quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12387: Memórias da minha comissão em Fulacunda (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, 1972/74) (Parte IV)



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº 1 A > Ensinar a ler e escrever a criançada. Era um ponto de honra. Juntamente com a escola regimental é do que mais me orgulho do tempo vivido na Guiné. Além das crianças também muitos soldados tiraram a 4ª classe e puderam tirar a carta de condução.´

[O segundo miúdo, a contar da direita para a esquerda, tem fenótipo (feições) caucasiano, devendo ser filho de um militar branco... LG]




Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº 1 > Ensinar a ler e escrever a criançada.


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº 2 A > Passeando pela Tabanca de Fulacunda.


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº 2 > Uma "rua" da tabanca.


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº  3A > Conversando na tabanca. Estes momentos eram bons. Ao fim da tarde, antes do jantar, alguns militares passeavam pela tabanca (foto nº 2) e normalmente havia sempre companhia para “dois dedos de conversa”. Os temas eram diversos: Como era Fulacunda antes da Guerra, os piores ataques que tinham sofrido durante Guerra, familiares que viviam no mato, Ramadão e as alterações às rotinas da vida, falta de arroz na tabanca, brigas dos homens com as suas mulheres, poligamia…


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº  4A > Criançada, junto messe oficiais. Era a hora de se beber uma fanta, sentados nos degraus de acesso à messe, enquanto as mães lavadeiras faziam a entrega da roupa lavada.

[A menina está sentada à direita do Jorge  tem fenótipo (feições) caucasiano, devendo ser também filha de um militar branco... LG]


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº  5A  > Em primeiro plano, lavadeiras fazendo entrega de roupa.


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº  5  > Parte central do quartel, casernas e torre  de transmissões, edifício comstruído  pelos "boinas negras" (CCAV 2482, 1969/70).



Guiné > Região de Quínara > Mapa de Fulacunda (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Fulacunda > Principais eixos de ataque do IN: (i) (i) oeste, áerea de Bianga, (estrada de Tite); (ii) noroeste, área de Cantora (estrada que partia do fim da pista na direção de Cantora, Garsene, na margem esquerda do Rio Geba) ; (iii) e norte, área da bolanha de Guebambol (estrada que seguia até Uaná Porto, na margem esquerda do Corubal.

Infografia. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº 6 > Vista aérea da pista, da tabanca e do aquartelamento de Fulacunda... no sentido leste oeste... Tentativa de reconstituição do perímetro de arame farpado (linha a branco), dos espaldões de obus 14 (a círculo vermnelho), dos demais espaldões (morteiiors e breda) e abrigos (rectângulo a vermelho) e da área cultivável em redor do arame farpado (linha a verde... No sentido su-sudeste / nor-noroeste. vê-se a pista e o heliporto... Reconstituição feita com o aval do  Jorge Pinto ..(LG)

Fotos: © Jorge Pinto (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem da foto nº 6: L.G.]


1. Continuação da publicação das Memórias da minha comissão em Fulacunda (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, 1972/74) (Parte IV)


[Foto  do Jorge Pinto, na épco, à direita]


1.1. Pedidido de informação adicional ao Jorge Pinto, por  parte do editor

Jorge: 

Corrige-me a foto nº 7 do poste P12379 (*)...Nunca estive em Fulacunda, como sabes...Podes redesenhar, com o programa Paint, a planta do quartel...Fui pelo relevo e pela intuição, comparando a "planta" de Fulacunda com a de Bambadinca... Mando-te uma imagem ampliada (3
MG) para poderes ver melhor os pormenores e anotares... Um abraço. Luis

PS - Donde vinham os ataques ? De norte para sul, presumo, mas também de leste para oeste... E que armas pesadas (morteiro 81, Breda...) tinham ? Havia um pelotão de artilharia, com 3 obuses 14 ? É isso ?... Assinala os espaldões e os abrigos, mais ou menos..

1.2. Resposta do Jorge Pinto:

Luís, fazes uma leitura bem correta da fotografia.

Pormenorizando um pouco mais, adianto que os ataques eram essencialmente provenientes de:

(i) oeste, área de Bianga, (estrada de Tite);

(ii) noroeste, área de Cantora (estrada que partia do fim da pista na direção de Cantora, Garsene, na margem esquerda do Rio Geba);

(iii) e norte,  área da bolanha de Guebambol (estrada que seguia até Uaná Porto,  na margem esquerda do Corubal).

Havia um pelotão de artilharia constituído essencialmente por soldados fulas, furriéis e alferes da metrópole.

Os espaldões dos três obuses 14 estavam no topo norte/noroeste do aquartelamento. Os morteiros 81 estavam junto dos abrigos a norte/nordeste. A metralhadora Breda estava instalada num abrigo a nordeste.

Havia abrigos defensivos em redor do aquartelamento e interligados por vala: três ao longo da pista, (oeste/noroeste), dois do lado norte e ainda mais dois a este/sudeste.

A sul a defesa estava "entregue" ao pelotão de milicias que vivia na tabanca.

Os ataques provenientes de Sul eram pouco prováveis devido à existência dos braços de rio [, o rio Fulacunda, afluente do Rio Grande de Buba].

Havia ainda outros abrigos, no interior do quartel, mas sem função defensiva: torre de transmissões, cripto, mecânicos...

Quanto às subunidades que passaram por Fulacunda, informo que a minha  companhia, 3ª C/Bart 6520/72, partiu do RAL 5 em 26.06.72 e regressou a 21.08.74. Teve como comandante o capitão mil  inf João Mouzinho Serrote. Penso existir alguma confusão com o Bart 6520/73, do qual eu não tenho informações.

Recebe mais um alfabravo,

Jorge Pinto [, foto atual à esquerda]
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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12379: Memórias da minha comissão em Fulacunda (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, 1972/74) (Parte III)

1 comentário:

Luís Graça disse...

Vendo a serenidade com que tu, Jorge, apareces nas fotos, e ao mesmo dando-nos conta, pela informação que temos sobre Fulacunda, que estava praticamente isolada por terra, permito-me perguntar-te como é que o pessoal (guineense e continental) lidava com um ambiente concentracionário e claustrofóbico como deveria ser o desse "campo fortificado"... Ainda para mais vocês fizeram a comissão inteirinha em Fulacunda...

Em suma, qual foi o vosso segredo para poder manter a saúde física e mental ? E, em última análise, "sobreviver" ? Eu sei que havia situações parecidas, mas o vosso isolamento físico terá sido um dos piores... (embora houvesse barco quinzenal, pelo lado sul).