Junto mais uma história e algumas fotos com um abraço a todos os camaradas e amigos.
HISTÓRIAS DA GUERRA - II
GABRIEL JÁ NÃO VOLTA (Coincidência ou percepção?)
Em 1973 na chegada a Nhala foi-me apresentada a lavadeira que já tinha prestado o mesmo serviço aos camaradas criptos de campanhas anteriores.
Mulher Grande de uma educação estrema e que se fazia sempre acompanhar da sua Bajuda, miúda linda e educada que na altura teria por volta dos 6 a 7 anos.
Quando eu recebia as encomendas enviadas pela família era normal oferecer à Bajuda as latas de sardinha e atum em conserva (pois de conserva estava já farto) assim como um ou outro sabonete.
Numa das últimas encomendas recebidas em 1974 estavam incluídas umas toalhas.
Quando as mandei lavar, e ao me serem entregues, foi-me pedido pela Bajuda para lhas oferecer porque eram MANGA DE RONCO, pedido a que não acedi.
Dias antes de deixar Nhala para vir de férias, ao me ser entregue a roupa lavada, sou novamente confrontado com a Mulher Grande e a Bajuda a pedirem insistentemente para eu lhes oferecer as toalhas porque eu já não iria voltar, sendo estas as suas palavras:
- Eh Gabriel, dá toalhas porque já não voltas, vais na Metrópole ver Mulher Grande e Bajuda e já não voltas, dá toalhas, dá toalhas prá Bajuda.
Mais uma vez não acedi ao pedido, mas perante tanta insistência separei as ditas toalhas assim como mais uns artigos e pedi ao meu camarada que caso eu não regressasse lhos oferecesse.
A realidade é que já não regressei pelo que as ofertas lhes terão sido entregues.
Nhala > Pelotão de Especialistas
Nhala > Cantina à esquerda e Enfermaria à direita
Nhala > Chegada de coluna com frescos
Nhala > Trabalhos de Engenharia na estrada Aldeia Formosa-Buba
José Carlos Gabriel
Ex-1.º Cabo Op Cripto
2.ª CCAÇ do BCAÇ 4513
Nhala
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Nota de CV:
Vd. primeiro poste da série de 23 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8697: Histórias da guerra (José Carlos Gabriel) (1): Imagens que nunca se apagarão
8 comentários:
Nhala... Onde fica(va) Nhala ? Há algum sítio da Guiné onde não tivéssemos estado ? Eu, que tenho a mania de "conhecer toda a Guiné", a partir das nossas velhas cartas militares, de repente tive que ir consultar a carta do Xitole... Lá está Nhala, entre Buba, Mampatá e Quebo (Aldeia Formosa)...
Temos uma dúzia de referências a Nhala no nosso blogue... Obrigado, Gabriel, pelas tuas memórias de Nhala e pelas excelentes fotos, raras, do aquartelamento...
Julgo que a população era fula e futa-fula... Nunca lá fui, mko meu tempo, nunca atravessei o Rio Corubal. Fiz operações na margem direita, nos subsectores do Xime e do Xitole. Do outro lado, a nordeste, era o Xitole, localidade que conheci, tal como o Saltinho.... Abraços. Luis Graça (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).
Caro Luís Graça e outros ignorantes sobre a povoação de Nhala:
No período entre 72 e 74,o reabastecimento de todo o sector com sede em Aldeia Formosa (Quebo)era feito, a partir do cais de Buba,com paragem em Nhala, Mampatá e, finalmente, na referida sede.A partir de 1973, incorporavam-se nas colunas, (para além das viaturas destinadas a Nhala, Mampatá e Aldeia Formosa) também as viaturas da companhia do comandante Vasco da Gama as quais, ao chegar a Mampatá, viravam à direita, em direcção ao buraco do Cumbidjá. As tabancas sob controlo das NT, para além das já referidas e que dependiam do comando do Batalhão de Aldeia Formosa, eram as de Áfia e Chamarra. Nhala, em 72/74, nunca foi atacada e tanto quanto julgo saber, neste período, não houve pr aqueles lados grande barulho.A própria estrada que se construíu entre 73 e 74, ligando Buba a Aldeia Formosa, com passagem por Nhala, não nos deu muitos problemas, ao contrário da que tinha sido concluída entre Mampatá e Nhacobá, com passagem por Colibuia e Cumbidjã, onde houve muito sofrimento.
Um abraço
Carvalho de Mampatá
Caro camarigo José Gabriel
Não te estranhes dessas sensações que por vezes nos ocorrem e que te fizeram considerar ser coincidência ou percepção.
Por parte da 'Mulher Grande' e da bajuda poderíamos dizer, como hoje se diz por aí, que "eram muitos anos a virar frangos", ou seja, muita experiência de vida, muita observação das 'idas e vindas', talvez até uma manobra 'cautelar'.
Isso das 'premonições' tem que se lhe diga...
Eu e os meus companheiros "Ilustres TSF" viemos todos quando viemos porque eu tive uma 'coisa dessas' e convenci-os a fazer a última viagem, a viagem de regresso, num DC-10 (salvo erro) e não no Boeing dos TAM. Não fora isso e poderia não ter sucedido nada mas também poderia ter algum ou até todos nós ter que ficar em terra e, tanto quanto nos constou (falta aqui a prova provada...), a quem saiu essa 'sorte' só teve lugar mais de mês e meio depois.
Também poderia levar à conta de 'premonição' o facto de na despedida ao 'pira' que me substituiu, em Novembro de 72, lhe ter dito que eu estava muito contente por me ir embora mas que no entanto lhe invejava o facto de ele ficar para a 'liquidatária' pois poderia ser que nessas circunstâncias ainda ficasse com algum daqueles bons gravadores que tínhamos lá na Escuta.
E não é que foi mesmo?
Ele chegou em Novembro de 1972 e faria os dois anos em Novembro de 1974... como entretanto 'aconteceu Abril' lá ficou ele efectivamente com a tal 'liquidatária'...
Abraço
Hélder S.
Curiosidades da "nossa" Guine
Sobre Nhala..existe um celebre adagio popular guineense...usado sempre e quando um artilheiro
( neste caso um ponta de lanca ou um outro futebolista qualquer de valia duvidosa)fazia o impossivel- isolado e de baliza as escancaras...atirava a leguas do alvo!!!
"Si na Nhala ba...bu patidu ba dja um baca...( Se fosse em Nhala,pelo feito, o premio seria uma vaca)...
Em unissono e entre a claque,soava sempre e quando a cena se repetia, numa partida de futebol !!!
Confesso que desconheco a origem e a razao desse ditado popular...mas das duas uma... ou deve-se abundancia de vacas em Nhala.. ou ao jeito "desajeitado e tosco" dos seus futebolistas !!! Sera ?
Nelson Herbert
USA
Olá José Carlos,
...e ainda te recordas do(s) porquê(s) desta pose do capitão?
Era costume fazê-lo?
Para mais em frente a um pelotão que parecia disciplinado.
José Câmara
Camarigos:
Também passei por aí, por um curto período de tempo. A companhia estava sediada em Cumbijã e após regresso de férias constatei que o meu grupo de combate se encontrava lá, com a missão de montar protecção à construção da estrada Aldeia Formosa-Buba. De imediato parti para lá mas com o 25 de Abril, pouco tempo me restou.
O Comandante de Companhia, Braga da Cruz,já falecido, era meu conhecido de Mafra, fazia parte do meu pelotão.
Que repouse em Paz, ele que em vida não a teve.
Um abraço.
Manuel Reis
Camarada Manuel Reis.
Fiquei agora a saber pela tua intervenção que o capitão Braga da Cruz já faleceu. Tanto eu como a maioria dos camaradas da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4513 não o sabemos. É a ordem da vida e um dia a nossa vez vai chegar.
José Carlos Gabriel
Realmente, que raio de posição ali em frente do pelotão. Parece que está a preparar-se para fazer uma sessão de ioga. Mas será o capitão? Não fico com esta ideia. Parece-me demasiado novo. Mas também não me parece alferes.
Boa foto para "fotos à procura de legenda"
Um abraço,
Carlos Cordeiro
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