhice se encontraram ao fim de quarenta anos, sem rancores, nem outras mazelas que travassem o conhecimento, passei a sentir-me favorecido e protegido pelo homenageado, na medida em que ele tem tido uma carreira apoteótica, e já alcançou o posto de Comandante. Claro, porque o posto lhe confere poder, já levei alguns caldos a que sorrio para não lhe desenvolver a raiva.
Depois? Bem, depois disso vocês têm acompanhado o Rosales como eu, e não precisam de influências regionais para lhe atribuírem muito boa nota.
Parabéns Camarada, e que tenhas muitas alegrias por muitos e bons anos.
Embaraços fraternos, que isto de nos chegarmos todos ao festejado, pode dar confusão.
JD
5. Da outra banda, assim fala Hélder Sousa:
O Jorge Rosales faz anos…
Não conhecia o Jorge Rosales.
Sou um bocadito mais novo (pouco, é certo, mas ainda assim, mais novo), não vivia na Linha.
E, de repente, por via da Guiné, por via do facto de algures no tempo termos estado ambos na Guiné, por consequência disso acompanharmos o Blogue que em tão boa hora o Luís Graça entendeu fazer, alguns dos nossos passos acabaram por se cruzar. Era inevitável.
Mas isso foi facilitado pelas diligências do Zé Dinis que, aquando da nossa surtida a Peniche, para aquele encontro com o Vasco da Gama, me foi dando referências e mais referências sobre a excelência de carácter do Rosales. Daí que, quando o Grupo do Cadaval se reuniu nesse local, em espaço gentilmente cedido pelo Belarmino, tendo em vista a discussão do que haveria a fazer para concretizar a missão a que nos tínhamos proposto, no âmbito do Blogue, de facilitar o dar à estampa da famosa “História de Portugal em Sextilhas” do nosso camarada Maia, o Rosales aparece-me pela primeira vez de corpo inteiro.
É justo que diga que foi fácil, foi imediata a criação de empatia, não estivéssemos ali irmanados num único e mesmo propósito. O Rosales convenceu-me logo da sua disposição incondicional para colaborar na medida das suas possibilidades e capacidades com tudo o que era necessário fazer. E tudo isto com modos serenos, tranquilos, emanando uma grande firmeza de decisões.
Hoje é o seu dia de aniversário e à semelhança do que aqui se tem feito, é oportuno deixar umas palavras sobre o que dele pensamos.
Por mim, o melhor possível!
Amigo, solidário, companheiro, firme. Dá gosto contá-lo como amigo!
Parabéns!
Hélder Sousa
6. Os editores também têm que fazer valer os seus direitos para que a homenagem fique completa. Assim somos a dizer:
Caro Rosales, atravessaste as portas virtuais da nossa Tabanca em Junho de 2009*. Daí para cá, graças à tua simpatia e carácter, conquistaste verdadeiros amigos entre a tertúlia. (Ponho só algumas reticências nas palavras do Zé Dinis, lá no fundo deve haver recalcamentos de infância, porque parece teres gostado de molhar a sopa, ou seja dar uns caldinhos, no puto. Esperemos que esteja a ser sincero e já te tenha perdoado. Pelo sim pelo não, tem algum cuidado, é que ele agora é mesmo grande).
Face ao que acima disseram de ti, resta-nos desejar-te o melhor da vida para os próximos 30 anos. Chegados lá, veremos como será o teu futuro. Passa um alegre dia de anos junto da família e dos amigos, sempre, mas sempre com a melhor saúde, algum dinheiro para gastos e o indispensável amor. Afinal um homem de pouco precisa para ser feliz, está mesmo ao alcance da mão.
Caro Jorge, recebe um abraço de amizade destes teus mais de 450 amigos e camaradas.
Pela Tertúlia e pelos editores
Carlos Vinhal
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 9 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4488: Tabanca Grande (151): Jorge Rosales, ex-Alf Mil, Porto Gole, 1964/66, grande amigo do Cap 2ª linha Abna Na Onça
Vd. último poste da série de 4 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7078: Parabéns a você (160): Artur Conceição, ex-Soldado de TRMS da CART 730, (Guiné, 1965/67) (Tertúlia / Editores)
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Guiné 63/74 - P7091: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (36): Desastre de viação de um T6
1. Mensagem de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 3 de Outubro de 2010:
Caro Carlos:
Embora me esteja a dirigir a ti, enviando mais uma estória para a série “A Guerra Vista de Bafata”, é também para dar conhecimento aos restantes camaradas que vão continuar a ter que me aturar com os meus escritos.
Na Tabanca de Matosinhos foram vários os camaradas que me perguntaram se tinha deixado de escrever. A estes já dei a explicação do meu silêncio temporário, aos restantes direi o que tu também já sabes: Tenho andado a preparar a publicação no Blogue, e não só, da já anteriormente anunciada estória “NA KONTRA KA KONTRA”, com quarenta e oito episódios. Porém, por motivos de ética literária, esta publicação tem que aguardar mais algum tempo.
Um abraço a todos.
Fernando Gouveia
A GUERRA VISTA DE BAFATA (36)
Desastre de viação de um T6
Há dias um amigo, a propósito das inúmeras vezes que tinha andado de avião, referia-se à perigosidade inerente a descolagens e aterragens, pois é sabido que é nestas situações que acontecem mais desastres. Pessoalmente, nunca tinha pensado nas muitas vezes que já andei nas mais diferentes aeronaves. Verifiquei que foram muitas mais do que as que eu supunha, contribuindo para isso as viagens para, e na, Guiné.
Resolvi fazer uma lista das vezes que levantei voo. Os dois últimos voos foram entre Portugal e a Guiné. Pelo meio ficam muitas viagens para diversos lugares e, inclusivamente, um voo de parapente no Brasil. Diga-se de passagem que a primeira experiência de voo foi em Bragança, quando tinha dezoito anos, num biplano velhíssimo que não ultrapassava os duzentos quilómetros por hora.
Mas fixando-me na Guiné e concretamente no Comando de Agrupamento de Bafata, onde estive dois anos, referirei que para além da minha principal actividade, ligada às Informações, também tinha entre outras, a função de contactar os pilotos que chegavam e de os encaminhar para os locais das refeições ou de pernoita, para o Esquadrão de Cavalaria, ali ao lado, ou para a sede do Batalhão, pois no Agrupamento não havia condições para isso.
Por essa razão tive oportunidade de voar de Dakota, de DO e de helicóptero, em RVIS, ou quando tinha de ir a Bissau por qualquer motivo.
Não posso deixar também de referir as vezes que voei de “Eron”. Um quadrimotor civil, que por vezes utilizei em viagens de férias, quando falhava o Dakota. Lembro-me que uma vez, já o avião no fundo da pista para levantar, o motor, roncou, roncou e o piloto, achando que o avião não estava em condições, mandou sair todo o pessoal mais os animais que lá iam e partiu para Bissau vazio. Tive que pedir um táxi aéreo da capital, que julgo ter sido um “Cessna”.
Ainda sobre o “Eron”, só há pouco tempo, quando falava com o António Pimentel sobre este avião, desconhecendo ele a sua existência na Guiné, soube uma coisa interessante. Para tirar a limpo a existência ou não desse avião resolveu telefonar a um seu amigo que tinha sido piloto da aviação civil nesse tempo, na Guiné. Quarenta anos depois ambos ficámos a saber que o dito “Eron” pertencia a uma “companhia” de aviação cujo dono era Moisés Tchombé.
Mas voltando ao título desta crónica. Ao contrário de muita gente, sempre gostei de andar lá em cima. Na Guiné tentei voar o máximo que pude. De “Fiat” nunca me passou pela cabeça voar, tanto mais que não pousavam em Bafatá, mas de T6, isso sim. Um belo dia chega um T6 com um piloto “porreiraço”. Como era minha obrigação fui à pista para lhe dar apoio. A primeira coisa que me pergunta é se não tinha ouvido um rebentamento minutos antes de ele chegar, pois faltava-lhe uma bomba, daquelas de 50kg que traziam debaixo das asas. Disse-lhe que não e ele achou que tinha sido muito antes que lhe tinha caído a bomba. Adiante. Conversa puxa conversa e, como eu estava a precisar de ir a Bissau, perguntei-lhe se me levava, a mim e a um saco pequeno. Resposta afirmativa, que não havia problema.
Ia voar num T6.
Quando os pilotos passavam a noite em Bafatá e os aviões ficavam na pista era necessário destacar um grupo de militares para fazer a sua segurança. Porém, muitas vezes para obviar a isso, os pilotos levavam os aviões da pista até junto das portas de armas do Esquadrão de Cavalaria e do Agrupamento, ao longo de um caminho de uns trezentos metros não sendo pois necessário segurança suplementar, além da habitual à porta de armas.
Foi o que aconteceu nesse fim de dia. Roncando lá veio o T6 pelo caminho em direcção ao local de pernoita. Fosse pelo escurecer do fim de tarde, ou pela falta de visibilidade a partir do “cockpit” o que aconteceu foi que o piloto enfiou uma roda do avião num boeiro do caminho, batendo com a ponta da asa no chão.
Tiveram que vir mecânicos de Bissau consertar o aparelho e lá se foi a única oportunidade que tive de voar numa autêntica relíquia da aeronáutica.
Fernando Gouveia
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 1 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6668: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (35): Diário da ida à Guiné - 17/03/2010 - Dia catorze
Caro Carlos:
Embora me esteja a dirigir a ti, enviando mais uma estória para a série “A Guerra Vista de Bafata”, é também para dar conhecimento aos restantes camaradas que vão continuar a ter que me aturar com os meus escritos.
Na Tabanca de Matosinhos foram vários os camaradas que me perguntaram se tinha deixado de escrever. A estes já dei a explicação do meu silêncio temporário, aos restantes direi o que tu também já sabes: Tenho andado a preparar a publicação no Blogue, e não só, da já anteriormente anunciada estória “NA KONTRA KA KONTRA”, com quarenta e oito episódios. Porém, por motivos de ética literária, esta publicação tem que aguardar mais algum tempo.
Um abraço a todos.
Fernando Gouveia
A GUERRA VISTA DE BAFATA (36)
Desastre de viação de um T6
Há dias um amigo, a propósito das inúmeras vezes que tinha andado de avião, referia-se à perigosidade inerente a descolagens e aterragens, pois é sabido que é nestas situações que acontecem mais desastres. Pessoalmente, nunca tinha pensado nas muitas vezes que já andei nas mais diferentes aeronaves. Verifiquei que foram muitas mais do que as que eu supunha, contribuindo para isso as viagens para, e na, Guiné.
Resolvi fazer uma lista das vezes que levantei voo. Os dois últimos voos foram entre Portugal e a Guiné. Pelo meio ficam muitas viagens para diversos lugares e, inclusivamente, um voo de parapente no Brasil. Diga-se de passagem que a primeira experiência de voo foi em Bragança, quando tinha dezoito anos, num biplano velhíssimo que não ultrapassava os duzentos quilómetros por hora.
Mas fixando-me na Guiné e concretamente no Comando de Agrupamento de Bafata, onde estive dois anos, referirei que para além da minha principal actividade, ligada às Informações, também tinha entre outras, a função de contactar os pilotos que chegavam e de os encaminhar para os locais das refeições ou de pernoita, para o Esquadrão de Cavalaria, ali ao lado, ou para a sede do Batalhão, pois no Agrupamento não havia condições para isso.
Por essa razão tive oportunidade de voar de Dakota, de DO e de helicóptero, em RVIS, ou quando tinha de ir a Bissau por qualquer motivo.
Não posso deixar também de referir as vezes que voei de “Eron”. Um quadrimotor civil, que por vezes utilizei em viagens de férias, quando falhava o Dakota. Lembro-me que uma vez, já o avião no fundo da pista para levantar, o motor, roncou, roncou e o piloto, achando que o avião não estava em condições, mandou sair todo o pessoal mais os animais que lá iam e partiu para Bissau vazio. Tive que pedir um táxi aéreo da capital, que julgo ter sido um “Cessna”.
Ainda sobre o “Eron”, só há pouco tempo, quando falava com o António Pimentel sobre este avião, desconhecendo ele a sua existência na Guiné, soube uma coisa interessante. Para tirar a limpo a existência ou não desse avião resolveu telefonar a um seu amigo que tinha sido piloto da aviação civil nesse tempo, na Guiné. Quarenta anos depois ambos ficámos a saber que o dito “Eron” pertencia a uma “companhia” de aviação cujo dono era Moisés Tchombé.
Mas voltando ao título desta crónica. Ao contrário de muita gente, sempre gostei de andar lá em cima. Na Guiné tentei voar o máximo que pude. De “Fiat” nunca me passou pela cabeça voar, tanto mais que não pousavam em Bafatá, mas de T6, isso sim. Um belo dia chega um T6 com um piloto “porreiraço”. Como era minha obrigação fui à pista para lhe dar apoio. A primeira coisa que me pergunta é se não tinha ouvido um rebentamento minutos antes de ele chegar, pois faltava-lhe uma bomba, daquelas de 50kg que traziam debaixo das asas. Disse-lhe que não e ele achou que tinha sido muito antes que lhe tinha caído a bomba. Adiante. Conversa puxa conversa e, como eu estava a precisar de ir a Bissau, perguntei-lhe se me levava, a mim e a um saco pequeno. Resposta afirmativa, que não havia problema.
Ia voar num T6.
Quando os pilotos passavam a noite em Bafatá e os aviões ficavam na pista era necessário destacar um grupo de militares para fazer a sua segurança. Porém, muitas vezes para obviar a isso, os pilotos levavam os aviões da pista até junto das portas de armas do Esquadrão de Cavalaria e do Agrupamento, ao longo de um caminho de uns trezentos metros não sendo pois necessário segurança suplementar, além da habitual à porta de armas.
Foi o que aconteceu nesse fim de dia. Roncando lá veio o T6 pelo caminho em direcção ao local de pernoita. Fosse pelo escurecer do fim de tarde, ou pela falta de visibilidade a partir do “cockpit” o que aconteceu foi que o piloto enfiou uma roda do avião num boeiro do caminho, batendo com a ponta da asa no chão.
O T6 em que não cheguei a voar
Tiveram que vir mecânicos de Bissau consertar o aparelho e lá se foi a única oportunidade que tive de voar numa autêntica relíquia da aeronáutica.
Fernando Gouveia
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 1 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6668: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (35): Diário da ida à Guiné - 17/03/2010 - Dia catorze
Guiné 63/74 - P7090: Blogoterapia (159): Paradoxo e uma Orquídea (Torcato Mendonça)
Como é possível, um militar e graduado, operacional, praticante da “arte” da guerra e paradoxalmente detestá-la, não acreditar nela, ir quase ao desespero por nela continuar? Que transformação sofreu?
Ou, hoje, tantos anos depois, questionar-se do porquê de aqui escrever, recordar, engolir em seco ou em amargo de boca depois de ler certos textos e comentários?
Que o leva, a ele e a outros. O sentirem o camarada, o amigo, a solidariedade de forma tão intensa, de forma ou de tal forma que, de quando em vez sinta a “espinha da posta de pescada” – na frase feliz de um excelente camarada, melhor de um duplo camarada, que eu concordo e, por isso mesmo lha roubo – e retira-a, a dita espinha claro, não em protesto mas em sorriso?
Malhas que o Império tece ou, camarada, amigo é algo indefinível ou só se tenta definir em palavras ditas e bem ditas mas, isso sim, principalmente ou sempre, se praticam na convivência salutar de um quotidiano que outrora foi risco de vida, união forte e hoje, agora, é recordação de amizade e convivência a divergir para, convenhamos, quase sempre, a convergir mais forte, mais una, mais tudo o que só certos homens (homens e mulheres) têm o privilégio de sentir. Mesmo no conhecimento só através da Net, da conversa ao telefone, do fugaz encontro de um almoço, de um abraço breve mas caloroso – no encontro, para minoria semanal e para a maioria anual.
Pode efectivamente ter havido a tal metamorfose, a tal “lavagem ao cérebro” – forte o conceito – a que o treino, e bem, obrigou.
A tal união, a tal força, a amizade e camaradagem é, mais reforçada ainda, para os que entraram em combate ou estiveram em zonas de guerra, ou mais ainda se viveram perigos juntos.
Talvez tudo isto e um “ramo de rosas”. Não. Nem rosas, nem cravos devido a hipotética analogia bacoca. Digamos então… orquídeas.
Por isso Paro, Escuto e Olho.
Não.
Paro, Leio e Penso.
Concordo, discordo, gosto, não gosto e faço compasso de espera. Esqueço de pronto tolos e petulantes e vou caminhando, agora, na rota do voo outonal das aves. Porque não ao correr de uma agradável dose de loucura.
E,
Talvez, porque não, ofereça então uma orquídea a alguém.
************
Em tempo:
- A guerra é, como tudo na vida, como uma moeda tem o verso e o reverso. Uns estão num lado e outros no outro. Uns são amigos, camaradas e outros, que o são igualmente, tornam-se ambos, em troca de verso e reverso, em inimigos. No mais brutal e desumano comportamento do ser humano tentam, uns e outros eliminarem-se.
Simples e primário. Pode eventualmente haver excesso, não de zelo mas de deformação. São excepções. Lastimável é certo.
Mas o normal acontece. Guerra é guerra e o inimigo é abatido. Por quem? Que interessa isso. Acontece. Camarada não transportes esse farto como um mal. Deixa e vai esquecendo pois não há qualquer imoralidade. No acto, nesse que te preocupa, eventualmente quantas vidas de camaradas salvaste?
TM
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 4 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6929: Parabéns a você (147): Torcato Mendonça, 66 anos, uma referência do nosso blogue, um português pré-esforçado, um orgulhoso ex-combatente (Luís Graça)
Vd. último poste da série de 21 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7021: Blogoterapia (158): A Nossa Pátria (Juvenal Amado)
Guiné 63/74 - P7089: (In)Citações (10): Vídeos produzidos pela AD - Acção para o Desenvolvimento na área do Ambiente e Desenvolvimento (Pepito)
Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desevolvimento > Foto da semana >
Título da foto: Vamos Produzir Sal de Qualidade! > Data da foto: 23 de Abril de 2010 > Data de publicação: 10 de Julho de 2010 >Palavras-chave: Tecnologias amigas do ambiente
Legenda: As mulheres de Barro [ na região de Cacheu,] as melhores produtoras de sal do país, começam a abandonar as suas técnicas antigas e a aderir a formas de produção mais rápidas, que exigem menos esforço físico e que valorizam os recursos naturais em vez de os castigar.
O sistema tradicional baseia-se na “cozedura” da água salgada através de fogões de três pedras altamente consumidores de lenha, que as mulheres têm de ir buscar a longas distâncias, cada vez mais longe devido ao desaparecimento do mato.
Agora, elas estendem no solo que nivelam uma folha de plástico escuro, deitam uma camada de água salobra, vão à sua vida e cinco horas depois regressam para fazer a colheita de sal.
Foto (e legenda): © AD - Acção para o Desenvolvimento (2010) (com a devida vénia...)
1. Dos nossos amigos da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau:
Data: 6 de Outubro de 2010
Assunto: Acesso a Videos produzidos pela AD
Caros Amigos:
A partir de hoje podem aceder a curtos videos produzidos pela AD no nosso site (http://www.adbissau.org/), referentes ao Ambiente e Desenvolvimento, onde constatarão uma série de tecnologias amigas do ambiente que a nossa ONG vem incrementando nas zonas rurais onde intervém:
(i) Produção solar de flôr de sal (vídeo: 9' 01''; em francês, Sel solaire; vídeo: 9' 00''; em crioulo, Sal solar) (Maio de 2010)
Caros Amigos:
A partir de hoje podem aceder a curtos videos produzidos pela AD no nosso site (http://www.adbissau.org/), referentes ao Ambiente e Desenvolvimento, onde constatarão uma série de tecnologias amigas do ambiente que a nossa ONG vem incrementando nas zonas rurais onde intervém:
(i) Produção solar de flôr de sal (vídeo: 9' 01''; em francês, Sel solaire; vídeo: 9' 00''; em crioulo, Sal solar) (Maio de 2010)
~ (ii) Construção de fogões melhorados (vídeo: 4' 18''; em francês: Foyer amélioré; vídeo: 4' 26''; em crioulo, Fogão Melhorado) (Maio de 2010)
(iii) Fumagem de ostras (vídeo: 5' 01''; em crioulo; Transformação e conservação de ostra) (Maio de 2010)
(iv) Repovoamento do mangal (vídeo: 3' 18''; em francês, Reboisement de la Mangrove; vídeo: 3' 26''; em crioulo: Repovoamento de Tarrafe (Maio de 2010).
Os filmes são produzidos pelas duas televisões comunitárias ligadas à AD, Klélé em Bissau e Bagunda em S. Domingos.
Em breve serão abertas novas rúbricas:
- Saúde e Higiene
- Itinerários Técnicos Agrícolas
- Transformação de Produtos
Cumprimentos
Carlos Schwarz
Director Executivo da AD
____________Nota de L.G.:
Último poste desta série > 21 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7016: (In)citações (9): Rosinha, preservemos o que temos de melhor em comum, na história das relações entre os nossos povos: a língua, os fortes laços afectivos (Nelson Herbert)
Guiné 63/74 – P7088: FAP (54): O papel da Força Aérea na Guiné nos anos de 1972 e 1973 (Gil Moutinho)
1. Mensagem de Gil Moutinho, ex-Fur Mil Pilav, BA12 (Guiné, 1972/73), com data de 26 de Setembro de 2010:
Caro Carlos Vinhal e Luís Graça
Como já tinha este texto pronto, envio-vos e se acharem conveniente ou não, podeis juntar à minha apresentação
Será muita informação junta?
Achei oportuno, dar uma ideia breve e resumida do papel da Força Aérea, na Guiné, nos anos 72/73, na minha óptica de Piloto Miliciano (furriel no meu caso), pois amiúde, me questionam o porquê de termos deixado de voar no período pós-Strellas.
Assim mesmo, com estas palavras. Claro que contesto veementemente pois está totalmente errada a ideia que têm e explico porquê.
PAPEL DA FORÇA AÉREA NOS ANOS DE 1972 E 1973
1- Até Março /Abril de 1973, o espaço aéreo da Guiné estava por nossa conta,não havendo grande oposição do IN, salvo em alguns pontos fronteiriços onde tínhamos alguns cuidados para não passar para o lado de lá, pois podíamos ser abonados. Houve alguns casos de atingidos por armas ligeiras sem grandes danos.
Cada tipo de aeronave e respectiva tripulação tinha as missões determinadas em função das suas vocações e especificidades.
O Nordatlas e o Dakota prioritariamente tranportava tropas e carga em volume elevado,também evacuações em que se justificava o seu uso e sempre só em meia dúzia de pistas no TO.
Os Fiat’s faziam apoios de fogo, a aquartelamentos que fossem abonados, bombardeamentos em zonas pré-determinadas, reconhecimentos visuais complementados por fotografia e só a presença no ar era dissuadora.
Os helicópteros eram fundamentais na guerrilha, principalmente em operações no terreno, com colocação de tropas, a sua recolha, evacuação de feridos, etc. e então o heli-canhão era terrivelmente eficaz no apoio às tropas no terreno, sendo temidos pelo IN e benvindos pela NT.
Também partilhavam os tranportes de pessoas, carga geral e evacuados, com os DO’s, principalmente em aquartelamentos sem pista.
Os mesmos DO’s, tinham algumas dezenas de pistas onde aterravam, todas diferentes e com as suas limitações operacionais, quase todas em terra batida, com inclinações, com curvas, árvores na entrada ou saída, animais, a terminar na fronteira (caso de Buruntuma onde aterrávamos e descolávamos sempre para o mesmo lado não interessando a força e direcção do vento) etc. e onde levávamos cargas diversas, tropas correio (sempre muito apreciado) etc. e as evacuações sempre que solicitado, tanto de tropas como civis.
Também fazíamos reconhecimentos visuais e de Posto de Comando Aéreo em apoio de operações em curso no terreno com chefia de graduados do Exercito, armados por vezes com dois ninhos de foguetes de 37mm para apoio imediato às mesmas.
Um T6 em Cufar
Os T6, armados com vários tipos de bombas, de fragmentação, demolição e outras, executavam missões de Bombardeamento em pré preparação de operações, demantelamento de estruturas controladas pelo IN ou em zonas previamente declaradas, por um período de tempo, como de intervenção.
Armados com foguetes (72 divididos em dois ninhos de 36, um em cada asa)dávamos apoio a colunas em permanência no ar ou aterrados numa pista próxima e em alerta máximo. Também acompanhávamos navios da Marinha permanecendo no ar até terminar o trajeto. Lembro-me do percurso entre o Geba largo até Xime.
É difícil descrever todas as missões que se executavam no TO, a memória também não está fresca.
2-Depois de Abril de 73 alteraram-se algumas coisas.
A História dos Strellas já foi descrita e dissecada suficientemente.
Quando foi abatido o Ten. Pessoa, sendo o primeiro, não tínhamos noção alguma de que arma seria e muito menos das suas características, o que nos ajudaria nas contramedidas. Nesse mesmo dia, fui um dos primeiros a fazer buscas pois estava em Aldeia Formosa noutra missão, a acompanhar a coluna de Buba para Aldeia.
Tendo sido alvejado com um primeiro míssel, e tendo escapado (ainda não tenho explicação) e o asa da parelha Fur. Carvalho alvejado com mais 2 a 4 mísseis em tiro directo, nunca seria atingido pois os rastos dos mísseis eram bastante visíveis, e isso é que foi importante pois pela primeira vez já se adivinhava que não era uma mera arma convencional, apesar de já ter havido um ou dois episódios anteriores sem consequências e até se atribuíram a outra armas.
A esta distância no tempo, penso, que nesse dia, por precipitação, inesperiência ou azelhice, esgotaram o stock de mísseis existente para os tempos que se seguiram, pois no mesmo dia os ares de Guileje e arredores foram sobrevoados por variadas aeronaves nas buscas do Pessoa, a altitudes de morte certa, e mais nenhuma foi alvejada.
O que foi observado nesse dia foi descrito no respectivo relatório de voo, obrigatório em todas as missões.
Até ao abate do Ten. Cor. Brito, nosso Chefe Operacional, não houve alterações significativas dos procedimentos de voo, não tínhamos informações seguras de que arma e as suas características, para proceder conforme.
Houve a hecatombe do dia 6 de Abril, na zona de Guidaje, onde foram abatidas três aeronaves, tendo morrido as tripulações e passageiros, Maj. Mantovani, Fur’s. Baltazar e Ferreira como pilotos.
Nos dias imediatos (2 dias?), com a morte de uma grande percentagem, num pequeno universo de pilotos na Guiné e aeronaves abatidas, sem sabermos com rigor qual a arma, as suas características, que contramedidas adoptar, em choque, e porque não éramos “Kamikase”, paramos para análise da situação e para definição das estratégias a executar. Estavam em questão a nossa segurança, eventuais passageiros e das aeronaves.
A partir destas datas, houve alterações significativas nos procedimentos e parâmetros de voo.
Parelha de T6
Os bombardeamentos de Fiat e T6 passaram a ser feitos a altitudes superiores às habituais o que lhe retirou alguma precisão.
Houve a recomendação para evitar a altitude de voo entre os ~50 pés (~15 a 20m) e os ~7500 pés (~2500m), pois eram os parâmetros de eficácia dos Strellas. Os hélis continuaram em altitudes baixas (a rapar) pois não precisavam de alguma altitude para aterrar. Nos DO’s, inicialmente subíamos em espiral à vertical das pistas, até atingir a altitude de segurança, e descíamos à vertical dos destinos. Rapidamente abandonamos esse procedimento, pois com cargas máximas, temperaturas elevada do ar e dos motores e com uma demora de 30 minutos a atingir a altitude, já apareciam alguns problemas técnicos, e começamos a rapar as bolanhas e os rios.
Aqui quando a experiência e conhecimentos do terreno eram verdes poderia haver problemas de navegação e na época seca a visibilidade também era escassa.
Nesta modalidade, as comunicações com a Sala de Operações da BA12 (Marte era o indicativo) tornaram-se difíceis e resolveu-se o problema pondo T6 no ar a altitudes elevadas que faziam ponte às comunicações com as aeronaves que andavam a rapar.
Do início de Abril de 1973 ao início de Julho não voei, entre 2 meses inoperacional, às custas de um acidente em 2 rodas e 1 mês de férias. Contudo prestei serviço de terra na sala de operações com o control das aeronaves no ar.
De Julho ao fim do ano, quando terminei a comissão, ainda fiz 161 vôos operacionais em T6 e DO’s o que perfez cerca de 215 horas de voo.
Daqui se conclui que o ritmo operacional se manteve, mesmo com a presença das novas armas no TO, com alterações dos parâmetros de voo e condicionalismos de alguns locais.
De realçar o desempenho de toda a equipa de Especialistas, das diversas áreas, que nos colocavam os aviões operacionais com todo o profissionalismo e competência.
Também as Enfermeiras Pára-quedistas que nos acompanhavam, com abnegação e profissionalismo, em inúmeras evacuações merecem o nosso reconhecimento e carinho.
Resumindo, a Força Aérea continuou a voar.
Tentei resumir, muito fica por dizer, outros podem dar a sua achega e corrigir-me, posso falhar nos pormenores e a memória não é eterna.
Gil Moutinho
Fur Pil Mil. T6’s e DO’s
1972/73
Guiné
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 30 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7060: Tabanca Grande (246): Gil Moutinho, ex-Fur Mil Pil Av, BA12 (Guiné, 1972/73)
Vd. último poste da série de 5 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 – P7082: FAP (53): Estatística das minhas missões em DO-27 e FIAT G-91 (Miguel Pessoa)
Caro Carlos Vinhal e Luís Graça
Como já tinha este texto pronto, envio-vos e se acharem conveniente ou não, podeis juntar à minha apresentação
Será muita informação junta?
Achei oportuno, dar uma ideia breve e resumida do papel da Força Aérea, na Guiné, nos anos 72/73, na minha óptica de Piloto Miliciano (furriel no meu caso), pois amiúde, me questionam o porquê de termos deixado de voar no período pós-Strellas.
Assim mesmo, com estas palavras. Claro que contesto veementemente pois está totalmente errada a ideia que têm e explico porquê.
Uma vista de Bissau a partir de um T6
PAPEL DA FORÇA AÉREA NOS ANOS DE 1972 E 1973
1- Até Março /Abril de 1973, o espaço aéreo da Guiné estava por nossa conta,não havendo grande oposição do IN, salvo em alguns pontos fronteiriços onde tínhamos alguns cuidados para não passar para o lado de lá, pois podíamos ser abonados. Houve alguns casos de atingidos por armas ligeiras sem grandes danos.
Cada tipo de aeronave e respectiva tripulação tinha as missões determinadas em função das suas vocações e especificidades.
O Nordatlas e o Dakota prioritariamente tranportava tropas e carga em volume elevado,também evacuações em que se justificava o seu uso e sempre só em meia dúzia de pistas no TO.
Os Fiat’s faziam apoios de fogo, a aquartelamentos que fossem abonados, bombardeamentos em zonas pré-determinadas, reconhecimentos visuais complementados por fotografia e só a presença no ar era dissuadora.
Os helicópteros eram fundamentais na guerrilha, principalmente em operações no terreno, com colocação de tropas, a sua recolha, evacuação de feridos, etc. e então o heli-canhão era terrivelmente eficaz no apoio às tropas no terreno, sendo temidos pelo IN e benvindos pela NT.
Também partilhavam os tranportes de pessoas, carga geral e evacuados, com os DO’s, principalmente em aquartelamentos sem pista.
Os mesmos DO’s, tinham algumas dezenas de pistas onde aterravam, todas diferentes e com as suas limitações operacionais, quase todas em terra batida, com inclinações, com curvas, árvores na entrada ou saída, animais, a terminar na fronteira (caso de Buruntuma onde aterrávamos e descolávamos sempre para o mesmo lado não interessando a força e direcção do vento) etc. e onde levávamos cargas diversas, tropas correio (sempre muito apreciado) etc. e as evacuações sempre que solicitado, tanto de tropas como civis.
Também fazíamos reconhecimentos visuais e de Posto de Comando Aéreo em apoio de operações em curso no terreno com chefia de graduados do Exercito, armados por vezes com dois ninhos de foguetes de 37mm para apoio imediato às mesmas.
Um T6 em Cufar
Os T6, armados com vários tipos de bombas, de fragmentação, demolição e outras, executavam missões de Bombardeamento em pré preparação de operações, demantelamento de estruturas controladas pelo IN ou em zonas previamente declaradas, por um período de tempo, como de intervenção.
Armados com foguetes (72 divididos em dois ninhos de 36, um em cada asa)dávamos apoio a colunas em permanência no ar ou aterrados numa pista próxima e em alerta máximo. Também acompanhávamos navios da Marinha permanecendo no ar até terminar o trajeto. Lembro-me do percurso entre o Geba largo até Xime.
É difícil descrever todas as missões que se executavam no TO, a memória também não está fresca.
2-Depois de Abril de 73 alteraram-se algumas coisas.
A História dos Strellas já foi descrita e dissecada suficientemente.
Quando foi abatido o Ten. Pessoa, sendo o primeiro, não tínhamos noção alguma de que arma seria e muito menos das suas características, o que nos ajudaria nas contramedidas. Nesse mesmo dia, fui um dos primeiros a fazer buscas pois estava em Aldeia Formosa noutra missão, a acompanhar a coluna de Buba para Aldeia.
Tendo sido alvejado com um primeiro míssel, e tendo escapado (ainda não tenho explicação) e o asa da parelha Fur. Carvalho alvejado com mais 2 a 4 mísseis em tiro directo, nunca seria atingido pois os rastos dos mísseis eram bastante visíveis, e isso é que foi importante pois pela primeira vez já se adivinhava que não era uma mera arma convencional, apesar de já ter havido um ou dois episódios anteriores sem consequências e até se atribuíram a outra armas.
A esta distância no tempo, penso, que nesse dia, por precipitação, inesperiência ou azelhice, esgotaram o stock de mísseis existente para os tempos que se seguiram, pois no mesmo dia os ares de Guileje e arredores foram sobrevoados por variadas aeronaves nas buscas do Pessoa, a altitudes de morte certa, e mais nenhuma foi alvejada.
O que foi observado nesse dia foi descrito no respectivo relatório de voo, obrigatório em todas as missões.
Até ao abate do Ten. Cor. Brito, nosso Chefe Operacional, não houve alterações significativas dos procedimentos de voo, não tínhamos informações seguras de que arma e as suas características, para proceder conforme.
Houve a hecatombe do dia 6 de Abril, na zona de Guidaje, onde foram abatidas três aeronaves, tendo morrido as tripulações e passageiros, Maj. Mantovani, Fur’s. Baltazar e Ferreira como pilotos.
Nos dias imediatos (2 dias?), com a morte de uma grande percentagem, num pequeno universo de pilotos na Guiné e aeronaves abatidas, sem sabermos com rigor qual a arma, as suas características, que contramedidas adoptar, em choque, e porque não éramos “Kamikase”, paramos para análise da situação e para definição das estratégias a executar. Estavam em questão a nossa segurança, eventuais passageiros e das aeronaves.
A partir destas datas, houve alterações significativas nos procedimentos e parâmetros de voo.
Parelha de T6
Os bombardeamentos de Fiat e T6 passaram a ser feitos a altitudes superiores às habituais o que lhe retirou alguma precisão.
Houve a recomendação para evitar a altitude de voo entre os ~50 pés (~15 a 20m) e os ~7500 pés (~2500m), pois eram os parâmetros de eficácia dos Strellas. Os hélis continuaram em altitudes baixas (a rapar) pois não precisavam de alguma altitude para aterrar. Nos DO’s, inicialmente subíamos em espiral à vertical das pistas, até atingir a altitude de segurança, e descíamos à vertical dos destinos. Rapidamente abandonamos esse procedimento, pois com cargas máximas, temperaturas elevada do ar e dos motores e com uma demora de 30 minutos a atingir a altitude, já apareciam alguns problemas técnicos, e começamos a rapar as bolanhas e os rios.
Aqui quando a experiência e conhecimentos do terreno eram verdes poderia haver problemas de navegação e na época seca a visibilidade também era escassa.
Nesta modalidade, as comunicações com a Sala de Operações da BA12 (Marte era o indicativo) tornaram-se difíceis e resolveu-se o problema pondo T6 no ar a altitudes elevadas que faziam ponte às comunicações com as aeronaves que andavam a rapar.
Do início de Abril de 1973 ao início de Julho não voei, entre 2 meses inoperacional, às custas de um acidente em 2 rodas e 1 mês de férias. Contudo prestei serviço de terra na sala de operações com o control das aeronaves no ar.
De Julho ao fim do ano, quando terminei a comissão, ainda fiz 161 vôos operacionais em T6 e DO’s o que perfez cerca de 215 horas de voo.
Daqui se conclui que o ritmo operacional se manteve, mesmo com a presença das novas armas no TO, com alterações dos parâmetros de voo e condicionalismos de alguns locais.
De realçar o desempenho de toda a equipa de Especialistas, das diversas áreas, que nos colocavam os aviões operacionais com todo o profissionalismo e competência.
Também as Enfermeiras Pára-quedistas que nos acompanhavam, com abnegação e profissionalismo, em inúmeras evacuações merecem o nosso reconhecimento e carinho.
Resumindo, a Força Aérea continuou a voar.
Tentei resumir, muito fica por dizer, outros podem dar a sua achega e corrigir-me, posso falhar nos pormenores e a memória não é eterna.
Gil Moutinho
Fur Pil Mil. T6’s e DO’s
1972/73
Guiné
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 30 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7060: Tabanca Grande (246): Gil Moutinho, ex-Fur Mil Pil Av, BA12 (Guiné, 1972/73)
Vd. último poste da série de 5 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 – P7082: FAP (53): Estatística das minhas missões em DO-27 e FIAT G-91 (Miguel Pessoa)
Guiné 63/74 - P7087: Notas de leitura (154): Etnia, Estado e Relações de Poder na Guiné-Bissau, de Carlos Lopes (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Setembro de 2010:
Queridos amigos,
O nome de Calos Lopes enquanto cientista social é incontornável no panorama das ideias da Guiné-Bissau.
Este trabalho de índole científica é de uma imaturidade e fanatismo incríveis. Não sei se o autor já repudiou o que escreveu ou se, sobretudo, clarificou a teimosia (e fatuidade) do seu pensamento na juventude.
Um abraço do
Mário
Etnia, Estado e Relações de Poder na Guiné-Bissau
Beja Santos
O ensaio “Etnia, Estado e Relações de Poder na Guiné-Bissau”, do sociólogo guineense Carlos Lopes (Edições 70, 1982), foi inicialmente apresentado em provas científicas pelo autor no Instituto Universitário de Estudos do Desenvolvimento, em Genebra e só depois publicado em língua portuguesa.
O investigador que acompanhou este trabalho justifica a sua necessidade para encontrar uma explicação que nos permita compreender como é que uma luta de libertação nacional acabou por conduzir ao controlo do poder político e económico pela burocracia do aparelho de Estado. O ensaio de Carlos Lopes, diz o investigador, é uma peça de “literatura comprometida”, faz-nos partilhar as interrogações e críticas do pesquisador o que, sem desvirtuar os rigores da investigação, acaba por ser uma originalidade em trabalhos científicos desta índole. Acresce que Carlos Lopes procurou ter em consideração as formas tradicionais dos antigos Estados Africanos no quadro da problemática actual do Estado. Comprova-se que existe um conflito entre as duas lógicas e lança-se a questão de como é que o Estado actual pode fazer-se triunfar ultrapassando-se as contradições das formas tradicionais, até da vida tribal. Nessa óptica, este texto é encarado como um simples “ponto de espera” ou uma primeira etapa de toda a tese de investigação que Carlos Lopes se propôs fazer em Genebra.
Estou convicto que no essencial Carlos Lopes, hoje um funcionário altamente credenciado das Nações Unidas, repudiará a generalidade das opiniões que aqui registou, na crítica que faz à actuação do PAIGC enquanto Partido vanguarda da Guiné-Bissau, entre a independência e os acontecimentos dilacerantes de Novembro de 1980, que levaram à ruptura na Direcção do PAIGC e à cisão Guiné – Cabo Verde.
Carlos Lopes parte da constatação de um conflito profundo entre duas formas de organização social altamente diferenciadas: a conjugação interétnica originada na luta armada e a ideologia do aparelho de Estado nascido após a independência. Foram duas lógicas que se confrontaram com resultados explosivos. Como nota introdutória, Carlos Lopes diz defender uma concepção marxista para a definição da situação a que se compromete estudar, e apela a que outros, defensores ou opositores das suas teses, continuem a apreciação que ele enceta neste esforço de análise.
Primeiro, enquadra o Estado, indo da origem dos povos guineenses, passando pela génese do movimento de libertação nacional e sintetizando as principais etapas da luta armada até ao reconhecimento jurídico efectuado em 1974.
Segundo, espraia a sua observação sobre a relação entre a etnicidade e o modo como se expressa o poder. O autor recorda que algumas etnias, caso dos Fulas e dos Mandingas, se mostraram como aliados incondicionais dos portugueses e que mais tarde participaram na construção do novo Estado. Carlos Lopes descreve minuciosamente a evolução histórica dos fulas, o sentido da sua hierarquia e contra-propõe com as inovações desencadeadas pelo factor político das regiões libertadas que, segundo o autor, teriam contagiado as etnias mais reticentes em colaborar com o PAIGC. No fundo, a colaboração prestada por algumas etnias ao colonialismo português tinha a ver com a procura de segurança na manutenção de privilégios, na perpetuação de uma economia semi-feudal e numa aliança de conveniência para que as estruturas tradicionais não fossem tocadas. O modo de produção capitalista fez uma introdução incipiente no século XIX e só encontrou estabilidade depois das chamadas guerras da pacificação. Para o autor, o Estado africano emanado do PAIGC era profundamente democrático com os seus diferentes órgãos participativos: Conselho Superior da Luta (Comité Central), Conselho de Guerra (secretariado geral) dirigido por uma comissão permanente. O partido, a partir de 1964, tinha posto em marcha estruturas administrativas dignas de um aparelho de Estado. O Governo era compósito, com cabo-verdianos e guineenses de diferentes etnias. Era a Assembleia Nacional Popular quem nomeava o conselho de Estado e o conselho dos comissários de Estado. No plano dos princípios, democracia não faltava.
Terceiro, o novo Estado foi-se deixando submergir por falhas imperdoáveis: falta de conhecimentos em matérias de administração, nepotismo e clientelismo, adopção de projectos megalómanos, lutas no interior do Partido entre aqueles que eram favoráveis à radicalização da experiência da luta e os partidários de uma solução próxima do neocolonialismo. Em escassos anos de independência, a orientação política passou a andar completamente à deriva, avançava-se e recuava-se na industrialização, abraçaram-se projectos transnacionais sem o mínimo de qualidade. A situação do camponês na Guiné-Bissau degradou-se. A ajuda exterior foi mal gerida e o comércio passou a favorecer alguns quadros partidários. A Guiné-Bissau continuou sem infra-estruturas.
Quarto, tudo conjugado, importa analisar pormenorizadamente a decadência do Partido vanguarda. Para o autor, o grande falhanço do PAIGC foi ter-se acomodado à vida da capital colonial, ter esquecido a vida dura do movimento de libertação e as experiências de uma economia autosustentada no mato. Os governos do presidente Luís Cabral passaram a privilegiar projectos favoráveis à região de Bissau e a desinteressar-se do equilíbrio inter-étnico. Carlos Lopes socorre-se de um discurso agressivo falando de dirigentes corruptos, traidores, reaccionários. Nunca questiona como é que um movimento político, ideológico e militar com as características do PAIGC mudou radicalmente de postura, mal chegou a Bissau.
Responsabiliza os antigos funcionários coloniais, atribuindo-lhes participação em tal processo deletério, sem nunca explicar quem eram tais antigos funcionários coloniais. O militantismo relaxou-se e a mobilização das massas desapareceu. Carlos Lopes recomenda que se volte a analisar a obra de Amílcar Cabral e se debata a dialéctica entre a luta de libertação nacional e a cultura que serviu de base à consciencialização dos militantes, selando a chamada unidade nacional. Para o sociólogo, a pequena burguesia, que tinha comandado o processo revolucionário durante a luta armada, tinha agora dois caminhos possíveis: trair a revolução ou assumir-se enquanto tal.
Protegido por esta linguagem redutora, Carlos Lopes recorda o papel do Estado no desenvolvimento e a necessidade de criar uma classe dirigente aberta aos desafios da integração nacional. O Estado é indispensável ao processo de desenvolvimento mas a contradição etnia-Estado continua presente (em 1982, claro) e terá um papel importante na evolução desta formação social.
Este estudo é uma profunda decepção, um exercício imaturo, simplista e cruel. Toda a realidade foi muito mais complexa e, goste Carlos Lopes ou não, o movimento que dá pelo nome de PAIGC devia ter apreciado a tempo e horas as responsabilidades da governação, o processo duradouro da convivência inter-étnica e o uso responsável dos dinheiros públicos. É inadmissível esquecer as próprias responsabilidades doutrinais de Amílcar Cabral, no caminho que se seguiu e que desembocou com a chegada da direcção do PAIGC a Bissau, em Setembro de 1974.
__________
Notas de CV:
Vd. poste de 3 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7073: Notas de leitura (153): Memórias e Reflexões, de Juvenal Cabral (II) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
O nome de Calos Lopes enquanto cientista social é incontornável no panorama das ideias da Guiné-Bissau.
Este trabalho de índole científica é de uma imaturidade e fanatismo incríveis. Não sei se o autor já repudiou o que escreveu ou se, sobretudo, clarificou a teimosia (e fatuidade) do seu pensamento na juventude.
Um abraço do
Mário
Etnia, Estado e Relações de Poder na Guiné-Bissau
Beja Santos
O ensaio “Etnia, Estado e Relações de Poder na Guiné-Bissau”, do sociólogo guineense Carlos Lopes (Edições 70, 1982), foi inicialmente apresentado em provas científicas pelo autor no Instituto Universitário de Estudos do Desenvolvimento, em Genebra e só depois publicado em língua portuguesa.
O investigador que acompanhou este trabalho justifica a sua necessidade para encontrar uma explicação que nos permita compreender como é que uma luta de libertação nacional acabou por conduzir ao controlo do poder político e económico pela burocracia do aparelho de Estado. O ensaio de Carlos Lopes, diz o investigador, é uma peça de “literatura comprometida”, faz-nos partilhar as interrogações e críticas do pesquisador o que, sem desvirtuar os rigores da investigação, acaba por ser uma originalidade em trabalhos científicos desta índole. Acresce que Carlos Lopes procurou ter em consideração as formas tradicionais dos antigos Estados Africanos no quadro da problemática actual do Estado. Comprova-se que existe um conflito entre as duas lógicas e lança-se a questão de como é que o Estado actual pode fazer-se triunfar ultrapassando-se as contradições das formas tradicionais, até da vida tribal. Nessa óptica, este texto é encarado como um simples “ponto de espera” ou uma primeira etapa de toda a tese de investigação que Carlos Lopes se propôs fazer em Genebra.
Estou convicto que no essencial Carlos Lopes, hoje um funcionário altamente credenciado das Nações Unidas, repudiará a generalidade das opiniões que aqui registou, na crítica que faz à actuação do PAIGC enquanto Partido vanguarda da Guiné-Bissau, entre a independência e os acontecimentos dilacerantes de Novembro de 1980, que levaram à ruptura na Direcção do PAIGC e à cisão Guiné – Cabo Verde.
Carlos Lopes parte da constatação de um conflito profundo entre duas formas de organização social altamente diferenciadas: a conjugação interétnica originada na luta armada e a ideologia do aparelho de Estado nascido após a independência. Foram duas lógicas que se confrontaram com resultados explosivos. Como nota introdutória, Carlos Lopes diz defender uma concepção marxista para a definição da situação a que se compromete estudar, e apela a que outros, defensores ou opositores das suas teses, continuem a apreciação que ele enceta neste esforço de análise.
Primeiro, enquadra o Estado, indo da origem dos povos guineenses, passando pela génese do movimento de libertação nacional e sintetizando as principais etapas da luta armada até ao reconhecimento jurídico efectuado em 1974.
Segundo, espraia a sua observação sobre a relação entre a etnicidade e o modo como se expressa o poder. O autor recorda que algumas etnias, caso dos Fulas e dos Mandingas, se mostraram como aliados incondicionais dos portugueses e que mais tarde participaram na construção do novo Estado. Carlos Lopes descreve minuciosamente a evolução histórica dos fulas, o sentido da sua hierarquia e contra-propõe com as inovações desencadeadas pelo factor político das regiões libertadas que, segundo o autor, teriam contagiado as etnias mais reticentes em colaborar com o PAIGC. No fundo, a colaboração prestada por algumas etnias ao colonialismo português tinha a ver com a procura de segurança na manutenção de privilégios, na perpetuação de uma economia semi-feudal e numa aliança de conveniência para que as estruturas tradicionais não fossem tocadas. O modo de produção capitalista fez uma introdução incipiente no século XIX e só encontrou estabilidade depois das chamadas guerras da pacificação. Para o autor, o Estado africano emanado do PAIGC era profundamente democrático com os seus diferentes órgãos participativos: Conselho Superior da Luta (Comité Central), Conselho de Guerra (secretariado geral) dirigido por uma comissão permanente. O partido, a partir de 1964, tinha posto em marcha estruturas administrativas dignas de um aparelho de Estado. O Governo era compósito, com cabo-verdianos e guineenses de diferentes etnias. Era a Assembleia Nacional Popular quem nomeava o conselho de Estado e o conselho dos comissários de Estado. No plano dos princípios, democracia não faltava.
Terceiro, o novo Estado foi-se deixando submergir por falhas imperdoáveis: falta de conhecimentos em matérias de administração, nepotismo e clientelismo, adopção de projectos megalómanos, lutas no interior do Partido entre aqueles que eram favoráveis à radicalização da experiência da luta e os partidários de uma solução próxima do neocolonialismo. Em escassos anos de independência, a orientação política passou a andar completamente à deriva, avançava-se e recuava-se na industrialização, abraçaram-se projectos transnacionais sem o mínimo de qualidade. A situação do camponês na Guiné-Bissau degradou-se. A ajuda exterior foi mal gerida e o comércio passou a favorecer alguns quadros partidários. A Guiné-Bissau continuou sem infra-estruturas.
Quarto, tudo conjugado, importa analisar pormenorizadamente a decadência do Partido vanguarda. Para o autor, o grande falhanço do PAIGC foi ter-se acomodado à vida da capital colonial, ter esquecido a vida dura do movimento de libertação e as experiências de uma economia autosustentada no mato. Os governos do presidente Luís Cabral passaram a privilegiar projectos favoráveis à região de Bissau e a desinteressar-se do equilíbrio inter-étnico. Carlos Lopes socorre-se de um discurso agressivo falando de dirigentes corruptos, traidores, reaccionários. Nunca questiona como é que um movimento político, ideológico e militar com as características do PAIGC mudou radicalmente de postura, mal chegou a Bissau.
Responsabiliza os antigos funcionários coloniais, atribuindo-lhes participação em tal processo deletério, sem nunca explicar quem eram tais antigos funcionários coloniais. O militantismo relaxou-se e a mobilização das massas desapareceu. Carlos Lopes recomenda que se volte a analisar a obra de Amílcar Cabral e se debata a dialéctica entre a luta de libertação nacional e a cultura que serviu de base à consciencialização dos militantes, selando a chamada unidade nacional. Para o sociólogo, a pequena burguesia, que tinha comandado o processo revolucionário durante a luta armada, tinha agora dois caminhos possíveis: trair a revolução ou assumir-se enquanto tal.
Protegido por esta linguagem redutora, Carlos Lopes recorda o papel do Estado no desenvolvimento e a necessidade de criar uma classe dirigente aberta aos desafios da integração nacional. O Estado é indispensável ao processo de desenvolvimento mas a contradição etnia-Estado continua presente (em 1982, claro) e terá um papel importante na evolução desta formação social.
Este estudo é uma profunda decepção, um exercício imaturo, simplista e cruel. Toda a realidade foi muito mais complexa e, goste Carlos Lopes ou não, o movimento que dá pelo nome de PAIGC devia ter apreciado a tempo e horas as responsabilidades da governação, o processo duradouro da convivência inter-étnica e o uso responsável dos dinheiros públicos. É inadmissível esquecer as próprias responsabilidades doutrinais de Amílcar Cabral, no caminho que se seguiu e que desembocou com a chegada da direcção do PAIGC a Bissau, em Setembro de 1974.
__________
Notas de CV:
Vd. poste de 3 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7073: Notas de leitura (153): Memórias e Reflexões, de Juvenal Cabral (II) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P7086: Em busca de... (147): Ademar Rodrigues, ex-1.º Cabo Escriturário da CCS/BART 6521 procura camaradas
Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Canchungo > Pelundo > 2008 > Restos do antigo quartel português, ao tempo do BART 6521/72 (Pelundo, 22/9/1972 - 27/8/1974), a unidade que fez a transferência de soberania para o PAIGC, e que era comandado pelo Ten Cor Art Luís Filipe de Albuquerque Campos Ferreira.
Foto: © António Alberto Alves (2008). Direitos reservados.
EM BUSCA DE...
1. No dia 28 de Setembro de 2010, o nosso camarada Ademar Rodrigues deixou este comentário no Poste 5143*:
Caro amigo e camarada. Também estive na Guiné na CCS/BART 6521, onde fui 1.º Cabo Escriturário.
É muito bom manter a memória para os nossos netos, bisnetos e outros, a memoria futura vai ser importante neste mundo globalizado.
Eu quero fazer parte deste blogue pois estive ausente de Portugal durante 32 anos e agora que regressei à minha Pátria preciso de me informar.
Força amigos, mantenham-se vivos e não deixem cair isto, porque é muito importante para todos.
Enviem-me contactos da CCS/BART 6521.
Um forte abraço, sou o Ademar Rodrigues da CCS e quero que vocês saibam que ando muito triste porque não tenho contactos de ninguém e queria mesmo dar uma festa aqui na minha terra para os meus camaradas da CCS/6521 BART.
Despeço-me com um até breve.
2. Como o Ademar não deixou nenhum contacto, no mesmo dia foi deixado este comentário no mesmo poste:
Caro Ademar
Se não deixares o teu email, não podemos contactar-te.
Um abraço
Carlos Vinhal
3. Ademar Rodrigues voltou assim ao nosso contacto no dia 30:
Olá amigos,
Fiz asneira porque não deixei o meu contacto.
Sou o Ademar Rodrigues e moro em Santa Cruz do Douro, Baião - CP 4640-431.
O meu n.º de telefone é 934 955 328 e o meu email ai vai: ademarrodrigues@iol.pt.
Mais uma informação, fui Escriturário da CCS/BART 6521.
Ajudem-me a encontrar camaradas dessa Companhia pois preciso muito desses contactos. Quero fazer parte disto. Estive fora muito tempo e ando muito emocionado por não poder fazer aqui na minha terra um grande convívio com essa malta que foi do melhor.
Paz aos nossos mortos.
Um grande abraço
Ademar
4. Comentário de CV:
Caro Ademar, bem regressado a Portugal e a Baião, arredores do Marão, tua terra natal, ao que supomos.
Com respeito ao teu pedido, encontrei na página do nosso camarada Jorge Santos um pedido de contacto de um camarada do teu Batalhão. Trata-se de Alfredo Veiga com o endereço alfveiga@netcabo.pt.
Faz parte da nossa Tabanca o ex-1.º Cabo da 1.ª CART/BART 6521, António Faneco** que tem o endereço antoniofaneco@sapo.pt e o telefone 917 620 722.
São pontos de partida para começares as tuas pesquisas no sentido de reunires os teus antigos camaradas. Qualquer notícia que chegue até nós será encaminhada para ti.
Se quiseres aderir à nossa Tertúlia ou Tabanca Grande, como é também conhecida, basta que nos mandes uma foto actual e outra do teu tempo de Escriturário, uma pequena história e algumas fotos, legendadas, a acompanhar.
Recebe um abraço
CV
__________
Notas de CV:
(*) Vd, poste de 23 de Outubro de 2009
Guiné 63/74 - P5143: Os nossos médicos (7): Prof Doutor José Madeira da Silva, otorrino, em busca dos ex-camaradas de Bula e Pelundo, 1973/74
(**) Vd. poste de 4 de Junho de 2010
Guiné 63/74 - P6531: Tabanca Grande (224): António Faneco, ex-1.º Cabo da 1.ª CART/BART 6521/72, Pelundo, Cadique, Jemberém, Ilha de Jete, 1972/74
Vd. último poste da série de 29 de Setembro de 2010
Guiné 63/74 - P7054: Em busca de... (146): Luís Henrique Martins de Castro, ex-Fur Mil TRMS da CCS / BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969 / 1970) (Armando Pires)
Foto: © António Alberto Alves (2008). Direitos reservados.
EM BUSCA DE...
1. No dia 28 de Setembro de 2010, o nosso camarada Ademar Rodrigues deixou este comentário no Poste 5143*:
Caro amigo e camarada. Também estive na Guiné na CCS/BART 6521, onde fui 1.º Cabo Escriturário.
É muito bom manter a memória para os nossos netos, bisnetos e outros, a memoria futura vai ser importante neste mundo globalizado.
Eu quero fazer parte deste blogue pois estive ausente de Portugal durante 32 anos e agora que regressei à minha Pátria preciso de me informar.
Força amigos, mantenham-se vivos e não deixem cair isto, porque é muito importante para todos.
Enviem-me contactos da CCS/BART 6521.
Um forte abraço, sou o Ademar Rodrigues da CCS e quero que vocês saibam que ando muito triste porque não tenho contactos de ninguém e queria mesmo dar uma festa aqui na minha terra para os meus camaradas da CCS/6521 BART.
Despeço-me com um até breve.
2. Como o Ademar não deixou nenhum contacto, no mesmo dia foi deixado este comentário no mesmo poste:
Caro Ademar
Se não deixares o teu email, não podemos contactar-te.
Um abraço
Carlos Vinhal
3. Ademar Rodrigues voltou assim ao nosso contacto no dia 30:
Olá amigos,
Fiz asneira porque não deixei o meu contacto.
Sou o Ademar Rodrigues e moro em Santa Cruz do Douro, Baião - CP 4640-431.
O meu n.º de telefone é 934 955 328 e o meu email ai vai: ademarrodrigues@iol.pt.
Mais uma informação, fui Escriturário da CCS/BART 6521.
Ajudem-me a encontrar camaradas dessa Companhia pois preciso muito desses contactos. Quero fazer parte disto. Estive fora muito tempo e ando muito emocionado por não poder fazer aqui na minha terra um grande convívio com essa malta que foi do melhor.
Paz aos nossos mortos.
Um grande abraço
Ademar
4. Comentário de CV:
Caro Ademar, bem regressado a Portugal e a Baião, arredores do Marão, tua terra natal, ao que supomos.
Com respeito ao teu pedido, encontrei na página do nosso camarada Jorge Santos um pedido de contacto de um camarada do teu Batalhão. Trata-se de Alfredo Veiga com o endereço alfveiga@netcabo.pt.
Faz parte da nossa Tabanca o ex-1.º Cabo da 1.ª CART/BART 6521, António Faneco** que tem o endereço antoniofaneco@sapo.pt e o telefone 917 620 722.
São pontos de partida para começares as tuas pesquisas no sentido de reunires os teus antigos camaradas. Qualquer notícia que chegue até nós será encaminhada para ti.
Se quiseres aderir à nossa Tertúlia ou Tabanca Grande, como é também conhecida, basta que nos mandes uma foto actual e outra do teu tempo de Escriturário, uma pequena história e algumas fotos, legendadas, a acompanhar.
Recebe um abraço
CV
__________
Notas de CV:
(*) Vd, poste de 23 de Outubro de 2009
Guiné 63/74 - P5143: Os nossos médicos (7): Prof Doutor José Madeira da Silva, otorrino, em busca dos ex-camaradas de Bula e Pelundo, 1973/74
(**) Vd. poste de 4 de Junho de 2010
Guiné 63/74 - P6531: Tabanca Grande (224): António Faneco, ex-1.º Cabo da 1.ª CART/BART 6521/72, Pelundo, Cadique, Jemberém, Ilha de Jete, 1972/74
Vd. último poste da série de 29 de Setembro de 2010
Guiné 63/74 - P7054: Em busca de... (146): Luís Henrique Martins de Castro, ex-Fur Mil TRMS da CCS / BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969 / 1970) (Armando Pires)
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Guiné 63/74 - P7085: Tabanca Grande (247): Alberto José dos Santos Antunes, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 2402 (Olossato) e CCAÇ 5 (Canjadude) (1970/72)
1. Apresentamos hoje oficialmente à tertúlia o nosso novo camarada e amigo Alberto José dos Santos Antunes (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 2402 (Olossato) e CCAÇ 5 (Canjadude), 1970/72.
Deste nosso camarada foi já publicado o poste 7075* com o relato da sua passagem pela Guiné, publicado no Correio da Manhã, na série de Domingo "A minha guerra", profusamente ilustrado com as suas fotos.
Do referido poste, destacamos estas suas palavras:
Alberto José dos Santos Antunes, 63 anos de idade, natural de Coimbra a residir actualmente em Ançã, Concelho de Cantanhede, Distrito de Coimbra, casado, dois filhos e duas netas, Ex-Furriel Miliciano de Transmissões de Infantaria, actualmente Engenheiro aposentado do Departamento de Física Universidade de Coimbra.
Em 8 de Janeiro de 1969 fui forçado a abandonar os estudos em Coimbra, para frequentar o 1.º ciclo do Curso de Sargentos Milicianos, na Escola Prática de Cavalaria em Santarém.
Após tirar a Especialidade de Transmissões de Infantaria em Tavira fui colocado RAL 2 em Coimbra, mas por razões que até hoje não consegui apurar (fui parar) ao RI 8 em Braga para dar instrução a recrutas do contingente geral.
Fui mobilizado para a Guiné, sem destino definido, quando ainda me encontrava no RI 8 em Braga.
Marcado o embarque para antes do Natal de 1969, adiado para depois do Natal desse ano, embarquei no Navio Mercante Arraiolos que dispunha de sete camarotes e transportava material de guerra, tendo sido promovido a Furriel Miliciano à data de embarque, fiz a viagem com mais seis elementos da classe de sargentos.
A chegada à Guiné não foi muito surpreendente pois nunca tive ideia de encontrar uma província desenvolvida.
Tinha um lema que era “viver um dia de cada vez e pensar que o dia seguinte seria melhor que o anterior ” o que me ajudou a passar o melhor possível os 2 anos e seis dias de comissão.
[...]
Não pretendo dizer que sou melhor ou pior que os outros pois cada um tem a sua maneira de sentir as situações, e perante certas situações uns choram outros riem e outros ainda não choram nem riem.
Considero que fiz amizades que ainda hoje perduram, e quando se fala com alguém que já não se vê há quase 40 anos e se consegue manter um diálogo e dar um abraço, é porque algo existe entre essas pessoas.
Nunca iria voluntário para uma guerra destas, mas depois de lá estar teria que fazer o meu melhor, pois de mim dependia muita gente.
Claro que tinha um grupo de homens bons, de que muitos não se podem orgulhar, mas esses homem tem que ter confiança em quem o chefia, tentei e tenho a certeza que consegui.
2. Comentário de CV:
Caro Alberto Antunes, bem-vindo à tabanca. Estás oficialmente apresentado à tertúlia.
Pelo que me foi dado perceber pela tua narrativa, foste mais um dos que sentiram o curso normal da sua vida alterado profundamente. Todos nós, uns mais que outros, sofremos essa perturbação nos nossos estudos e/ou na vida profissional. Quando voltávamos à vida civil, ou os currículos escolares estavam desactualizados, e quantas vezes era necessário voltar ao princípio, ou tínhamos estagnado nas carreiras profissionais, sendo por vezes ultrapassados pelos mais novos.
Agora que te juntaste a nós, esperamos pelas tuas histórias, e fotos referentes a um período da vida que não quisemos, mas, que como bem dizes, não rejeitámos, porque a responsabilidade exigia fazermos o melhor para salvaguardar a vida daqueles que estavam à nossa responsabilidade.
Recebe um abraço de boas-vindas da tertúlia e dos editores deste Blogue.
O camarada e amigo
Carlos Vinhal
__________
(*) Vd. poste de 3 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7075: Recortes de imprensa (33): A guerra do Alberto José dos Santos Antunes, ex-Fur Mil da CCaç 5 (Correio da Manhã)
Vd. último poste da série de 30 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7060: Tabanca Grande (246): Gil Moutinho, ex-Fur Mil Pil Av, BA12 (Guiné, 1972/73)
Deste nosso camarada foi já publicado o poste 7075* com o relato da sua passagem pela Guiné, publicado no Correio da Manhã, na série de Domingo "A minha guerra", profusamente ilustrado com as suas fotos.
Do referido poste, destacamos estas suas palavras:
Alberto José dos Santos Antunes, 63 anos de idade, natural de Coimbra a residir actualmente em Ançã, Concelho de Cantanhede, Distrito de Coimbra, casado, dois filhos e duas netas, Ex-Furriel Miliciano de Transmissões de Infantaria, actualmente Engenheiro aposentado do Departamento de Física Universidade de Coimbra.
Em 8 de Janeiro de 1969 fui forçado a abandonar os estudos em Coimbra, para frequentar o 1.º ciclo do Curso de Sargentos Milicianos, na Escola Prática de Cavalaria em Santarém.
Após tirar a Especialidade de Transmissões de Infantaria em Tavira fui colocado RAL 2 em Coimbra, mas por razões que até hoje não consegui apurar (fui parar) ao RI 8 em Braga para dar instrução a recrutas do contingente geral.
Fui mobilizado para a Guiné, sem destino definido, quando ainda me encontrava no RI 8 em Braga.
Marcado o embarque para antes do Natal de 1969, adiado para depois do Natal desse ano, embarquei no Navio Mercante Arraiolos que dispunha de sete camarotes e transportava material de guerra, tendo sido promovido a Furriel Miliciano à data de embarque, fiz a viagem com mais seis elementos da classe de sargentos.
A chegada à Guiné não foi muito surpreendente pois nunca tive ideia de encontrar uma província desenvolvida.
Tinha um lema que era “viver um dia de cada vez e pensar que o dia seguinte seria melhor que o anterior ” o que me ajudou a passar o melhor possível os 2 anos e seis dias de comissão.
[...]
Não pretendo dizer que sou melhor ou pior que os outros pois cada um tem a sua maneira de sentir as situações, e perante certas situações uns choram outros riem e outros ainda não choram nem riem.
Considero que fiz amizades que ainda hoje perduram, e quando se fala com alguém que já não se vê há quase 40 anos e se consegue manter um diálogo e dar um abraço, é porque algo existe entre essas pessoas.
Nunca iria voluntário para uma guerra destas, mas depois de lá estar teria que fazer o meu melhor, pois de mim dependia muita gente.
Claro que tinha um grupo de homens bons, de que muitos não se podem orgulhar, mas esses homem tem que ter confiança em quem o chefia, tentei e tenho a certeza que consegui.
Janeiro de 1969 > Alberto Antunes durante a Recruta em Santarém
Olossato > Alberto Antunes em cima do abrigo das Transmissões
Alberto Antunes junto à placa toponímica de Canjadude
2. Comentário de CV:
Caro Alberto Antunes, bem-vindo à tabanca. Estás oficialmente apresentado à tertúlia.
Pelo que me foi dado perceber pela tua narrativa, foste mais um dos que sentiram o curso normal da sua vida alterado profundamente. Todos nós, uns mais que outros, sofremos essa perturbação nos nossos estudos e/ou na vida profissional. Quando voltávamos à vida civil, ou os currículos escolares estavam desactualizados, e quantas vezes era necessário voltar ao princípio, ou tínhamos estagnado nas carreiras profissionais, sendo por vezes ultrapassados pelos mais novos.
Agora que te juntaste a nós, esperamos pelas tuas histórias, e fotos referentes a um período da vida que não quisemos, mas, que como bem dizes, não rejeitámos, porque a responsabilidade exigia fazermos o melhor para salvaguardar a vida daqueles que estavam à nossa responsabilidade.
Recebe um abraço de boas-vindas da tertúlia e dos editores deste Blogue.
O camarada e amigo
Carlos Vinhal
__________
(*) Vd. poste de 3 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7075: Recortes de imprensa (33): A guerra do Alberto José dos Santos Antunes, ex-Fur Mil da CCaç 5 (Correio da Manhã)
Vd. último poste da série de 30 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7060: Tabanca Grande (246): Gil Moutinho, ex-Fur Mil Pil Av, BA12 (Guiné, 1972/73)
Guiné 63/74 - P7084: Ser solidário (89): Em Oeiras e Lisboa, dia 6 de Outubro, dois eventos da iniciativa da ONGD Ajuda Amiga: Combate à Pobreza e à Exclusão Social, e Defesa da Biodiversidade (Carlos Silva)
1. Mensagem do nosso querido amigo e camarada Carlos Silva, co-fundador e vice-presidente da ONGD Ajuda Amiga:
Data: 3 de Outubro de 2010
Assunto: Eventos - Combate à Pobreza e à Exclusão Social, e Defesa da Biodiversidade
Exmos(as) Senhores(as)
No âmbito do combate à pobreza, à exclusão social e na defesa da biodiversidade, que a todos nos sensibiliza e mobiliza, muito agradecíamos a divulgação dos eventos apresentados a seguir:
A. Oeiras, Biblioteca Municipal, 6 de Outubro de 2010, às 15h45 - Evento "Biodiversidade e Combate à Pobreza"
No dia 6 de Outubro na Biblioteca Municipal de Oeiras a ONGD Ajuda Amiga realiza:
(i) Exposição de quadros, fotografias e esculturas;
(ii) Projecção do filme Bemba di Vida (O Celeiro da Vida) às 15H45, entrada livre;
(iii) Recolha de livros no local.
No Ano Internacional da Biodiversidade e no Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, a ONGD Ajuda Amiga associa-se à iniciativa de mobilização e sensibilização da sociedade portuguesa para a problemática da pobreza, da exclusão social, e da biodiversidade.
O evento irá decorrer com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, na Biblioteca Municipal de Oeiras, situada na Avenida Francisco Sá Carneiro, Urbanização Moinho das Antas, nº 17, em Oeiras.
Será projectado no Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras, o filme "Bemba di vida", sobre as áreas protegidas da Guiné-Bissau, o qual tem uma duração de 45 minutos.
A ONGD Ajuda Amiga irá ainda fazer no local uma exposição de quadros, fotografias, esculturas, e uma recolha de livros que os visitantes queiram doar, participando deste modo no combate à pobreza através do conhecimento. Os livros serão depois armazenados nos nossos armazéns na Amadora, e enviados por contentor para a Guiné-Bissau em Janeiro de 2011, nele seguem também outros bens como equipamento hospitalar, computadores, unidades de compostagem, cobertores, roupa, calçado, brinquedos, etc.
No dia 6 de Outubro na Biblioteca Municipal de Oeiras a ONGD Ajuda Amiga realiza:
(i) Exposição de quadros, fotografias e esculturas;
(ii) Projecção do filme Bemba di Vida (O Celeiro da Vida) às 15H45, entrada livre;
(iii) Recolha de livros no local.
No Ano Internacional da Biodiversidade e no Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, a ONGD Ajuda Amiga associa-se à iniciativa de mobilização e sensibilização da sociedade portuguesa para a problemática da pobreza, da exclusão social, e da biodiversidade.
O evento irá decorrer com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, na Biblioteca Municipal de Oeiras, situada na Avenida Francisco Sá Carneiro, Urbanização Moinho das Antas, nº 17, em Oeiras.
Será projectado no Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras, o filme "Bemba di vida", sobre as áreas protegidas da Guiné-Bissau, o qual tem uma duração de 45 minutos.
A ONGD Ajuda Amiga irá ainda fazer no local uma exposição de quadros, fotografias, esculturas, e uma recolha de livros que os visitantes queiram doar, participando deste modo no combate à pobreza através do conhecimento. Os livros serão depois armazenados nos nossos armazéns na Amadora, e enviados por contentor para a Guiné-Bissau em Janeiro de 2011, nele seguem também outros bens como equipamento hospitalar, computadores, unidades de compostagem, cobertores, roupa, calçado, brinquedos, etc.
B. Lisboa, Centro Cultural Franciscano, 6 de Outubro de 2010, às 21h15, Evento "Conservação da Biodiversidade para manter o Pão dos Guineenses"
No dia 6 de Outubro irá ocorrer um outro evento sobre o mesmo tema no Centro Cultural Franciscano, situado no Largo da Luz, 11, 1600-498 Lisboa, tel. 217140515, também realizado pela ONGD Ajuda Amiga, e com o seguinte programa:
(i) Projecção do filme Bemba di Vida (O Celeiro da Vida) às 21h15 no Centro Cultural Franciscano, entrada livre
(ii) Tertúlia com Engº Técnico Agrário António Estácio [, membro da nossa Tabanca Grande].
Agradecemos desde já a atenção dispensada.
AGRADECEMOS QUE REPASSEM PARA OS VOSSOS AMIGOS/AS
Estes Eventos também estão anunciados no Mural do Facebook da Ajuda Amiga
Com os melhores cumprimentos
Carlos Silva
Vice-Presidente Ajuda Amiga
Agradecemos desde já a atenção dispensada.
AGRADECEMOS QUE REPASSEM PARA OS VOSSOS AMIGOS/AS
Estes Eventos também estão anunciados no Mural do Facebook da Ajuda Amiga
Com os melhores cumprimentos
Carlos Silva
Vice-Presidente Ajuda Amiga
____________
Nota de L.G.:
Último poste da série > 22 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7022: Ser solidário (88): A Alicinha do Cantanhez e a sua mãe, Cadi, estão bem de saúde e recomendam-se (Pepito / Luís Graça)
Guiné 63/74 - P7083: Agenda cultural (84): A República e as colónias na Sociedade de Geografia de Lisboa
Caricatura de Silva Monteiro, Os Ridículos, 6 de Março de 1912 (Col Hemeroteca Municipal de Lisboa)...
Os apetites de três grandes potências coloniais europeias da época (Inglaterra, Alemanha e França) em relação a Angola, Moçambique e Guiné (respectivamente)... Eram também três dos nossos grandes credores internacionais no ínicio da I República... A dívida portuguesa era, como hoje, um dos calcanhares de Aquiles, da nossa economia e havia quem advogasse a entrega das colónias para apaziguar os apetites devoradores dos nossos rivais... Em 1898, a Grã-Bretanha e a Alemanha haviam assinado um tratado secreto com o objectivo de partilharem os territórios de Angola e de Moçambique.
Em 1912 o general Norton de Matos (1867-1955) tomou posse como governador-geral de Angola. O seu papel naquela colónia é reconhecido hoje como extremamente importante, na medida em que deu um forte impulso ao seu desenvolvimento, com isso comseguindo afastar a ameaça permanente que pairava sobre a soberania portugesa, por parte das grandes potências (Inglaterra, Alemanha e França). Foi também o fundador, em 1912, da cidade de Huambo (mais tarde, entre 1927 e 1975, Nova Lisboa, e depois de novo Huambo) Foi também, em 1948, um dos grandes opositores ao regime do Estado Novo. Sobre os primeiros tempos da República e a "nossa" Guiné, sabe-se pouco... (Ou melhor, eu sei pouco; os nossos historiógrafos sabem pouco).
Portugal > Proclamação da República em 5 de Outubro de 1910 > Alegoria (desconheço o autor)...
Fonte: Página oficial da Assembleia República (com a devida vénia...)
Fonte: Página oficial da Assembleia República (com a devida vénia...)
1. No dia em que se celebra o 1º centenário da República Portuguesa, é de chamar a atenção dos nossos leitores para um ciclo de conferências que esteve (e ainda está) a decorrer na Sociedade de Geografia de Lisboa (fundada em 1875)...
A historiografia da nossa presença na Guiné-Bissau parece passar muito ao lado deste ciclo de conferências. Há, de resto, um grande défice de investigação historiográfica sobre a Guiné. Mas mesmo assim há razões para divulgar, aqui nosso blogue, esta iniciativa. Nunca perceberemos o presente nem perspectivaremos convenientemente o futuro sem um rigoroso e desapaixonado conhecimento do passado. Isto é válido para todos os povos, incluindo os portugueses e os guineenses.
Há ainda três conferências agendadas até ao fim do ano (19 de Outubro, 17 de Novembro e 12 de Dezembro) (LG):
Ciclo de Conferências > A Republica e o Ultramar português: 1910-1926
Lisboa, 23 Fevereiro a 14 de Dezembro de 2010
Organização: Sociedade de Geografia de Lisboa, com apoio da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República
Programa
23 de Fevereiro, 18h00 > A Política ultramarina da República / Prof. Adriano Moreira (Academia das Ciências de Lisboa);
23 de Março, 18h00 > Das raízes do Mapa Cor de Rosa ao Ultimato / Mestre Rui da Costa Pinto (Sociedade de Geografia de Lisboa);
27 de Abril, 18h00 > As negociações entre a Inglaterra e a Alemanha para a partilha das colónias portuguesas / Prof. Marques dos Santos (Univ Técnica de Lisboa/ISCSP);
31 de Maio, 18h00b > A campanha dos chocolateiros ingleses contra o cacau de S. Tomé / Dr. João Pedro Xavier de Brito (Sociedade de Geografia de Lisboa);
29 de Junho, 18h00 > Os governos de Norton de Matos em Angola / Prof João Pereira Neto (Sociedade de Geografia de Lisboa);
20 de Julho, 18h00 > Moçambique e os territórios vizinhos / Prof Borges Garça (Univ Técnica de Lisboa/ISCSP)
21 de Setembro, 18h00 > A República e a actividade missionária / Prof Matos Ferreira (Univ. Católica Portuguesa)
19 de Outubro, 18h00 > A Grande Guerra em África / Coronel Prof Alves de Fraga (Univ Autónoma de Lisboa);
17 de Novembro, 18h00 > O tratado de Versalhes, a SDN e os reflexos sobre a política ultramarina / Prof Canas Mendes (Univ Técnica de Lisboa/ISCSP)
14 de Dezembro, 18h00 > A evolução política na região Ásia-Pacífico e os interesses portugueses / Prof. Óscar Barata (Sociedade de Geografia de Lisboa)
Resumo:
A Sociedade de Geografia de Lisboa associa-se às Comemorações do Centenário da Proclamação da República Portuguesa, em 1910, organizando um Ciclo de Conferências subordinado ao tema geral: “A Republica e o Ultramar português: 1910-1926”.
Este Ciclo de Conferências concertado com a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da Republica integra-se no “Programa do Centenário” que esta Comissão Nacional organiza.
Para o “Ciclo de Conferências cujo programa se apresenta contou-se com a colaboração de uma dezena de reputados investigadores nacionais que dissertarão sobre pontos cruciais da temática escolhida e para o período delimitado.
Assim desde a apresentação de uma panorâmica geral da política ultramarina da República, até à análise de factos importantes causas próximas da implantação da República (v.g. o Ultimato britânico), às negociações entre algumas potências europeias para a partilha do ultramar português, à actividade missionária (missões católicas, protestantes e laicas), recordar-se-á a campanha dos chocolateiros ingleses contra o cacau de S. Tomé, será referida a importância dos governos de Norton de Matos em Angola e a problemática de Moçambique no contexto dos territórios vizinhos, chegar-se-á à análise da Grande Guerra em África.
Alargando o âmbito do Ciclo de Conferencias não se esquecerá a evolução da política na região Ásia-Pacífico e os interesses portugueses, bem como o tratado de Versalhes, a SDN [Sociedade das Nações] e os seus reflexos na politica ultramarina portuguesa.
Mais informações em:Sociedade de Geografia de Lisboa
Rua das Portas de Santo Antão, 100
1150-269 Lisboa – tel.: 213425401
E-mail: geral@socgeografialisboa.mail.pt
Fonte: Centenário da República (1910-2010( (com a devida vénia...)
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