Foto: © Amilcar Mendes (2006). Direitos reservdaos.
Mensagem do Amilcar Mendes (ex-1º cabo, 38ª Companhia de Comandos, Guiné, Brá, 1972/74) (1):
Sem pretender ser um gajo chato e depois de ler o que escreveu o Beja Santos (2), gostaria de tecer algumas considerações, se mo permitirem, sobre o que li :
(i) Conheço o Queta Baldé, da 2ª Companhia de Comandos Africanos, com quem trabalhei na Guiné: pergunte-se-lhe se ele se lembra de Kadike-Yalá no Cantanhês, no Natal de 73...
(ii) Além disso, convivi com ele, aqui em Lisboa.
Sabe, amigo Beja Santos, que tal como o Queta vieram para Portugal dezenas de ex-comandos africanos e foi a Associação de Comandos (3) quem lhes conseguiu o visto para virem através do Senegal.
Foi a dita associação quem lhes arranjou as casas em Chelas que o amigo chama de "uma autêntica alfurja"... Foi a dita associação quem lhes arranjou os primeiros empregos onde alguns ainda hoje se mantêm (por ex., cemitério do Alto de São João, castelo de São Jorge, seguranças privadas etc.) ...
Quando eles chegaram a Portugal, muitos ficaram a dormir durantes meses na Associação de Comandos e também a comer...
É que nós, os ex-comandos, sempre tratámos os comandos africano, não como africanos mas como comandos... O Beja Santos pode perguntar ao Queta se o que eu escrevo faz sentido.
Se ele mostra um semblante marcado pelo sofrimento, é natural, pois o que os ex-comandos naturais da Guiné passaram, marca qualquer um, mas nós aqui à distância sempre nos preocupámos com eles.
Fui testemunha de muitos aqui, em Lisboa, para elaborar os processos de ferimentos em combate para atribuição de pensões e trabalhei com muitos aqui em Lisboa em missões de segurança .
Muito do que ficou por fazer deveria ser o Estado Português a fazê-lo. Desculpe, amigo Beja Santos, se estou a ser injusto, mas penso que o Queta não lhe contou tudo.
Um abraço a todos os bloguistas.
A. Mendes
Sem pretender ser um gajo chato e depois de ler o que escreveu o Beja Santos (2), gostaria de tecer algumas considerações, se mo permitirem, sobre o que li :
(i) Conheço o Queta Baldé, da 2ª Companhia de Comandos Africanos, com quem trabalhei na Guiné: pergunte-se-lhe se ele se lembra de Kadike-Yalá no Cantanhês, no Natal de 73...
(ii) Além disso, convivi com ele, aqui em Lisboa.
Sabe, amigo Beja Santos, que tal como o Queta vieram para Portugal dezenas de ex-comandos africanos e foi a Associação de Comandos (3) quem lhes conseguiu o visto para virem através do Senegal.
Foi a dita associação quem lhes arranjou as casas em Chelas que o amigo chama de "uma autêntica alfurja"... Foi a dita associação quem lhes arranjou os primeiros empregos onde alguns ainda hoje se mantêm (por ex., cemitério do Alto de São João, castelo de São Jorge, seguranças privadas etc.) ...
Quando eles chegaram a Portugal, muitos ficaram a dormir durantes meses na Associação de Comandos e também a comer...
É que nós, os ex-comandos, sempre tratámos os comandos africano, não como africanos mas como comandos... O Beja Santos pode perguntar ao Queta se o que eu escrevo faz sentido.
Se ele mostra um semblante marcado pelo sofrimento, é natural, pois o que os ex-comandos naturais da Guiné passaram, marca qualquer um, mas nós aqui à distância sempre nos preocupámos com eles.
Fui testemunha de muitos aqui, em Lisboa, para elaborar os processos de ferimentos em combate para atribuição de pensões e trabalhei com muitos aqui em Lisboa em missões de segurança .
Muito do que ficou por fazer deveria ser o Estado Português a fazê-lo. Desculpe, amigo Beja Santos, se estou a ser injusto, mas penso que o Queta não lhe contou tudo.
Um abraço a todos os bloguistas.
A. Mendes
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Notas de L.G.:
(1) Vd. último post de A. Mendes > 29 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1326: Questões politicamente (in)correctas (10): Mortos: os famosos e os anónimos (A. Mendes, 38ª CCmds)
(2) Vd. post de 30 de Novembro de 2006> Guiné 63/74 - P1329: Operação Macaréu à Vista (Beja Santos) (22): A memória de elefante do 126, o Queta Baldé
(...) "Queta Baldé: ex-comando, exilado no Senegal, segurança em Lisboa
"O Queta apareceu-me aqui há uns dias no trabalho pelas 8:30, vindo da sua noite como segurança numa empresa entre o Saldanha e o Marquês de Pombal. Conheci-o a arrastar os pés e não se tornou mais ligeiro com a idade. Às vezes, quando vem conversar aqui comigo lança-me um olhar que parece de um animal doído com os raspanetes do dono.
"Ele tem algumas razões para mostrar um semblante marcado pelo sofrimento. Em 71, saiu do Pel Caç Nat 52 e alistou-se na 2ª Companhia de Comandos Africanos. Em 74, com a independência, fugiu de Cuntima para não ser baleado num daqueles delírios de ajuste de contas. Viveu sete anos no Senegal, lá conseguiu um visto, depois adquiriu nacionalidade portuguesa, trouxe filhos do primeiro casamento, voltou a casar e foi viver para Chelas J, numa autêntica alfurja. Mas não resistiu a ser útil a nosso alfero, que lhe pediu para retorcer os subterrâneos da memória" (...).
(3) A Associação de Comandos, com sede em Lisboa, tem delegações nas seguintes localidades:
Fora do Continente, tem ainda delegações em:
O sítio (oficial) da Associação de Comandos tem um link para uma das nossas páginas > Subsídios para a história da guerra colonial > Guiné (12) > Brá: Comandos
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