domingo, 10 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 – P5623: PAIGC: A metralhadora ligeira Dectyarev RDP (Salvador Nogueira/Luís Dias)





1. No poste P5583, editado em 3 de Janeiro de 2010, o nosso Camarada Luís Graça legendou assim a seguinte foto do Fernando Costa:





Aldeia Formosa > CCS/BCAÇ 4513 (1973/74) > Agosto de 1974 > No dia da entrega do aquartelamento ao PAIGC... O Fernando Costa (*), entre dois guerrilheiros, posando para a fotografia com uma metralhadora ligeira que me parece ser uma PSSH, mais conhecida por "costureirinha"... (LG).
Foto: © Fernando Costa (2009). Direitos reservados.

2. Atentos ao desenrolar da vida do blogue estão, felizmente, muitos Amigos e Camaradas, como é o caso de Salvador Nogueira que, face ao texto da legenda, em 6 de Janeiro, adicionou um comentário no dito poste a esclarecer o seguinte:

“('Degtiarôv' é a pronúncia do nome russo, visto que se escreve com ë (iô) porém, o trema é modernamente apagado na grafia impressa.

Lá na Guiné, toda a gente dizia 'Degtiarév' e bem, e toda a gente passava a usá-la em vez da merda-da-HK, e bem, assim que lhe deitava a mão mas numa perspectiva de presúria, não de reconhecimento da 'qualidade inimiga'.)

SNogueira

Metralhadora ligeira Dectyarev RDP (Foto Wikipédia, Enciclopédia livre )

3. Também o nosso Camarada Luís Dias, postou um comentário, no mesmo dia, acrescentando mais alguns pormenores interessantes sobre a arma em questão:

Caro Fernando Costa,

O S. Nogueira tem razão a arma é um met. lig. Dectyarev RDP, que só fazia fogo automático e era uma belíssima arma. No entanto discordo do que ele diz que a HK-21 era uma m... !

De facto, com fita de elos desintegráveis era uma máquina, mas com a fita normal encravava muito. Além de que, em termos de balística a munição 7,62 mm Nato era mais equilibrada no fogo automático do que a 7,62 mm M43 soviética, usado na RDP.

Um abraço,
Luís Dias

2 Met. lig. Dectyarev RDP capturadas na ZO de Mansoa em 1972
(Foto: © Augusto Borges (2009). Direitos reservados.)

4. Ainda em 6 de Janeiro, o Salvador Nogueira complementava a sua intervenção inicial, assim:

Caro Luís Dias,

A sua opinião terá fundamento, mas parece-me que a questão balística só se colocaria em termos do 'poder da arma', em precisão, em distâncias longas ou com ventos fortes; ou, então, em tiros de caça com armas de repetição, que não era o caso das metralhadoras ligeiras Degtyarev e HK21, no quadro da nossa acção na Guiné.

O projéctil 7.62 x 54 mm, da HK, tem mais massa (149 g) o que, visto do uso que dele fazíamos, se torna imperceptível relativamente ao 7.62 x 39 mm, 123 g) da RPD; é um preciosismo balístico que não nos afectava.

O que nos afectava e fazia a diferença entre as duas armas era o peso da HK, cerca de 8 kg vs. os cerca de 7 kg com empunhamento mais equilibrado da RPD na qual, apenas como factor de conforto adicional, a reacção ao disparo, o "recuo", parecia mais linear.

O tambor-carregador da RPD garantia, por sua vez, melhor preservação das condições de transporte e uso das fitas de munições, obviando maus funcionamentos. Além disto, a RPD também parecia! Mais leve, embora lhe faltasse o factor de 'confiança induzida' que o ruído da HK proporcionava.

SNogueira

7 comentários:

Torcato Mendonca disse...

- Parece que entreguei ao Luís Graça um emblema do PAIGG...PAI.
- eram "roncos" recordações da nossa passagem por lá. Não considero "ronco" ou recordação a foto. São opiniões e respeito. Como militar trataria, caso aquando da independência lá estivesse, como militares os homens do PAIGC e nada mais. Cada um no seu lugar.Por vezes arrepio-me de ver tecerem certos comentários ao In. Deformação minha que assumo. Ou vocábulos como turras, tugas e comentários que são quase louvores, pretéritos ou presentes. Enfim ainda precisava, caso lá tivesse de ir para um Campo de Reeducação...vidas...tantas vidas!
-por isso vi ser uma Dectyareve e nada disse.
- no meu Grupo houve uma, um RPG etc e tivemos, a partir de data que não preciso, uma HK. Era uma filha menor da MG. Estou de acordo com S.Nogueira apesar de não ser capaz de pormenorizar tanto. Falta de conhecimentos meus.
- ainda, a bem da verdade,digo que a Dectyareve dava tiro a tiro. Tinha uma pequena patilha que, se premida,lá saía o tiro a tiro. Estava disfarçada. Sem importância, mas era assim.
Abraços do T.M.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Era interessante abrir-se aqui uma série sobre o armamento do PAIGC... Não sou especialista em armamento... Ao ver a foto do Fernando Costa, empunhando a uma arma do PAIGC, tive facto dúvida enter a PPSH e a Degtyarev, por causa do tambor... Mas em que é qe ficamos ? Degtyarev ou Dectyarev ?

Vd. este sítio russo, em inglês:

http://world.guns.ru/machine/mg34-e.htm

Anónimo disse...

Olá Luís,
em rigor ficamos em 'diégtiáriôv' (e em RPD!) uma vez que, em cirílico se escreve, como podes fazer corresponder no site indicado, com 'dé-ié-gué-té-iá-érre-iô-vé' . As vogais cujo nome vai aqui com acento agudo soam ligeiramente mais fechadas que as nossas e vagamente nasaladas numa espécie de ditongo que nos é estranho. Um foneticista explica melhor...
Em russo dizes como escreves, embora com 'detalhes', tal como em português.

SNogueira

Anónimo disse...

Já agora...
(e a propóstio da correcção entre parentesis, ali em cima)
RPD, vi no site indicado, é acrónimo de 'Ruchnoy Pulemet Degtyarova' o que, traduzido em cima do joelho, dá 'arma de mão do degtiarev'

SNogueira

Luís Dias disse...

Caros Camaradas

A Degtyarev (lida também como Degtyarov)foi uma ML fabricada pela URSS com as designações DP-27,DPM, RP-46 e RPD.

As primeiras eram alimentadas por tambores e a RP-46 e RPD por fitas, embora no caso da RPD, esta fita estivesse dentro de um tambor (100 munições).

Ao contrário do que o camarada Torcato refere, possivelmente terá tido uma Degtyarev DPM (que se vê na foto retirada da Wikipédia e inserida no blogue), a RPD só operava em tiro automático.

Era uma ML efectivamente mais leve do que a HK-21, mas, face às munições utilizadas, o seu tiro era
mais disperso do que o da HK-21.

Um abraço a todos

Luís Dias

Luís Dias disse...

Caros Camaradas

Ainda sobre a HK-21, esta era a única metralhadora ligeira a ser usada no nosso teatro de guerra, que operava de culatra fechada, como as espingardas de assalto, ao contrário da MG42/59 e das ML do PAIGC, o que lhe permitia um maior equilibrio no fogo automático e lhe conferia uma melhor protecção às intempérides e ao pó. Tinha ainda a vantagem do seu mecanismo ser semelhante ao da G3 o que implicava que a maioria dos nossos soldados sabiam utilizá-la em caso de necessidade, sem terem, praticamente, de receber instruções prévias.

Cordiais saudações

Luís Dias

Anónimo disse...

'Isto' vai de mal a pior!
A imagem que ilustra o texto nº2 é uma Degtyarev DP.


SNogueira