quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1349: Quartel Novo de Nova Lamego: paredes finas e chapa de zinco (Tino Neves)


Guiné- Bissau > Região de Bafatá > Gabu (antiga Nova Lamega) > Fevereiro de 2005 > O José Couto entre dois militares das Forças Armadas, no centro da parada do antigo quartel das NT, junto ao monumento de homenagem a Amílcar Cabral (que, por sua vez, é uma canibalização do memorial aos mortos do BCAÇ 2893, que esteve ali sediado entre 1969/71).


Foto: © José Couto / Tino Neves (2006). Foto gentilmente cedida por José Couto (ex-furriel miliciano de transmissões, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71), camarada do nosso tertuliano Tino Neves.



Guiné > Zona Leste > Nova Lamego > 1971 > Placa memorial erguida aos mortos do BCAÇ 2893: "Glória aos mortos"... O resto é ilegível... Depois da independência, a mesma pedra - virada do avesso - passou a conter uma inscrição de homenagem a Amílcar Lopes Cabral, o fundador da nacionalidade, o líder histórico do PAIGC, assassinado em Conacri pelo seu guarda-costas em 1973.


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS do BCAÇ 2893 (1969/71) > Cerimónia de Inauguração do Quartel Novo em 31 de Janeiro de 1971 (1)

Fotos: © Tino Neves (2006). Direitos reservados.



Estas eram as valas que do quartel Novo...


Este era um posto de Metralhadora Breda...

Este é o mesmo posto, mas com coberto anti-chuva...


Fotos e texto: © Tino Neves (2006) (1). Direitos reservados.


Todos nós, estivessemos de serviço (o chamado reforço) ou não, antes de irmos para as casernas, passavamos algumas horas, até por volta da meia noite, ou mais, pelos postos ou simplesmente nas valas, porque não nos sentíamos seguros nas casernas antes dessa hora.
A razão era simples: as ditas casernas eram feitas de simples blocos de areia e não sei que mais, o que sei é que não era cimento, porque se esfregassemos um dedo por algum tempo nos ditos tijolos, o dedo atravessava-os, portanto um simples tiro de pistola o atravessaria. E o tecto era de chapa de zinco. Não havia abrigos.

Passo a contar uma estória passada no Posto da Breda que se vê nas fotos (e que por acaso era o posto onde eu normalmente fazia o meu Reforço).
Era numa noite de muita chuva e trovoada, estando eu de serviço no posto da Breda, em companhia do camarada 1º. Cabo Escriturário Campino Ruivinho, e estando muito frio, compartilhámos a mesma manta para nos agasalharmos enquanto víamos impávidos a chuva e os relâmpagos.
De súbito um relâmpago atinge o fio das telecomunicações que estavam suspensos no ar, até ao nosso telefone de campanha, mesmo ao nosso lado. Limitámo-nos a ver o clarão de luz a correr esse mesmo fio até nós, e estoirar o aparelho!... O susto foi tão grande que, quando nos apercebemos, estávamos ambos abraçados um ao outro.

Conclusão: Fizemos figura de parvos. Se fosse um ataque, apesar de ambos sermos Escriturários, agiríamos em conformidade, mas neste caso, manda o instinto.

Sem mais termino agora com um abraço.

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