Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Pel Caç Nat 52 (1972) > Destacamento de Mato Cão. Legendas para quê ? O Joaquim Mexia Alves, ex-alferes miliciano de operações especiais, andou em bolandas e em bolanhas, de Dezembro de 1971 a Dezembro de 1973, tendo passado nada menos do que por três unidades no TO da Guiné: (i) pertenceu originalmente à CART 3492 / BART 3873 (Xitole / Ponte dos Fulas);(ii) depois mudou-se com armas e bagagens para Pel Caç Nat 52 (Bambadinca, Ponte Rio Udunduma, Mato Cão); e (iii) finalmente, CCAÇ 15 (Mansoa ) (1).
Fotos: Joaquim Mexia Alves (2008). Direitos reservados.
Fotos: Joaquim Mexia Alves (2008). Direitos reservados.
1. Não sei se ele foi voluntário à força, ou não se gostava dos lençóis da Intendência Militar, ou se embirrava com os mosquitos, ou se era muito requisitado por ter o curso de ranger... Além disso, tinha alma de fadista e de poeta (e ainda tem)... A verdade é que dos poucos, de nós todos, que se pode gabar de ter sido operacional de três subunidades distintas.
Há dias ele escreveu a uma coisa bonita ao Beja Santos, na sequência da festa do lançamento do seu (dele, Mário) livro. Já aqui foi publicada. Mas voltemos a reproduzir alguns excertos:
(...) Foi linda a festa, pá!... Foi lindo o convívio, (não falemos do bacalhau!), foi linda a conversa, foi lindo o riso, foi lindo a visita à Sociedade de Geografia, foram lindos os 'discursos', foi lindo o som da Guiné, foi linda a tua emoção, foram lindas as cervejas que ainda bebi a matar saudades, ah, e o livro é lindo!
Não vale a pena dizer mais nada, porque não há mais palavras para dizer o que vai no coração. Ah, e senti um grande orgulho em ter sido comandante do 52!
Espero que tenhas percebido que o sujeito de pé e arma na mão, na fotografia do sintex, que colocaste no teu livro, é este teu camarada e amigo.
Começo hoje a mandar-te as fotografias que tenho do 52 e que, se não me engano, são todas do Mato de Cão. Ao mesmo tempo mando-as também para o blogue, para arquivo. Com tempo farei seguir legendas para todas. (...).
São algumas dessas fotos que publico hoje. Com um agradecimento, muito emocionado, ao Joaquim pela ternura do roteiro que ele fez para mim e que só hoje, infelizmente, tomei conhecimento...
Há dias ele escreveu a uma coisa bonita ao Beja Santos, na sequência da festa do lançamento do seu (dele, Mário) livro. Já aqui foi publicada. Mas voltemos a reproduzir alguns excertos:
(...) Foi linda a festa, pá!... Foi lindo o convívio, (não falemos do bacalhau!), foi linda a conversa, foi lindo o riso, foi lindo a visita à Sociedade de Geografia, foram lindos os 'discursos', foi lindo o som da Guiné, foi linda a tua emoção, foram lindas as cervejas que ainda bebi a matar saudades, ah, e o livro é lindo!
Não vale a pena dizer mais nada, porque não há mais palavras para dizer o que vai no coração. Ah, e senti um grande orgulho em ter sido comandante do 52!
Espero que tenhas percebido que o sujeito de pé e arma na mão, na fotografia do sintex, que colocaste no teu livro, é este teu camarada e amigo.
Começo hoje a mandar-te as fotografias que tenho do 52 e que, se não me engano, são todas do Mato de Cão. Ao mesmo tempo mando-as também para o blogue, para arquivo. Com tempo farei seguir legendas para todas. (...).
São algumas dessas fotos que publico hoje. Com um agradecimento, muito emocionado, ao Joaquim pela ternura do roteiro que ele fez para mim e que só hoje, infelizmente, tomei conhecimento...
Passei, no meu regresso à Guiné, de 29 de fevereiro a 7 de março de 2008 por alguns dos sítios que ele sugere, a alta velocidade, com enormes ganas de parar... Quis controlar as minhas emoções, quando a vontade era de chorar; segui em frente, mesmo querendo ficar; não tirei fotografias, com muita raiva minha, por que me estava a armar em forte...
Tinha apenas em mente o sul, nunca o leste... Queria apenas mostrar a mim mesmo que estava a passar o teste da catarse...Que eu, de facto, já tinha esquecido a Guiné... Não esqueci, claro está... E a Guiné, para mim, era apenas o Corubal, a perigosa margem direita do Corubal, o Geba, o triângulo Xime-Bambadinca-Xitole, as tristes tabancas em autodefesa de Badora e do Corubal, o Geba Estreito, Finete, Mato Cão, Missirá, o Cuor, Fá Mandinga... Era também Contuboel, era Bafatá... E pouco mais.
Joaquim, desta vez fui a Mansoa, onde nunca tinha ido... À procura de bianda para o almoço, imagina!... Mas não segui para Mansabá... Acabei por ir almoçar ao restaurante do Hotel Rural de Uaque... Tive depois um convite, do Zé Teixeira e do seu grupo de beduínos, para ir comer leitão a Jugudul, mas outros deveres, os trabalhos do Simpósio Internacional de Guileje, me retiveram em Bissau...
Joaquim, desta vez fui a Mansoa, onde nunca tinha ido... À procura de bianda para o almoço, imagina!... Mas não segui para Mansabá... Acabei por ir almoçar ao restaurante do Hotel Rural de Uaque... Tive depois um convite, do Zé Teixeira e do seu grupo de beduínos, para ir comer leitão a Jugudul, mas outros deveres, os trabalhos do Simpósio Internacional de Guileje, me retiveram em Bissau...
Passei pelo Mato Cão, vi o cotovelo do Geba Estreito, onde nos emboscávamos, admirei a extensa bolanha de Finete, passei por Bambadinca, vi vacas a pastar na imens~~ao da bolanha de Bambadinca, parei em Bambadinca no regresso, tomei a estrada (que não havia no nosso tempo) de Mansambo - Xitole - Saltinho... Não parei em Mansambo, nem no Xitole. Apenas no Saltinho, porque estava no programa... Mas lembrei-te de ti, do David Guimarães, do Beja Santos, do Humberto Reis, do Tony, do Marques e de tantos outros camaradas e amigos da minha CCAÇ 12 e de outras unidades com quem convivi, em Bambadinca, entre Julho de 1969 e Março de 1971...
Desculpa-me, mas não bebi um uísque, por ti e por mim, à memória do Jamil. Só bebi um uisquinho no avião de regresso a Lisboa, que as bactérias e os vírus na Guiné-Bissau é quem mais ordenam... E eu que gostava tanto, como tu, do meu uísquinho com uma duas pedras de gelo e água de Perrier.
Não subi o Corubal, mas fui a Cussilinta, e fui com contida emoção que revi os palmeirais que bordejam o rio... Não passei pelo Xime, porque não é esse agora o caminho de quem vem de Bissau. Não tomei o velho barco da outrora soberana Casa Gouveia nem me sentei na esplanada do Pelicano. E das ostras, só provei a sopa, uma colher, na casa de uns amigos...
Como vês, foi frugal, espartano, sanitarista... Mas um dia prometo voltar ao Mato Cão, e à bolanha de Finete, e à Ponta do Inglês, e à margem direita do Corubal... Já foram demasiadas emoções para uma semana só... Sempre gostei mais daquela terra no tempo das chuvas e do capim alto e das miríades de insectos...
Desculpa-me, mas não bebi um uísque, por ti e por mim, à memória do Jamil. Só bebi um uisquinho no avião de regresso a Lisboa, que as bactérias e os vírus na Guiné-Bissau é quem mais ordenam... E eu que gostava tanto, como tu, do meu uísquinho com uma duas pedras de gelo e água de Perrier.
Não subi o Corubal, mas fui a Cussilinta, e fui com contida emoção que revi os palmeirais que bordejam o rio... Não passei pelo Xime, porque não é esse agora o caminho de quem vem de Bissau. Não tomei o velho barco da outrora soberana Casa Gouveia nem me sentei na esplanada do Pelicano. E das ostras, só provei a sopa, uma colher, na casa de uns amigos...
Como vês, foi frugal, espartano, sanitarista... Mas um dia prometo voltar ao Mato Cão, e à bolanha de Finete, e à Ponta do Inglês, e à margem direita do Corubal... Já foram demasiadas emoções para uma semana só... Sempre gostei mais daquela terra no tempo das chuvas e do capim alto e das miríades de insectos...
De qualquer modo, adorei o teu roteiro poético-sentimental... Quem sabe se não o voltaremos a fazer pelo nosso própio pé... Tu, eu e a malta de Bambadinca, que é muita e que faz parte da nossa Tabanca Grande... Obrigado, Joaquim. Vêmo-nos para Abril ou Maio, no III Encontro Nacional da Nossa Tertúlia ou Tabanca Grande... Vou divulgar as datas que sugeres.
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Janeiro de 2008 > Estrada Bissau-Bafatá > Passagem do Xico Allen pelas proximidades de Mato Cão, onde foi criado, no tempo do Polidoro Monteiro, comandante do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), um destacamento, guarnecido pelo Pel Caç Nat 52 (2).
Foto: Xico Allen / Albano Costa (2008). Direitos reservados.
__________
Notas de L.G.:
(1) Vd. alguns dos postes anteriores do Joaquim Mexia Alves (e de outros camaradas, com referências ao Mato Cão):
13 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2631: Dando a mão à palmatória (5): Recado para uma ida à Guiné (Joaquim Mexia Alves)
19 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2364: O meu Natal no mato (5): Mato Cão, 1972: Com calor, muito calor, e longe, muito longe do meu clã (Joaquim Mexia Alves)
15 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2179: Fado da Guiné (letra original de Joaquim Mexia Alves)
25 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1997: Álbum das Glórias (22): O Alf Mil Pires, cmdt do Pel Caç Nat 63, em Mato Cão, na festa do meus 24 anos (Joaquim Mexia Alves)
6 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1927: Operação Macaréu à Vista (Beja Santos) (54): Ponta Varela e Mato Cão: Terror no Geba
2 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1912: Um buraco chamado Mato Cão (Nuno Almeida, ex-mecânico de heli / Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 52)
12 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1271: O cruzeiro das nossas vidas (1): O meu Natal de 1971 a bordo do Niassa (Joaquim Mexia Alves)
7 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1056: Estórias avulsas (1): Mato Cão: um cozinheiro 'apanhado' (Joaquim Mexia Alves)
(2) Vd.poste de 20 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2561: Ser solidário (5): Um mimo para o Beja Santos (Xico Allen/Albano Costa)
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Janeiro de 2008 > Estrada Bissau-Bafatá > Passagem do Xico Allen pelas proximidades de Mato Cão, onde foi criado, no tempo do Polidoro Monteiro, comandante do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), um destacamento, guarnecido pelo Pel Caç Nat 52 (2).
Foto: Xico Allen / Albano Costa (2008). Direitos reservados.
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Notas de L.G.:
(1) Vd. alguns dos postes anteriores do Joaquim Mexia Alves (e de outros camaradas, com referências ao Mato Cão):
13 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2631: Dando a mão à palmatória (5): Recado para uma ida à Guiné (Joaquim Mexia Alves)
19 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2364: O meu Natal no mato (5): Mato Cão, 1972: Com calor, muito calor, e longe, muito longe do meu clã (Joaquim Mexia Alves)
15 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2179: Fado da Guiné (letra original de Joaquim Mexia Alves)
25 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1997: Álbum das Glórias (22): O Alf Mil Pires, cmdt do Pel Caç Nat 63, em Mato Cão, na festa do meus 24 anos (Joaquim Mexia Alves)
6 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1927: Operação Macaréu à Vista (Beja Santos) (54): Ponta Varela e Mato Cão: Terror no Geba
2 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1912: Um buraco chamado Mato Cão (Nuno Almeida, ex-mecânico de heli / Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 52)
12 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1271: O cruzeiro das nossas vidas (1): O meu Natal de 1971 a bordo do Niassa (Joaquim Mexia Alves)
7 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1056: Estórias avulsas (1): Mato Cão: um cozinheiro 'apanhado' (Joaquim Mexia Alves)
(2) Vd.poste de 20 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2561: Ser solidário (5): Um mimo para o Beja Santos (Xico Allen/Albano Costa)
1 comentário:
Obrigado!
Legenda para a primeira fotografia:
"Gaita, eu não sou assim tão feio!
Este é o resultado, (conforme comparação com as outras fotografias), de 9 meses consecutivos no Mato Cão!"
Um dia conto o que se seguiu, para ir parar a Mansoa.
Abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves
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