quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Guiné 63/74 - P1189: O tertuliano Nuno Rubim, especialista em história militar





Lisboa > Museu Militar > Azulejo do pátio interior > Diversos aspectos do painel "Jornada Heróica de Chaimite": a captura de Gungunhana (c.1850-1906), em Chaimite, Moçambique, em 1895, pelas tropas portugueses sob o comando de Mouzinho de Albuquerque (1855-1902). É um dos episódios míticos da história da nossa expansão colonial e da resistência anticolonial africana. Há uma belíssima resenha biográfica do terceiro e último imperador de Gaza, hoje transformado em herói nacional pelos moçambicanos, de seu nome Ngungunhane (Gungunhana, como aprendemos na escola, de acordo com a ortografia colonial), no sítio Vidas Lusófonas, da autoria de Carlos Pinto Santos.
O Museu Militar de Lisboa , junto à Estação de Santa Apolónia, merece uma visita. Infelizmente quando lá fui a secção sobre a guerra colonial estava encerrada para obras... Se calhar foi melhor assim: era capaz de ter ficado decepcionado...
Fotos: © Luís Graça (2006). Direitos reservados.

1. Amigos & camaradas da Guiné:
 

Na nossa tertúlia, na nossa caserna virtual, não há militares no activo, todos somos paisanos, cidadãos, amigos e camaradas, homens e mulheres... Recordam-se que no nosso tempo não havia mulheres na tropa, com excepção das enfermeiras paraquedistas.... Como eu gostaria que me aparecesse agora uma delas, na nossa caserna virtual!... Não precisava de vir de helicóptero, como nosso tempo... Podia vir pelo seu próprio pé, por e-mail, pelo e-mail de um amigo, parente ou conhecido... Recordo quanta perturbação elas provocavam entre os machos fardados, quando elas passavam por Bambadinca ou quando iam buscar, no mato, os nossos feridos, deixando-nos o fardo dos mortos... Os oficiais de Bambadinca atropelavam-se uns aos outros só para chegar primeiro e ter a honra de abrir a porta do bar da Messe de Oficiais à senhora enfermeira paraquedista...
Hoje já não há divisas nem galões, já não há hierarquia sócio-militar, já não há RDM,... Há apenas o respeito uns pelos outros, o que não impede que nos tratemos por tu, uma forma simples, natural, facilitadora da comunicação entre nós... Não havia outro jeito: ganhámos esse direito nas bolanhas, nas lalas, nas picadas, nos rios, nos bunkers da Guiné... Depois regressámos, os sortudos, os que não ficaram para trás, como o Lourenço (1)...

Regressámos às nossas vidas, às nossas profissões, às nossas terras, aos braços das nossas namoradas, noivas, mulheres, companheiras. Ou ficámos sozinhos. Mudámos de vidas, de profissões, de companheiras... Enfim, mais recentemente, conhecemo-nos no blogue, à volta da Guiné, da guerra, dos bons e dos maus momentos que lá passámos... Reconhecemo-nos de imediato, como se o tempo tivesse parado há trinta, há trinta e cinco, há quarenta anos... Pura ilusão: a contagem descrescente continua... E como alguém lembrou há dias, no nosso encontro na Ameira, a nossa geraçºão tem mais dez ou quinze anos de vida útil... (Vitor Junqueira dixit, e quem melhor do que ele, que é médico, para nos lembrar isso?!)...

E no meio de tudo de isto há camaradas, que eram militares do quadro, que se reformaram e que se viraram para outras actividades, mais intelectuais e não menos nobres do que as outras, como é a investigação histórico-militar... Foi o caso, por exemplo do Pedro Lauret, hoje capitão-de-mar-e-guerra na reforma, ou do Nuno Rubim, coronel de artilharia, também na reforma... Já manifestámos, por diversas vezes, o nosso apreço pela sua presença (activa) na nossa tertúlia... Hoje é altura de conhecermos um pouco mais do trabalho, como investigador, do Nuno Rubim que espero possa estar presente no próximo encontro da nossa tertúlia.... (LG).

2. NUNO José Varela RUBIM , Cor Art (R) > Currículo no campo da investigação histórico-militar

Nuno Rubim, ex-capitão da CCAÇ 726, Guileje, 1964/74, um dos oficiais mais condecorados da Guiné (onde fez duas comissões), hoje coronel na reforma e historiador militar. Membro da nossa tertúlia.

Foto: © Luís Graça (2006). Direitos reservados.

1- Chefe da Secção de Estudos do Museu Militar de Lisboa, 1981-1984.

2- Organizou a Exposição “Armas em Portugal – Origem e Evolução”, no Museu Militar de Lisboa, ainda em exibição, tendo elaborado o respectivo catálogo.

3- Fez parte do grupo restrito que planeou e instalou a “Exposição Nacional Comemorativa
do 6º Centenário da Artilharia Portuguesa”, que esteve patente ao público no Museu Militar do Porto, de Julho a Setembro de 1982, elaborando parte do respectivo catálogo.

4- Adjunto do Centro de Estudos da Direcção do Serviço Histórico-Militar (DSHM), 1984 -1986.

5- Organisador do 1º Curso de Museologia Militar, no âmbito da DSHM, 1985.

6- Planeou e dirigiu a execução da exposição “Artilharia Histórica Portuguesa Fabricada em Portugal”, patente ao público no Museu Militar de Lisboa, desde Junho de 1985, sendo autor da respectiva memória histórica .

7- A convite do Presidente da respectiva Comissão, realizou trabalho de investigação e posterior instalação da artilharia embarcada a bordo da Fragata “D. Fernando II e Glória”, tarefa iniciada em 1991 e que se prolongou até 1998.

8- De Dezembro de 1991 a Junho de 1993, a convite do então IPPAR, desenvolveu um estudo técnico-militar sobre a Torre de Belém, abragendo o período que decorreu desde a sua construção até à data da sua desactivação como fortaleza de defesa costeira, entregando nessa última data um pormenorizado relatório.

9- Proferiu, no ano lectivo de 1991-1992 e a convite da Comissão Científica de História da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, uma série de 16 conferências, no âmbito do Mestrado sobre “Os Descobrimentos e a Expansão Portuguesa”, que abordaram disciplinas como a Náutica, a Construção Naval, a Artilharia, a Fortificação, a Organização e Táctica militares.

Vendas Novas > Museu da Escola Prática de Artilharia > 2004 > Diorama do sistema de defesa artilhada da Barra do Tejo no final do Séc. XV, da autoria de Nuno Rubim (o primeiro, à esquerda).
Foto: © Nuno Rubim (2006). Direitos reservados.

10- Em conjunto com uma equipa, englobando Oficiais de Artilharia e Docentes Universitários, planeou, coordenou e participou nos trabalhos que levaram à criação do Museu da Escola Prática de Artilharia, em Vendas Novas, aberto ao público no dia 4 de Dezembro de 1992.

Tem continuado aí a sua colaboração, dirigindo a implementação das seguintes Exposições:
- Operações;
- A Defesa Costeira antiga.

11- Conferencista convidado, no âmbito do 1º Curso de História Militar, Forum da Maia, Fevereiro de 1993.

12- Comissário Técnico, convidado pela “Comissão Nacional para as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses”, para os aspectos militares da Exposição “A Paz e a
Guerra na Época do Tratado de Tordesilhas”, realizado em Burgos, Espanha, em Setembro de 1994, tendo elaborado a notícia histórica, o desenho à escala de um Galeão que possibilitou a feitura de um modelo, em corte, à escala 1:10, e executando ainda os modelos, também à escala, do tipo de peças que guarneciam esse navio, São Diniz, Almirante no Índico na 2ª década do Séc. XVI.

Realizou ainda todos os estudos técnicos, englobando desenhos, que possibilitaram a feitura de um filme de animação, em vídeo, sobre o tiro de artilharia na transição dos Séculos XV / XVI .

13- Professor convidado, Regente da Cadeira de História Militar, Academia Militar, no ano lectivo de 1998 –1999.

14- Colaborador científico convidado, para os aspectos relacionados com as armas de fogo no período medieval, Exposição “Pera Guerrejar”, no ambito do Simpósio Internacional sobre Castelos, que decorreu em Palmela de 3 a 8 de Abril de 2000.

15- Responsável pela reconstituição histórico-militar do Forte de Oitavos, à data de 1796, (Câmara Municipal de Cascais), cujos trabalhos decorreram entre 1999 e 2001.

16- Tem proferindo comunicações, conferencias e palestras, sobre temas relacionados com ahistória militar (incluindo a naval) nas Universidades de Lisboa e Coimbra ( no âmbito de Mestrados), Escolas Secundárias e outros organismos nacionais.


Tem publicados os seguintes trabalhos :

- “As origens da Artilharia Piro-Balística”, Revista de Artilharia, Nov-Dez 1977;

- “Falcões Pedreiros”, Bulletin, Early Sites Research Society, Vol. 10, Nº 2, Dec 1983, Mass., USA;

- “Sobre a possibilidade técnica do emprego de Artilharia na Batalha de Aljubarrota”, Revista de Artilharia, Jan-Fev 1986;

- “A Artilharia Portuguesa nas Tapeçarias de Pastrana –A Tomada de Arzila em 1471”, Separata da Revista de Artilharia, 1987;

- “Algumas Questões sobre as Munições de Artilharia de Alma Lisa”, in Bombardeiro, Boletim Nº 15 do RAC, Nov 1989;

- “D. João II e o Artilhamento das Caravelas de Guarda-Costas-o Tiro de Ricochete Naval”, Separata da Revista de Artilharia, 1990;

- “A Investigação Histórico-Militar Contemporânea em Portugal–Algumas achegas”, Revista de Artilharia, Nov- Dez 1990;

- “A Artilharia em Portugal na segunda metade do século XV in A Arquitectura Militar na Expansão Portuguesa, CNCDP, Porto, 1994;

- “Estudos sobre Artilharia Antiga –I / A Torre de Belém, Revista de Artilharia, nºs 835-836, Mar-Abr 1995;

- “Estudos sobre Artilharia Antiga –II / Uma Experiência Artilheira ‘Sui Generis’”, Revista de Artilharia, nºs 878 a 880, Out a Dez 1998;

- “A Artilharia antes da Utilização da Pólvora”, em colaboração com o Engenheiro Tércio Machado Sampaio, Separata da Revista de Artilharia, Jul 2000;

- Novo conjunto de Tapeçarias de D. Afonso V na Igreja de Pastrana em Espanha, edição do autor, Lisboa, 2005.
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Nota de L.G.

(1) Vd. post de 17 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1187: Guidaje: soldado paraquedista Lourenço... deixado para trás (Manuel Rebocho)

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