Guiné > Região leste > Bambadinca > O Alf Mil Dias (CCAÇ 3491, Dulombi e Galomaro, 1971/74) em cima de uma Daimler do Pel Rec Daimler
Guiné > Região leste > Bafatá > Passeio de jipe por Bafatá, em 1973. O Alf Mil Luís Dias (CCAÇ 3491, Dulombi e Galomaro, 1971/1973) em frente à Fonte Pública local, de 1918.
Fotos: Blogue de Luís Dias > Histórias da Guiné >CCAÇ 3491 (Dulombi e Galomaro, 1971/74) (com a devida vénia...)
1. Mensagem de Manuel António Lobo Rodrigues, ex-Fur Mec da CCAÇ 3491 (Dulombi e Galomaro, 1971/4)
Assunto - O que nós comíamos sem saber! (*)
Em Galomaro, havia um único restaurante, que ficava à esquerda, um pouco antes do quartel, na estrada Bambadinca-Dulombi, parte de terra batida.
A CCAÇ 3491 fazia o seu normal reabastecimento em Bambadinca e Bafatá. Como fazíamos a picada à saída e por vezes à entrada, tínhamos, pelo menos alguns, no mesmo dia de ir a Bambadinca e Bafatá, e nem sempre havia tempo de comer em Bafatá.
No regresso ao quartel, alguns paravam no dito restaurante de Galomaro, que servia bifanas, acompanhadas de umas bejecas, claro.
Já tinha ouvido falar pelos condutores, geralmente bem informados, que não era carne de vaca nem de porco, como dizia o dono do restaurante, mas sim de macaco cão.
Um dia à noite, quando bebia vinho de palma, e assistia, impressionado, a ver um nativa já de idade avançada a comer piripiri, como nós comemos tremoços, fui surpreendido, por nativos que mostraram diferentes caveiras.
Segundo os nativos, as caveiras mais parecidas com o ser humano na região de Galomaro eram as do macaco cão.
As bifanas que o dono do restaurante fazia passar por carne de porco ou vaca, também eram de macaco cão. Segundo os nativos, as dos outros macacos era intragável, e porcos, poucos havia, já que a influência Balanta na região era reduzida.
A etnia Balanta criava porcos, a etnia Fula, predominante na região, provavelmente por influência Árabe não criava porcos, cuja carne é proibida pelo Corão.
Passei a parar lá só para beber cerveja, já que fora do quartel não havia mais nada onde beber, o calor e por vezes a fome, apertavam sempre muito.
Anel, Ex-furriel mecânico da CCAÇ 3491, BCAÇ 3872 (**)
Portugal, dezoito de Janeiro de 2009
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Notas de L.G.:
(*) Vd. último poste desta série > 19 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3758: Fauna & flora (13): Macaco cão a ladrar, gente do PAIGC a chegar (Joaquim Mexia Alves)
(**) Luís Dias, membro da nossa Tabanca Grande, também pertenceu à CCAÇ 3491. Vd. postes de:
5 de Julho de 2008> Guiné 63/74 - P3022: Tabanca Grande (78): Luís Dias, ex-All Mil da CCAÇ 3491, Dulombi e Galomaro (1971/74)
Vd. também o poste de 22 de Abril de 2007 >Guiné 63/74 - P1686: Fichas de unidades (1): BCAÇ 3872, CCAÇ 3489, 3490 e 3491 (Sector L5, Galomaro, 1972/74) (José Martins)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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2 comentários:
Em resposta à minha pergunta: "Este texto significa também a intenção de fazeres parte da Tabanca Grande ? Se sim, serás muito bem vindo", o Rodrigues respondeu-me o seguinte:
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Ainda não estou reformado, por isso mesmo não tenho grande disponibilidade, no entanto agradeço a publicação do artigo que enviei.
As fotos, de acordo com as normas, para poder fazer parte da tabanca grande, seguirão tão breve quanto possível.
Dulombi fazia parte do Leste, era o quartel mais próximo de Madina do Boé, onde foi declarada a independência da Guiné, pelo PAIGC, muito antes do 25 de Abril.
Na história da luta armada, o primeiro grande desastre, das Tropas Portuguesas, provavelmente o mais noticiado, aconteceu na travessia do rio Corubal, na retirada para norte, de tropas estacionadas no Dulombi, também a Norte do mesmo rio, da companhia que esteve no Dulombi, antes da 2700.
A história da jangada afundada.
Parece-me, que a verdadeira história da jangada afundada foi esquecida..., embora tenha tido uma enorme importância, na comunicação social, principalmente, fora de Portugal.
A jangada era improvisada, feita de bidões, e pelo que diziam nativos, no local, quando pretendiam fazer a travessia, a corrente era muito forte, pelo que só alguns atravessaram, provavelmente a nado...
Anel
Ex Fur Mec Auto Rodas, CCAÇ 3491, Dulombi e Galamaro, 1971/74
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Rodrigues:
Fte icamos à tua espera... A Companhia a que referes (e que eram os vossos avozinhos), era a CCAÇ 2405 (1968/70), a que atencedeu a 2700 (1970/72)... Esta subunidade perdeu 17 homens no Cheche, na trevessia do Corubal. Ao todo foram 46 militares e 1 civil.
Este desastre, que ocorreu em 6 de Fevereiro de 1969 no decurso da Op Mabecos Bravios (retirada do quartel de Madina do Boé, menos de quatro meses de eu chegar à Guiné, em finais de Maio de 1969), está amplamente documento no nosso blogue, sobretudo na I Série (que vai de Abril de 2005 a Maio de 2006).
Um Alfa Bravo. Luís
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