quinta-feira, 3 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9845: Documentos (25): Análise da situação do inimigo - Acta da reunião de Comandos, realizada em 15 de Maio de 1973 - Parte IV (Luís Vaz Gonçalves)

1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, membro da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou-nos mais uma mensagem dando continuidade ao trabalho documental iniciado nos postes P9639, P9748, P9755 e P9765, relativo à Análise da situação do inimigo - Acta da reunião de Comandos, realizada em 15 de Maio de 1973 no Quartel-general do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné. 

Camarigos: 

Aí vai a PARTE IV, sobre a "Reunião de Comandos, realizada em 15 de Maio de 1973", onde se apresenta a comunicação do tenente-coronel do CEM, Mário Martins Pinto de Almeida, o Chefe da Repartição de Operações: 

PARTE IV 

Reunião de Comandos, em 15 de Maio de 1973, “Ata da Reunião" 


“Em 15 de Maio de 1973, pelas 10H30, no Quartel-general do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, teve lugar, sob a presidência e mediante convocação do General Comandante-Chefe, General António de Spinola, uma reunião de Comandos na qual participaram os comandantes-adjuntos respectivamente, Comodoro António Horta Galvão de Almeida Brandão, Comandante da Defesa Marítima da Guiné, Brigadeiro Alberto da Silva Banazol, Comandante Territorial Independente da Guiné, Brigadeiro Manuel Leitão Pereira Marques, Comandante-Adjunto Operacional e Coronel Gualdino Moura Pinto, Comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné, entre outros oficiais superiores chefes das diversas Repartições, nomeadamente os das "Informações" e das "Operações"…” 

 General Comandante-Chefe, General António de Spínola 

“… Dou a palavra ao tenente-coronel do CEM Mário Pinto de Almeida, o Chefe da Repartição de Operações …” 

"... torna-se necessário dotar o TO com uma Nova Força de Retaliação que, pelo seu poder dissuasor, impeça os países vizinhos de apoiar e reforçar o IN, lançando acções ofensivas, aéreas ou convencionais, com utilização de carros de combate, a partir do seu território. Esta força de Retaliação poderá ser constituída por meios aéreos mais aperfeiçoados e eficientes do que aqueles que agora possuímos e por uma força com base nos 3 Batalhões de Caçadores que se julgam necessários para reserva do TO..." 

Tenente-coronel do CEM Mário Pinto de Almeida 
(O Chefe da Repartição de Operações) 
in: Anexo "B" à Acta da Reunião de Comandos de 15 de Maio de 1973 

Segue digitalizado e para vossa análise, o Anexo "B" à Acta da Reunião de Comandos de 15 de Maio de 1973 







Luís Beleza Vaz 
(Tabanqueiro 530) 
__________ 

Nota de MR: 

Vd. também sobre esta matéria os seguintes postes do mesmo autor em: 




27 comentários:

Anónimo disse...

Francamente

Devo ser mesmo BURRO.
É que não entendo nada, refiro-me só à artilharia.
Com o respeito que me merece um oficial superior...ou devia merecer..quando refere comds de bateria..para quê.
Seria que os comandantes dos pelarts eram incompetentes,não sabiam por em posição uma bateria e calcular os elementos de tiro ?
É certo que um capitão tinha mais conhecimentos em termos administrativos,não ponho em causa, mas para manobrar não faziam falta..não percebi se era para reforçar com mais obuses ou se era meramente uma questão de comando.
No sul existiam pelarts de obuses de 14 cm em Cacine,Gadamael,Cufar e um de 10,5 em Jemberem, que cobriam toda a área envolvente.Mais afastado e para o interior Bedanda também com 14.
O dispositivo dos aquartelamentos estava errado no meu ponto de vista,mas a dotação de pelarts com obuses 14, não.
Concentração de elementos do IN no Boé ? verdade ? ou era só suposição ou previsão ?
Lembro que o General Betencourt Rodrigues foi ao Boé, pura propaganda é certo,mas em que é que ficamos , havia ou não havia ?
Se houvesse seriam facilmente detectados pela F.A. devido às condições do terreno (savana)e o IN de burro não tinha nada.
É chover no molhado, mas se não era intencional, então só podia ser incompetência, lamento dizê-lo.
Aquilo que me move, volto a referi-lo, não é discutir se a guerra estava perdida..já estava antes de ter começado..mas apenas repor a verdade..o Paigc naquela altura não tinha capacidade para nos impor uma derrota militar..politicamente estávamos derrotados desde o início.

C.Martins

Anónimo disse...

PS
Quero esclarecer o seguinte;
- Uma bateria (companhia na infantaria) era constituída por 6 obuses com 3 pelarts a 2 obuses cada.
Se os pelarts passaram a ser a 3 obuses ou peças..porque é que não passaram a ser comandadas por um capitão..pois é que estes foram comandar carts...se houvesse aumento de obuses já tinha que ser um capitão..pela lógica e escola militar tinha que ser assim...raciocínio de militar profissional.
Lembro que aquilo que era aprendido cá, nomeadamente a forma como devia funcionar a serventia de um obus, se fosse aplicada na prática, isto é em combate, estávamos "feitos".
Há uns anos atrás visitei a E.P.A.,fui recebido por um Major que foi muito simpático, na parada davam instrução do 15,5.
Abriam e fechavam a culatra com mil cuidados.
Pedi-lhe se podia fechar a culatra, como fazíamos lá..no duro..debaixo de fogo..peguei na ponta do manípulo e ao mesmo tempo deslizei a mão ao longo deste para destravar e simultâneamente empurrei com toque seco largando a mão..esta fechou-se com grande estrondo..perante o espanto geral e de admiração.
Conto isto para pura e simplesmente explicar como é bem diferente a teoria e prática de "parada" ou de "escola" e a adaptação que se tem que fazer no terreno..como certamente quase todos nós sabemos.
Isto vem a propósito de quê..ah..já sei..oficiais superiores..altos estudos militares..QGs..estratégias..sem desprimor para muitos que sabiam adaptar-se..mas outros..enfim..

C.Martins

antonio graça de abreu disse...

Eu acho que não sou burro, mas que nos querem fazer passar por burros, lá isso é verdade...
Sempre as mesmas distorções,as mesmas incongruências de meados de Maio de 1973, os mesmos "ses".
Dois exemplos apenas:
Leio no ponto 4.
"A intenção do IN de instalar-se fortemente no Boé, já em vias de concretização(...).
Sabemos hoje que o IN não se instalou no Boé, nem forte, nem fracamente. E declarou a independência não no Boé, nem em Lugajole, mas em florestas bem no interior da Guiné-Conacry.
Mas os crâneos de Bissau asseguravam que a instalação no Boé já estava "em vias de concretização."
Depois, em Outubro de 1973, o general Bettencourt Rodrigues até foi de héli ao Boé. Havia tropas paraquedistas helitransportadas espalhadas na região. Ninguém viu o IN.

No ponto 6, leio
"Não será necessário sublinhar que a utilização de aviões pelo IN constituirá um factor decisivo para o desfecho da guierra."
Todos sabemos que o IN não utilizou
aviões e que decisivo para o desfecho da guerra foi o golpe militar de 25 de Abril.

Abraço,

António Graça de Abreu

manuel amaro disse...

Francamente...

Eu pensava que essa estória dos aviões do PAIGC, MIG´s ao que parece, estava só no âmbito das anedotas.

Mas ontem li um Doc de dois ilustres guerreiros historiadores, que escrevem que sim. E hoje mais este brinde, com aviões do PAIGC.

Eu eu, que já acreditava pouco do que se escreve sobre esta guerra, a partir de agora, pura e simplesmente, não acredito...

Prefiro ler a "guerra" do Mário de Carvalho, na Avenida Gago Coutinho, em Lisboa.
Ao menos esta é pura fantasia escrita, dita e assumida.

Para não falar nas guerras do Solnado.

É pena, mas a "nossa" guerra, perdida, políticamente em 1961 e militarmente em 1974, merecia outro tratamento

Manuel Amaro

António Martins Matos disse...

Um comentário curto:
Este relatório apenas vem demonstrar o que muitos dos camarigos já adivinharam, o EM de Bissau não tinha a mínima ideia do que se passava no terreno, apenas divagavam sobre o que ouviam contar.
Dois anos na Guiné e só uma vez levei o pessoal do EM ao mato, tinham que ir já que o Grande General CACO assim o havia determinado.
Tenho um comentário mais assertivo mas reservo-o para quando terminarem os fascículos desta história, avisem-me quando chegar o último, não gosto de estragar protagonismos.
Abraços
AMM

Antº Rosinha disse...

Peço desculpa a quem acredita que foi com as armas que aguentámos 13 anos de guerra em territórios tão dispersos e tão extensos, porque isso era impossível.

Como sei pouco de armas, porque só dei tiros para passar no curso de cabo milº na carreira de tiro, mesmo assim atrevo-me a perguntar para que é que naquela guerra andavam artilheiros a carregar aquele ferro todo que eram os canhões? (É só uma questão técnica e curiosidade minha que só conheci FBP e Mauser)

Não dei tiros mas estive em "todas", vi coisas demais para ficar calado.

SE...

Se em 1961 nem munições havia, e os canos das armas estavam com massa consistente, e os nossos capitães já estavam "politizados" e politicamente "divididos", mais divididos do que as tribos africanas entre si;

Se toda a gente votava contra nós na ONU, menos os 2 ou 3 que se abstinham (Brasil,Espanha e um dos grandes à vez);

Se a guerra era provocada por Salazar e este só participou em metade, e continuou tudo sem ele;

Se a França só aguentou um pouco a Argélia e já tudo era independente em África,e todos desde o Vaticano à China e Suécia ajudava MPLA/PAIGC/FRELIMO/UNITA/FNLA, e seus derivados,

Pergunto aos C. MARTINS e GRAÇA ABREU, o que adiantava mais canhão ou menos avião, nosso ou do inimigo, naquela grandiosidade de tarefa, tão descomunal que até era aos olhos dos grandes "um descaramento" e mania de nos por-mos em "bicos de pé"?

Claro que aos meus olhos de velho colon e que conheci ao vivo os africanos que lutaram pelas independências das colónias portuguesas e os que lutaram ao nosso lado, "CONTRA AQUELAS INDEPENDÊNCIAS", acho que foi porque tinhamos alguma razão e muito povo do nosso lado, e não atravez de canhões, que aguentámos aquela guerra tanto tempo.

Considero que a Europa, só fez crimes em África.

Desde aquela fabricação de pátrias em Berlim, à escravatura para as américas, e em plena guerra fria dizer a um Bailundo que o presidente dele era um Bakongo, isto da noite para o dia.

Às vezes digo que a nossa geração deixou para traz Goa e São João Baptista de Ajudá.

O que não deixa de ser uma derrota.

Esperamos que fique por aí.

É que a "luta continua".

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Rosinha

Com que então, consideras "que a Europa só fez crimes em África."
Portugal é o extremo mais ocidental da Europa. Talvez por isso, longe da Europa civilizada, com um pé, ou os dois, no Terceiro Mundo,devem ter sido crimes atrás de crimes.

Escreveu Wenceslau de Moraes (1854-1929), comandante da Marinha em África, (Angola e Moçambique), militar em Macau, grande apaixonado pelo Japão, onde viveu, amou e morreu:

"Os defeitos, os vícios, os crimes (…) não constituem um ignomioso privilégio de que tenha de envergonhar-se a família lusitana; são os defeitos, são os vícios, são os crimes da humanidade inteira, isto desde que o mundo é mundo".

Wenceslau de Morais, "Fernão Mendes Pinto no Japão", Lisboa, Imprensa Nacional /Casa da Moeda, 2004, pag. 38.

Abraço,

António Graça de Abreu

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro António Rosinha e caro Graça de Abreu:

Sim senhor, aprecio o nível dos vosso últimos comentários! até sinto vontade de "saltar" para a tertúlia!
De facto, sem ser Saudosista ou Neocolonialista... se há Europeus com menos culpas, seremos nós... há cerca de 500 anos que lá estávamos presentes, como colonialistas sem dúvida, mas as potências Europeias com a sua "Ganância" e "Arrogância", ajudaram a criar o "grande imbróglio", que marcou dramaticamente o futuro daqueles povos, ou não? um exemplo disso foi a própria realização da Conferência de Berlim (1884/1885), com o objetivo de organizar as regras, para a ocupação de África pelas potências coloniais, já que a mesma, resultou numa divisão que não respeitou, nem a história, nem as relações étnicas e mesmo familiares dos povos do Continente. Nessa Conferência, ficou decidido o novo direito colonial, segundo o qual a ocupação efetiva de um território substituía o direito histórico de descoberta (o alvo era Portugal). Como tal, Portugal procurou formas de defender as suas colónias em África, dado ter em 1822, perdido a colónia do Brasil. Assim, foram realizadas expedições de exploração do interior de África e em 1891 a Sociedade Portuguesa de Geografia apresentou o chamado mapa cor-de-rosa, ligando Angola a Moçambique. Apesar de todos concordarem com o projeto, a Inglaterra reagiu de imediato, pois interessava-lhe aquela zona central – Chire – livre para passar do Cairo ao Cabo (colónias inglesas)...... Em suma, as potências europeias são de facto uma "parte responsável", de tudo o que de Dramático se passou durante o século XX, ou não? é claro que nós teremos a nossa cota parte de responsabilidade! mas os nossos parceiros europeus, que em 1925, nos quiseram "crucificar", pela "mão" dos americanos Dr. Cramer e Dr. Ross, que acusaram Portugal, na Sociedade das Nações, de utilizar eventuais práticas de trabalho escravo nas suas colónias africanas, nunca foram exemplos de preocupação dos povos africanos. Enfim para estes nossos "amigos" europeus, nós é que fomos os verdadeiros opressores dos povos Africanos!!!! mas tal não corresponde à verdade histórica, apesar de ter faltado aos políticos do Estado Novo, Visibilidade política, e que infelizmente ostracizaram a visibilidade, que militares como o General Norton de Matos e o general Beleza Ferraz, revelavam numa altura crucial sobre as colónias portuguesas! Nesse ponto, a génese da guerra colonial, tem um culpado, os responsáveis pelo Estado Português nos finais dos anos cinquenta.........
Grande Abraço

Luís Gonçalves Vaz

Anónimo disse...

Abstraindo da questão moral que envolve a divulgação destes excertos, por esta via e nestes termos, o que apetece perguntar é: a não ser bilhardice e além de poder ir ao encontro de uma eventual e tardia curiosidade - pra que é que 'isto' serve?

SNogueira

paulo santiago disse...

Quando cheguei à Guiné,Outubro/70,das
primeiras pessoas que encontrei,uma
tinha sido o comandante da minha Cª
na recruta em Mafra,e estava colocado
no QG.Em conversa,disse-lhe que ía para o Saltinho.Diz-me ele:"existem lá umas fragas onde os gaijos assentam os canhões s/r e mandam umas
canhoadas para dentro do quartel".Foi
uma risada,quando chegado ao Saltinho,indaguei onde ficavam as tais fragas onde o IN instalava os canhões s/r? Não existiam!!!e o último ataque,com canhões s/r,tinha ocorrido há mais de um ano,e nem uma granada acertara no quartel.
Não se aprendia nada com os tipos do ZIAC !!!

Luís Dias disse...

Camaradas

O que é curioso e diverso do que refere o relatório e pelos indicadores do serviço de informações era que as forças do PAIGC em MAIO/AGOSTO de 1973, na zona do Boé eram as seguintes:
- 5 grupos de infantaria e 1 grupo especial AAA (misseis strella), mas era mencionado que estes grupos recolhiam e eram oriundos da base de Kambera, situada na Guiné Conakri, logo não estariam instalados em "full time" no Boé.
Estas forças conjuntamente com as que se deslocavam na zona situada em frente ao Quirafo (mas já dentro da Guiné Conakri - 1 bi-grupo de infantaria) e na
zona situada em frente ao Saltinho (mas já dentro da Guiné Conakri - 1 bi-grupo de infantaria), que dependiam e recolhiam à base de Djargadongo - Guiné Conakri, seriam a frente que operava na área que o IN denominava de "Frente-Bafatá-Gabu Sul", com um efectivo estimado em cerca de 200 homens.Estes grupos eram oriundos e recolhiam à base de Djargadongo, também na Guiné Conakri.

De facto, como foi referido, o General Bettencourt Rodrigues foi ao Boé, com jornalistas estrangeiros, apoiado por forças pára-quedistas e, como se sabe, não encontrou os guerrilheiros do PAIGC no local (operação hélio transportada lançada com base no Dulombi e Galomaro).

Um abraço.
Luís Dias

Anónimo disse...

Calma aí
Não se podem julgar acontecimentos históricos à luz da moral actual.
Caro Rosinha (velho colon), não se tratava de mais ou menos "canhões",mas sim de repor a verdade--colapso militar--versus--vitória militar---versus--aguentar.
Meu caro "colon"..os meus soldados (todos guineenses)..eram de uma fidelidade quase canina..com eles iria para qualquer parte do mundo.Com isto acho que digo tudo.

Sem querer ofender ou ferir susceptibilidades de ninguém, estes relatórios de QG vêm demonstrar que nós estávamos entregues à "bicharada".
Quero realçar que encontrei durante o meu serviço militar oficiais do quadro de grande valor tanto a nível pessoal como profissional,mas a grande maioria, infelizmente,apenas se sabiam impor pelos galões que tinham nos ombros, tal e qual como nas hierarquias da sociedade civil.
Pois é caro camarada A.M.Matos,já na altura eu tinha essa impressão dos "altos comandos" do QG,confirmado agora com estes relatórios meios "tretas" do diz-se,julga-se,pensa-se queeeeee.
É verdade que nós no mato também tivemos culpa algumas vezes..."abancar ao fundo da pista ou próximo do aquartelamento..etc e tal.. e depois um relatório a condizer com as directivas do QG..não era correcto, claro que não..mas "porra"..éramos humanos e não máquinas.

C.Martins

Antº Rosinha disse...

C. Martins, é hoje que estamos a analizar, não no dia 26 de Abril de 1974.

Eu já não consigo distinguir e isolar os momentos diversos dos meus 36 anos de trópicos.

Sem falarmos dos anos passados aqui no Luís Graça, onde muitos de nós aprendemos mais sobre a Guiné do que aquilo que sabia Amilcar Cabral e Spínola juntos.

C. Martins quando falas na fidelidade dos teus soldados africanos, era essa a verdadeira arma que nos acompanhou, a ti 2 anos a mim e a centenas de colega meus, civis e militares, acompanharam-me durante 13 anos.

Mas nós e eles juntos, fomos dominados em Nova York e na velha e "rôta" europa.

C. Martins, eu já disse que aquela luta de há 38 anos ainda continua.

Continuam cada vez mais difusas aquelas fronteiras, digo eu e muitos guineenses.

Quando digo que só perdemos Gôa e São João Batista de Ajudá, não é dado adquirido que fiquem por aqui, as "perdas".

Cumprimentos

Henrique Cerqueira disse...

Caros Camaradas e em especial C.Martins.
Estou completamente de acordo com o C.Martins,pois que escreveu as palavras certíssimas ao dizer:"estávamos entregues á bicharada".Era exactamente esse sentimento que nós tinha-mos(alguns)e eu em especial,pois grande parte desses "relatórios enviados para Bissau para discussão pelos altos militares eram relatórios elaborados pela "imaginação monetária"dos agentes de informação da PIDE/DGS.Em Bissorã no ano de 73 eu presenciei embora não possa provar nada como é evidente,Daí aqui fica mais um (SE). Quero no entanto dizer que a publicação dos relatórios do Luís Vaz tem sido do melhor para mim .
Raramente se tem comentado neste blog a acção da PIDE e seus informadores,que quanto a mim influenciaram e muito o desenrolar dos acontecimentos e de certeza que influenciaram a cabecinha de muitos dos ditos oficiais que apenas se impunham pelos galões ,tal como o Martins diz eu assino por baixo.
No entanto e com toda a polémica á parte,já repararam que ao serem publicados os relatórios do Luís Vaz a participação da malta nos comentários sobe em flecha?Eu acho isto maravilhoso que permite discutirmos,impormos a nossa verdade,as nossas ideias,mas...COMUNICAMOS não é assim?
Um grande abraço para toda a tertúlia e um especial ao C.Martins que para mim escreveu a frase da semana "...estávamos entregues à bicharada..."
Henrique Cerqueira

Anónimo disse...

Caro camarada H.Cerqueira

Falando da PIDE.
O agente da Pide em Cacine era uma autêntica anedota.Estava mais preocupado em vigiar-me a mim, quando lá ía, do que recolher informações de âmbito militar.
Um dia passei-me e encostei-lhe o cano da g3 à "mona"."Mijou-se"pelas pernas abaixo.Fez queixa de mim.
Aguardei que me fosse prender a Gadamael...nunca foi.
Dos conhecimentos que tive na altura, as informações destas "aventesmas" eram autênticas nulidades.
Parece que em Angola e Moçambique as informações eram mais fidedignas .
Confesso que sou suspeito ao falar desta "gentalha".Fui preso e torturado por eles.Ainda hoje me dá alergia.
Um alfa bravo

C.Martins

Henrique Cerqueira disse...

Caro Camarada C.Martins
Para reforçar um pouco as tuas palavras eu conto aqui um ligeiro episódio com essa gente.
Os agentes da Pide tinham em Bissorã um "estatuto"mais ao menos equiparado á classe de sargentos(muito mais bem pagos logo se vê)e frequentavam o bar de sargentos .Diga-se desde já com arrogância e constantemente pavoneando-se com fartura de dinheiro,deslocavam-se em motos Honda e jipes Land Roover.
Mas a história é outra ..eu conto.
Havia e de certeza com a conivência do comandante de Companhia um processo de recrutamento para possíveis futuros agentes da PIDE/DGS e como eu era considerado uma "persona non grata" (nem sei se escreve assim mas tu entendes)porque fugia um pouco do estilo militarista mas na hora da porrada eu era sempre o voluntário mesmo que obrigado e daí comecei a ser considerado um tipo maluco ou amalucado eu sei lá...o que é certo é que fui indicado para ser recrutado e então durante esse processo e para que me sentisse motivado eu fui vendo embora em pouca escala como era fácil ganhar um bom dinheiro ,por exemplo naquela altura os tipos só por transporem um rio a outra tabanca em "diligência"ganhavam logo 200$(escudos)era muita massa por caminhar dez minutinhos.Quanto aos famigerados relatórios eu vi serem feito na mesa do bar relatórios de supostas deslocações do IN totalmente inventadas até o nome dos trilhos e localidades que nós utilizamos o tipo aproveitava para nomear nesses relatórios.Não se imeaçar encomudavam em nada para
nos ameaçar com possíveis deslocações para outros locais de guerra em especialquando tinham algum poder sobre nós que era o meu caso ,pois que na minha vida antes de militar fiz parte de grupos contestatários e tomei parte em algumas ações,mas nada de muito especial,estava mais relacionado com ações de esclarecimento político com algumas pessoas da altura que pertenciam a movimentos estudantis.Além disso tinham ainda nessa altura um outro poder de persuasão sobre mim ,é que em 73 levei para junto de mim a minha mulher e meu filho contra a vontade dos meus responsáveis de companhia(isto em Bissorã)e porque eu estava numa C.CAÇ Africana e não vivia em caserna mas sim em casas civis.(foi só para entenderes como pude levar a familia para junto de mim).Ora e voltando ás bestas eles tinham mais essa poder para me intimidar.Resisti ás investidas,até porque as minhas relações pessoais com o meu comando directo se foi deteriorando tudo pelo meu mau feitio e segundo o mesmo comandante eu era mau militar(note:nunca fui acusado de mau soldado,pois que estive sempre em todas e até sozinho como graduado e até como o primeiríssimo a ter contacto directo com o IN nos pós Abril)mas era sempre um tinhôso do caraças e então era mau militar.
Olha camarada Martins não sei que pancada me deu para hoje estar com estas tretas todas e até te confesso que certas vezes me irrito com os teus comentários ,mas ao mesmo tempo até parece que me revejo nesses mesmos comentários.
Desculpa lá o desabafo me estar a dirigir para ti mas partilho esta experiência com todos os tertulianos.
Um abraço Henrique Cerqueira

Anónimo disse...

Caro camarada H.Cerqueira

Estás à vontade para te irritares com os meus comentários..até acho que é paliativo..mas como dizes..lá no fundo até concordas.
Sabes, ao logo da minha vida,tanto pessoal como profissional tenho tido vários dissabores, pela simples razão de que nunca fui bajulador ou segui a "carneirada", comportamento muito comum entre nós tugas.
Aquilo que mais me irrita é a "esperteza saloia".
Não gosto de "vira casacas"e do politicamente correcto.
Sou intransigente às vezes,mas se verificar que errei, também não tenho problema nenhum em pedir desculpa.
Julgo que me fiz entender.
Se todos nós dissermos com sinceridade aquilo que nos vai na "alma"..não são tretas,meu caro.
Este blog serve para isso e julgo que foi com esse espírito que foi criado.
Um grande alfa bravo

C.Martins

Anónimo disse...

MAU MILITAR,MAS BOM SOLDADO

Aceitam-se sugestões para a sua definição.

Aqui vai a minha

--É o que cumpre mas não bajula o superior
--Respeita o seu superior quando este tem qualidades de comando.
--Respeita o seu inferior.
--Não obedece a ordens irracionais ou desprovidas de sentido comum e contesta-as,assumindo as consequências.
--Dá o exemplo aos inferiores.
--Sentido de justiça apurado.

NOTA
Os termos superior e inferior são obviamente respeitantes apenas à hierarquia.

C.Martins

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro S. Nogueira:

Se não vê interesse nestes Relatórios, para que os lê? qual a verdadeira razão dos seus comentários? ........
Presumo que apesar das suas "verbalizações", verá neles Uma posição oficial dos Altos Comandos da altura! ou não?
E esse facto não interessa para a análise da evolução da guerra na Guiné? Mesmo que lhe pareça "inacreditável" o conjunto das suas posições, elas são de facto assumidas por tais comandos! Como tal são fundamentais para se poder perceber o contexto e evolução de tal conflito, ou o "RUMO das guerras" não fossem conduzidas pelos generais comandantes ......

É claro que estes relatórios são documentos históricos, que qualquer um de nós poderá consultar no Arquivo Histórico Militar.... Eu só estou a ser "gentil" para com os meus camarigos deste Blog! Como tal só interessam a quem quer "ouvir" todas as partes, para depois poder emitir uma opinião devidamente fundamentada!
Em suma, a sua opinião é de estranhar e vale o que vale.... Não lhe vou fazer a vontade, lamento ... pois estes meus artigos, concordemos ou não com o "Conteúdo" dos mesmos, têm promovido muitos comentários e tem "alimentado" a discussão e análise desta guerra na Guiné, que muito marcou os nossos tertulianos!
Penso que estarei a realizar "um Bom trabalho", sincero e honesto, no sentido de responder ao apelo de muitos ex-combatentes, como tal não considero "ser bilhardice" coisíssima nenhuma, "bilhardice"! Agradeço que "pese" melhor as suas palavras, se acha que está "de boa fé" aqui no nosso Blog.

Cumprimentos:

Luís Vaz

Anónimo disse...

Sr Luís Vaz
não seria minha intenção estabelecer um debate com um paisano acerca da coisa militar - por pressuposta incipiência dele; mas uma vez que se me dirige em termos pessoais e atemáticos, devo, antes, perguntar se está certo de a figura tutelar à sombra da qual aqui se acobertou, desde a primeira hora -sabe-se lá porquê- e apesar de seu legítimo herdeiro
-presumo- aceitaria ou permitiria a divulgação que faz, nestes moldes, de documentos que, pese o estarem desclassificados, não foram elaborados para publicação -e leitura- avulsa e descontextualizada.
Uma vez que nada parece, ainda e até hoje, ter dito de sua cabeça e de sua sentença, sugiro que se contenha e se reconduza ao conhecimento distanciado e 'literário' que a sua aparente inexperiência na matéria aconselha.
Finalmente, 'elogio em casa própria cheira a vitupério' mas se decide classificar tão desassombradamente o seu próprio 'trabalho'... assim seja.


SNogueira

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro Sr. S. Nogueira:

Apesar de ler nas entrelinhas, alguma sobranceria... que lhe desculpo, pois respeito que este tema lhe seja "muito caro e sensível", já que quanto eu sei trata-se de um ex-combatente! Como tal tenho-lhe a dizer novamente que eu Estou Aqui por "Direito Próprio", meu caro, e iniciei aqui a minha "MODESTA Participação", a pedido de vários camarigos, já que também estive na Guiné na pior altura, vi o meu falecido Pai, último CEM do CTIG, chegar a casa ferido, visitava o hospital de Bissau todas as semanas, vi urnas, feridos graves a chegar nos heli ao Hospital, construí abrigos com irmãos, saí da ilha de Bissau algumas vezes, duas dela em aviões pilotados pelo capitão Pombo (conheceu-o?), ao Cumeré fui muitas vezes (sem o meu pai saber) com o 1º Sargento Amaral (de Cavalaria) que estava na Messe de oficiais, fui à Ponta do Biombo, estava na piscina de Stª Luzia, quando uma caixa de fósforos a arder, provocou alguns feridos, devido à maior parte dos militares que estavam a ver um filme, estarem sob um "Stress de Guerra" iminente, vi muitos oficiais e sargentos milicianos, a CHORAR, em frente a minha casa, quando se formavam as colunas para irem para o MATO, na altura em que tinham conhecimento do seu "destino/Missão", em minha casa em Stª Luzia (casa do CEM/CTIG) quase todas as semanas comiam militares (desde soldados a oficiais milicianos, que eram convidados pelo meu pai, e falavam e falavam ... da Guerra, do Mato, etc.... depois do 25 de Abril, Tentaram-me bater no Liceu Honório Barreto, fui defendido prontamente pelos meus colegas Guineenses (mais velhos), fui o único civil Branco que assistiu ao ataque da Sede da Pide, bem como estive ali ao lado dos nossos paraquedistas, que fizeram um "trabalho limpo e rápido", aliás História que já contei aqui no Blog, estranho que não tenha lido!! Em 1983/84, prestei Serviço militar em Cavalaria, tive "aprendizagem de contra-guerrilha", vendo filmes e aulas dadas pelo então Capitão de Cavalaria Caetano (infelizmente já falecido, tendo eu sido um dos voluntários para tentar resgatar o seu corpo no Rio Tejo..)oficial que esteve em Gadamael na altura grave, estive em Santarém com o saudoso capitão de Abril, Salgueiro Maia, fui um operacional de cavalaria em tempo de paz, é certo, mas com missões militares! Tenho documentos do Arquivo Militar, pois como Biógrafo de vários familiares, tive de recolher material documental...EM SUMA, Tenho mais que DIREITO DE PARTILHAR AQUI INFORMAÇÕES E AFECTOS SOBRE A GUINÈ, OU NÃO? LAMENTO MAS SE NÂO QUER SABER DE INFORMAÇÕES HISTÒRICAS E PARTILHAR AFECTOS SOBRE A GUINÈ, O PROBLEMA É SEU, POIS OUTROS QUEREM E AGRADECEM, e de uma forma FRONTAL, posso-lhe dizer que o "QUE EU VI, VIVI E SENTI NA GUINÈ ENTRE 73 e 74, MARCOU-ME BEM E PARA TODA A VIDA, entende-me meu caro S. Nogueira? E AINDA A PROCISSÃO "VAI NO ADRO", Vai ter mais Notícias minhas, se as quiser ler, vai ficar a saber mais sobre a Situação no TO da Guiné em 74, ou julga que sabe tudo, pelo facto de ter sido um Ex-combatente, a quem respeito é claro, pois se não o fizesse, não me dignava a responder ao seu comentário!

Cumprimentos

Luís Vaz
(Tabanqueiro 530)

Luís Gonçalves Vaz disse...

Continuação:

Caro S. Nogueira:

Para finalizar, ainda gostava de lhe dizer, que não é, nunca foi , nem será, uma procura e Protagonismo, a razão de aqui "Partilhar informações, duvidas e afetos", mas sim um interesse de ajudar a construir uma "Memória coletiva", sobre uma guerra de que não fui ator direto, mas senti na pele e também me marcou! Quanto ao seu argumento de que "ainda e até hoje, ter dito de sua cabeça e de sua sentença", tenho a dizer-lhe que então tem "andado distraído", pois além de "Estórias" na Guiné em tempo de Guerra, iniciei estes postes sobre os Documentos, com questões, que considerei pertinentes, nomeadamente a seguinte:
Como sabem, neste mesmo mês (Maio de 73), Guidage ao Norte e Guileje ao sul, foram as duas pontas da tenaz da Operação Amílcar Cabral, lançada pelo PAIGC, e de que já escrevi neste nosso Blog. A queda de Guilege a 22/05/1973, na sequência da operação "Amilcar Cabral", é de facto “previsível” na análise da reunião de Comandos de 15/05/73, pois nela se debateram o crescente poderio do PAIGC nas zonas de fronteira. Como tal, fica aqui a questão, “qual a razão do Comando-chefe da altura, o mesmo que cerca de 10 dias antes, soube das verdadeiras intenções/potencial do In e não fez nada (a Sul) para evitar que “a ponta da tenaz da Operação Amilcar Cabral, lançada pelo PAIGC, não tivesse êxito a Sul? Falta de Efectivos de Reserva? Falta de Tropa especial? Ou subestimou-se mesmo o “potencial do PAIGC”? ou outro motivo? …. De facto o Comando-chefe, “investiu a Norte, na Operação Ametista Real”, realizada para "libertar" Guidaje, a norte, com um batalhão de comandos, tendo as NT sofrido nessa operação, 10 mortos, 22 feridos graves e 3 desaparecidos.
Claro que a ofensiva do In da altura, o PAIGC, sobre Guidage e Guilege, foram dois casos estudados no meu Curso de Milicianos, na Escola Prática de Cavalaria, em 1983 e promovido por um oficial que "fez a guerra colonial" na Guiné e na altura já Veterano da Guerra de outros TO, como o de Moçambique! Como vê tenho bem a "LEGITIMIDADE" de abordar este assunto "Delicado" com os meus camarigos aqui deste Blog, se o meu caro amigo, não se interessar, não "Blog connosco", desculpe a minha frontalidade, mas digo-lhe desta forma, pois no fundo "Nutro grande respeito" por todos os ex-combatentes! Como vê , o "seu tiro", caiu na bolanha, não me acertou, pois eu não estou à sombra do meu falecido Pai, figura a que dei visibilidade aqui, é certo, para Honrar a sua Memória, mas Estou aqui também, pois esta Guerra também me Marcou para toda a minha vida...

Os meus sinceros cumprimentos

Luís Vaz
(Tabanqueiro 530)

Henrique Cerqueira disse...

Meu caro e camarada Luís Vaz Gonçalves.
O Camarada não terá com certeza "Telhados de Vidro".Como tal, como tertuliano e enquanto os nossos editores e "donos" do Blog assim o permitirem faça o especial favor de continuar a publicar documentação que achar ser publicável e de interesse geral.Eu não tenho qualquer tipo de receio do que venha a ser publicado,já lá diz o ditado:"quem não deve não teme".Ainda acrescento mais:-Nunca fui tão informado sobre a situação da Guiné como tenho sido desde que participo neste blog e em especial desde que o Luís Vaz começou a publicar os relatórios que para alem da informação contida ,despoletou outro tipo de informações descritas por alguns dos nossos camaradas tertulianos.
Sempre encarei e analisei os ditos relatórios como material para minha informação,tal como analiso literatura escrita por qualquer um tertuliano e nada me obriga a aceitar como certo toda a
informação contida nos mesmos.Como tal há que respeitar,mesmo opinando e contestando.
Camarada Luís Vaz vai em frente só tens enriquecido este espaço senão veja-se o numero de participações em comentário cada vês que publicas os teus relatórios.
Um bem haja e um grande abraço.
Henrique Cerqueira

Luís Gonçalves Vaz disse...

"Camarada" Henrique:

Agradeço as suas (tuas) palavras, e sinto-me lisonjeado por me tratares por camarada, já que fui militar apenas 9 anos depois do Fim da Guerra, como tal leio nas tuas palavras um Apoio subtil, á minha participação aqui no Blog, e és sem duvida um dos quais que merece toda a informação e reflexão que tenho dado! e que irei dar... É claro que o que dizes é também o que penso, o "espírito" é esse mesmo ...... e ainda há mais para o "prelo", e de posições diferentes destas das Atas..
a seu tempo serão "libertadas", pois eu "Ainda" não sou Reformado e tenho muito que trabalhar pela causa da Educação Publica! Mas não esqueço o BloG!

Um Forte Abraço

Luís Vaz

Henrique Cerqueira disse...

Caro Camarada Luís Vaz Gonçalves
O meu apoio não é subtil mas sim totalmente declarado.Foste militar e não és paisano.Mas principalmente és membro de pleno direito do blog "Luís Graça e Camaradas da Guiné"(já agora e atalho de foice,não conheço a palavra "camarigo")por tal não tem nada a ver se foste ou não "combatente".
Mais um abraço e uma boa noite.
Henrique Cerqueira

Anónimo disse...

Caro Luís Vaz

Quero aqui publicamente manifestar-te o meu apoio,e ao mesmo tempo tentar desculpar um pouco de sobranceria do camarada SNogueira para com a tua pessoa,certamente por desconhecimento da parte dele.
Sou um crítico dos relatórios que apresentas,como sabes,mas são uma parte importante para o esclarecimento dos acontecimentos no TO da Guiné.
Quero confessar-te que lá em Gadamael tivemos conhecimento da "cena dos fósforos" aí no QG e julgo que até alguém saltou para a piscina que estava quase vazia e partiu uma perna..esta cena foi após a cobardia da colocação de uma bomba na Amura,onde julgo que o teu Pai ficou ferido..bem, nós lá em gadamael gozamos o "prato" com a "cena dos fósforos"..vingança do "bicho do mato".
Hoje parece-me uma estupidez..mas na altura até eu fiquei contente.

Um abraço

C.Martins

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro C. Martins:

De ti só esperava um comportamento tão digno! Obrigado pelo teu apoio!
Quanto á cena da "caixa de fósforos", é verdade, houve pernas partidas, pois bastou um dar o "grito" de : "cuidado! uma bomba!”, que logo de imediato saltaram uns por cima de outros (nem todos é claro, houve malta militar com sangue frio), e alguns caíram efectivamente na piscina, que tinha sido limpa nesse dia da parte de manhã e só tinha um pouco de água!!!!!! A minha sorte e a de um irmão que estava comigo, foi que ao nosso lado, o sr. Tenente-coronel Cunha Ventura (Chefe da 1ª Rep.) nos amarrou e ao filho dele (o Mané) e disse-nos com uma voz determinada: "ninguém pense sair daqui, tenham calma" ... e assim nos safamos sem problemas! Mas vi depois os efeitos colaterais da confusão, alguns feridos de tentarem "fugir 1ª que os outros". No dia seguinte, a minha própria professora de História (no Liceu Honório Barreto) apareceu com um "Olho Negro", contando que também tinha estado na confusão, dizendo que: "um militar grandalhão caiu-me em cima da cadeira e ...". Claro que nós alunos, na altura gozamos com a situação, trocando comentários em crioulo, idioma que a setora não dominava! Enfim, pela minha parte devo agradecer ao sr. tenente-coronel Cunha Ventura, infelizmente já falecido há muitos anos. Sabes qual a data deste episódio? Só poderei adiantar que foi na Época Seca, altura em eram projectados filmes ao ar livre junto á piscina! A bomba que falas, foi colocada, não na Amura, mas sim no QG em Sª Luzia, no WC junto ao Gabinete do CEM, como tal aquele piso ficou quase todo destruído! E o meu pai, na altura, teve muita sorte....podia ter "ficado ali", já que o seu gabinete desapareceu!
Mas pelos vistos, a “cena da caixa” é mais conhecida do que eu julgava! E ilustra bem o estado psicológico de uma boa parte do pessoal!

Um Grande Abraço:

L. Vaz