segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9009: Ser solidário (115): Poço em Farim do Cantanhez (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), membro da Direcção da Tabanca Pequena, Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), com data de 7 de Novembro de 2011:

Caros editores
A Tabanca Pequena – Grupo de amigos da Guiné-Bissau, ONGD deu mais um passo em frente no seu projeto: Sementes e água para a Guiné-Bissau com a abertura do poço de Farim do Cantanhez.

Pedia o favor de colocarem no blogue esta feliz novidade.

Abraço fraterno do
Zé Teixeira


Poço em Farim do Cantanhez

A Associação Tabanca Pequena - Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, ONGD abriu mais um poço de água potável. Desta vez foi a Tabanca de Farim de Cantanhez a beneficiada.

Farim de Cantanhez fica no interior da mata do Cantanhez, logo a seguir a Iemberém, bem lá no sul da Guiné-Bissau. Terra que pelo seu isolamento – falta de estradas e clima adverso – tem sido esquecida pelos governantes, apesar de ter sido um dos maiores, senão o maior, centro nevrálgico da guerra colonial, pelo tipo clima agressivo, pela mata fechada e por estar junto à fronteira com a Guiné-Conakry. Dizia-me em Abril passado um antigo guerrilheiro do PAICG que percorria toda a mata do Cantanhez, da fronteira até Buba em pleno dia, sem medo da aviação tuga, dado a frondosa vegetação que lhe possibilitava rápido esconderijo. Era atravessada pelo “carreiro da morte” ou “estrada da liberdade” conforme os contendores se portugueses ou patriotas, que tanto sangue fez correr. Por ali passavam as armas, munições e bens de sobrevivência da guerrilha. Ali se acoitavam depois das refregas com a tropa portuguesa, para se esconderem e ou retemperarem forças. Ali tinham o seu hospital de campanha e bem perto, do lado de lá da fronteira a maior base logística.

Centro de Farim de Cantanhez
Imagem Google

O número de habitantes no Cantanhez tem vido a crescer. Onde há uma “lala”, logo aparece uma família a construir a sua morança, a sua tabanca.
Farim assim surgiu. Tem na sua génese antigos guerrilheiros ali colocados pelo PAIGC, idos do Norte da região de Farim, que após a independência por lá se deixaram ficar e constituíram família. Hoje aglutina pessoas de diversas etnias e origens que ali se instalaram. São cerca de quinhentos adultos e cento e vinte crianças.

As estruturas de sobrevivência, nestes casos de instalação “selvagem” são sempre as mínimas. É bastante e suficiente uma lala, uma bolanha, madeira para a construção das moranças, o que não falta, e, água, a qual nem sempre anda por perto.
Hoje, graças à acção da nossa Associação, têm ali dentro da Tabanca, um poço com sistema elevatório movido a energia solar, um depósito e uma torneira. Um milagre que os faz cantar e dançar de alegria. Um sonho de longa data, sobretudo das mulheres, que passavam grande parte do seu dia a caminhar pela mata dentro, debaixo de sol abrasador à procura de água, sendo a fonte mais próxima a cerca de três quilómetros de distância.
Só quem lá vive, ou quem por lá passou pode sentir a profundeza de tal milagre - água potável ali à porta.



A Tabanca Pequena – Grupo de Amigos da Guiné-Bissau em parceria com a AD-Acção para o Desenvolvimento, que no terreno dinamizou a construção por administração directa, responderam ao desafio para transformar o sonho em realidade. O poço foi aberto, o depósito colocado num lugar bem alto, a energia solar alimenta a bomba submersível e a torneira simples e funcional ali está a debitar água fresca.
Bem hajam todos quantos colaboraram neste projecto.

Partamos para novas aventuras.

Na tabanca de Djufunco lá no Norte vão começar as obras de abertura de novo poço, logo que o tempo o permita. O Capital necessário foi obtido no Torneio de Ténis organizado pela Escola de Ténis da Maia com o patrocínio da Câmara Municipal, graças à dinâmica dos alunos Sandra Ribeiro e Pedro Barros e do professor Nuno Carvalho.

Outra Tabanca apela ao nosso esforço. É Cauntchinque, também no Cantanhez.
Tem uma população de cerca de 480 pessoas e 100 crianças. Vamos alimentar o sonho dos seus habitantes, sobretudo as mulheres e crianças que vão buscar o precioso líquido a cerca de dois quilómetros. É para este projecto que estamos a centrar todos os nossos esforços. O resultado do jantar de Natal que a Tabanca Pequena vai organizar no próximo dia 3 de Dezembro vai ser canalizado para este novo projecto.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8927: Ser solidário (114): Farim do Cantanhez já tem água potável, com o apoio da Tabanca Pequena de Matosinhos (AD - Acção para o Desenvolvimento)

3 comentários:

JD disse...

Parabéns!
Sem espavento, nem discussões estéreis sobre como e a quem ajudar, a Tabanca de Matosinhos vai praticando a solidariedade.
Abraços fraternos
JD

Luís Graça disse...

... Fazendo o bem sem olhar a quem: muçulmanos, cristãos, animistas, ex-guerrilheiros, ex-soldados do exército português, homens, mulheres, crianças, felupes, nalus, fulas, mandingas, balantas...

zé teix. disse...

Eu diria... pessoas.