Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) > Um coluna logística ao Xitole... O pessoal fazendo uma paragem na famosa Ponte dos Fulas, destacamento do Xitole.
Perspetiva: norte-sul, quando se vem de Bambadinca e Mansambo para Xitole e Saltinho. A ponte, em madeira, de construção ainda relativamente recente e em bom estado, era vital para as ligações de Bambadinca e Mansambo com o Xitole, o Saltinho e Galomaro... A ponte era defendida por um 1 Gr Comb do Xitole, em permanência, dia e noite... Na foto sãos visíveis, em segundo plano à esquerda, o fortim; em terceiro plano, ao fundo, à direita, as demais instalações do destacamento.
Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno, Sori e Umarau (que irão depois para a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12). Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade (!). Eram do recrutamento local.
Boa tarde Camaradas
Sou o António Duarte, que foi furriel atirador na Ccaç12 ente janeiro e dezembro de 1973.
Sei da recusa da companhia em seguir para o Xime, para substituir a CART 3494. Por azar em março de 73, estava eu em Portugal a gozar as minhas segundas férias e, como tal, deixei a CCAÇ 12 em Bambadinca e encontrei-a já instalada no Xime.
Por outro lado, a segurança de Bambadinca nada tinha de semelhante com a do Xime.
Segundo parece a companhia formou e o comandante do batalhão [, BART 3893,]explicou o que se pretendia e levou com uma recusa. Parece que os graduados se demarcaram da situação.
Entretanto acabou por chegar o General Spínola que lhes deu a "volta", ameaçando que o chão fula, nestas circunstâncias de recusa, iria ser defendido por uma unidade de outra etnia, suponho balanta. Este facto seria uma vergonha para toda a comunidade fula da CCAÇ 12.
De qualquer forma o Candeias da Silva poderá dar mais detalhes. Infelizmente, e por já nos ter deixado, o Sucena Rodrigues não pode ajudar.
Um abraço para todos e, se me permitem um mais apertado, para o Luís Graça
António Duarte.
13 de dezembro de 2020 às 13:53 (**)
E interessante a recusa da CCAL 12 mudar de Bambadinca para Xime, alegando transtornos na vida familiar.
No caso da minha CART 11, também de soldados fulas, muçulmanos, com mulheres e filhos, como Companhia de Intervenção com o Comando em Nova Lamego, os quatro Pelotões estavam constantemente a mudar de local de permanência, fazendo reforço a outras Companhia, por exemplo, em Canquelifá, Piche, Pirada, Paunca... E quando se previa maior tempo de permanência fora da base lá seguiam com os soldados as mulheres, filhos e bagagens, para depois regressarem novamente a Nova Lamego.
Inclusive, depois de mais de um ano em Nova Lamego, toda a CART 11 mudou em definitivo para Paunca e não houve nenhum problema quanto a transtornos na vida familiar.
A vida no Xime era diferente de Bambadinca, mas em Piche, Canquelifá, Pirada ou Paunca também o era, e de que maneira, em relação a Nova Lamego.
Abracelos
Valdemar Queiroz
13 de dezembro de 2020 às 14:59
(iii) Tabanca Grande Luís Graça:
Obrigado, António, pelo tua pronta e esclarecedora resposta. É certo que não estavas lá, em Bambadinca, em março de 1973, mas ouviste o testemunho dos teus camaradas.
Não podia ser por medo: em quatro anos de guerra (duas comissões para a malta metropolitana…) eles já tinham dado sobejas provas de coragem, dedicação, lealdade, apego ao seu chão, e até de portuguesismo…
E estou a falar da primeira geração, a da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, ou seja, do período que vai de junho de 1969 a março de 1971. Éramos, como sabes, 6 dezenas de graduados e especialistas, oriundos da então “Metrópole”, a que se juntaram, em Contuboel, no CIM, mais 100 recrutas do recrutamento local, fulas e futa-fulas (sem esquecer 2 mandingas; depois começpu a vir, em rendição individual, um ou outro de fora do chão fula, como o Vitor Sampaio, que era mancanha, de Bissau, e um grande “reguila”).
O Valdemar Queiroz, um dos instrutores mais queridos das nossas praças, sabe do que eu falo: deu-lhes a recruta e foi com eles ao juramento de bandeira, em Bissau, na presença de Spínola… E ele sabe bem como a parte deles eram crianças, com 16 anos ou menos...
Será que o comando do BART 3873 não olhou para aqueles homens, com quatro anos de guerra (!), e lhes perguntou a opinião ?
Fico-me por aqui. Mas gostaria também de saber a “versão” dos nossos camaradas da CART 3494, como o Jorge Araújo, que muito provavelmente nem se deram conta do “drama” da malta da CCAÇ 12…
PS2 - António e Valdemar, convenhamos que o tema é pouco natalício... Mas, infelizmente, o nosso blogue não é compaginável com as conveniências do calendário litúrgico... E as nossas conversas são como as cerejas...
Mas já agora: o João Candeias, que estava lá (, enquanto tu, António, estavas no gozo da tua merecida licença de férias), diz que o Spínola apareceu acompanhado de "quadros africanos"... Seria o régulo de Badora, tenente de 2ª linha ? Ou figuras prestigiadas militares como o ten graduado 'comando' Jamanca que já estava a comandar a CCAÇ 21, se não erro ? O que é que tu sabes sobre isso ?
(iv) Jorge Alves Araújo, ex-fur mil op esp/ranger, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), nosso coeditor; tem 275 referências no nosso blogue]:
Ao ler a presente narrativa notei que o camarada Luís Graça refere o meu nome, pedindo-me que acrescente algo mais relacionado com a "recusa da CCAÇ 12 em render no Xime a minha CART 3494", no longínquo mês de Março de 1973.
Com efeito, não tenho memória de ter tido conhecimento de qualquer situação anormal relacionada com o tema em análise. E a justificação é a seguinte:
- A exemplo do ocorrido com o camarada António Duarte, eu também não participei na sobreposição entre as duas Unidades, uma vez que, como veio a ficar gravado na cronologia da H.U., a minha última missão no Xime acabou por ser a «Operação Guarida 18», realizada em 3 de Fevereiro de 1973, na região de Ponta Varela.
Nesta Operação conjunta, onde estiveram envolvidos seis Gr Comb (três da CART 3494 e três da CCAÇ 12), acabei por ter um "encontro imediato" com o IN (ver P13839). Concluída a missão, e após o regresso ao Aquartelamento do Xime, preparei-me para seguir para Bissau a fim de voar para Lisboa, de férias, onde cheguei dois dias depois.
Ao regressar ao Xime, em meados de Março de 73, para cumprir o restante tempo da comissão, foi com espanto que constatei que a minha CART 3494 tinha sido transferida para Mansambo, substituindo a (irmã) CART 3493, ocorrência que, segundo julgo saber, teve lugar na primeira quinzena desse mês.
Sobre este assunto, é o que posso afirmar.
Saúde para todo o auditório e um forte abraço... com distanciamento.
13 de dezembro de 2020 às 23:49
___________
(*) Vd. poste de 12 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21637: Casos: a verdade sobre... (17): A alegada "insubordinação" da CCAÇ 12, em março de 1973, recusando-se a render no Xime a CART 3494 [João Candeias Silva, ex-fur mil at inf, CCAV 3404 (Cabuca, 1972), CCAÇ 12 (Bambadinca, 1973) e CIM Bolama, 1973/74]
1 comentário:
Jorge.
Eu sou o João Candeias que no Xime ficou no mesmo quarto com o Duarte e o Osório enfermeiro.
Não sei se é suficiente para me para te avivar a memória.
Estou a escrever-te porque li o teu testumnho sobre o nosso camarada Víctor Alves, infelizmente já desaparecido, sobre os tais dias difíceis que vivemos na 12 em Bambadinca.
E tu sabes que quem mais sofreu foi o Victor por lá ter a esposa, e todos compreendemos.
Aquando da primeira e frustrada tentativa de nos mandarem para o Xime ele formou ao meu lado direito e quando o tenente coronel disse, quem se recusa ir para o Xime dê um passo em frente, dos europeus só Ele o deu. Eu puxei-o pelo braço e ele corrigiu rapidamente o gesto instintivo que, felizmente, não foi detectado pelo tenente coronel. Depois a confusão, a ordem de prisão ao soldado da 12.
Como terminou tu deves estar bem recordado.
Tu ficaste pelo Xime, eu mais três furriéis fomos despachados para outros companhias, no meu caso CIM, centro de instrução militar em Bolama.
Curiosamente o teu final muito parecido com o meu. Também comprei bilhete e vim na TAP mas já em Maio, tu em Abril, por pouco não nos encontramos em Bissau.
Abraço e bom Natal.
João Candeias da silva
Fiz um email ao Luis Graça onde descrevo o que aconteceu naquela semana. Se ele o publicar espero que faças um comentário para ver se tiveste a mesma opinião.
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