segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12381: O que é que a malta lia, nas horas vagas (3): o trissemanário "A Bola" (Garcez Costa, ex-fur mil, radialista, Com-Chefe, Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica, Serviço de Radiodifusão e Imprensa, Programa das Forças Armadas, Bissau, 1970/72)


Guiné > Bissau > Com-Chefe > Programa das Forças Armadas > c. 1970/72 > Álbum de Garcez Costa > Foto nº 3 > "Garcez Costa a ler... 'a bíblia' [, o jornal 'A Bola'] e o João Paulo Diniz à espera qu'eu lhe passe... "a bola".

Foto (e legenda) : © Garcez Costa (2012). Todos os direitos reservados


1. Garcez Costa (de seu nome completo, António Manuel Garcez da Costa), nosso grã-tabanqueiro,  nº 577 (desde setembro de 2012), foi radialista do PIFAS (designação popular do Programa de rádio das Forças Armadas, PFA, que emitia 3 horas diárias, em Bissau), tendo cumpriu o serviço militar entre fevereiro de 70 e fevereiro de 72, como fur mil. Foi substituído no final da comissão, ao que parece, pelo Armando Carvalheda, atual locutor da Antena 1 e realizador e apresentador, desde 1996, do popular programa Viva a Música.

O Garcez Costa trabalhou, em Bissau, no PFA,  com outro dos nossos membros da Tabanca Grande, o João Paulo Diniz.

2. Nota sobre o jornal "A Bola":

O jornal desportivo A Bola foi fundado a 29 de janeiro de 1945, em Lisboa, por Cândido de Oliveira [, autor de Tarrafal: o pântano da morte. Lisboa, República, 1974,]  Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo, aproveitando um título cedido pelo Diário de Lisboa. 

A ideia nasceu à mesa de um café de Lisboa, numa altura em que a Segunda Guerra Mundial estava perto do fim e renascia o interesse pelo desporto. O primeiro número, sob a direção de Álvaro Andrade, foi elaborado por um grupo de amigos do jornalismo desportivo e teve uma grande aceitação por parte do público, tendo esgotado a sua edição. O seu preço era de um escudo, mais caro que os 15 tostões que custava a revista Stadium, a líder de mercado. De início, o jornal era editado às segundas e sextas-feiras, mas depois optou-se por trocar a sexta pela quinta-feira. 

Cerca de um ano após o lançamento, A Bola teve a edição suspensa durante pouco menos de um mês, entre 25 de março e 19 de abril de 1946, porque a Comissão de Censura não gostou da maneira como foi tratada uma seleção inglesa de futebol. Em julho de 1950, A Bola passou a ser um jornal trissemanário dado o interesse manifestado pelos leitores, especialmente a partir do momento em que a equipa de futebol do Benfica venceu a Taça Latina.
O sábado foi o terceiro dia escolhido para a publicação do jornal. Esta fórmula manteve-se durante quase 39 anos até que, em março de 1989, se passou a publicar também ao domingo. Esta quarta edição semanal surgiu pela necessidade de dar mais destaque às modalidades de alta competição, uma vez que, por essa altura, houve várias conquistas internacionais de corredores portugueses a nível de atletismo.

Entretanto, nesta altura, o jornal já era impresso em offset, tendo posto de parte o chumbo por imposição da administração do Diário Popular, quotidiano de Lisboa onde era composto e impresso. O ano de 1992 ficou marcado pela introdução da cor na primeira e última páginas. Mas a maior transformação deu-se em fevereiro de 1995, quando A Bola passou a ser um jornal diário, ao mesmo tempo que trocava o grande formato pelo tabloide, de modo a poder ser lido com mais comodidade.

Em janeiro de 2000, as edições diárias de A Bola passaram a estar também disponíveis na Internet.

O jornal A Bola é vendido em todo o território nacional e conhece também grande expansão junto dos núcleos de emigrantes.


Fonte: A Bola. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-02].
Disponível na www: .

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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12380: O que é que a malta lia, nas horas vagas (2): a revista brasileira, ilustrada, "O Cruzeiro" (Abílio Duarte, ex-fur mil art da CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)

5 comentários:

Luís Graça disse...

O que muita gente não sabe acerca de o casapiano Cândido Oliveira (1897-1958), futebolista, seleccionador nacional, treinador, dirigente e jornalista, co-fundador do jornal "A Bola":

(...) "Democrata convicto, opositor dos regimes fascistas da época, foi uma espécie de agente secreto dos ingleses, preparando a formação de uma resistência portuguesa, à eventual invasão nazi a Portugal, o que lhe valeu o desterro para o campo de concentração do Tarrafal em 1942, onde esteve preso durante 18 meses, uma experiência terrível que relataria num livro que só seria publicado depois da Revolução de 1974.

"Foi libertado em 1944 quando perante a eminente derrota da Alemanha na 2ª Guerra Mundial, Salazar sentiu a necessidade de se aproximar dos Aliados. Devolveram-lhe então o alto cargo que ocupava nos Correios, e o posto de Seleccionador Nacional, mas só aceitou o segundo, e apenas em nome da sua grande paixão pelo futebol." (...)

Fonte: WikiSporting, a enciclopédia do Sporting Clube

Ler mais: http://www.forumscp.com/wiki/index.php?title=C%C3%A2ndido_de_Oliveira#ixzz2mLibUwMo

Anónimo disse...

E o que é que se bebia,e jogava..também pode ser incluído.

Eu como era um "intelectual" de "treta"..era mais "Seara Nova"..

E bebia..bebia..bebia.."old Parr" e jogava-se poker de dados e king e lerpa e sueca e..king e lerpa e poker de dados..e...e...inalava pó..muito pó...pó mesmo..excepto quando chovia..

Triste sina..a nossa

C.Martins

Cherno Baldé disse...

Caro Luis,

Efectivamente devido a popularidade de que beneficiava o futebol em finais dos anos 60 e principios de 70, o jornal "A Bola" era a leitura mais frequente e melhor distribuido entre a generalidade da tropa metropolitana que permitia acompanhar todos os niveis incluindo os distritais.

No entanto, também era frequente encontrar, para além das revistas Brasileiras, livros de aventuras "Faroeste" e de desenhos animados "Tio Patinhas" ou ainda de cultura geral como o Rider-Digest um pouco mais elitista e que nos iamos buscar junto da caserna dos Furrieis e Sargentos.

Na altura nos estavamos na fase da aprendizagem da lingua e a leitura dos jornais, em especial o "A Bola" e dos livros que nos calhavam encontrar nos caixotes de lixo era uma fonte importante de inspiracao, estimulo a leitura e assimilacao do rico vocabulario da lingua portuguesa.

Cherno Baldé



Ernesto Pacheco Duarte disse...

Eu depois de instalado, sentindo a falta de algo para ler, pedi para me fazerem assinante de o Jornal o Século, por avião era um balurdio, barco com a promessa, que era semanal. Foi numa semana que recebi os primeiros três meses. Depois como começou a haver com uma certa regularidade vindas de férias, no regresso tinham que levar todas as revistas possiveis. Eu quando vim levei o Paris Matche, que anunciava que em paris tinham começado a andar na rua as mini-saias, foi um sucesso. O cruzeiro à altura era distribuido em Bissau pelo consulado brasileiro. Depois começaram a aparecer livros nas encomendas e tinhamos o fiel Azimute do CG. Passavam uns livros de uma tal Cassandra Rios que eram lidos e relidos. Embora não houvesse muito tempo para ler. A noite era perigosa pelas melgas e pelos vizinhos que não tinham muito bom feitio .

Luís Graça disse...

Outros títulos de jornais e revistas de que eu me lembro, assim de repente, e que eram do meu tempo de Guiné (1969/71), publicações "desalinhadas" em relação ao regime político de então, além da já citada "Seara Nova" (fundada em 1921):

(i) "Comércio do Funchal" (sob a direção de Vicente Jorge Silva, grande renovador do jornalismo português, começa a partir de 1969 a ter audiência no continente, em meios estudantis e intelectualizados);

(ii) "Tempo e o Modo" (revista cultural, fundada em 1963, tendo como primeiro director António Alçada Baptista; estava ligada à prestigiada Editora Moraes e à colecção do Círculo do Humanismo Cristão; 2ª série entre Novembro de 1969 e Setembro de 1977, com direção de João Bénard da Costa, nos dois primeiros anos);

(iii) "Jornal do Fundão" (fundado por António Paulouro, em 1946, e que tem crescente prestígio, e chegando a estar suspensa pela censura);

(iv) "Notícias da Amadora" (sob a direção de Orlando Gonçalves, que vai de 1963 a 1994);

(v) "Vida Mundial" (que remonta a 1939, se não me engano, e que foi escola de jornalismo, sendo hoje as suas edições anteriores e posteriores ao 25 de abril bastante procuradas pelos alfabarrabistas)...

... mas também a revista "Flama"
(“jornal ilustrado de actualidades”, fundado em 1937 como jornal quinzenário da Juventude Escolar Católica, e que encerrou em 1976; o seu primeiro director foi António dos Reis Rodrigues), bem como "O Século Ilustrado" (suplemento dominical do histórico diário matutino "O Século")...

... Em 1969, com a efémera "primavera política" de Marcelo Caetano houve um "boom" do jornalismo e dos jornais e revistas, umas de actualidade, para o grande público, outars mais culturais, de circulação mais restrita ...

Algumas destas publicações chegavam, pelo correio, ao nosso SPM... Eu, por exemplo, assinava o "Comércio do Funchal", era um jornalismo jovem e irreverente... De resto, o jornalismo (regional) foi a primeira ocupação remunerada, antes da tropa...

Admito que, para a generalidade dos nossos camaradas (e nomeadamente os soldados e cabos) fosse um "luxo" a assinatura de uma revista ou jornal...