quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3482: Histórias engraçadas (António Matos) (4): Quando os serviços de oficial de dia passaram a ser feitos pelos oficiais da CCS...


Um arrear da bandeira diferente, em Bula



Acabei de jantar.

Estou em Lisboa.

Preparo-me para uma corrida de karting amanhã, pela manhã, na Batalha. É a penúltima corrida do campeonato de 2008 onde tento desesperadamente segurar o 1º lugar de que neste momento disfruto. Terei que me deitar um pouco mais cedo para que as forças não falhem na hora da verdade.

Vi o telejornal a referenciar a crise financeira mundial, ainda que Sócrates esboce aquele sorriso seráfico perante o crescimento do país de 0,1% com aquela verborreia de que há piores ....Como se com o mal dos outros não pudéssemos nós bem ...Os secretários de estado da educação foram brindados com ovos nas ventas ....Os putos cantam os "alunos! unidos! jamais serão vencidos !" ...Deu-me vontade de rir....

Vim ao computador espreitar se havia novos posts no blog ...Havia a sondagem sobre as histórias e as estórias...Façam o que fizerem, estou como o Saramago, não abdico do meu grafismo! Assim como assim, já estou velho para essas mudanças....
Verifiquei que estava a fazer força com a boca e dou comigo a sorrir...Estava a recordar uma cena passada em Bula.

Certo dia, depois de mais um acidente no mato, os alferes da companhia resolveram solicitar ao comando do batalhão que os dispensasse dos serviços de oficial de dia, oficial de piquete, etc. e que tal fosse atribuído aos oficiais da CCS. Curiosamente fomos atendidos e a cena passa-se num arrear da bandeira.
Seriam 7, 8 horas da tarde...O oficial de dia era, então, o alferes tesoureiro do batalhão.
Era um indivíduo com uma graça extraordinária se bem que fazia lembrar o actual "super conde" Castelo Branco.
Ao nosso camarada nunca lhe passara pela cabeça algum dia vir a dar vozes de comando para uma cerimónia com a simbologia da da continência à bandeira e nem sequer sabia a sua sequência.
O comandante aparecia muitas vezes a essa hora para assistir ao acto. Nesse dia também.

Preparado o pelotão, o nosso camarada, com a boina posta de modo muito pouco ortodoxo, e com voz de falsete, vira-se para os homens e diz:

-"Meninos! sentidópe !

Num rasgo de oportunidade, e vendo o descontrolo do pelotão que, entretanto, se desmanchara à gargalhada, diz:

- "Oh credo que me esqueci do firme!"

Deixo à imaginação de todos qual teria sido a conversa de caserna durante os 2 meses seguintes....

E assim ia a nossa guerra....


António Matos


PS - uma vez que referi aquela figura execrável do Castelo Branco, lembro-me dum programa da série "bigbrother", a 1ª companhia, onde ele tem que fazer ordem unida e a páginas tantas vira-se para os outros e diz:

- "7, 8 !!"

O militar de serviço naquela altura vira-se para ele e pergunta-lhe o que é que ele estava a dizer? Castelo Branco responde:

- " 7, 8 !!

Curiosamente, os outros punham-se em sentido àquela ordem!

O militar pegunta se ele estava a gozar ao que lhe responde que "aquilo" era o que ele pensava que ouvia quando os profissionais diziam "SÉOP"!

__________

Notas: artigos da série em

7 comentários:

Anónimo disse...

António Matos
Os teus escritos têm espírito e qualidade. Por favor não os estragues com aberrações, mesmo que sirvam para ilustrares situações.
Um abraço
BSardinha

António Matos disse...

Camarada Sardinha, nós, gaijos que fizemos a guerra, gaijos de barba rija, gaijos que saboreámos o paladar da terra barrenta e o sangue do ferimento mais ou menos profundo, nós que amarfanhámos o peito com o cair dos bravos nossos amigos, nós, todos nós, teremos uma propensão natural para nos horrorizarmos com as ditas aberrações, mas a verdade é que elas existiram e fazem parte do acervo da guerra colonial que aqui estamos a perpetuar.
Não serão muitas as estórias alusivas a esta casta embora cada vez me espante mais o "modernismo" que assumiu foros de importância social que é a paneleiragem.
Por isso, espero continuar a ter-te como apreciador dos meus textos ( será que merecem atenção ? ) e não dês mais importância às coisas do que a importância que as coisas têm.
Um abraço,
António Matos

Santos Oliveira disse...

António Matos
Novo na Tabanca e desconhecido no Endereço Electrónico.
Não vale procurar na listagem da Comunidade e não encontrar. Será erro teu?
Abraço
Santos Oliveira

Anónimo disse...

Claro que espero mais textos, essa é uma questão que nem se coloca. Tenho sempre muito prazer em lê-los, até porque são a forma de darmos a saber, na 1ª pessoa, como tudo se passou.
Um abraço.
BSardinha

António Matos disse...

Santos Oliveira, peço desculpa mas não percebi a questão. Não consegues dar com o meu endereço electrónico ? E é suposto ele estar referido onde ?
Esclarece-.me, por favor.
Um abraço
António Matos

Santos Oliveira disse...

Caro António Matos
Refiro-me á lista actualizada e distribuída pelo Blogue, logo após o teu Post de apresentação.
...mas estás no pleno direito a teres garantida a tua privacidade.
Abraços
Santos Oliveira

António Matos disse...

Assunto resolvido ?
Os deuses ouviram-te, Santos Oliveira!
Um abraço,
António Matos