terça-feira, 10 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5245: Parabéns a você (40): António Garcia de Matos (ex-Alf Mil Minas e Arm da CCAÇ 2790 - Bula - 1970/72 (Editores)

PARABÉNS
AMIGO & CAMARADA

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António Garcia de Matos (ex-Alf Mil Minas e Arm da CCAÇ 2790 - Bula 1970/72)

1. Transmontano (Vila Real), calcorreou este país fora atrás dos pais, por inerência da profissão do patrono, tendo ficado sentimentalmente ligado a Amarante (instrução primária), à Póvoa de Varzim (o 1º primeiro namorico), ao Porto ( o liceu Alexandre Herculano e o atleta ), a Guimarães (o casamento) e a Lisboa (os filhos e os netos).


Desde cedo ligado a actividades desportivas (atleta de ginástica do Futebol Club do Porto) praticou com algum afinco o judo, o karaté, a natação, o futebol (o de salão na representação, ainda que pouco assídua, na empresa onde trabalhava), o cycling e finalmente o karting.

A este último, ainda hoje lhe dedica muito do seu tempo livre, quer como piloto, quer como organizador de troféus.A sigla da sua companhia de caçadores na Guiné (CÇac 2790) era IHSV (In Hoc Signo Vinces) que transportou para a sua vida desportiva sendo o lema e logotipo do seu troféu kartista actual.

Casado há quase 37 anos com a sua namorada da altura da guerra do ultramar e a quem lhe escrevia quase diariamente um aerograma, tiveram, juntos, 3 filhos dos quais já descenderam outros tantos netos.

Numa situação de pré-reforma, é com este núcleo duro familiar que desfruta dos grandes prazeres da vida.

Emociona-se com as alegrias e os desgostos do mundo e associa a um espírito crítico compulsivo e arrebatador, uma vontade imensa de solidariedade na pessoa de crianças portadoras de deficiência, levando a efeito acções de apoio que minorem os seus sofrimentos.

Bisneto, neto, filho e hoje pai de seres invulgarmente dedicados à coisa cultural e jornalística, tem, na escrita (não cuidada, não trabalhada, não inócua, é certo, despretensiosa, humilde, não seguidista, não alavancadora de favores e/ou bajulações, etc., etc., etc.) um dos seus grandes hobbies.

Dedica-se a causas de alma e coração e assumiu o blogue Luís Graça e Amigos como uma causa!

Vibra com os relatos duma época que viveu com a intensidade com que toda a mocidade o fez igualmente - guerra do ultramar - ainda que a particularidade "Guiné" lhe cause sempre um calafrio acrescido quando o tema é lançado para a mesa.

Tem a este respeito, uma visão própria, vivida, sofrida, e alicerçada na coerência dos seus princípios morais.

Fez a guerra não por convicção, mas uma vez lá, assumiu, como missão prioritária, trazer de volta os homens que lhe coube comandar.

Frustrado esse desígnio, sofreu e sofre na convicção de que aquelas baixas foram em grande parte devidas ao facto de não ter estado presente naquela altura (de baixa no hospital de Bissau), não por demérito dos graduados que comandavam o pelotão naquele fatídico dia mas sim por um conjunto de circunstâncias que impunha como imperativas comportamentais no mato (neste caso numa coluna motorizada) e que não foram observadas.

Não sofre (julga) de stresse pós-traumático da guerra mas tem a noção de ter deixado de ser o homem que se preparava ser há 40 anos atrás.
Para o bem e para o mal...

A 10 de Novembro reunirá fisicamente os seus familiares; juntos cantarão os "Parabéns a Você"; os adultos farão os discursos de circunstância e as crianças farão a algazarra.
Às tantas da madrugada, esticar-se-á no sofá, olhará em volta, assenta mentalmente os locais onde há restos de mousse de chocolate lambuzados pela paredes para no dia seguinte lavar, abrirá as janelas para arejar dos odores e dos fumos de tabaco sorvido pelos fumadores-conspurcantes, espreguiça-se e vai-se deitar a dizer: este já cá está! Venham mais outros 61!

António Garcia de Matos
ex-Alf Mil Minas e Arm da CCAÇ 2790

2. Foi assim nestes prestimosos moldes que, gentil e generosamente, o nosso Camarada Matos respondeu à minha solicitação (a quem deixo aqui os meus melhores agradecimentos), para me ajudar a dizer algo mais sobre ele próprio neste poste, que pretende, à semelhança de outros da mesma série, prestar a nossa singela e justa homenagem a este nosso activo Camarada tertuliano, neste seu 61º aniversário.

3. Vou relembrar a seguir que o António Matos, se juntou à Tabanca Grande, em 1 de Novembro de 2008, através de uma mensagem apresentada no poste "Guiné 63/74 - P3390: Tabanca Grande (95): António Garcia de Matos, ex-Alf Mil da CCAÇ 2790, Bula (1970/72)", que deixo à vossa leitura e consideração na íntegra:

É um verdadeiro turbilhão de recordações de imagens...

do embarque em Ponta Delgada no Carvalho Araújo,

da viagem, mares fora, e do cerco do nosso barco por uma miríade ameaçadora de outras embarcações, mar alto, e o aparecimento dum submarino a estibordo, da chegada a Cabo Verde para reabastecimento de água,

da chegada a Bissau,do cais do Pijiguiti,

do calor daquela noite em que desertei do Carvalho Araújo e fui, a bordo dum bote, para um café andar à volta duma ventoinha de tecto e beber cerveja enquanto destilava suor por quantos poros tinha,

da ida para o Cumeré a fim de fazermos o IAO,
de grandes ocasiões (na pequenez do sentimento individual),

de pequenos nadas,

de camaradas precocemente desaparecidos,

de outros a quem a morte poupou ainda que lhes tivesse arrancado partes do seu corpo,

das gentes,

dos locais,

dos mosquitos,
das tabancas,

do mato,

das minas,

dos combates,

das ganas de viver,

das horas da distribuição do correio,

da imagem do avião da TAP a levantar voo quando me encontrava algures entre o Choquemone e Ponta Matar e sonhava com o regresso,

da noite do ataque de mísseis a Bula,

das tempestades tropicais,

da Nave dos Loucos,da aterragem do heli do General Spínola após um ataque ao meu destacamento em Augusto Barros,

do Capitão Sucena,

do Capitão Gertrudes da Silva,

do Batalhão 2928 humoristicamente apelidado de batalhoa devido ao seu conselho de administração constituído por um Coronel e dois Tenentes-Coronéis,

do ataque de abelhas ao quartel de Bula,
da nuvem também de abelhas que sobrevoaram a malta que comigo estava na montagem do campo de minas e de onde uma delas desarvorou em voo picado saindo da sua formação e aterrou dentro da bota do Luís Sampaio Faria que, entretanto, conseguiu resistir à tentação de lhe mandar um soco demolidor mas que traria, com certeza, a vingança do enxame que se mantinha em sonoro e ameaçador voo sobre as nossas cabeças,

do rebentamento de minas ali ao nosso lado e que nos davam a incerteza de termos sido nós próprios os acidentados,

da desmontagem daquelas minas,

de duas ocasiões em que, na neutralização dessas minas, a cavilha de segurança não aguentou o disparo do percutor tendo nós sobrevivido devido ao estado de destruição que o tempo provocou naqueles objectos,

da trágica recordação dos relatos da emboscada sofrida pelo meu grupo de combate na estrada Bula-S.Vicente,
da protecção à Engenharia na construção da estrada Bula-Binar,

e de tantas outras coisas que o tempo não faz esquecer mas que a geração dos nossos filhos (para não falar da dos nossos netos) necessita de ter plena consciência para compreender este discurso das liberdades e o valor que as mesmas têm para quem viveu do outro lado da cortina...

Eu fui Alferes Miliciano.

António Garcia de Matos, Guiné, Setembro de 1970 a Setembro de 1972 na CCaç 2790 que ostentou o lema In Hoc Signo Vinces!

Os sinais dos tempos vão-se notando e as fotos aí estão para nos trazer à realidade!

Aqui vos deixo (em anexo) a evolução implacável, ainda que prazenteira, da imagem deste vosso camarada de armas.

António Matos
Amadora
01NOV2008

O António Matos numa operação de neutralização de uma mina Anti-pessoal colocada pelo IN
Foto: António Matos (2008). Direitos reservados.
Emblemas: Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
___________

34 comentários:

MANUEL MAIA disse...

CARO ANTÓNIO MATOS,

DAQUI A 39 NÃO TE ESQUEÇAS DE PEDIR MAIS EM GRUPOS DE DOZE,PORQUE À DÚZIA SAI MAIS BARATO...

UM GRANDE ABRAÇO DE PARABÉNS E CUIDADO COM OS "BALÁZIOS COPÍSTICOS" ...
NO ENTANTO,ESPERO QUE BEBAS UM PELA MALTA DESTA TABANCA, QUE TE DESEJA UM DIA PLENO DE ALEGRIAS JUNTO DOS TEUS.

a disse...

António Matos, caríssimo.
Aprendeste a desarmadilhar as minas,e as armadilhas da vida, mas continuamos sempre a aprender.
Eu também estive em Tancos, na Escola Prática de Engenharia em Abril,Maio, Junho de 1971 onde obtive igualmente uma "licenciatura" em minas e armadilhas. Graças a Deus, nunca utilizei estes meus conhecimentos nas terras da Guiné, mas isso marca um homem.
Um forte abraço de parabéns, meu caro António Matos.
António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Caro António Matos. Sinceros parabens pelo Aniversário!Ou como por aqui se diz:-Hjärtliga gratulation på Födelsedagen. (Nao tinha lido anteriormente o teu P3390.Gostei!)Um abraco José Belo.

José Marcelino Martins disse...

Carissimo

Ergo a taça para te saudar em mais um aniversário.

61 faz pensar. Quando chegar a essa bonita idade, começo a pensar na reforma.

Recebe um virtual abraço, pois que estou, quase certo, que no sábado te darei um de verdade em Belém.

José Martins

Anónimo disse...

Amigo Matos

... por tudo isto e muito mais,és merecedor de renovar as victórias sobre os pelo menos trinta e nove próximos anos,desarmadilhando-os um a um.

Parabens.
Logo vou erguer o meu copo de tintol, à tua . Pena é já não ter mais daquele maravilhoso brande.

Que passes um optimo dia rodeado pelos Teus

Um Grande abraço

Luis Faria

Joaquim Mexia Alves disse...

Caro António Matos

Faço minhas as palavras do José Belo em sueco e que eu não faço a minima ideia do que querem dizer, mas calculo que sejam os parabéns...eheheh

Abraço-te camarigamente neste dia do teu aniversário

Luís Graça disse...

Ao aniversariante, mandarei mais tarde uma coisa mais bem compostinha, a condizer com o dia e com a pessoa...

Ao Joaquim queria só chamar a atenção para uma ferramenta do Google, que nos torna poliglotas, ou pelo menos vem contrariar o velho e conservador provérbio português que diz que "burro velho não aprende línguas" (lá está a nossa natural propensão para o bota-abaixo, o pessimismo, a descrença)...

Pois a coisa funciona assim:

(i) Vais ao Google;

(ii) Clicas em "Ferramentas de idiomas;

(iii) Na caixa onde diz "Traduzir texto", pões (copy & paste) a frase em sueco:

Hjärtliga gratulation på Födelsedagen

(iv) Em baixo, escolhes Sueco >> Português;

(v) Carregas em "Traduzir"

(v) No lado direito da caixa, que contem o texto original, a traduzir, aparece-te a tradução: Parabéns pelo aniversário...

Obs - É uma traduçáo automática, por computador... Quem não conhecer sueco, não pode ir muito mais além (por ex., fazer traduções científicas e técnicas)... Mas dá para traduzir um poste num blogue, escrever uma carta a uma amiga sueca (em sueco macarrónico... além disso, "enquanto houver língua e dedo, não há sueca que meta... medo", diz o macho latino).

Enfim, Joaquim, deves-me um copo, já ganhaste o dia... Mas eu vou voltar ao trabalho, que me está a acossar como um cão...

Joaquim Mexia Alves disse...

Caro Luís

Obrigadinho, mas por acaso até tenho a "ferramenta" da tradução no meu blogue pessoal.

Agora, Luís, não me lixes porque eu não acredito que "Födelsedagen" queira dizer parabéns ou aniversário, mas sim alguma coisa parecida com a fonética da palavra...

Estou a brincar claro que nem o António Matos merecia tal, nem o José Belo era capaz de tal coisa...

Bem mas já deu para rir um bocado!

Abraço camarigo para todos

Luís Graça disse...

Joaquim:

O teu 6º sentido (desenvolvido na Guiné, que um tuga tinha que ter os cinco sentidos bem purados + 1) é capaz de te levar a uma ba pista...

Eu também acho que a tal "Fodel... qualquer coisa" não é assim tão inocente...

A "ferramenta" do Google deve ser sueca, protestante, luterana, puritana... Se lhe meteres a nossa "linguagem de caserna", carregada de Effes & Erres, entope-se logo, coitadinha...E, aí olha, nem língua nem dedo te valem...

Carlos Vinhal disse...

Caro António Matos
Lá vamos contornando as armadilhas da vida e a cada 365 dias somando mais uma ano de vida.
Já vamos nos 61, bem bom. Consta-se que a colheita de 1948 está aqui para lavar e durar. Estes gajos vão ter que nos aturar por muitos e bons anos.
Um abraço e votos de muita saúde.
Vinhal

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caro camarada
António Matos

Os meus sinceros parabens pelo teu aniversário, que este dia perdure por muito tempo, para que com a tua irreverância perspicaz nos continues a diliciar com a tua visão de escrita ou nos teus comentárias relevamtes


Um abraço


Mário Pinto

Anónimo disse...

Meus caros Camaradas e Amigos! Confesso que antes de ter escrito a palavra "Födelsedagen" pensei...duas vezes!Mas quer realmente dizer(á letra!):-Dia do nascimento.Mas já agora que estamos em profundos e sérios intercambios linguísticos,posso informar que nesta santa língua o termo "souvenir",ou mais lusitania mente "uma recordacao de",se diz:-MINNET. Como os Camaradas já devem ter compreendido tudo isto tem sido muito complicado para um simples "exigrado". José Belo.

Carlos Vinhal disse...

E ainda há quem diga que a língua portuguesa é traiçoeira.
Estes suecos oferecem cada coisa às pessoas.
Vinhal

Juvenal Amado disse...

Caro camarada Matos
De pé ante pé, não tivesses sido tu de minas e armadilhas, chegaste a este dia.
Embora não te conheça pessoalmente, habituei-me a ler-te no blogue e parece que sempre te conheci.
Sendo assim beberei hoje, para que este dia seja especialmente feliz e que se repita por muitos e bons anos, junto dos teus familiares.

Um abraço
Juvenal Amado

Joaquim Mexia Alves disse...

Ou seja, um gajo pode fazer um "minnet" do seu "Födelsedagen", o que traduzido à letra seria uma recordação do dia do seu nascimento!!!!

O José Belo vem te embora se não ainda te dão um nó na cabeça....

O que diriam os irmãos Maristas se te ouvissem a dizer estas coisas!!!

Abraço

Anónimo disse...

Parabéns
Votos de um dia bem passado com alegria e muitas surpresas.
Filomena

Anónimo disse...

Amigo e Camarada António Matos,

O meu maior desejo neste teu aniversário, é que junto da tua querida família sejas muito feliz e que esta data se repita por muitos, bons e fertéis anos, plenos de saúde, felicidade e alegria.

Que por muitos mais e bons anos, este "aquartelamento" de Camaradas & Amigos te possa enviar mensagens idênticas às que hoje lês neste cantinho dos comentários.

Estes são os meus sinceros e melhores desejos deste teu Amigo, com um grande abraço,
Magalhães Ribeiro

Jorge Fontinha disse...

Aquele abraço de felicitações pelos 61 Outonos, como sabes tambéns já os fiz.Desejo-te um dia feliz, junto da família.
Um brinde com aquele "velho Porto", aqui da Régua.
Garanto-te que não está armadilhado!...
Até sempre
Jorge Fontinha

Anónimo disse...

Amigo Garcia de Matos,

Muitos Parabéns e um grande abraço de um ex-combatente na Guiné, ex-especialista de Minas e Armadilhas, ex-IBM'er, para outro de similar "estaleca".
Que contes muitos anos com a lucidez e energia que demonstras agora.
Passa bem,
Raul Albino

Miguel disse...

Caro António Matos
Que o caminho que se desenrola à tua frente nunca tenha os perigos a que te habituaste em dois anos no fim do mundo.
Um abraço de parabéns. Miguel Pessoa

Anónimo disse...

Camarada!

Parabéns e muito cuidado

com as minas que por aí

abundam...Olha faz como

eu, que continuo a "picar"...

Grande Abraço!


Jorge Cabral

Anónimo disse...

Caro António Matos,
Quando eu comecei a ler este blogue encontrei-te. Desde logo me apercebi que os teus escritos, aqui e ali salpicantes e estimulativos à discussão eram, todos eles, impregnados de honestidade intelectual.
Contigo tudo é passível de discussão. Contigo a história só é possível fazer-se, se conhecermos todos os contornos da moeda., mesmo que isso doa. Nem pode ser de outra maneira.
Mais tarde, quando cheguei à fala contigo, através de emails, conheci o outro lado do homem que és.
Conheci o homem do seu tempo que discute frontalmente as realidades do mundo actual;
Conheci o homem-pai preocupado com o futuro dos filhos;
Conheci o avô embevecido com os primeiros passos dos netos;
Conheci no ex-militar o homem sensível à procura de militares da sua compamhia e dos quais perdeu contacto;
Conheci o homem atleta e orgulhoso dos troféus conquistados;
Conheci o homem impregnado de amor ao próximo bem visível na sua solidariedade para com os mais desfavorecidos. As causas de solidariedade, em que o homem que és sete mete, falam bem alto.
Por tudo isso e muito mais deixa-me usar o meu IBM para dar-te os meus parabéns.
Por tudo isso e muito mais deixa-me encher dois copos de coca-cola e white horse (se preferires outro também se arranja) para brindarmos aos teus 61 anos.
Por tudo isto e muito mais daixa-me dar-te um abraço,
José Câmara

Colaço disse...

Parabéns por mais um e pela boa forma como o camarada se apresenta.
Eu agora estou numa que gostava era de os desfazer.
Como não encontro essa formula tenho que os ir contando com muito agrado.
um abraço amigo Colaço.

Luís Graça disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hélder Valério disse...

Caro António G. Matos

Já li alguns dos 'piropos' com que hoje te mimosearam.... enfim, é a vida!, há que aguentar...
Então, aqui vão os meus sinceros votos para que este aniversário, comemorado assim, como membro desta nova 'família' te possa motivar para que mais uns quantos se perfilem no horizonte, com a lucidez e acutilância com que normalmente te apresentas.
Para mim também é dia de aniversário pois faz exactamente 37 anos que cheguei cá depois de uma comissão de 24 meses e 1 dia...
Li algures que estiveste em Tancos. Eu também, de Janeiro a Abril de 70, a fazer uma especialização/estágio em TSF. Talvez tivessemos sido lá contemporâneos. Foi cá um friozinho nesse Inverno, naquelas casernas...
Recebe uma grande abraço de parabéns!
Hélder S.

Luís Graça disse...

Telefonei de manhã ao António (que, de resto, é meu vizinho), a dar-lhe os parabéns pelo milagre da vida (um primata, tuga, ex-combatente da Guiné, maluco das minas e armadilhas, com 61 anos tem direito a ronco, dia especial de aniversário, rancho melhorado, mais uma taça de champanhe e uma lágrima furtiva ao canto do olho!)...

Na teleconversa, esta manhã, com ele, descobri que tinha mais afinidades, para além da Guiné e da vizinhança (que na cidade grande não significa necessariamente relações de proximidade e de convívio, como é o caso infelizmente).•
Conheci, pessoalmente, o António Matos na missa do 7º dia da morte da Maria da Glória, filha do nosso camarada Beja Santos. Logo, em circunstâncias infelizes. Depois disso, falei com ele uma vez, ao telefone, para lhe pedir os seus bons serviços na intermediação de um conflito (interno ao blogue).

Mas voltando às nossas afinidades: o pai chamava-se (infelizmente já morreu há 10 anos) Mário Euclides de Matos, e foi chefe de repartição de finanças de 1ª classe, no meu tempo de DGCI, estando estado à frente, de entre outros bairros fiscais, da Repartição da Marquês de Tomar...•
Conheci-o, nesses idos tempos de 1975-1985, e sei o que era a vida de um homem da carreira tributária, andando com a família e a mala às costas, mudando de terra com frequência, porque não se podia criar raízes... Chefe de Repartição de Finanças era um dos cargos prestigiados da administração pública de então. O Mário concorreu várias vezes a Director de Finanças, mas nunca teve a seu favor o Factor C, não obstante o mérito das suas provas...

Eu próprio tenho 15 anos de Direcção-Geral de Contribuições e Impostos, tendo acabado a minha curta carreira no prestigiado Centro de Estudos Fiscais. Em Lisboa, desde 1975, frequentava a Marquês de Tomar, onde tinha amigos (por ex., o Pontes, o meu amigo alentejano de Arraiolos que veio da Lourinhã).

Os Impostos eram uma grande família, mas não é dela que quero aqui falar hoje. O pretexto foi o António Matos que fala do seu pai com um brilhozinho nos olhos (imagino!), como um homem de cultura e de fino sentido de humor, transmontano, casado em Silves... e que andou por todo o lado, de Guimarães à Póvoa do Varzim, do Porto a Lisboa...

Podíamos ainda falar do avô, Heitor Correia de Matos (Corrêa de Mattos), de Vilar Real, uma referência do jornalismo e da vida cívica e cultural da capital de Trás-Os-Montes (Aliás, tem nome de rua, na cidade)...

O seu avô foi director do 'Villarealense', desde os anos 30. O jornal remonta a 1880, sendo um dos seus fundadores Estanislau Corrêa de Mattos (1851-1932), bisavô do António, proprietário de uma tipografia na cidade.

Enfim, o nosso António tem um bom "pedigree", e sobretudo é um homem que alia a fina e fria observação das coisas da vida (ou não fora ele o campeão das minas e armadilhas no TO da Guiné!), com a inteligência arguta e a grande sensibilidade, a par do talento para a escrita (e para a polémica, o que no seu caso não é defeito, é feitio e já vem no ADN)...

Alguns dos melhores comentários aqui aparecidos (sem falar nos postes...) são da sua pena de ouro (ou melhor, teclado de ouro).

O Parabéns a Você, popular série do nosso blogue, tem esta enorme vantagem de a gente falar de quem gosta, "desbocadamente", sem receio de censura social... O António vai-me desculpar todas estas inconfidências e sobretudo esta manifestação pública de afectos e de apreços... Ele já se tornou uma presença obrigatória do nosso blogue, ao ponto de se notar a sua ausência aos fins de semana, razão por que, às vezes, chego a sentir uma pontinha de ciúme do karting, que é outra das suas paixões...

Como temos casa de fim de semana, lá para as bandas do Oeste estremenho (eu na Lourinhã, ele no concelho de Óbidos), vamos continuar esta conversa um outro dia... Que hoje é sobretudo dia de festa para o António e para família!

Sobre o jornal, vd. blogue:

http://cdcarpamusdulcia.blogspot.com/2006/02/homenageando-o-villarealense.html

Anónimo disse...

Para uma das referências da nossa Tabanca Grande, um grande abraço de parabéns com muita saúde. O resto vem por arrastamento.
Vasco A.R.da Gama

António Matos disse...

Vou ser franco.
Tinha resolvido tirar um ou dois dias sabáticos no que ao Luís Graça & Amigos diz respeito de modo a aprimorar a finalização de uma actividade lúdica que mantenho e, simultaneamente, dar descanso aos olhos que começam a ressentir-se de um certo abuso no uso do computador.
É certo que o dia não teria sido bem escolhido pois, vaidades à parte, seria expectável que alguém me passasse a mão pelo lombo ( salvo seja ) no intuito de me felicitar pela consistente intrusão na sexageneidade com palavras do género das que dizemos às crianças quando se aleijam como " eh pá, isso não foi nada ! Vais ver que daqui a pouco já não dói e depois de cicatrizar, a perna ainda fica mais forte !"
Há, de facto, alguma semelhança com aquela de " o quê, fazes 61 ? Estás melhor que nunca ! Tomara eu ! Até os cabelos brancos são o sinal do charme ! Doem-te as costas ? Isso foi da mudança do tempo, amanhã estás fino como um pêro !" ( felizmente que a osteoporose não se vê .... ).
Mas embora tivesse pensado deixar acumular as eventuais manifestações de carinho para depois passar aos agradecimentos, a verdade foi que optei por dar uma espreitadela ao correio electrónico e deparo com uma verdadeira sessão contínua de massagens ao ego que me rejuvenescem e preparam para o que der e vier....

Recuando ao sueco "Já-t-ligo-pá-fodel" onde qualquer leigo reconhece a essência da expressão sem necessidade de recorrer ao dicionário proposto pelo Luís Graça, e chegando ao sempre carinhoso Minnet que, como souvenir que se preza, nos recordará momentos inolvidáveis nesta nossa vida de errantes andarilhos nem sempre conhecedores das armadilhas que nos colocam onde só um olfato muito apurado e umas pituitárias bem treinadas almejarão descobri-las e desmontá-las ...
Às vezes torna-se necessário falar com elas, baixinho, com muita cumplicidade, afagando-lhes o pêlo, pondo-as à vontade, para que se abram e se deixem introduzir pela cavilha onde uma mão firme as entusiasme a ficarem serenas, sem estrondos, e adormeçam na convicção de ter deixado alguém feliz....

E quanto à colheita de 1948 meu caro Carlos Vinhal, vamos lá ver se não azeda ....
Talvez seja bom não a servir sem a decantar, que achas ? É que às vezes traz borra ....

Fontinha, estou em crer que um Minnet e um Porto velho farão as delícias de qualquer sexagenário !!!
Um dia destes vou até ao Vintage e tomarei as delícias dourienses como leit motive para tais extravagâncias ..

Jorge Cabral, a tua alegoria à necessidade de picar que continuas a ter para te precaveres das horrorosas mazelas que elas ( as minas ) provocam, deixa-me curioso como conseguiste passar todos estes anos sem perderes a pica ( para os menos familiarizados com o engenho, trata-se de algo hirto e duro que permitia encontrar a mina por "apalpação" ).
Trouxeste a de lá ?
Pudera ! estava treinadíssima .....

António Graça Abreu
Carlos Vinhal
Colaço
Filomena
Helder Valério
José Martins
Juvenal Amado
Luís Faria
Magalhães Ribeiro
Manuel Maia
Mário Pinto
Mexia Alves
Raúl Albino
Vasco da Gama
a todos um abraço imenso de obrigado.
Luís Graça, um obrigado especial pelo teu telefonema e pela tenacidade e levares em frente o blog.
A referência que fizeste ao blog Carpamusdulcia é curiosa pois é ( está inativo ) dum irmão meu.
António Matos

JD disse...

Caro António Matos,
Ainda vou a tempo de te desejar um dia pleno de alegrias. Parabéns. Não me vou sem te fazer uma secreta confissão: é bom saber que envelheces com saúde e lucidez, e quero ser disso testemunha até à nota final.
Um abraço
J.Dinis

Anónimo disse...

Espero que te tenhas divertido com o "descanbar linguístico"que acabou por surgir em alguns dos comentários.Principalmente na "colagem de palavras"efectuada por Mexia Alves.Os que já passaram pela tua jovem idade rejuvenescem com cada uma das poucas ocasioes de rir que a vida vai proporcionando inesperadamente. Como julgo saber seres leitor atento de Fernando Pessoa,aqui te envio,agora sem trocadilhos linguísticos algo relativo ao ter-se AMIGOS. "Ontem passei nas ruas como qualquer pessoa---Olhei para as montras despreocupadamente---E nao encontrei Amigos com quem falar---De repente vi que estava triste,mortalmente triste........" Agora,unicamente em PORTUGUES,sinceros parabens pelo aniversário,e nao menos,por todos os AMIGOS que tens! José Belo.

Anónimo disse...

Caro António Matos,

Que o 10 de Setembro se vá repetindo, juntando muitos mais aos 61.
Com saude que continues a festejar este dia com tudo o que de melhor desejares.

Um abraço,

Mário Fitas

Luís Graça disse...

Para acabar o dia em beleza, aqui tens (se não conheces, o que duvido) uma das muitas canções (que serão mais tarde proibidas) do Cancioneiro do Niassa, e que passavam na Rádio Metangula, em 1969.

Bons sonhos, mas nada de carneiros a saltar a campos de minas, lá para os lados de Bula ! (LG)


O TURRA DAS MINAS

“Júlia Florista” - Max
Jorge Ferreira c/5.4.2003


I

O turra das minas
Pequeno e traquinas
Lá vai na picada;
E a malta escondida
Na mata batida
Monta a emboscada.
O turra passou,
A malta esperou
Já toda estafada;
Não o viu passar
E a berliet
Sempre foi estoirada.

Coro

Oh turra das minas,
Tua vida, agora,
É pôr as “marmitas”,
Pela estrada fora!!!
Oh turra das minas,
Tua arma soa,
Por léguas e léguas,
Aqui no Niassa,
Onde a guerra entoa!

II

Há mortos e feridos
E os mais comidos (fodidos)
Somos sempre nós.
Vamos pelos ares
Gritando por todos,
Até p’los avós.
Oh turra bairrista,
Mas pouco fadista,
Já é tradição,
Ser paraquedista
Sem tirar o curso?
Ai, isso é que não.


Coro

Oh turra das minas,
Tua vida, agora,
É pôr as “marmitas”,
Pela estrada fora!!!
Oh turra das minas,
Tua arma soa,
Por léguas e léguas,
Aqui no Niassa,
Onde a guerra entoa!

Para ouvir a música, carrega aqui:

http://www.joraga.net/cancioneirodoniassa/pags/002turradasminas.htm

António Matos disse...

Caros camaradas não abrangidos pelo meu comentário anterior ,
Obrigado a todos e um grande abraço !
Ao Mário Fitas aproveito para te relembrar que já não estamos na hora de verão ! ahahahahaah
Um abraço,
António Matos

Anónimo disse...

Conta se muitas historias , umas verdadeiras outras mentiras, alguns querem fazer se passar por heróis, coisas que o não foram........sejam verdadeiros...o nome de alguns ficam na historia mas pela parte negativa.