quinta-feira, 8 de março de 2012

Guiné 63/74 – P9584: (Ex)citações (176): Aristides Pereira e os MIGs - revelações ineditas (Nelson Herbert)

1. Mensagem do nosso tertuliano Nelson Herbert*, jornalista na Voz da América, enviada ao nosso Blogue no dia 6 de Março de 2012:

Caros Editores
Ainda na linha do debate sobre a tal "estória" dos MIGs... se existiam ou não... se estariam a caminho... em anexo envio estas duas paginas do livro "Aristides Pereira, Nossa Historia, Minha Vida" do jornalista cabo-verdiano, José Vicente Lopes, recentemente lançado em Cabo Verde. O livro (em estilo entrevista aquele líder nacionalista) resulta de meses de conversa entre o autor e Aristides Pereira, versando por assim dizer praticamente todas as zonas até há bem pouco, "sombras" da luta pela independência e pela afirmação da Guiné e Cabo Verde como estados soberanos... nomeadamente das contradições internas do PAIGC, do assassinato de Amílcar Cabral a ruptura do processo de Unidade entre os dois países.

E Aristides Pereira fê-lo de forma desabrida... quiçá para muitos de forma inconveniente. Mas diria finalmente fez-se luz sobre alguns dos controversos momentos e episódios do pré e pós independência da Guiné e Cabo Verde!

Mas voltando à "estória" dos Migs, eis o que vem registado no livro:

"JVL: - Ainda a propósito do 25 de Abril, vendo documentos portugueses dessa altura e até mesmo alguns depoimentos - caso do Salgueiro Maia, por exemplo - havia um grande temor: que o PAIGC conseguisse a aviação. Havia essa possibilidade?

Aristides Pereira: - Sim. Aliás na altura da proclamação da independência, já estavam estudantes nossos a formarem-se para pilotos de MIG e helicópteros. Tanto assim que, logo após a nossa entrada em Bissau, esses jovens regressaram e fizeram demonstrações (com Migs). Portanto já eram pilotos. Com a independência, mais tarde, esses pilotos foram desviados para a aviação civil"

Quanto ao resto, nomeadamente o incremento do apoio bélico soviético aquela guerrilha independentista (os blindados e os mísseis strela) e o que se pode ler nas páginas 212/213 da obra que envio anexadas !!!

Uma obra a todos os níveis e vertentes desse capitulo da história comum entre Portugal e essas suas duas colónias africanas, de leitura obrigatória !!!

Mantenhas

____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9470: Notas de leitura (332): Quatro obras de autores africanos com interesse para a história recente de Cabo Verde e da Guiné-Bissau (Nelson Herbert)

Vd. último poste da série de 28 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9546: (Ex)citações (175): Não canto loas ao inimigo para apoucar os meus (António J. P. Costa)

58 comentários:

antonio graça de abreu disse...

Nada a fazer, meu caro Nelson Herbert.Para cada um sua verdade.

Os Migs e os porta-aviões -- as únicas pistas flutuantes possíveis para a não internacionalização da guerra --, estacionados diante dos Bijagós, os submarinos a entrar pelo Cumbijã, pelo Geba e pelo Cacheu, os blindados que o Aristides Pereira afinal diz que não tinham (mas então não estiveram blindados em Bedanda, Março 1974?) mas diz que iam ter e este mimo de falsidade no juízo de Aristides Pereira:

"Com os mísseis, a Força Aérea deixou de nos incomodar porque abatemos vários aviões."

Pois é, assim se falsifica a História, e não é necessário, os guerrilheiros do PAIGC lutaram heroicamente pela independência.
Os povos da Guiné não só merecem a verdade, como sabem a verdade.
O medo dos bombardeamentos aéreos quase contínuos em 1973/74 era mais do que real, e provocou muitos mortos.

A Força Aérea deixou de incomodar os guerrilheiros?
Como está amplamente documentado no nosso blogue pelo testemunho verdadeiro dos nossos pilotos de DOs e Fiats (Miguel Pessoa e António Martins de Matos) a Força Aérea, pós mísseis, bombardeou como nunca. Até aviões Noradtlas foram utilizados para bombardeamentos nocturnos, com as bombas de 750 libras a serem lançadas pela traseira do avião..
Eu também estava lá, Cufar, sul da Guiné -- Junho 1973/Abril 1974 -- com um aeroporto asfaltado com quase três quilómetros. Tenho muitos defeitos, mas não sou mentiroso.

Assim não faz nem a nossa nem a vossa História.

Mas claro que íamos perder aquela guerra, a razão da luta estava do vosso lado.
E hoje, e muito bem, Cabo Verde e a Guiné são independentes, e tu tens uma pátria, um hino, uma bandeira.

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Caro Nelson

Politicamente a guerra estava perdida desde o inicio.
O regime politico português,apenas lutava contra a história.
Insistes no tema da guerra perdida em termos "estritamente militares" e isso,fere a nossa dignidade, pelo menos a minha, como ex-combatente,pelo simples facto de que não era verdade.
Sempre que antigos dirigentes do paigc,dão entrevistas, normalmente exaltam os feitos deles e amesquinham os nossos,dizendo meias verdades ou até puras mentiras.
Um dia, em Dakar, falando com o Sr. Manuel dos Santos (Manecas), meio a brincar e em conversa informal ia tentando menosprezar de forma "soft", é certo,os portugueses.
Disse-lhe que era mulato,tinha nome português,falava português,tinha estudado em Portugal, a sua cultura era portuguesa...por isso estava a menosprezar-se a ele próprio.."embatucou", e depois pediu-me desculpa.

Caro Nelson
E..a tua pessoa, faço-te a mesma pergunta.
E o Aristides Pereira,tinha mais afinidade com um beafada, manjaco, mandinga..ou um beirão como eu.

Sempre respeitei e respeito os ex-combatentes do paigc, exijo o mesmo para os ex-combatentes portugueses, independentemente da razão daqueles.
Sempre que são ditas falácias, suposições,mentiras, a nosso respeito sinto-me ferido na minha
DIGNIDADE.
Com a verdade,NÃO.
Pensa nisso meu caro Nelson.

Mantenhas

C.Martins

Anónimo disse...

Caro Martins

O unico aspecto dessa guerra, com o qual me poderia eventualmente regozijar, tem precisamente a haver com o facto da minha geracao ter se visto livre dela,independentemente do seu desfecho !

Diria, em certa medida um privilegio que me confere um certo distanciamennto em termos emotivos para a sua abordagem,convenhamos !!!

Pelo que nao faz sentido "sacrificar-se" aqui o mensageiro.

Tive acesso a passagem que da corpo ao post em questao e entendi partilha-la, nao fosse este blog um fiel depositario de testemunhos de um periodo historico que ha todos nos, diz respeito !

Dai ter sido inapropiada essa sua afirmacao :"Insistes no tema da guerra perdida em termos estritamente militares e isso,fere a nossa dignidade, pelo menos a minha... "


Mas a talhe de foice, nunca e demais reavivar aqui o tom jocoso a que se referiu em tempos a um comentario meu, quando a baila veio a questao dos Migs e em que me limitei a confirmar o facto de ter testemunhado tais aparelhos, pilotados por guineenses, sobrevoarem Bissau, numa parada militar, nos primordios da independencia do pais.

Tem presente esse seu comentario ?

Pois,lendo o que Aristides Pereira diz a proposito do sobrevoo dos Migs nao e que afinal estava rodeado de razao, nessa minha achega ao debate !

Dai que permita-me por todo o respeito que me mereca ( e nao sao serao essas nossas salutares divergencias a corroe-lo), evocar aqui um popular ditado do criolo caboverdiano: " Pinton txuputi bédja, bédja ka garba, pinton ki garba"

* (..entendeu o pintainho debicar os pes da Velha, que nao se deixando importunar com tal, viu entretanto o pintainho zangar-se)

E acredite que respeito o seu direito a indignacao !

Mantenhas

Nelson Herbert

Cherno Baldé disse...

Caro Nelson,

Na altura do debate sobre a existencia ou nao dos MIG's e pilotos Guineenses, tentei entrar em cena para reforcar/confirmar os factos que evocavas, pois ainda nos anos 80, eu convivi com alguns Guineenses, estudantes de engenharia nessa area em Kiev, entre pilotos e mecanicos e ja em Bissau era do conhecimento publico a existencia dos MIG. Mas, infelizmente, por qualquer motivo,nao conseguia enviar os comentarios, e a dada altura apercebi-me que nao valia a pena tentar convencer ao C. Martins e o Graca de Abreu o que quer que fosse, pois cada um ve aquilo que quer ver.

Um grande abraco a todos,

Cherno Baldé

António Martins Matos disse...

Sobre a história dos MIGs já disse o que tinha a dizer no post P7366: FAP (56): "MIGs, MIRAGEs e miragens".
Quanto ao resto, não passa da habitual propaganda.
Abraços
AMM

Antº Rosinha disse...

Cherno e Nelson, vocês os dois eu, mais 3 ou 4 "civis" que somos penetras neste enorme blog, sem nunca termos andado aos tiros, apesar de eu ainda ter usado farda colonial, nunca teremos o mesmo ponto de vista de quem esteve debaixo de fogo.

É verdade que a União Soviética tanto preparava militares de todas as armas como engenheiros africanos, médicos veterinários etc.

Há muitos pilotos angolanos e caboverdeanos civis, graças a cursos tirados na URSS, que tenho um amigo angolano filho de um colega de São Vicente que tal como outras especialidades era às "fornadas" de pilotos africanos.

Conheci um oficial de engenharia angolano, formado na URSS, que formou uma empresa em Portugal de subempreitadas, que fiscalizei, com quem convivi, que esplicava todas essas formaturas na URSS.

Graças ao falar russo, esse angolano até armadores de ferro russos e ucraneanos e moldavos misturou com guineenses, senegaleses e serraleoa. (na Expo 98 e estradas)

Cherno e Nelson, como já noutro lugar disse trabalhei no prolongamento do aeroporto, onde havia dois MIG 21 em 82/83.

E o que eu depreendi do que me foi dado observar no comportamento dos soviéticos, é que todo o apoio militar dado à Guiné, era apenas numa política controle geoestratégico daquela região, ficando para segundo plano o que se passava dentro daquelas fronteiras.

E visto hoje à distância e com calma, seria muito dificil imaginar que os soviéticos nos anos 60 investissem numa logística de apoio a qualquer tipo de guerra com aqueles aviões em África.

Não fazem ideia o que movimentava de gente, Hangares, vai vem de militares e técnicos e até combustível só por causa de 2 (dois) aviões, naquele Osvaldo Vieira.

Aliás penso que os dois se lembram daquele edifício ao lado do Lino Correia, estava cheio e até dormiam em beliches, para caberem todos os soviéticos.

Ia um Tupolev igual ao Boeing 707 semanalmente como a TAP, só por causa de meia dúzia de carros de combate que raramente saiam para a rua, e dois MIG que levantavam talvez 2 vezes por semana, vários minutos, talvez para fora da Guiné para o alto mar.

Visto a esta distância tambem acredito que nunca os soviéticos punham aqueles aparelhos à responsabilidade de pilotos que não fossem eles próprios.

Não sei se em Angola com aquela grande guerra que sabemos, entregaram algum avião a angolanos.

A única confiança que os soviéticos nos deram aos guineenses, portugueses colons e cooperantes, foi entrarem num torneio de futebol de salão que a Soares da Costa e o Banco da Guiné organizaram:

Banco/Soares da Costa/Embaixada soviética/Somec/professores.

Havia sempre alguma confraternização, mas com eles era só o jogo mais nada.

No aeroporto nem respeitavam as regras elementares da aviação, para eles não existia torre de controle, não houve nenhum acidente porque tanto os que trabalhavamos no aeroporto como os funcionários do aeroporto estavamos ligados com rádios, e controlávamos os movimentos deles ao longe.

Mas de qualquer maneira amigos, o problema foi e continua a ser o povo, paciência.

C. Martins, o que esteve mal não foi o 25 de Abril, foi o 26, para muitos de nós,tugas, não todos, e para alguns guineenses, não todos.

Um abraço

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Antes de mais nada vamos separar as águas. A Defesa Aérea das NT não tem que ver com o apoio aéreo prestado pela FAP às FT.

Sobre a questão dos aviões (imaginários) do PAIGC, acho que temos que nos situar no tempo. Nessa altura, se bem se lembram, decorreram, em vários pontos da África, diversas operações insólitas: a "Independência" do Biafra (não se recordam do Gloster Meteor que apodrecia na placa da BSA 12?), a Independência do Congo ex-Belga (lembram-se da morte do Lumumba?)que hoje sabemos que "não foram bem assim", mas que, uma vez feitas, determinaram soluções e criaram situações completamente irreversíveis.
Não estou a ver que o PAIGC tivesse uma força aérea estruturada e desenvolvida, como o Aristides Pereira quer deixar a ideia. A propaganda fez, faz e fará parte das "regras do jogo". Sabemos hoje que o PAIGC falhou em questões muito mais basilares e importantes e sempre "fez fogo de artifício" com tanta e tanta estrutura e organização que deveria ter tido. A propósito: qual era a organização administrativa das "áreas libertadas"? Para um país que declarou a sua independência unilateralmente e a vê reconhecido por dezenas de países, temos de concordar que a organização que emergiu da clandestinidade era bastante embrionária.
Fechado este desvio e voltando à questão dos aviões, sempre estive convencido e debati este assunto com o falecido TCor Almeida e Brito de que a aviação do PAIGC se resumiria a uma acção de surpresa levada a efeito por num único avião, vindo de algum depósito de excedentes (daqueles que até voam)e tripulado por algum "cooperante" (a bem do internacionalismo proletário ou da libertação dos povos colonizados ou de outro slogan qualquer que, ao tempo tivesse força para se impor) que poderia atacar um aquartelamento perto da fronteira ou um alvo remunerador em Bissau. No primeiro, caso o PAIGC até poderia dizer que não sabia de nada! E no segundo, que não tinha capacidade para acções deste tipo.
O Granel viria depois.
Como sabem, na placa da BA-12 jazia um Antonov com os distintivos da Rep. Guiné, de que já falei. Nunca soubemos porquê, mas esta é a prova de que uma operação deste género (com uma larga margem de improviso) era possível.
Era só sobrevoar um aquartelamento e deixar cair uma ou duas bombas pela "porta do fundo". Depois logo se veria...
"Se" tivesse êxito a "gloriosa força aérea" do PAIGC tinha nascido nesse dia e "u criminoso côlôniálista tuga" tinha sofrido mais uma dura derrota...
A censura na comunicação social portuguesa e a divulgação na imprensa democrática europeia (sueca ou britânica por exemplo) fariam o resto, mesmo que os estragos tivessem sido mínimos.
Julgo que a verdade há-de andar algures entre as afirmações bombásticas do Aristides Pereira e as dos cépticos vitoriosos "cá do bairro".
Enfim, tudo está bem quando acaba (mais ou menos) bem.
Um Ab. e um bom fim-de-semana para todos.
António J. P. Costa

António Martins Matos disse...

O avião que efectuou bombardeamentos nocturnos foi o Dakota e não o Nord Atlas.
Chegou-se a pensar usar o Nord mas a ideia acabou por ser posta de parte.
As bombas eram as que anteriormente tinham sido usadas pelos T-6, de 15 quilos. Eram "atiradas à mão" por uma abertura na "barriga" do avião.
AMM

Anónimo disse...

Caro Nelson e Cherno

A guerra é fazer politica por meios violentos.
Há dois tipos;a chamada clássica e a de guerrilha.
A de guerrilha, é feita por quem está em desvantagem, tanto em meios materiais como humanos, e tem como finalidade o desgaste do oponente, não só dos meios materiais e humanos mas principalmente políticos.
Isso foi conseguido na Guiné..tudo bem.
Sobre os MIGs, direcciono para o comentário do A.Rosinha, está lá a explicação.
O meu comentário não foi jocoso mas sim irónico que é um pouco diferente.
Vocês não percebem,devido a não terem sido combatentes,o porquê da indignação dos ex-combatentes, se tivessem sido percebiam de certeza.
Normalmente,que é o meu caso,respeita-se o antigo IN, que é verdade que se bateu dignamente com os meios que tinha ao seu alcance,mas quando se verifica que alguns elementos de ambos os lados,proferem afirmações que não correspondem à verdade, é natural que da parte contrária a reacção seja de indignação pelo simples facto de que o respeito que devia existir deixa de ter sentido.
Há determinados sentimentos que só são compreendidos por quem passou pelas mesmas experiências, isto não só na guerra como em qualquer fase das nossas vidas.

Julgo que me fiz entender.

Mantenhas

C.Martins

Anónimo disse...

Meus Caros e lendo e pesquisando,vasculhando o testemunho dos outros e de todos os intervenientes dessa guerra e que se podera chegar a um cenario (fiel ou desfocado) do que realmente se passou durante essa guerra.

E um desses testemunhos e esta do secretario geral daquele partido nacionalista, agora publicado em livro e que esta a criar polemica acesa em Cabo Verde e na propria Guine, devido a franqueza com que revela algumas...ou muitas das vicissitudes do PAIGC (CV)..e garanto-lhes que nao eram poucas...

Portanto so acedendo a tais fontes, se tera uma ideia clara do que, no caso em questao, o outro lado pensava, dizia e fazia !!!

Sem se conhecer o testemunho de um o outro lado...o resto seria mera especulacao !!!

A J Costa levanta por exemplo o problema da organizacao administrativa do PAIGC, nas ditas zonas libertadas !

Neste seu livro de depoimentos, Aristides Pereira toca pela primeira vez no assunto de forma aberta e descomplexada...e diria mais...inconveniente e polemica...mas fa-lo de forma corajosa,ao mostrar ate que ponto determinadas politicas e accoes adoptadas tanto pela tropa portuguesa como pelo Spninola...cite-se a titulo de exemplo a politica de reordenamento do territorio e das populacoes e seu consequente impacto a nivel das dificuldades que o PAIGC ja enfrentava na retencao das populacoes que ainda estavam nas areas sob o seu controle...

O que foi necessario fazer, para no minimo se debelar os efeitos dessa politica desfavoravel as pretensoes do PAIGC ?

Enfim...hoje vendo tudo isto a distancia...e com uma visao analitica dos factos...diria um reordenamento do territorio e das respectivas populacoes, isto num pais outrora e de forma acentuada marcada pela existencia dos tais "chaos...mandjaco, nalus"...que deixaram praticamente de existir ou no minimo se esbateram... com todas as consequencias de indole sociologica que se arrastam aos dias de hoje, nessa nossa Guine...

Outro exemplo...citaria aqui a africanizacao de uma guerra,aspecto que carece de um estudo bem mais profundo... assuma-se na base de muitos dos problemas que hoje a Guine faz face... Por conseguinte, meus caros, de um e outro lado e pois necessario e urgente uma franca assumpcao dos actos de cada um nessa guerra !!

Aborda-se aqui de forma aberta, a questao dos comandos africanos...o tragico destino que foi dado a esses homens, a esses guineenses...como todos nos...de resto condenavel...mas ninguem de direito assume com coragem o risco de instrumentalizacao de alguns dsses operacionais, para propositos outros que nao a sua eventual integracao numa futura forcas armadas de uma Guine soberana...convenhamos algo que pairou sob um determinado periodo pos independencia...O desarmamento desses homens, das milicias...em que aspecto a tropa e o PAIGC colaboraram...e em que aspecto se poderia fazer mais... que efeito ou impacto acabou por ter toda essa apressada "correria" na hora da debandada, nos problemas que a Guine acabaria por fazer face mais tarde !

O exemplo do Congo (Kinshasa) de Lumumba mostra ate que ponto e que a "reconversao" de um exercito..entre o que foi colonial e o que se pretendia revolucuonario...(nao) funcionou !!

Angola foi outro exemplo...A fusao dos dois exercitos o da UNITA e do MPLA, nem por isso redundou no fim da guerra..pelo contrario reacendeu-a !! Mas neste particular, factores outros funcionaram...

Os anos de estrada da Guine, como professor e mais tarde como jornalista deram-me aos longo de todos esses anos "inputs" imprescindiveis ao entendimento das consequencias dessa guerra e seu impacto na tragedia ( passe o exagero) em que se transformou aquele hoje aquele pais !!!

Nelson Herbert

(continua)

Anónimo disse...

Espelhos do genero ..experiencias dessa natura, que se diga em abono da verdade-presuponho nao ser novidade para ninguem aqui neste blog-tivemo-lo em Angola e Mocambique...onde a ingenua instrumentalizacao desses operacionais agravada pelo extremismo dos nacionalistas acabou por funcionar como rastilho de um conflito, de uma fraticida guerra civil...de consequencias sobejamente conhecida!

Seria possivel um tal cenario na Guine ? Houve ou nao tentativas de instrumentalizacao desses antigos operacionais, abandonados por Portugal, na hora da debandada dessa sua colonia...e falo aqui pela minha e nossa Guine ?

Que fique claro, o destino dado a esses homens ainda hoje, e tanto por mim como para a maioria dos guineenses, condenavel !!!

Portanto do que a historia desse periodo que a todos nos diz respeito, requer , e de reflexoes profundas...no fundo uma reconciliacao com os factos a assumpcao de responsabilidades de um e outro lado !!!

E pelos vistos , em muitos aspectos e neste proposito em particular, nada nos divide.

Se no meu caso foi o umbigo que deixei enterrado a escassos palmos, num chao algures da Guine..no vosso foi toda uma juventude... como se diria em criolo... bo NOBRESSA !!!

Perdoem-me a minha impetuosidade, mas entrei para este blog, pela sua indiscutivel importancia e contributo a historia..nao para alimentar polemicas...contrariamente ao que um e outro possa pensar !!!

Mantenhas

Nelson Herbert

Anónimo disse...

PS

A propósito de respeito mútuo.

Quando fui convidado a ir à Guiné-conakry, pelos elementos do Paigc, durante as conversações, fomos interceptados por elementos do exército da Guiné-conakry, que me queriam prender..os elementos do Paigc disseram-lhes que eu era convidado deles por isso não me prendiam "coisíssima nenhuma" e se o quisessem fazer que fossem à Guiné-bissau..não foram.
Quando cheguei ao destino, quis entregar-lhes a minha arma, porque nós exigíamos a entrega das armas quando vinham visitar-nos a Gadamael..mas não quiseram.. e com um sorriso disseram "confiamos em ti".
Isto foi feito por "guerrilheiros", que nos combatiam, sofrendo todas as agruras inerentes à sua condição.
Não foi feito por dirigentes instalados em Conakry..
Cada um que tire as conclusões que quiser.

C.Martins

Anónimo disse...

Ui..meu Caro Nelson

São muito pertinentes as tuas questões,não só no que diz respeito à Guiné, mas à ÁFRICA em geral.
A começar pela herança deixada pelas antigas potências coloniais, que traçaram as fronteiras dos "países" africanos quase a régua e esquadro, com as consequências daí inerentes nas pós independências.
Sobre a Guiné sabes de certeza muito melhor do que eu o que é em termos sociológicos existirem múltiplas etnias..cada uma com uma cultura diferente.. o "crioulo" é por exemplo a língua de comunicação inter-étnica,mas e o resto...
Julgo que dissertar sobre este assunto, foge um pouco ao âmbito deste blog,mas que é muito interessante.. é.
Se julgas, que eu faço parte daqueles que pensam que entraste neste blogue para alimentares polémicas..desde já te digo que não penso..posso discordar das tuas opiniões..mas é só.

Mantenhas

C.Martins

Anónimo disse...

Ninguém É Dono Da Verdade

Dois coleguinhas de classe, Diego e Gustavo, faziam um trabalho escolar sobre as leis do trânsito. A professora distribuiu papel e lápis para todos, e cada criança pintou seu próprio semáforo. Diego então, olhando para o trabalho do colega, disse:
- Ei! Gustavo, você pintou errado. O farol de cima é vermelho e não verde.
Gustavo respondeu:
- Foi o que eu fiz, pintei o farol de cima de vermelho.
- Não, você é um mentiroso, pintou de verde, está errado! - teimava Diego, enquanto Gustavo jurava que havia pintado de vermelho.
E a discussão foi tomando tal proporção que a professora teve que intervir. Ao se inteirar do motivo da discusão, ela chamou Diego e disse-lhe:
- Seu colega está dizendo a verdade quando diz que pintou o farol de vermelho, porque o que ele vê é isto mesmo, o vermelho; portanto, está sendo sincero. O que você não sabe, Diego, é que seu colega é daltônico, quer dizer, ele troca as cores: o que para você é verde, para ele parece vermelho.

Cada pessoa olha o mundo através de sua história de vida; portanto cada um vê uma mesma situação de forma diferente.

Um Abraço,
Jose J. Macedo

antonio graça de abreu disse...

Obrigado, António Martins de Matos pela correcção. Ficara com a ideia de que os bombardeamentos nocturnos em 73/74, tinham sido com os Noraltlas, e com bombas maiores.
Afinal foi com os Dakotas.

Quanto aos camaradas daltónicos, tudo bem, para cada um o seu olho. Todos sabem que a bandeira portuguesa é verde e vermelha, esta é a realidade, a verdade. Os camaradas daltónicos
dizem que a bandeira portuguesa é azul e amarela. Têm outra opinião. E têm todo o direito de ter outra opinião. A questão é que penso eu de que quase todos esses camaradas daltónicos não são daltónicos, veem mesmo a bandeira a verde e vermelho,as cores verdadeiras, mas depois dizem que é azul e amarelo.

Cada um com as suas cores...


Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Caro J.Macedo

No essencial concordo com o teu comentário...

Só que...ah..ah..se eu te disser que as cores não existem..vais pensar que sou maluco..mas é verdade.
As cores são uma mera percepção no nosso cérebro (região occipital) de determinados comprimentos de onda da luz (fotões )reflectidos pelos objectos que ao chegarem aos cones existentes na retina os transformam em impulsos electro-químicos através do nervos ópticos que se cruzam no quiasma óptico ..e vão para a dita zona occipital.

Traduzindo.. as cores não são mais do que comprimentos de onda do espectro luminoso que são reflectido pelos objectos.. a percepção do vermelho de um objecto,por exemplo, apenas quer dizer que esse objecto absorveu todos os comprimentos de onda menos o vermelho.
O preto traduz a absorção de todos os comprimentos de onda e o branco a reflexão de todos.

O daltonismo é a alteração da percepção dos comprimentos de onda devido a uma alteração nos cones por transmissão genética no cromossoma X.
Existem vários tipos sendo o mais comum a do "vermelho e verde".

Peço desculpa por este "arrozoado"

Conclusão.."AQUILO QUE PARECE NUNCA É".

C.Martins

Unknown disse...

Bom sábado.
Caros amigos, alguém saberá esclarecer-nos, o que aconteceu a três aviões tipo MIG 91 ou 98 (?), estacionados na Base Aérea nº 12 de Bissalanca, no período Março/Abril de 1973 ??
E ainda quantos Pilotos Aviadores existiam na segunda metade daquele ano e quantos estavam preparados para ‘operações’ ??
E também quantas operações com meios aéreos, foram realizadas (de diverso tipo) entre 25 de Março e 1 de Abril de 1973. Portanto 1 ano antes do 25 A de 74 ??.

Um abraço para todos e cada um

Carlos Filipe
Ex-CCS BCAÇ3872 - Galomaro/71

Anónimo disse...

Caro J.Belo

A propósito de coloridos, como é que vão as auroras boreais por aí, muitas certamente, depois das violentas erupções solares.
Gostava muito de ver esse espectáculo ao vivo..o pior é o frio.
Isso de se ser republicano ou monárquico, para mim é secundário, o que verdadeiramente conta são as atitudes e acções de cada um.
Do republicano e laico,para o monárquico.

Um alfa bravo

C.Martins

Anónimo disse...

Meu Caro Martins

Entao..."caricaturiza" os seus outrora inimigos- eh a artilharia que tinha que estar nas maos dos cubanos, por incapacidade dos guineenses e caboverdianos de a manusearem, mesmo sabido o treinamento especifico que alguns tinham tido no exterior; sao os Migs..ou (Mig) que a existirem teriam que ser pilotados por sovieticos ou por um outro voluntario vindo de um pais bem longe, em nome de um internacionalismo qualquer.. e para nao variar por inaptidao dos nacionalistas guineenses e caboverdianos-

E vem aqui falar do direito a indignacao, como se tratasse de um privilegio exclusivo seu ?

Livre-se dessa sua por vezes paternalista (porque reducionista) visao de tudo o que diga respeito a guerra na Guine e num apice aprendera a conviver com o contraditorio !

Mantenhas

Nelson Herbert

antonio graça de abreu disse...

"P'ra mentira ser segura
e antingir profundidade,
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade."

São versos simples do poeta popular António Aleixo.

"Aprender a viver com o contraditório."

Com certeza, meu caro Nelson.
Mas distinguir entre a propaganda barata e a verdade bombardeada pelos factos reais.

Abraço,

António Graça de Abreu

Juvenal Amado disse...

Hélio Felgas sugere mudanças drásticas na atividade militar, abandono de território e concentração de meios. Seria preciso definir bem o problema da população civil.
E questiona: “Dezenas de milhares de nativos vivem nas regiões sob domínio do IN, em tabancas perfeitamente visíveis do ar. Deve ou não deve a aviação atacar e destruir estas tabancas e a sua população? Valerá a pena um tal massacre ou não valerá? Isto é que é preciso saber”. Acrescenta, categórico: “Eu bem sei que quem não conhece o mato da Guiné, nem as dificuldades deste tipo de guerra, sente-se inclinado a considerar exageradas as minhas palavras. Infelizmente, tenho a certeza do que afirmo. Deixou-se o IN inchar demais para se poder, agora, desalojá-lo com os meios que temos”. O brigadeiro Felgas considerava que se devia dizer verdade, na Guiné estava-se apenas a aguentar a situação: “Estamos à espera que o IN adquira suficiente estrutura e capacidade militar para correr connosco. Mostramo-nos incapazes de o desalojar definitivamente seja de que área for”.-

Em 1968-1969 era esta visão do Brigadeiro. Não há "ses" nem meios "ses"
Não consta que a guerra tenha melhorado de aí em diante.

O "eu vi" e o estava lá" continua a ser a única forma de refutar o que está à frente dos olhos sejam daltónicos ou não. O que militares disseram e escreveram depois do 25 de Abril não são credíveis por causa do PREC, mas o que militares do regime disseram e escreveram antes também não. Só aqui fala verdade e esses são os que "lá estiveram" e os que "eu vi". Quanto a documentação não apresentam nada que fundamente as suas afirmações, o que me faz pensar que é tudo 31 de boca. Até parece que uns e outros estiveram lá, mas só uns viram o contrário de que quase toda a gente via.


Um abraço

Anónimo disse...

Caro Graca Abreu

Alguem ja o disse aqui,mas nunca e demais repeti-lo. Ja parou para reflectir que e valorizando os seus outroras inimigos que acaba naturalmente por exaltar os feitos dos homens que sob o seu comando estiveram ?

Tudo pra si resume-se a mera propaganda !

Quica a mae de todas as propagandas tenha sido precisamente aquela que o levou a enterrar parte da sua juventude e a ver desfalecer nos seus bracos,camaradas seus ingloriamente angdopec num pantano algures na canicula da Guine !

A essa propaganda eu nao perdoaria por nada deste mundo !


Mantenhas
Nelson Herbert

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Adoro estes comentários.
Começamos a falar de aviões que o PAIGC não tinha, mas ia ter e acabamos a trocar galhardetes sobre coisas que nada têm a ver com o tema do POST. Penso que deveríamos manter-nos, em cada caso, na "matéria de facto" ou seja no assunto que titula o POST. De qualquer maneira quer deixar aqui a minha posição sobre a guerra na Guiné. Para mim, as coisas terminaram com a independência da Guiné que considero um país como outro qualquer e ao qual não me liga qualquer forma de amor ou desamor.
O PAIGC, ao conquistar a independência, tornou-se responsável e... à máxima liberdade corresponde a máxima responsabilidade.
E isto qualquer que seja o sector da vida nacional que se considere.
Daí que me limite sempre ao que se passou até àquela data
Um Ab.
António J. P. Costa

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Nelson

Leste o que eu escrevi logo no primeiro comentário desta série?

Escrevi:

"os guerrilheiros do PAIGC lutaram heroicamente pela independência."

E disse mais:

"Claro que íamos perder aquela guerra, a razão da luta estava do vosso lado.
E hoje, e muito bem, Cabo Verde e a Guiné são independentes, e tu tens uma pátria, um hino, uma bandeira."

Repito. Leste o que eu escrevi? Entendeste o que eu penso, o que eu queria dizer? Agora afirmas:

"Alguém já o disse aqui, mas nunca é demais repeti-lo. Já parou para reflectir (eu, António Graça de Abreu!) que é valorizando os seus outrora inimigos que acaba naturalmente por exaltar os feitos dos homens que sob o seu comando estiveram ?"

Há aqui qualquer coisa importante que não bate certo, não há?

E repara eu não exalto os feitos dos meus homens. Não gosto é ver tanta gente no blogue a rebaixar e denegrir o esforço e sofrimento dos nossos homens que combateram na Guiné,
incluindo os nossos irmãos africanos, os amigos NT e os inimigos IN. Hoje, a guerra acabou há quase 40 anos, todos nossos amigos. É mais do que altura de não vilipendiar a nossa História.

Para o Juvenal,
é mesmo um problema de 31 de boca.

Abraço,

António Graça de Abreu

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caros Camarigos:

O que Aristides Pereira diz, relativamente aos meios aéreos não só diz a verdade, com está a ser modesto....... há certas informações que se "esquecem"..
.
Em Maio de 73, na reunião de Comandos, o Chefe da Repartição de Informações, Tenente-coronel Artur Batista Mourão. (In: Anexo “A” Á Ata da Reunião de Comandos, de 15 de Maio de 1973 afirmava: a saber:
"...no que se refere a Meios Aéreos, que o PAIGC dispõe já de 4 aviões ligeiros e aguarda o fornecimento de mais 6 de tipo não revelado, contando já com 28 pilotos; e no que se refere a Meios Navais, a posse de três Vedetas Rápidas do tipo P-6, de origem Soviética ..." e muito mais diz ..., nomeadamente que além de Cubanos na linha da frente, o PAIGC também contava com grupos de combate Russos..... informação esta, que levou já alguém aqui a rir-se, quando o Relatório SECRETO, de inícios de 74 o revelava.... agora esse "alguém" já terá de pensar mais um pouco.... pois os dados são veiculados em documento "Muito SECRETO", do tempo do "Homem Grande", general Spínola! e bem antes do PREC.

Brevemente iniciarei mais uma "Saga de informações inéditas", estejam atentos!
Mas como já afirmei no final dos Posts sobre o 1º Relatório da 2ª Rep; ... A "Verdade histórica", "é como o azeite, vem sempre ao de cima"! Para que ela apareça vou continuar a "libertar" informações classificadas, desta vez um RELATÓRIO MUITO SECRETO, já desclassificado, datado de 15 de Maio de 73, as Atctas de uma Reunião de Comandos do CTIG, penso que a última deste tipo com o General Spinola como Comandante Chefe. Já enviei um pequeno artigo, a abrir esta "nova saga" de análises sobre o In da altura, bem como o desequilibro que surgia em termos militares, a favor do PAIGC.... mas essa "Consciência dos Comandos militares" da altura, tinham "Soluções militares" (sempre fomos combativos ao longo da nossa História) para "Aguentarem a situação" por mais uns tempos... até que os políticos resolvessem a sua parte, e pelos vistos foram os Militares que se "Armaram" em Políticos e "resolveram a situação", mas os males que daí advieram (e não foram poucos) são principalmente da culpa do "Ancien Regime" ..... e por aqui me fico.

Grande Abraço

Luís Gonçalves Vaz
(Tabanqueiro 530)

Luís Gonçalves Vaz disse...

Meus caros tertulianos:

Esqueci-me de dizer, que quando estive na Guiné, nunca me cruzei com "Russos,Cubanos ou Argelinos", mas apenas com dois guerrilheiros que estavam prisioneiros no Comando -chefe, na Amura, prisioneiros com quem falei em português e em crioulo, e estavam bem tratados, penso que estariam em "processo de recuperação"!!! Mas voltando aos Russos e Argelinos, "que os havia, ai isso é verdade, pois essa informação está dada como confirmada nesse relatório, pela mão do "maior dos serviços de informação", bem como o contacto com esses grupos de combate "Internacionais", foram bem duros, e de certeza, alguém dos nossos combatentes, que tiveram o "azar" de os ver e de os combaterem, deve ainda estarem vivos..... um dia destes ainda vamos ouvir aqui no Blog alguma novidade........

Bom Domingo para todos vós

Luís Gonçalves Vaz
(Tabanqueiro 530)

Anónimo disse...

Meus Caros Amigos & Camaradas

Já referi em comentário anterior que os feitos heróicos do PAIGC cabe aos seus elementos cantar para propagandear a sua História na sua face mais cor-de-rosa, bem como denegrir os “tugas”, também como já aqui demonstrei em Post e comentário relativo a um caso passado com o nosso camarada Marques Lopes e que muitos anos depois ouvi contar no dito local uma versão que não correspondia à verdade e por esse motivo alertei para o facto.
Na verdade, leio aqui muitos textos da grande maioria da rapaziada que passou pelo leste e pelo sul, uma pequena parte do oeste e muito poucos dos que passaram pelo norte.
Mas este meu comentário está mais centrado para o comentário do nosso bom amigo Juvenal Amado, porque quanto ao resto “é chover no molhado”, somos sexagenários e cada um tem a sua verdade e tira as ilações que bem entende.
Mas vamos ao que interessa;
O Juvenal cita o Brig. Hélio Felgas, infelizmente já falecido.
Gostei de ler o seu livro “Guerra na Guiné” de 1967 que se reporta e é dedicado ao seu BCaç 507 - 1963/65, mas que não deixa de pecar em alguns aspectos que não correspondem à verdade, pág 115, mas que não é relevante para esta análise.
Desconheço, qual o livro em que o Juvenal leu para invocar e citar as afirmações produzidas, pois não refere o documento, mas que deve reportar-se à 2ª Comissão o então Tem Cor Hélio Felgas com o seu BArt 1914 com sede em Tite.
Agora falar de “Dezenas de milhares de nativos vivem nas regiões sob domínio do IN, em tabancas perfeitamente visíveis do ar….”
Esta afirmação só poderá convencer quem não esteve na Guiné, pois nem mesmo no início da guerra tal poderá ser considerado.
Continua

Anónimo disse...

Cont…
Os milhares de combatentes que por lá passaram sabem perfeitamente que as antigas tabancas foram abandonadas e as populações transferiram-se para a área dos aquartelamentos ou refugiaram-se junto da fronteira do Senegal e Guiné-Conaky.
Em 1969/71 palmilhei praticamente todo o sector de Farim porque estive nesta localidade; K3 e Jumbembem.
Palmilhamos de Farim a Binta e Cufeu
Palmilhamos Farim até ao Dungal e toda a fronteira até Sitató
Cuntima; Canjambari etc… e não vimos população alguma estabelecida nas ditas “liberdades…”
Em Junho de 1971 batemos toda a zona do Oio delimitada pelo rio Canjambari até ao rio Jumbembem e apenas se encontraram umas casas de mato de onde se recolheu 6 ou 7 pessoas.
Permanecemos durante ano e meio em Jumbembem, 18 meses de Jan/70 a Junho/71 sem sofrer um único ataque ao aquartelamento. A minha CCaç 2548 foi a única Unidade que por ali esteve estacionada e que durante todo o período de 10 anos de guerra não foi chamuscada, embora tivéssemos confrontos no mato.
As Companhias do Batalhão foram várias vezes à fronteira do Senegal recolher populações que queriam regressar para a nossa alçada. Eu fui lá 2 ou 3 vezes.
Construiram-se milhares de tabancas no âmbito do reordenamento
Viajei algumas vezes de DO e Dakota de Farim para Bissau e vice-versa, com certeza que o Brig Hélio Felgas viajou mais vezes do que eu, não sei se chegou a viajar para o norte, mas de Tite para Bissau com certeza e nunca vi essas populações sob o domínio do IN.
Nesses anos a população guineense deveria rondar os 550.000 habitantes
Bem, escuso-me a desenvolver mais o tema e retirem as ilações que bem entenderem…
Pelo menos no que se refere ao norte, mas vocês que estiveram no leste e no sul, que para mim deve corresponder à mesma situação que observei na minha zona de acção, mas em fim… apenas poderei dar-vos o benefício da dúvida, embora com todo o respeito que tenho por vós, mantenho a minha opinião.
E quando se diz:
[Em 1968-1969 era esta visão do Brigadeiro. Não há "ses" nem meios "ses"]
Não consta que a guerra tenha melhorado de aí em diante
Ó meus amigos, sejamos realistas e deixem os “ses” para amanhã
Ah, já agora Juvenal, aconselho-te a ler o livro “Memórias de Um Prisioneiro de Guerra” do nosso camarada António Júlio Rosa e depois falaremos em Monte Real….
Termino dizendo que não sou daqueles que considero que a guerra estava perdida, pelo menos, segundo a interpretação de camaradas tertúlianos que pretendem veicular, porquanto não perfilho tal entendimento.
Com um abraço amigo
Carlos Silva

Anónimo disse...

Caro Nelson Herbert

Como o camarada A.G.Abreu,formulo a mesma pergunta;leste os meus comentários?
Nunca aqui "caricaturei"ninguém que fique bem claro.
Quando falo é sobre o que vivi,vi e me foi contado pelos PRÓPRIOS guerrilheiros em múltiplos contactos que tive.
Falo com conhecimento de causa.
Nunca falei em manusear, mas sim em calcular elementos de tiro de artilharia, que são coisas completamente diferentes.
Para tua informação, os soldados da nossa artilharia eram todos guineenses e eram em geral muito bons, apesar de quase todos serem analfabetos.
Para se fazer cálculo de tiro na artilharia é necessário ter vários conhecimentos nomeadamente matemáticos e especificamente de trigonometria.
Havia alguns elementos do paigc com estudos superiores,nomeadamente cabo-verdianos, e é verdade que tinham alguns a estudar na u.r.r.s e outros países.
Quando falo de serem essencialmente cubanos a fazerem orientação de tiro, que não manusearem, não só tinha essa informação,como depois me foi confirmado pelos próprios guerrilheiros,quando das conversações.
Sobre os Migs, remeto-te para o comentário do A.Rosinha..leste ?
Já agora ficas a saber que um piloto de combate seja em que modelo de avião for leva vários anos a formar e a adquirir experiência.
O contraditório existe para argumentar ou contrapor factos, que neste caso não viveste nem viste,falas só por ouvir dizer, o que é natural..felizmente não foste combatente.
Quando aqui falo sobre factos ou situações do paigc na altura, aos quais não assisti,disse que a informação me veio de fonte que eu considero segura e por quem os viveu, se não acreditas o problema é teu.
Nunca menosprezei o IN e muito menos tive qualquer desconsideração.
Podes ter as opiniões que quiseres sobre tudo, estás no teu pleno direito.
Não podes é confundir o contraditório com alguma insolência e já agora até falta de respeito para com quem tem "cabelos brancos".
Cada um deve falar daquilo que sabe, de certeza que sabes muito sobre jornalismo e outra coisas..do que não sabes de certeza é os sentimentos que um ex-combatente, seja de que lado for, sentiu e sente..e de ciência militar mais especificamente de artilharia.

Mantenhas

C.Martins

Anónimo disse...

Caro Luís Gonçalves

Confesso que estou "SIDERADO".

Combates com Russos.!!!!
Nunca ouvi falar em tal coisa.
Na minha modesta opinião, isso até seria bom para o "regime".
Imagina apanharem um "russo",..oh "américas" já cá temos russos..vejam lá.."Nós que defendemos a civilização ocidental, combatemos o comunismo...blá...blá"
Politicamente para o regime era ouro sobre azul.
Está historicamente comprovado que os Russos nunca empenharam homens nas nossas "colónias", até ao 25 abril 74.
Sobre as vedetas é verdade que o paig as tinha ,mas estavam em Conakry e foram destruídas na invasão a Conakry, e depois a URSS,colocou lá um contra-torpedeiro.. e tentou aí fazer uma base naval, mas tiveram que retirar porque os U.S.A.protestaram e ameaçaram que também iam fazer o mesmo...quiçá na Guiné.
Não sou eu que digo...são os historiadores.
Todas as informações vindas do Q.G. que recebemos em Gadamael foram todas, MAS TODAS infundadas.
O nosso serviço de informações era "uma maravilha",comprovado na invasão a Konakry, do pouco que se consegui saber foi uma "visita" ao largo de Konakry do Comandante Calvão num patrulha com a bandeira do paigc, e de um "fuzo" desertor ou pesudo-desertor, que consegui sair de Konakry após falar na rádio e assinar um documento em que rejeitava a politica colonial..politica seguida pelo paigc, que propunha a todos os prisioneiros essa condição para serem libertados.
Ah.. e dos serviços secretos franceses.. que se revelaram incorrectas ou completamente falsas.
Não ponho em causa o documento...mas a ser verdade têm que se reformular os livros de história.
Tudo o que disse,apenas é aquilo que sei dos livros de história e dos depoimentos públicos de algumas figuras intervenientes nos actos.

Um abraço

C.Martins

Anónimo disse...

PS

Caro Luís Gonçalves

Olha que esse ultra secreto dos "maiorais", poderia ser isso para eles...mas para quem estava no mato não..as noticias entre nós passavam à velocidade da luz.
Sem querer ser demagogo...e outras coisas...às vezes enviavam-se informações para os ditos "maiorais"...bem não conto...quem esteve no mato sabe do que estou a falar.
Podes revelar em que Z.O. isso aconteceu..ou não.

C.Martins

Anónimo disse...

Grande saga!
Por iniciativa da esquizofrenia da verdadeira verdade histórica, afirmam-se as vitórias do templário de gravatas multicores, que desbarata argumentos contestatários mal estribados, por quem não teve a sorte de ter sobrevivido à guerra do papel higiénico que o chefe reclamava de cada vez que lhe fazia falta - o mesmo que enjoou o galãozinho vermelho, que afirma com a convicção de um iluminado e o realismo de um estratego, que só houve guerra, porque não tivémos tempo para dar cabo deles, pois, apesar das bombas que consumiam o erário, eles multiplicavam-se em sucessões sem intervalos, e transformavam as mulheres em máquinas reprodutivas. Era a África sem planeamento familiar. Parece impossível que ainda não se tenham referido aquelas armas secretas, as únicas que não identificámos nem controlámos.
JD

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro C. Martins:

Gadamael não era o "Centro nevrálgico" da concentração das informações no TO da Guiné, ou era? foi em Junho de 73, o alvo do inimigo, e aí foi sem dúvida o "Centro da guerra", já perto de uma ofensiva mais ou menos clássica! Tu próprio acabas de dizer, que do Norte existem aqui poucos "testemunhos e narrativas", como tal o "eventual" grupo de combate Russo poderia ter sido aí o "contacto"... o relatório não identifica o local onde foram confirmados. Mas, atenção, vê lá se me entendes (eu acho que sabes bem isso), os responsáveis pelo PAIGC, nunca irão admitir, por razões mais que óbvias, que tiveram qualquer grupo de combate russo ou argelino... pois é retirar valor aos seus combatentes!! o mesmo já não podem dizer relativamente aos cubanos, pois abatemos vários (só em Canquelifá foram seis só de uma vez) e tivemos o capitão Peralta como "troféu" durante muito tempo. Quanto aos "historiadores da guerra colonial", não me faças rir (com o devido respeito!)... pois essa ainda não foi feita meu caro camarigo C. Martins, a que há é "embrionária" da que se fará num futuro que já esteve mais longe. Não te iludas meu caro, pois só há pouco se iniciaram o processo de Desclassificação de documentos... muita coisa que tu e eu não sabemos, e que se passou nesses anos de guerra... Está atento aos próximos artigos que vou postar!!! Os teus depoimentos irão também ser registados para memória futura, mas apenas no que diz respeito a Gadamael, Jembembem, e os outros locais onde estiveste...e usando as tuas palavras: "...Quando aqui falo sobre factos ou situações do paigc na altura, aos quais não assisti,disse que a informação me veio de fonte que eu considero segura e por quem os viveu, se não acreditas o problema é teu. ..." não me leves a mal, foi para te citar C. Martins, até gosto das questões que levantas!

Forte Abraço

Luís Gonçalves Vaz

Nota: Nas notas pessoais do meu falecido pai, só fala de cubanos, nunca referiu nada sobre combatentes russos ou argelinos, se calhar estes grupos "internacionais", só lá estiveram no ano de 73,... a realizar algum estágio no TO da Guiné.

António Martins Matos disse...

Russos ao ataque, o Aristides Pereira a contar a história da guerra, Migs 91 e 98 estacionados em Bissau, pilotos guineenses em barda, consultas de oftalmologia, tabancas do PAIGC perfeitamente visíveis do ar, informações inéditas e relatórios super secretos escritos em 1975 a reportar acontecimentos de 1973........... isto é mais divertido que ler os “Gatos Fedorentos”

Anónimo disse...

Caro L. Gonçalves

Cumpre-me informar-te que Gadamael era sede do COP 5 do CAOP 1,por isso recebíamos, ou melhor o comandante recebia, mas eu tinha acesso a todas as informações enviadas pelo Q.G. , nomeadamente sobre tudo o que ocorria no T.O. da Guiné.
Muitas dessas informações eram recebidas com alguma desconfiança..porque também nós enviávamos para o Q.G. relatórios da nossa Z.O...e mais não digo..para bom entendedor meia palavra basta..

Um abraço

C.Martins

Anónimo disse...

Caro Pilav A.M.Matos

É verdade isto está muito divertido.

Na parte que me toca dou com muito gosto lições de oftalmologia aos camarigos,apesar de não ser oftalmologista.. e também de artilharia..já agora
Faço-lhe um desafio (meu general)..porque não dá uma lições de ciência "aérea".. aos camarigos leigos como eu...quanto aos Migs...toda a gente sabe que começaram no 100 e têm vindo por aí abaixo..neste momento estão no 32.
Na altura havia migs sukois tupolevs aos montes em Bissalanca..então não sabe !! estava lá....não.
Nós tugas gostamos de falar daquilo que sabemos..mas principalmente daquilo que não sabemos..aí então falamos de cátedra..feitios

Um alfa bravo
C.Martins

Anónimo disse...

Meu Caro C Martins

Nem mais uma replica minha aos seus comentarios e divagacoes !

Que a sua comissao militar de dois anos na Guine continue a alimentar em si, essa presuncao de detentor da verdade !!!

Ha cinco decadas, a Guine, corre-me pelas veias, nem por isso reclamo tanto !!!

Fico por aqui, pelo respeito que os "mais velhos" me devem merecer...

Mas faca por isso !!!

Estou fora !!!

Nelson Herbert

Luís Gonçalves Vaz disse...

nCaro C. Martins:

Não sei qual é a tua grande admiração (e de mais alguns camarigos...), por saberem agora que algum "grupinho de russos", esteve em contacto com as NT no TO da Guiné...... foram eles que no Chão da Guiné, em 63, ensinaram os guerrilheiros de então, como "iniciar as acções de guerrilha contra os portugueses"...Sabias isso? Estiveram sempre a apoiar o PAIGC, quer na Russia, quer no Chão da Guiné ..... Não eram um "Corpo de Exército", mas lá sempre estiveram como grande apoio! E ficas a saber (se é que não sabias), desde a operação "Mar Verde" em 70, os Cubanos e os argelinos iniciaram um apoio mais significativo! daí (segundo o relatório) até argelinos combateram na Guiné, pelos vistos eram em número mui reduzido! que não viste nenhum!!!!



"...One immediate result of Operation Green Sea was an escalation in the conflict, with countries such as Algeria and Nigeria now offering support to the PAIGC as well as the Soviet Union, which sent warships to the region (known by NATO as the West Africa Patrol) in a show of force calculated to deter future Portuguese amphibious attacks on the territory of the Republic of Guinea. ..."

From Wikipedia, the free encyclopedia

Pelos vistos, toda "a gente" já sabia que Russos, Cubanos e Argelinos, foram o grande apoio do PAIGC....Só alguns de nós é que não!!! Claro que estou agora a reinar contigo, pois os cubanos é que foram dos estrangeiros, aqueles que se envolveram em grande, combateram durante a guerra cerca de 500 (não chegaram bem aos 500)e morreram em combate 17 cubanos). Mas o "esquema conceptual" da guerrilha do PAIGC é da autoria dos Soviéticos.... que até depois do 25 de Abril, andaram lá a cobrar esse apoio...

Votos de uma boa semana


Abraço

Luís G. Vaz

Unknown disse...

Caros Amigos.
Deixaram-me sem resposta ??

Com tanta gente "geralmente bem informada" estava a contar com alguma dica.
Repararam que era em 1973, num local expecifico e antes do PREC.

Algum esclarecimento é bem-vindo, para as questões seguintes.
Sugiro que procurem saber o que se passou dentro daquelas datas.

Um abraço para todos e cada um.
Carlos Filipe
ex-CCS BCAÇ3872 Galomaro/71

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro C. Martins:

Não sei qual o teu espanto, por saberes agora, que um "grupinho" de Russos esteve em contacto com as NT em 72/3!!!! Foram eles que em 1963 Ensinaram e apoiaram o início da guerrilha! Sabias disso evidentemente!!! Durante os anos da guerra sempre estiveram com o PAIGC......... e depois da operação MAR VERDE em 70, passaram os Argelinos e cubanos a "comprometerem-se" muito, pois desde essa data, até ao final da guerra estiveram cerca de 500 combatentes cubanos (não chegaram aos 500) e morreram em combate 17 deles!!........ Sabias que:
"...Do ponto de vista diplomático, os resultados da Operação Mar Verde são contraproducentes, pois põem em evidência o isolamento internacional de Portugal, e afectaram bastante as relações luso-americanas. Um oficial do Estado-Maior de Spínola desabafou ao Washington Post:



“Nós temos que perseguir os guerrilheiros. Mas se fazemos o que os Americanos fazem no Cambodja e no Laos, o mundo inteiro põe-se aos gritos contra nós – incluindo os Americanos”.



Por outro lado, a URSS e Cuba aumentaram consideravelmente o auxílio material ao PAIGC, e a URSS construiu uma base naval em Conakry, denunciada por Portugal menos de um ano depois. Os soviéticos compensam a perda das quatro lanchas Komar oferecendo à Guiné-Conaktry igual número de P6, e seis lanchas de patrulha costeira. Nos EUA, verificava-se que a URSS se tinha tornado muito mais aventureira na África Ocidental e que Portugal corria o risco de «enfrentar os Soviéticos sozinho».



Na Guiné-Conakry, e na sequência da invasão, a repressão é implacável. Os revoltosos que não são apanhados, são executados sem misericórdia, tal como todos os que são alvo de suspeita. Milhares de pessoas são mortas. Os seus corpos são desmembrados e as ruas de Conakry enchem-se de braços e pernas pendurados de árvores, candeeiros e sinais de trânsito. A população vive aterrorizada.


“Quatro corpos baloiçam sob a ponte Tombé, na auto-estrada à entrada de Conakry. Em frente dos corpos em decomposição sob o sol implacável de Janeiro, dançam ignobilmente megeras que exibem nas extremidades de longas varas, os órgãos sexuais dos condenados” (Jean Paul Alata, em Prisão de África)



A deserção do tenente Januário e dos vinte homens que o acompanharam, abandonando a equipa SIERRA, é de curta duração: a sua adesão ao PAIGC não é aceite e são fuzilados em Conakry. ..."

CONTINUA

Abraço

Luís G. Vaz

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro C. Martins:

A partir do início 1973, assiste-se à chamada "Internacionalização nítida" da Guerra no TO da Guiné (não sabias?), com uma mudança de "Patamar" da mesma, temendo-se que em pouco tempo, se tornasse num conflito mais ou menos convencional (vou-te mostrar os elementos probatórios, está descansado C. Martins!!) e ............... é esta ideia que é NOVA para ti e para muitos outros (ou não?), e não devia!!! Como tal vou "libertar brevemente mais "Informação da nossa Secreta" da altura para PARTILHAR com todos vós, e se realizar neste Blog uma Análise Construtiva, em que as intervenções deverão ser livres, mas com respeito pelos outros, .... pois Mentaliza-te de vez, que "Ninguém é dono de TODA A VERDADE DA GUERRA COLONIAL, poderá é saber mais do que os outros, de uma certa área nesse TO, durante um certo intervalo de tempo.........

Abraço

Luís G. Vaz

Anónimo disse...

Caro Luís Vaz,

A tua chegada ao blogue ainda é muito saudada, tendo em conta o manancial informativo de que dispões e generosamente partilhas connosco.
No entanto, porque há pessoas que contestam, negam, e desenvolvem uma acção inclemente de contra-informação, susceptível de desencadear sucessões de comentários de interesse muito relativo, permite-me sugerir, face à tua vontade de colaborar e divulgar tão importantes documentos, que o faças através de posts bem sustentados, em vez de ires soltando informações avulsas que corroboram as tuas notícias, mas podem perder em sistematização e relêvo.
Assim, deixo-te a sugestão de organizares a informação de que dispões, para a transmitires de forma sistematizada, sem caires na tentação de ir cedendo informações a cada provocação, como quem espalha destroços de fontes históricas.
Depois, cada um tirará as ilações que entender, e que a preparação individual lhe permita.
Além disso, será uma forma de te protegeres de algum desgaste que tre possam provocar (pessoal e de avaliação).
Um abraço
JD

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro J. D. (Júlio Dias?):

As tuas palavras são sábias, e vou fazer o que propões, pois sem dúvida, é a maneira "mais assertiva" para continuar a perseguir os "objectivos que me propus" a atingir nesta minha colaboração com todos vocês, esta Grande Tabanca....... Só que de vez em quando sou "tentado" a responder a algumas "provocações", como dizes e muito bem, e lá estou eu a "libertar a conta-gotas" as informações que possuo... de uma forma não "ideal"!!! E todas estas informações, quanto a mim, São Também Vossas, como tal será meu dever cívico, moral e patriota, partilhar com todos vós! Irei fazer postes, apenas com uma breve introdução, seguida de Imagens dos Doc, e depois seguir-se-á o Debate aqui neste nosso Forum! Meu caro J. D., um forte abraço:

L. G. Vaz

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Luis Gonçalves Vaz

Responder a provocações?

Eu compreendo que queiras honrar a memória do teu Pai. Daí a publicação daquele relatório de 1975, elaborado à luz dos ventos marxizantes da época, a tentar explicar uma descolonização mal feita. O relatório, no teu entender, vinha lançar luz definitiva quanto às muitas dúvidas sobre os anos do fim do conflito na Guiné.
É esclarecedor o apoio incondicional que o teu relatório teve por parte dos "Kamarovitch" do costume, no blogue, mais o apoio às tuas recentíssimas descobertas super-secretas sobre as realidades da nossa guerra na Guiné, fase final.

Meu caro, tenho idade para ser teu pai.
Honra a memória do teu Pai.

Abraço,

António Graça de Abreu

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

Para este tipo de 'peditório' não dou mais!

Estive até agora a acompanhar a saga dos comentários esforçando-me para não intervir, para dar oportunidade a outros para se manifestarem e até para tentar aprender mais. Por outro lado evito assim cair na tentação do 'conciliadorismo' ou do 'paternalismno', o que por si só já é muito bom...

Mas agora, quando o António 'puxa dos galões' da idade, fazendo alarde de uma demonstração pública de, isso sim, 'paternalismo', na medida em que considera a possibilidade de 'ser teu pai', referindo-se ao Luís Vaz, acho que devo dizer algo.

E esse algo vai no sentido de lamentar que, mais uma vez, se desperdicem energias em discussões em certa medida 'desviantes' do que começa por ser a matéria do 'post' para se cair de modo fácil em provocações que, volto a escrever, parecem mais próprias dos inúmeros grupos que estão no "Face".

Sem 'paternalismos' vejo este nosso Blogue como o local mais adequado onde se encontrariam as memórias, as opiniões, as imagens, de cada um e com as quais se concordaria, ou não, sendo que as discussões para 'afirmação de teses' seriam em debates bilaterais ou noutros locais. Sei que corro agora o risco de não ser "conciliador" nem "paternalista" mas sim "ingénuo", mas não custa tentar, pois não?

O que não me parece correcto é a obsessão constante do António em classificar as intervenções e os seus autores numa atitude que deixa muito que pensar....

Abraços
Hélder S.

Luís Gonçalves Vaz disse...

Camarigo Graça de Abreu.

Acalma-te ... que o teu coração pode não aguentar! Ás tuas "investidas", tenho a dizer-te o seguinte:

1º) Estou treinado para reagir a "frio", aquando de situações limites, que não é o caso!!! como tal vou-te responder com objectividade, uma delas já "levaste com a resposta", pela mão do camarigo Helder Valério...

2º) Deixa-te de tretas e de paternalismos, não podes ser meu pai coisíssima nenhuma, terás no máximo idade para ser meu irmão mais velho (tenho dois irmãos sexagenários como tu, um com 61 e outro com 62 anos, reformados e um deles um ilustre Comandante da Armada Portuguesa), como tal não vás por aí!
3º) quando disse Provocações, coloquei entre aspas (está atento por favor!), a saber "provocações", pois não é para ler no sentido literal, e tu sabes, pois sei que és um homem culto! sei qual é esse sentido!!! claro que ninguém me afrontou, a sério até ao momento, apenas queria dizer, que a forma como estava a "dar as informações" que possuo, não seria a mais assertiva, já que respondia a argumentações/visões diferentes das minhas com recurso a "informações Secretas" que possuo! Como acho que o comentário do J. D. foi dado de Boa vontade e foi sincero, reflecti sobre a forma como deverei "libertar", no futuro tantos dados", que fazem parte de Documentos que farão a História da Guerra colonial, quer tu queiras, quer não! Mas atenção, não quer dizer que não possa haver "contra-informação" nas informações do Relatório em questão! É importante é comparar com os dados do Relatório "Secreto", do tempo do Prec, que eu já libertei neste Blog, entendes-me meu caro Abreu?
4º) Comigo não "dá efeito", tentares dar ideia de que me intimidas pela forma agressiva ou paternalista, pois tenho já no pêlo 51 anos, e penso pela minha cabeça.......
5º) Não me leves a mal, a minha sinceridade, mas eu não estou aqui para perder tempo, sim para partilhar com todos vós, algumas informações que possuo, mas não quero de forma nenhuma, "impingir" a ninguém, alguma "Doutrina da leitura da guerra colonial", essa parte fica para os historiadores, sociólogos e mais outros que tais!
6º) Por favor, não metas no assunto a memória do meu falecido pai, pois isso é "Terreno SAGRADO" para mim, entendes? Eu pensava que já me tinhas "tirado a fotografia"! Estou aqui por bem, não para entrar em @conflitos virtuais .....
7º)Fica bem e aguarda serenamente, pelas informações que irei partilhar com todos vos, se isso te interessa........

Abraço fraterno

Luis G. Vaz

JD disse...

Caro Luís.
Por já ter alguns tempos de frequência na T.G. assino JD, o que não é fugir à identidade. No entanto, dada esta dificuldade inesperada, chamo-me José M.M.Dinis, e tenho muito prazer em considerar-te atabancado.
Um abraço
JD

Luís Gonçalves Vaz disse...

Camarigo José Dinis:

Agradeço-te a tua identificação, e peço desculpa de te "inventar um nome", fui levado pelos nomes dos camarigos que postaram aqui artigos, e tentei "desencriptar" as iniciais J. D e pimba, enganei-me! Fica registado o teu nome J. D. Até breve.

Um abraço

L. G. Vaz

Anónimo disse...

Caro Luis B Vaz

Meu caro "mandjua"..concordando-se ou nao, o certo e que os teus "posts-documentais", pelo manancial de informacao que contem, pelos 'inputs" ao debate e a clarificacao de um periodo da nossa historia comum...interessam !!!

E acredita: ha por aqui bloguistas de sobra a clamarem por mais !

Mantenhas

Nelson Herbert

Anónimo disse...

Caro L.Gonçalves

Pensei em responder em tom irónico, mas como podes levar "a mal" e não é essa a minha intenção vou falar a sério.
Aquilo que revelas, e a ser verdade,constitui para mim "ALTA TRAIÇÃO", pelo simples facto de que NUNCA fomos informados de nada.
Imagina o cenário em que éramos atacados por russos e cubanos e com os números que citas, seriamos apanhados completamente desprevenidos, nem sequer quero imaginar o que aconteceria.
Politicamente seria um erro tremendo para o próprio paigc, porque iria internacionalizar o conflito.
Sabendo-se que os U.S.A.intervieram no Vietnam do Sul para "evitar que este caísse nas mãos dos comunistas" e estando em plena "guerra fria" se os russos o fizessem na Guiné, isso só iria dar razão ao nosso "regime" que desde o início sempre disse que lutava contra a expansão do "comunismo internacional".
Em Março de 74 recebemos uma informação do Q.G. que dizia que iríamos ser atacados por um "batalhão" de cubanos, apesar de ficarmos bastante cépticos,adoptamos um dispositivo de defesa para os receber "condignamente",felizmente essa informação foi completamente infundada.
Relembro-te que Gadamael não foi só os dias de "brasa"de Maio e Junho de 73, esses foram os mais intensos.
No sul da Guiné o dispositivo militar em 74 era o seguinte; no Quitafine tinhamos Cameconde com um companhia e atrás Cacine, mais a norte Gadamael e até Aldeia Formosa,apenas mata, onde se situava o célebre corredor.
Olha para o mapa e não é difícil imaginar quem é que levaria com o primeiro impacto, a ser verdade, claro.
Não me considero nada de especial,mas por favor respeita todos aqueles que viveram sofreram ficaram estropiados e morreram no T.O. da Guiné e na parte que me diz respeito em Gadamael, que não era o centro do mundo é verdade, mas era um dos maiores buracos,só quem lá esteve sabe o sofreu.
Sei que posso estar a ser muito susceptível, mas ainda hoje, passados quase quarentas anos, podes que crer que a todos nós combatentes , uns mais que outros , é verdade, ainda dói muito.
Desculpa o meu desabafo,sei que da tua parte não há qualquer intenção de ferir susceptibilidades,mas por favor não repitas que "gadamael...foi maio/junho 73", é que para além de não ser verdade, estás a ser injusto.
Quero terminar dizendo, que me parece, que para ti tudo o que vem nesse relatório é verdade.. a mim não me parece e tenho muitas dúvidas..devido à a minha experiência no terreno.

Uma alfa bravo

C.Martins

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro C. Martins:

Agradeço-te a tua frontalidade, bem como a tua honestidade intelectual! Já viste que tenho interesse em dar os elementos que tenho, no sentido "construtivo" e partilhar honestamente informações! Ao contrário do que pensas (é legítimo da tua parte pela forma como defendo algumas delas) eu NÃO ACREDITO PIAMENTE nos Relatórios, quer o do "PREC", quer este último, apenas acho que devem ser do vosso conhecimento, e cada um reflicta para "dentro ou para fora"! Este ultimo veio do Arquivo Histórico Militar e vai ser base para Historiadores desta guerra colonial. Nele percebemos o desequilíbrio, que SEGUNDO OS ALTO COMANDOS, afirmavam, bem como os meios que solicitavam ao Governo de Marcelo! É bom que seja do vosso conhecimento. Quanto ao respeito que tenho por todos vós é enorme, não só pela Memória do meu falecido pai, que quer em Angola, quer na Guiné deu o seu máximo, como oficial do Estado-Maior, mas também pela memória do meu avô Adolfo Júlio C. Braga, Tenente do Exército colonial, que esteve em quase toda a África Portuguesa,esteve nos confins de Angola e Moçambique,e desde muito jovem e como sargento à frente de Companhias de Infantaria Indígenas, foi combatente das campanhas do Norte de Angola 1914/15 (medalhado delas), bem como foi o secretário/Relator do Dossiê Ross nos anos 30, na defesa de Portugal! quando o célebre americano Ross nos acusou de esclavagismo em Àfrica na Sociedade das Nações em 1925! morreu muito novo, com 34 anos em Moçambique e está sepultado na Ilha de Moçambique, numa Capela muito conhecida!Sei o suficiente de História, para "entender" o grande apetite dos países Europeus pelas nossas colónias desde o séc dezanove! Como vês só posso nutrir respeito e admiração por todos os Ex-combatentes, mas penso que a guerra podia ter sido evitada ou resolvida mais cedo, mas não foi e agora temos é de "analisar o que se passou" da maneira mais "Completa"..... Quanto a Gadamael, falei em Maio por ter sido a fase mais "Aguda" e tenho ouvido na 1ª pessoa relatos dessa altura, nomeadamente do ex-alferes miliciano José Augusto Cunha da Comp. 4743, conheces? O Relatório de que falo, aborda com pormenor as zonas que iriam ser mais flageladas e por aí fora.... até o nº de caixões que necessitavam......... Acho que já percebeste que é por valorizar todo o esforço sobre-humano que foi pedido a uma geração de jovens portugueses, que me leva estar aqui! Até breve

Grande Abraço:

Luís G. Vaz

Anónimo disse...

Caro L.Gonçalves

Folgo muito em saber da história militar dos teus antepassados dos quais certamente terás muito orgulho.

Apesar de não ter grande importância deixa-me fazer-te uma pequena rectificação...Em Angola a campanha não foi 14-18, mas sim 17-18 e foi no sul.
Estou a escrever a 200 m de um antigo quartel de onde partiu um batalhão para o norte de Moçambique,e onde existe um monumento com o nome de todos os que lá morreram..foram 72, a grande maioria deles por doença, é verdade, mas não deixa de ter o mesmo valor.
Nessa altura lutamos contra a tentativa dos Alemães se apoderarem das nossas "colónias" Angola e Moçambique..assim como foi a principal causa da nossa entrada na 1.ª guerra mundial, onde tivemos sensivelmente 30% de baixas, num contingente de 40 mil homens, o célebre CEP, na Flandres..mal alimentados,vestidos,armados e pessimamente dirigidos..mas enfim coisas da história.

Um alfa bravo

C.Martins

Anónimo disse...

Caro L. Gonçalves

O "seu a seu dono"
Peço desculpa, as campanhas em África, começaram efectivamente em 1914.
Confundi com a nossa ida para a França (flandres).

C.Martins

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Luís

Desculpa ter dito que tinha idade para ser teu pai. Com tanto sangue na guelra, pensava que eras mais novo.
Eu tenho 64 anos e idade para ser teu irmão mais velho.

Ficamos à espera dos textos
super-secretos. Mas pela primeira amostra, 4 aviões do PAIGC, 38 pilotos guineenses, tropas russas a combater na Guiné, quase já nem sei o que dizer. Interessam os factos, o rigor histórico. Invencionices não vingam.

Sabes que uns tantos tipos da PIDE na Guiné inventavam (segundo os informadores que tinham infiltrados no PAIGC, diziam eles)
inventavam informações completamente falsas só para mostrar serviço e receberem mais uns escudos?
Essas informações chegavam a Bissau, até ao QG, e Bissau era o lugar ideal para essas aldrabices e boataria crescerem. Quando eu vinha do mato para Bissau, ouvia tanta coisa no Clube de Oficiais em Santa Luzia
da boca dos alferes que da Guiné só conheciam até Bissalanca que te digo, era de espantar. Não fui só eu a ouvir, fomos muitos de nós.

Recomendo-te muito cuidado com as fontes, seriedade, rigor histórico.
Atoardas, não.
Isto não é paternalismo.
Porque quase todos nós, 40.000 militares em 73/74, fomos dignos
e honestos. Claro que a situação era difícil, sofremos muito, mas não sofremos nenhuma derrota militar. Infelizmente aquela guerra ainda se ia prolongar por vários anos, sem a vitória de ninguém. Ainda bem que houve o 25 de Abril.

Por tudo isto falei no teu pai.

E acho que desta vez é me vou calar com comentários.

Abraço amigo,

António Graça de Abreu

José Marcelino Martins disse...

Sem querer menosprezar os comentários anteriores acerca de datas, as nossas campanhas em África "começaram" em 15 de Agosto de 1415. Exactamente há quase 600 anos, com a conquista de Ceuta.
Aquela terra matcou-nos de tal forma que, muitos de nós, ainda lá estamos.

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro Graça de Abreu:
Assim “ já gosto de te ouvir”, e terei prazer em responder-te , a saber:
Brevemente sairá um primeiro post, com o enquadramento de onde foram extraídas as “informações”, este apenas para “anunciar esta serie”, seguido de imagens do próprio doc, sendo esta 1ª parte, a da Rep de informações! Quanto ao cuidado com as fontes, meu caro Graça de Abreu, terás razão, mas para mim também é SAGRADO esse aspecto, como tal são Documentos da célebre Reunião dos Comandos do CTIG em Maio de 73 (Retirados do Arquivo Historico-Militar), como documento/fonte histórica não haverá melhor, a não ser os vossos depoimentos (enquanto forem vivos devem prestar depoimentos para memória futura)que poderão por em questão a totalidade(?) ou parte da sua narrativa! Como tal eu só estou a "Dar visibilidade" a estes documentos! Não fui eu que os Elaborei, faço-me entender Graça de Abreu? Agora se os quiserem ver, esperem serenamente… depois de uma forma assertiva, coloquem-no em questão ou não, isso será a vossa parte, pois vocês é que FORAM OS ATORES DESTA GUERRA (+ os guerrilheiros do PAIGC), não fui eu, apenas por interesses que já perceberam (penso eu de que!) estou aqui a prestar esta minha modesta colaboração, mas metam na cabeça, que longe de mim vir para este Forum “Impingir” qualquer Doutrina de leitura desta Guerra, ou por outro lado manifestar qualquer “falta de respeito” pelos sentimentos que ela ainda envolve, muitos dos Nossos ex-combatentes…………….. E a mais não sou obrigado!
Grande Abraço

Luís G. Vaz

Jose Matos disse...

Embora este tema já tenha tido uma vasta discussão, só hoje é que o descobri e gostava de dar um pequeno contributo.

Ainda não foi feita uma investigação a fundo sobre a questão dos MiGs do PAIGC, mas obviamente os testemunhos dos responsáveis políticos do PAIGC da altura são importantes para esse esclarecimento.

É de admitir que alguns MiG fossem fornecidos à guerrilha (depois da instrução dos pilotos completa) e colocados em Conakry para actuar juntamente com os MiG guineanos. O grande problema aqui seria, antes de mais nada, a capacidade de sustentação dos MiG pela guerrilha, mas essa sustentação podia ser feita em Conakry pelos cubanos que estavam lá a apoiar a Força Aérea Guineana (FAG).

Além desta questão, havia depois a possibilidade dos MiG serem usados contra forças portuguesas, o que conduziria obviamente a uma escalada no conflito. Não sabemos até que ponto o PAIGC estaria interessado nisso? Convém lembrar a este propósito, que os MiG da FAG nunca atacaram directamente forças portuguesas, nem parece que estivessem interessados em tal situação.

Obviamente que aqui a guerrilha podia mudar de estratégia e aventurar-se em algum ataque contra um quartel de fronteira. Mas, também convém lembrar que as forças portuguesas estavam prestes a ter acesso mísseis SAM portáteis Redeye, que chegariam à Guiné brevemente, pois em Abril já estavam na Alemanha prontos para serem enviados para Portugal. Os mísseis seriam distribuídos na Guiné por vários quarteis e, nesse caso, qualquer ataque da tal “aviação do PAIGC” podia correr mal.

Portanto, o reforço da defesa aérea da Guiné com mísseis SAM (Crotale e Redeye) desempenha aqui um papel importante e não é muito credível que o PAIGC estivesse depois disponível para atacar qualquer posição portuguesa protegida por este tipo de meios. Portanto, ficam sempre grandes dúvidas do papel que teria a dita “aviação do PAIGC” na evolução da guerra.

Anónimo disse...

Esta história dos migs e outros deve-se certamente a alguma poeira no ar turvando a vista, ou ingerida inadvertidamente, ou até voluntariamente.Enfim entende-se a ideologia, mas não se é obrigado a engolir a demagogia.E ela abunda no blogue.