Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Bolama > Ilha das Cobras > Julho de 1966 > O comandante Jorge Rosales, no final da sua comissão, depois de ter passado 18 meses em Porto Gole... Recorde-se que ele, que era alf mil, pertenceu pertenceu à 1ª Companhia de Caçadores Indígena, com sede em Farim. (Havia mais duas, uma Bedanda, a 4ª, CCAÇ, e outra em Nova Lamego, a 3ª CCAÇ). Ficou lá pouco tempo, em Farim, talvez uma semana. A companhia estava dispersa. Foi destacado para Porto Gole, com duas secções (da CCAÇ 556, do Enxalé) e outra secção, sua, de africanos. Tinha um guarda-costas bijagó. Ficou lá 18 meses. Passou os últimos tempos, em Bolama, no CIM, a dar recruta a soldados africanos.
Foto: © Jorge Rosales (2010). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]
Data: 30 de Setembro de 2013 às 16:28
Assunto: A Magnífica Tabanca da Linha - Notícia feliz (*)
O tempo amainou dos calores que nos prostavam, que nos deixavam sem vontade para movimentos e andanças. O clima generoso deste País já permitiu ao Sr Comandante Rosales fazer a vindima no seu domínio lá prós limites ribatejanos, e tenho o maior prazer de informar o excelentíssimo público leitor, de que a pinga já ferve e cheira auspiciosamente, conforme comunicações detalhadas que cuidadosa e diariamente lhe são transmitidas pelo zeloso Eusébio, não o glorioso, mas o coucense que lhe cuida dos bens rústicos e, por inerência, do bom andamento da fervura.
Reproduzo o que o Sr. Comandante me transmite, com vaidade superior e a modos que suspeita, pois não posso confirmar de que o quinteiro lhe telefona diariamente, ou antes, se S.Exa. já anda com os pensamentos em processo repetitivo, em rodopio avassalador, quiçá numa manifestação desses subprodutos alzheimerianos, se é que não se trata do produto genuíno. É que está sempre a falar do mesmo com as bochechas largas a emoldurar o sorriso.
Pois bem, ou mal, S.Exa. convocou-me para lá ir fazer a mudança do vinho da cuba para os depósitos, que a produção é toda ela para ser falada no plural. Explorou-me como é fácil de perceber, tratando-se de um genuíno descendente feudal, com interesses ramificados na Galiza. Levou-me a almoçar a um restaurante local, mais ao rancho de trabalhadores afectados àquela tarefa, e obrigou-me a pagar a despesa, porque o multibanco distava para cima de dez metros de distância. Ainda me deve a massa, e o almoço nem foi grande coisa.
Como é natural entre portugueses mastigantes, que praticavam a mastigação em volta de uma feijoada dita à transmontana, e jaquinzinhos com arroz, estes mais adequados para a dieta do magnífico Comandante, empurrados para o "bolo alimentar" por uma sucessão de jarros de vinho, cuja qualidade já não me lembro se aprovei ou desaprovei, mas sei que no regresso deu-me a soneira, até ter levado uma cotovelada com a indicação de que estávamos no estabelecimento desejado da "rabo de cavalo", local pitoresco no meio da lezíria, onde fui obrigado a enfiar um café e a água efervescente de uma garrafa das pedras. Arrotei, e S.Exa. reprovou-me com um olhar implacável, quase a destinar-me às galés. Mas safei-me, voltei a ter lugar na magnífica viatura a diesel que também é sua propriedade, e reiniciàmos a viajem de regresso até à saída da autoestrada em S. Domingos de Rana, onde S. Exa. atracou a viatura a um bar que costuma frequentar, com o justíssimo fim de se dessedentar, para o que requisitou outro jarro, desta vez cheio de uma mistura de vinho e gasosa, servida fresca, que eu acho que era para disfarçar a espécie de vinho que emborcámos.
Visivelmente mais bem disposto, e depois de me evidenciar um outro circulo onde exerce influências, o Sr Comandante elogiou bastante o meu trabalho durante a transfega, e conduziu-me rapidamente aos arrabaldes do sítio onde moro, que tinha mais que fazer.
Enquanto eu do meio da rua correspondia ao seu chamamento, mandou-me informar os distintos membros da Magnífica Tabanca da Linha, mais quem os quiser acompanhar, ou aderir, que no dia 17 de Outubro, pelas 12h30, é que é!
É o quê, perguntei ainda atordoado em consequência da viajem, e obtive como resposta, o almoço, ó básico! E para não atrapalhar às mioleirinhas de V.Exas., já habituadas ao caminho, não vai realizar-se num hotel de luch(x)o, nem num restaurante com estrelinhas da good-year, michelin, ou lá o que é, mas na Adega Camponesa, no Cabreiro, em Alcabideche, por detrás do novo hospital, com o custo tradicional de quinze aéreos e vinte cêntimos. [Telefone: 214 690 328 ].
E terá como antecedentes, enchidos grelhados (que são mais saudáveis), patê de cheiro a marisco, salgados, pão e azeitonas. O prato de peixe será guarnecido com tranches de cherne, cogumelos e natas, enquanto o de carne será aviado com uma grelhada suculenta, batata-frita e salada. A culminar, se o Miguel Pessoa estiver enfastiado, pode ser que haja oportunidade para apreciarmos um buffet de sobremesas. A água, o vinho e o café estão incluídos no menú.
Por favor, não se esqueçam de confirmar a presença até ao meio-dia do dia 15, e façam, o favor suplementar de esquecerem o relato anterior sobre as actividades extra-militares de SEXA, o nosso querido Comandante, nem façam elocubrações especulativas sobre os domínios e propriedades daquele insigne e próspero pançudo.
Para que conste, e possa servir ao altíssimo Luís como oportunidade para visitar as bases.
JD
Pois bem, ou mal, S.Exa. convocou-me para lá ir fazer a mudança do vinho da cuba para os depósitos, que a produção é toda ela para ser falada no plural. Explorou-me como é fácil de perceber, tratando-se de um genuíno descendente feudal, com interesses ramificados na Galiza. Levou-me a almoçar a um restaurante local, mais ao rancho de trabalhadores afectados àquela tarefa, e obrigou-me a pagar a despesa, porque o multibanco distava para cima de dez metros de distância. Ainda me deve a massa, e o almoço nem foi grande coisa.
Como é natural entre portugueses mastigantes, que praticavam a mastigação em volta de uma feijoada dita à transmontana, e jaquinzinhos com arroz, estes mais adequados para a dieta do magnífico Comandante, empurrados para o "bolo alimentar" por uma sucessão de jarros de vinho, cuja qualidade já não me lembro se aprovei ou desaprovei, mas sei que no regresso deu-me a soneira, até ter levado uma cotovelada com a indicação de que estávamos no estabelecimento desejado da "rabo de cavalo", local pitoresco no meio da lezíria, onde fui obrigado a enfiar um café e a água efervescente de uma garrafa das pedras. Arrotei, e S.Exa. reprovou-me com um olhar implacável, quase a destinar-me às galés. Mas safei-me, voltei a ter lugar na magnífica viatura a diesel que também é sua propriedade, e reiniciàmos a viajem de regresso até à saída da autoestrada em S. Domingos de Rana, onde S. Exa. atracou a viatura a um bar que costuma frequentar, com o justíssimo fim de se dessedentar, para o que requisitou outro jarro, desta vez cheio de uma mistura de vinho e gasosa, servida fresca, que eu acho que era para disfarçar a espécie de vinho que emborcámos.
Visivelmente mais bem disposto, e depois de me evidenciar um outro circulo onde exerce influências, o Sr Comandante elogiou bastante o meu trabalho durante a transfega, e conduziu-me rapidamente aos arrabaldes do sítio onde moro, que tinha mais que fazer.
Enquanto eu do meio da rua correspondia ao seu chamamento, mandou-me informar os distintos membros da Magnífica Tabanca da Linha, mais quem os quiser acompanhar, ou aderir, que no dia 17 de Outubro, pelas 12h30, é que é!
É o quê, perguntei ainda atordoado em consequência da viajem, e obtive como resposta, o almoço, ó básico! E para não atrapalhar às mioleirinhas de V.Exas., já habituadas ao caminho, não vai realizar-se num hotel de luch(x)o, nem num restaurante com estrelinhas da good-year, michelin, ou lá o que é, mas na Adega Camponesa, no Cabreiro, em Alcabideche, por detrás do novo hospital, com o custo tradicional de quinze aéreos e vinte cêntimos. [Telefone: 214 690 328 ].
E terá como antecedentes, enchidos grelhados (que são mais saudáveis), patê de cheiro a marisco, salgados, pão e azeitonas. O prato de peixe será guarnecido com tranches de cherne, cogumelos e natas, enquanto o de carne será aviado com uma grelhada suculenta, batata-frita e salada. A culminar, se o Miguel Pessoa estiver enfastiado, pode ser que haja oportunidade para apreciarmos um buffet de sobremesas. A água, o vinho e o café estão incluídos no menú.
Por favor, não se esqueçam de confirmar a presença até ao meio-dia do dia 15, e façam, o favor suplementar de esquecerem o relato anterior sobre as actividades extra-militares de SEXA, o nosso querido Comandante, nem façam elocubrações especulativas sobre os domínios e propriedades daquele insigne e próspero pançudo.
Para que conste, e possa servir ao altíssimo Luís como oportunidade para visitar as bases.
JD
2. Comentário do editor (de servio, LG, já que o CV está de férias até 13 deste mês):
O comandante Jorge Rosales, aliás SEXA Comandante (vai fazer mais um aninho no dia 7, 70 + n, vamos lá ver se não se me esqueço de publicar o postalito da ordem, já devidamente editado pelo CV, antes de sair de casa), entrou para a nossa Tabanca Grande na data hístórica de 9 de junho de 2009 (**).
É um camarada querido de todos nós. É seguramente um dos nossos "mais velhos" (, expressão que em África é ainda sinal de respeito). Como ele próprio se apresenta, ainda é do tempo do caqui amarelo!... Portanto, velhinho, como o caraças!... Mais velho do que ele só talvez mesmo o Diogo Gomes que chegou a Porto Gole, no canal do Geba, uns bons anos antes, em... 1456!
Amigos, camaradas, correlegionários, admiradores, amantes, serventuários, bajuladores, fiéis e infiéis, mouros e morcões, tugas, guineenses, galegos, bajudas, mulheres e homens grandes que vivam num raio de uma, duas, três oui até mais léguas com epicentro no Monte Estoril (onde o senhor tem sua morança) ...Vamos lá fazer um esforço para estarmos presentes no almoço-convívio do dia 17!!!... Nós, isto é, uma numerosa e condigna representação da Tabanca das Tabancas, a mãe de todas elas, a Tabanca Grande, pois claro!...
Sendo ele o régulo da Magnífica Tabanca da Linha, devidamente secretariado pelo sempre forte, leal e fero JD (leia-se: djuliet delta, segundo o Alfabético Fonético Internacional), o comandante Jorge Rosales tem, entre nós, um especial estatuto, como de resto os nossos demais régulos (da Tabanca do Centro, de Matosinhos, dos Melros, da Lapónia, Ajuda Amiga, Guilomilo, etc.). Não confundir com outros como os sósias, ou impostores, que se passam por comandantes Jorge Rosales. Por que este é que é o verdadeiro, e na Tabanca Grande... Rosales só há um, é o Jorge e mais nenhum!
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É um camarada querido de todos nós. É seguramente um dos nossos "mais velhos" (, expressão que em África é ainda sinal de respeito). Como ele próprio se apresenta, ainda é do tempo do caqui amarelo!... Portanto, velhinho, como o caraças!... Mais velho do que ele só talvez mesmo o Diogo Gomes que chegou a Porto Gole, no canal do Geba, uns bons anos antes, em... 1456!
Amigos, camaradas, correlegionários, admiradores, amantes, serventuários, bajuladores, fiéis e infiéis, mouros e morcões, tugas, guineenses, galegos, bajudas, mulheres e homens grandes que vivam num raio de uma, duas, três oui até mais léguas com epicentro no Monte Estoril (onde o senhor tem sua morança) ...Vamos lá fazer um esforço para estarmos presentes no almoço-convívio do dia 17!!!... Nós, isto é, uma numerosa e condigna representação da Tabanca das Tabancas, a mãe de todas elas, a Tabanca Grande, pois claro!...
Sendo ele o régulo da Magnífica Tabanca da Linha, devidamente secretariado pelo sempre forte, leal e fero JD (leia-se: djuliet delta, segundo o Alfabético Fonético Internacional), o comandante Jorge Rosales tem, entre nós, um especial estatuto, como de resto os nossos demais régulos (da Tabanca do Centro, de Matosinhos, dos Melros, da Lapónia, Ajuda Amiga, Guilomilo, etc.). Não confundir com outros como os sósias, ou impostores, que se passam por comandantes Jorge Rosales. Por que este é que é o verdadeiro, e na Tabanca Grande... Rosales só há um, é o Jorge e mais nenhum!
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 29 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12102: Convívios (534): O 1º encontro dos bedandenses em Peniche: 28 de setembro de 2013..., sob a batuta do Belmiro da Silva Pereira (Parte I) (Luís Graça)
1 comentário:
Eu já telefonei ao Dinis.
Como não podia deixar de ser.
Mas ficava de mal comigo se não viesse aqui dizer, que grandessíssima convocatória, que grandessíssimo comentário do Luís Graça.
E a 17, la estou, sem dispêndio para a fazenda nacional.
armando pires
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