Guiné > Região do Oio > Teixeira Pinto >O António Graça de Abreu, Setembro de 1972.
Guiné > O António Graça de Abreu, "na LDG Alfange com os meus soldados, a caminho de Cufar, Junho de 1973".
Guiné > Região do Oio > O António Graça de Abreu, na estrada Mansoa-Porto Gole.
Guiné > Região Oio > Teixeira Pinto > Meninos em Teixeira Pinto a caminho da escola
Fotos e legendas: António Graça de Abreu
Editor: Virgínio Briote
Meu caros Luís Graça, Briote e Vinhal
Estamos no início de Setembro, 2008. Creio que a poeira das polémicas assentou.
Compreendo que tenham congelado os meus dois textos anteriores, subjacentes a alguma dessa polémica. Não é essa, natural e inteligentemente, a orientação do blogue que vocês com tanto esforço e dedicação têm posto de pé.
Mas peço-vos, por favor, que publiquem agora o meu texto abaixo transcrito. Quanto ao conteúdo, não difere muito das duas versões anteriores que enviei em Julho e vocês, por bem, decidiram não publicar. Na prosa que agora envio, limei todas as arestas que podiam ferir quem quer que fosse. Está um texto escorreito e limpo.
Creiam-me, sempre amigo e disponível,
António Graça de Abreu
2. René Pélissier, uma crítica, uma adenda, um texto final
1972/74)
René Pélissier, em entrevista a Lena Figueiredo, publicada no jornal Diário de Notícias, Artes, de 02.04.07
O meu filho João tem vinte anos e é mais inteligente do que o pai. Quando envio os meus textos para o blogue do Luís Graça, uso o seu computador e o João costuma lê-los. Ele é curioso, procura saber os porquês das coisas da vida. Foi, aos dezoito anos, o meu primeiro leitor do Diário da Guiné, Lama, Sangue e Água Pura, Lisboa, Guerra e Paz Editores, 2007, então ainda só na memória do processador de texto.
O meu filho João, tal como os outros filhos, tem tentado entender o que aconteceu ao pai durante a passagem, 1972/74, pelas terras africanas da Guiné Portuguesa/Guiné- Bissau.
Ao enviar o meu último texto para o blogue do Luís Graça, o meu filho João disse-me mais ao menos as seguintes palavras:
“Porque é que tu te continuas a preocupar e a perder tempo com esses gajos da Guiné? Os gajos contam mais de sessenta anos, têm ideias feitas, não é agora que os vais esclarecer ou fazer mudar de opinião.”
O meu João sabe. Por isso me apetece um absoluto silêncio e deixar fluir, longe de mim, algum do desconcerto do mundo.
Mas nas veias, nas artérias, no tutano corre-me sangue e osso português. Se já sou capaz de me sentar, sereno, diante de uma flor de lótus ou de um majestoso pôr-do-sol, a Guiné ainda bole comigo.
Por isso alinho estas palavras.
No nosso blogue Poste 3050, o nosso amigo A. Marques Lopes, diz, como muitos outros camaradas, que pensa em voz alta (I) e assegura “Não entro nessa polémica…” no que à guerra militarmente perdida diz respeito. Depois no Poste 3057, publica uma extensa prosa (II), algo exaltante em relação ao PAIGC, que o Marques Lopes foi buscar, a várias proveniências, mas sobretudo, creio, a textos de 1992 (no blogue aparece Editorial Notícias, 1972 ???), que deram origem à obra inicialmente publicada em fascículos no jornal Diário de Notícias por Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes. Tudo bem.
Desculpem-me, mas neste longo texto cronológico, no que aos anos de 1972/74 diz respeito, não consegui descortinar a derrota militar dos portugueses. Mas há referências a mais três Fiats, que caíram (abatidos pelos mísseis Strella ?) que gostava de ver melhor explicadas. Apenas sabia da queda de um Fiat perto do Morés, em Setembro de 1973 (estava convencido de que por avaria técnica) e sabia que o piloto foi recuperado por dois helicópteros que viram o pára-quedas no ar e o foram buscar ao solo. Está no meu Diário da Guiné, pag. 144.
No primeiro poste do nosso amigo Marques Lopes o visado sou eu, António Graça de Abreu, por isso, peço aos editores do nosso blogue que me concedam o direito de resposta e publiquem este texto que tem tudo menos a intenção de ofender quem quer que seja.
Vamos começar por mim, embora estas coisas sejam menos pessoais do que, à primeira vista, possa parecer.
De início, o A. Marques Lopes, por quem tenho todo o respeito, afirma: “Tenho lido o terçar de razões sobre se a guerra estava perdida ou se podia ser ganha.”
“A guerra perdida”? A guerra que “podia ser ganha”?
A guerra no que à sua natureza política diz respeito? A guerra no que ao político-militar diz respeito? A guerra no que à essência militar do conflito diz respeito? Simplesmente, a guerra? Eu digo e repito:
Nunca escrevi que a guerra podia ser ganha, jamais acreditei que com Spínola e a política da “Guiné melhor” a guerra podia ser ganha. A guerra na Guiné estava politicamente perdida desde o primeiro dia, desde a flagelação a Tite, Janeiro de 1963. A guerra na Guiné também não podia ser militarmente ganha, uma guerra de guerrilha num território como o da Guiné, e com todo o enquadramento geo-político e estratégico que a rodeava, nunca podia ser ganha.
A questão fundamental não é esta, é a “guerra militarmente perdida” em 1973/73, perdida por todos nós, militares, que lá estávamos, no terreno, é a debilidade, a “derrota” das tropas portuguesas, “irremediavelmente batidas” em 1973/74, é o “colapso” das tropas portuguesas na Guiné em 1973/74, é a “superioridade” em armamento do PAIGC, e consequentemente a “inferioridade” e “incapacidade” militar das tropas portuguesas na Guiné 1973/74. Esta é que é a questão fundamental, repito.
No poste 3077, o camarada e amigo A. Marques Lopes acrescenta mais um extenso texto e conclui:
“Eles (PAIGC) continuavam a ter apoios para a sua sobrevivência, em população, alimentação e armamento. E nós não. Acho que não íamos ganhar aquela guerra.”
Concordo com o Marques Lopes quando diz que “não íamos ganhar aquela guerra”, mas não posso deixar de manifestar um certo espanto quando um camarada de armas escreve em Julho de 2008, que em 1971, nos anos do fim da guerra, nós (tropa portuguesa) não tínhamos apoios para a nossa sobrevivência, em população, alimentação e armamento. Até o Aristides Pereira, dirigente do PAIGC, já afirmou em entrevista ao Leopoldo Amado que em 1974 a logística das tropas portuguesa era superior à dos guerrilheiros que faziam das fraquezas forças e então lutavam como heróis.
É por estas razões, por diferentes entendimentos de uma mesma realidade que se têm terçado razões no nosso blogue.
Deixemos a política, a “quinta essência do ultracolonialismo” português do René Pélissier para outros debates. Estamos a falar do que realmente acontecia, da verdade dos factos, ponto VIII do código de conduta do nosso blogue. Aceito naturalmente que muitos dos nossos amigos tertulianos tenham opinião diferente da minha, continuarei a ter-lhes todo o respeito como camaradas de armas. Mas alguns dos argumentos a favor da “guerra militarmente perdida” partem de ideias feitas, desinformação, futurologia e equívocos. Eu sei que não é essa a intenção mas alguns desses argumentos servem para denegrir e rebaixar as tropas portuguesas - todos nós, 1973/74 -, que aguentaram firme, sofreram enormidades e morreram na fase final do conflito na Guiné. E tem sido por estas razões, a verdade dos factos, e não porque acreditasse alguma vez que Portugal ia ganhar aquela guerra, que tenho escrito os meus textos.
No meu Diário da Guiné, pag. 98, escrevi em Mansoa, a 17 de Maio de 1973:
Cresce em mim o respeito pelo sacrifício que os homens da minha geração, e também os mais velhos, oficiais e sargentos do QP, fazem nestas guerras de África. Não aprovo uma linha da política ultramarina de Salazar e Caetano que nos conduziu a estes dilacerantes becos sem saída, a guerra está errada, não é justa, não existe solução militar para o conflito na Guiné. Mas estamos cá, temos de sobreviver. No meio destes homens fardados, oriundos um pouco de todo o Portugal, conheço melhor o meu povo. E amo a terra onde nasci.
Voltemos ao primeiro texto do A. Marques Lopes. Diz o nosso camarada:
"Este livro do António Graça de Abreu, 'Diário da Guiné – Lama, Sangue e Água Pura' é um livro notável.
(…) Acho que o René Pélissier tem razão quando diz dele:
“Um assunto verdadeiramente angustiante é tratado num excelente livro do género ‘memórias de uma derrota anunciada’. Este Diário da Guiné é a via-sacra, a derrota lúcida e frouxa de um exército desmoralizado e ultrapassado. O autor, alferes de Junho de 1972 a Abril de 1974 redigiu a sua obra a partir do seu diário pessoal e dos aerogramas que enviou à família.
"Teixeira Pinto, Mansoa, Cufar (no sudeste) foram as etapas desta derrocada, à qual assiste sem no entanto participar nas operações pois pertencia à sacrossanta Administração Militar. Graça de Abreu observa a política contestada de Spínola e permanece duvidoso quanto às pretensões do PAIGC em dominar todo o território. (…) Apesar da calma na zona de Teixeira Pinto, as emboscadas na estrada de Bissau intensificam-se. A partir de Fevereiro de 1973, quando chega ao chão balanta, os guerrilheiros encontram-se a 4 ou 5 quilómetros. Os guerrilheiros e o exército português bombardeiam-se à distância mas acotovelam-se no cinema local.
(…) "Em Junho uma parte do batalhão é transferida para Cufar (nas rias do sul), reconquistado por Spínola. À medida que a data da desmobilização se aproxima, a indisciplina dos soldados aumenta. No final de 1973, Cufar e todas as guarnições em redor são bombardeadas pelos 122, 'órgãos de Estaline' do PAICG.”
Fiquemos por aqui na citação do texto de René Péllissier que eu desconhecia, o amigo Marques Lopes leu e agora fez o favor de transcrever, publicado sob o título “Soldados, gorilas, diplomatas e outros literatos” nas páginas 1107 e 1108 da revista Análise Social, vol. XLII (185), 2007.
Primeiro tenho de agradecer quer ao Marques Lopes quer ao Pélissier o juízo de valor sobre o meu Diário da Guiné, “um livro notável” para o primeiro, “um excelente livro” para o segundo.
Vamos ao historiador francês Pélissier. Fala do meu livro como “memórias de uma derrota anunciada”, “a derrota lúcida e frouxa de um exército desmoralizado e ultrapassado.”
O meu Diário da Guiné não é um livro de memórias mas um diário de guerra e nele jamais defendo a tese da derrota militar das tropas portuguesas, porque esta tese era falsa em 1973/74, é falsa em 2008. O que escrevi é que, no final da guerra, a situação no sul da Guiné era complicada e muito difícil para todos nós. O abandono de Guileje possibilitou aos guerrilheiros entrarem e saírem para a Guiné-Conacry com muito mais facilidade e, por exemplo, pela primeira vez, já em Março e Abril de 1974, chegarem até perto de Bedanda com blindados (?) e com viaturas carregadas com toneladas de material de guerra que despejavam sobre os aquartelamentos portugueses na zona. Cadique, Jemberém, Chugué, Cobumba, Bedanda transformaram-se num verdadeiro inferno.
Quer isto dizer que a guerra estava militarmente perdida? Sabem o que é uma guerra, meus amigos e camaradas, sabem qual é a diferença entre a guerra e uma batalha, ou uma sucessão de batalhas? Acho que sim, todos passámos por lá. Mas é natural entendermos uma mesma realidade de modo diferente. Alguns de nós estavam na Guiné, na altura, 1972/74, outros já tinham regressado a Portugal e viviam a guerra à distância, num país de ditadura mole, mas ditadura, onde havia censura, onde éramos mal informados e onde era proibido emitir opiniões sobre o tabu das guerras de África. Por isso eu compreendo os defensores de teses diferentes da minha.
Querem exemplos da importância do abandono de Guileje e da desinformação que em Portugal corria? Leiam o meu Diário da Guiné, em Mansoa, a 28 de Maio de 1973, pag. 106:
“Guileje é um precedente grave. Diz-se por aqui que depois de Guileje outros aquartelamentos se seguirão, irão sendo abandonados, tipo bola de neve e já se fala em começarmos todos a preparar a trouxa para marcharmos para Bissau, a caminho de casa. Não acredito.
(…) "De Lisboa, chegam bocas, deformações, notícias fantásticas: um quartel a vinte quilómetros de Bissau tomado pelo PAIGC, centenas de mortos. Valha-nos Deus!”
No meu Diário da Guiné, ainda em Mansoa, a 18 de Junho de 1973, eu escrevia:
“Um alferes da 38ª. de Comandos regressou agora de férias de Portugal e contou-me que em algumas paredes de Coimbra, a sua terra, aparecera escrito: 'Se tem o seu filho na Guiné, considere-o morto.' Uma frase tremenda. Mas os meus pais, e os pais de quase todos nós, vão ter os filhos vivos de regresso a Portugal.”
No meu Diário da Guiné, já em Cufar, a 27 de Junho de 1973, eu escrevia:
“De Lisboa, contam-me as “bocas” que por lá correm. E “bocas” falsas.
"Fala-se em evacuar da Guiné mulheres e crianças. Mas onde e porquê? É verdade que a população nativa, os africanos das aldeias de Guidage, Guileje e Gadamael, abandonou essas tabancas por causa do perigo nas flagelações constantes do IN. Mas não houve nenhuma evacuação nem sei se tal está previsto pela nossa tropa. Também é verdade que muitos milhares de habitantes da Guiné Portuguesa procuraram fugir à guerra e refugiaram-se quer no Senegal quer na Guiné-Conacry, no entanto esta procura de um lugar mais pacífico para habitar não é novidade, começou há já alguns anos com o agravamento do conflito armado.
"De Lisboa, dizem-me também que o Eng. Vaz Pinto se demitiu de presidente da TAP por causa de um ultimato do PAIGC, mais ou menos nestes termos: se os aviões da TAP voarem para a Guiné, serão abatidos, se transportarem militares dentro da Guiné, também serão atingidos pelos mísseis terra-ar. Ora isto nada tem a ver com as realidades que aqui vivemos. Deve ser invenção.
"Os aviões da TAP vindos de Lisboa e de Cabo Verde entram e saem da Guiné voando sobre as ilhas dos Bijagós e a chamada ilha de Bissau. Com 99,9% de certeza posso garantir que os guerrilheiros não controlam nem têm efectivos militares nessas regiões. São as zonas mais seguras de toda a Guiné. Os aviões da TAP também não fazem qualquer transporte de tropas dentro da Guiné. Os transportes via aérea são assegurados pelos três Nordatlas e pelos dois DC 3 da Força Aérea. Nada têm a ver com a TAP, nem sequer quanto à manutenção. Depois, creio que os homens do PAIGC não estão interessados em atacar aviões civis, grandes ou pequenos. Não atacam os TAGP (Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa) e vão atacar a TAP?... Os TAGP são a linha civil, comercial da Guiné. Têm quatro avionetas Auster de cinco lugares e transportam sobretudo civis. Em Abril e Maio, no período crítico a seguir à queda das cinco aeronaves militares, os TAGP ajudaram na evacuação de feridos porque a Força Aérea Portuguesa não voava. Os pilotos dos TAGP não são suicidas, também voam ou muito alto ou muito baixo, mas as suas avionetas vermelhas e brancas, mais pequenas do que as DOs, são facilmente referenciáveis cá de baixo. Quem sabe se os TAGP, mesmo colaborando com as NT, não são também úteis ao IN?
"Agora em Cufar, volto a lidar diariamente com os pilotos, almoçam comigo, conversamos bastante. Creio estar bem informado do que se passa na Guiné, em termos de aviões.
"Em Portugal, as 'bocas', os boatos são galopantes. Pela ponta de um dedo, toma-se o braço todo."
Depois deste pequeno interregno, regressemos ao fluir da guerra.
Quase todos os mortos e feridos dos dez ou doze aquartelamentos do Tombali e Cantanhez, e das operações militares, tinham de passar pelo aeroporto de Cufar a fim de serem evacuados para Bissau. Em 1973/74 eu assumi muitas vezes o papel de os ir buscar ao porto de Impungueda, no rio Cumbijã, aos hélis, de os levar para a enfermaria de Cufar, de transportar os cadáveres para a capela. Leiam as páginas 199 a 211 do meu livro, está lá tudo bem documentado. Há dois anos, quando passei estas páginas ao computador, os olhos encheram-se-me de lágrimas. A emoção, a raiva, a dor. Era uma guerra injusta a dilacerar o corpo e a alma de todos nós.
Significa isto que a guerra estava militarmente perdida, no terreno, no espaço onde nos movimentávamos? Nesta altura, 73/74 (e nas outras!), apesar do seu razoável poder militar, quantos aquartelamentos conquistou o PAICG no sul da Guiné? Nenhum. E nós entrámos em colapso, deixámos de nos defender e de lutar? Claro que não.
Então mas Guidage e Gadamael, em 1973, não sofreram tormentos, não se contou um extenso rol de mortos? Com certeza, mas não houve uma derrota militar. Apesar dos canhões M-30, dos morteiros 120, -- armas superiores às que possuíamos – mas disparadas a partir de um país estrangeiro, a Guiné-Conacry, quem perdeu a batalha por Guidage e por Gadamael foram os guerrilheiros do PAIGC, que não conseguiram conquistar os aquartelamentos ou forçar o seu abandono, como sucedera em Guileje. Isto apesar do auxílio militar do exército de um país estrangeiro, o da Guiné-Conacry. É esta ou não a verdade dos factos?
Entendem porque é que eu fui buscar as palavras de António Lobo Antunes que diz que os nossos soldados, além de excepcionais “camaradas” eram “duros”? E porque citei Camões “um fraco rei faz fraca a forte gente”. O meu amigo, forte general Manuel Monge, sabe.
Quanto ao “exército desmoralizado e ultrapassado” leiam o que eu escrevi no meu Diário da Guiné, pag. 101, em Mansoa, a 22 de Maio de 1973, já depois de Guidage e dos aviões abatidos pelos mísseis Strella:
“O que tem abalado os portugueses neste último mês é a quase ausência da nossa aviação, o armamento cada vez melhor, em maior quantidade e melhor utilizado pelos guerrilheiros e, acima de tudo, o estado anímico e psíquico da tropa portuguesa. No entanto, continuo a acreditar que esta guerra está longe de se resolver no campo militar e terá, só Deus sabe quando, uma solução negociada, política.
"Creio que continuamos em vantagem sobre os guerrilheiros, dominamos os centros urbanos e as maiores povoações da Guiné, existem aquartelamentos espalhados por todo o território e temos muitos mais militares do que eles.”
Na altura eu já reconhecia que a desmoralização era real, mas não suficiente para perdermos militarmente a guerra.
O Marques Lopes diz no Poste 3050:
“O que me espanta é que, agora, a mais de trinta anos de distância, ele (António Graça de Abreu) tenha as certezas que então não tinha.”
Meu caro A. Marques Lopes, lê o que escrevi no meu Diário da Guiné, pag. 32 e 33, em Teixeira Pinto, a 26 de Julho de 1972:
“Sinto que em Portugal é que o PAIGC vai ganhar a guerra, aqui não a perde e no terreno não a consegue ganhar.
"As NT, as nossas tropas são constituídas por cerca de 35.000 homens, incluindo os negros que combatem do nosso lado. Pensa-se que o IN, o inimigo, os guerrilheiros do PAIGC, conta com cinco a sete mil homens.
"Quem controla todos os centros urbanos, vilas, estradas, aeroportos, rios principais e ilhas da Guiné são os portugueses. O território é pequeno, pouco maior do que o Alentejo e os guerrilheiros nunca estão longe. Têm capacidade para lançar ataques, flagelações, emboscadas, colocar minas um pouco por todo lado, não é difícil movimentarem-se por entre a malha do dispositivo militar português. Todavia é um exagero afirmar-se que dois terços da Guiné estão nas mãos do PAIGC. Só controlam as aldeias escondidas nas florestas, quase sem estradas, onde não existe luz eléctrica, não têm viaturas para se movimentar, não dispõem de meios aéreos, nem de barcos, a não ser canoas. As suas principais bases militares situam-se do outro lado da fronteira, no Senegal e na Guiné-Conacry. Daí partem muitas vezes em acções militares e, cumprido o plano, para lá regressam. As zonas libertadas de que falam corresponderão em termos reais talvez a um terço do território da Guiné. São as tais florestas quase impenetráveis, às vezes circundadas por rios onde só costuma entrar a nossa tropa especial e há logo escaramuças, contactos de fogo. Trata-se de regiões mártires sujeitas a frequentes bombardeamentos da aviação portuguesa. Aí o IN controla a população, há pequenas aldeias, escolas e hospitais, tudo muito primitivo. Algumas das zonas libertadas próximas dos nossos aquartelamentos estão também sujeitas a ser flageladas pela artilharia das NT, temos os obuses 14, uns canhões já antigos (do tempo da 2ª. Guerra Mundial?) que disparam uns projécteis de todo o tamanho, por exemplo, sobre a Caboiana, a zona libertada aqui a norte onde os guerrilheiros instalaram uma das suas maiores bases dentro da Guiné, com defesas montadas em quadrado, cerca de trezentos combatentes e três mil elementos da população. Os canhões têm um alcance de dez a doze quilómetros, os nossos artilheiros calculam o local onde se abrigam os elementos IN e bombardeiam em diferentes períodos do dia. Do Bachile são disparados em média quinze tiros sobre a Caboiana, diariamente, do Cacheu são disparados outros quinze. Cada projéctil pesa cinquenta quilos e custa dois contos e quinhentos, o salário normal de um mês de trabalho de um cidadão em Portugal.
"As populações das zonas libertadas vivem em condições deploráveis, numa insegurança constante, os tiros de canhão, os bombardeamentos aéreos acertam por vezes nas suas aldeias".
A 2 de Agosto de 1972, em Teixeira Pinto, eu escrevia no Diário, pag. 36.
"Quase ainda não saí para o mato mas já deu para entender, no local, que bastam quatro ou cinco negros armados de bazuca, lança-granadas ou coisa parecida, escondidos atrás de umas palmeiras para, com pontaria e sorte, fazerem estragos numa coluna das NT. Uma dúzia de guerrilheiros é suficiente para lançar umas bazucadas e granadas de morteiro 60 ou 80 sobre um aquartelamento nosso e, com sorte e mira afinada, provocar estragos. Também não seria muito difícil colocar bombas em Canchungo (Teixeira Pinto) ou em Bissau, como na nossa terra fazem a ARA e as Brigadas Revolucionárias. Ainda não acontece, poderá vir a acontecer.
"Será que os homens do PAIGC estão cansados, após anos e anos de privações de toda a espécie? No chão manjaco e noutras zonas da Guiné, o controle – sempre relativo -- das populações e muitas das iniciativas de operações pertencem aos portugueses. Os guerrilheiros, às vezes pelo fresquinho da noite, vêm por aí abaixo e lançam um original fogo de artifício sobre os nossos aquartelamentos, raramente provocam baixas nas NT. Depois regressam, lestos e lampeiros, às zonas libertadas.
"Em termos militares, não têm força para ganhar a guerra, isto é um conflito prolongado com uma solução militar tão a longo prazo que o mais valente – IN ou NT – desanima".
O que escrevi há trinta e seis anos atrás não difere quase nada do que tenho escrito e defendido neste blogue nos últimos meses. E segundo Marques Lopes e René Pélissier, o meu Diário da Guiné é “um livro notável, um “excelente livro”. Onde é que está no meu livro aquilo a que Pélissier chama “derrota anunciada”, a “derrota lúcida e frouxa de um exército”?
Regressemos ao texto do René Pélissier.
Diz o francês que eu assisti à “derrocada”, sem participar nas operações porque “pertencia à sacrossanta Administração Militar.” É verdade que eu tinha uma secretaria num Comando de Operações e, por bênção de Deus, nunca precisei de disparar contra os meus irmãos negros do PAICG. Quanto ao resto, basta ler o meu Diário, “um excelente livro” - segundo Pélissier - , basta ler os textos sobre os meus últimos onze meses em Cufar, 73/74, para entender a que “sacrossanta Administração Militar” eu pertencia.
Depois Pélissier diz que eu permaneço “duvidoso quanto às pretensões do PAIGC em dominar todo o território.” Na altura eu não tinha muitas dúvidas, hoje tenho ainda menos, o PAIGC nunca controlou mais do que um terço do território da Guiné, controlavam uma população que nunca ultrapassou as 50.000 almas, enquanto na restante Guiné, à sombra da bandeira portuguesa (gostemos ou não, era assim que acontecia!) viviam quase 500.000 guineenses. Até os relatórios da CIA, os serviços secretos norte-americanos, já em 73/74, comprovam o que acabo de afirmar. Esta é a verdade, por muitos mapas coloridos que agora nos queiram mostrar.
Depois, também fiquei a saber pelo texto do francês Pélissier que “na zona de Teixeira Pinto as emboscadas na estrada para Bissau intensificam-se”. Não leu isto no meu Diário, limitou-se a inventar. René Pelissier é autor de uma História da Guiné, antes da luta de libertação e de vários trabalhos sobre o ultramar português. Deveria ter mais respeito pela História que se constrói com a verdade dos factos.
O que descrevi no meu livro, “excelente”, segundo Pélissier, na pag. 62, foi a emboscada de 31 de Outubro de 1972, entre Pelundo e Có. A coluna entre Teixeira Pinto e Bissau, com uma média de sessenta viaturas, realizava-se todas as terças e sextas e não era atacada há quase dois anos. Corrijam-me se estou enganado. Tanto quanto sei, depois de 1972, não foi mais atacada. E já agora, para os meus caros amigos tertulianos terem uma ideia de como é fácil inverter por completo os factos e daí falsificar a História, nessa emboscada, centrada em apenas cinco viaturas num total de cinquenta, houve alguns feridos NT, mas não morreu ninguém. Rapidamente chegaram os helicópteros de Bissau, o hélicanhão perseguiu e metralhou os guerrilheiros provocando-lhes meia dúzia de mortos. Nestas “emboscadas na estrada para Bissau (que) se intensificaram”, segundo afirma Pélissier que apenas conhece uma, a que descrevo no meu livro, os derrotados foram os combatentes do PAIGC.
Estão ou não estão a ver, meus caros amigos e tertulianos como é fácil falsificar a História, virando os factos ao contrário, colocando-os de pernas para o ar?
A propósito desta emboscada, no meu Diário, na mesma página 62, digo:
“ Foi então abatido um guerrilheiro que veio de heli para aqui (Teixeira Pinto). Eu sabia que havia feridos e lá estava na pista. O fuzileiro do PAIGC chegou ainda vivo, com o uniforme azul manchado de sangue e um estilhaço na cabeça, de bala de helicanhão. O médico e um furriel enfermeiro fizeram-lhe massagens no coração que de nada valeram, o homem morreu ali. Foi o primeiro guerrilheiro que vi, e logo agonizando numa maca de lona.”
Agora também fui informado pelo René Pélissier, de que em Mansoa, em 1973, “guerrilheiros e exército português bombardeiam-se à distância, mas acotovelam-se no cinema local.” Vivi em Mansoa entre Fevereiro de 1973 e Junho de 1973, durante esses meses nunca tive o prazer de ser bombardeado pelos guerrilheiros – a vila não sofreu nenhuma flagelação -- e tive o desprazer de ver, e sobretudo ouvir, centenas e centenas de granadas de obus 14 (tínhamos três obuses no aquartelamento!) a serem, dia após dia, disparadas sobre o Morés e zonas em redor. Quanto a acotovelarmo-nos mutuamente no cinema, Pélissier também está enganado. O cinema de Mansoa era um espaço ao ar livre, num rinque de patinagem com bancadas à volta. Sobravam sempre imensos lugares, ninguém acotovelava ninguém. Não garanto que um qualquer guerrilheiro anónimo, à civil, não aparecesse lá pelo cinema. No Morés, no Oio, no Sara que filmes é que eles viam?
René Pélissier também explica no seu texto que “em Junho (de 1973), uma parte do batalhão do autor (António Graça de Abreu) é tranferida para Cufar nas rias do sul, reconquistado por Spínola.” Ora eu pertencia a um Comando de Operações, éramos trinta e poucos homens, no total. Qual batalhão? Para o sul, Cufar, fomos transferidos o major Mário Malaquias, eu próprio, o furriel Vitor Henriques e mais quinze soldados. Pélissier aproveita ainda para mostrar os seus conhecimentos e afirma que “Cufar (…) foi reconquistado por Spínola”. Cada cavadela, cada minhoca, cada frase, cada incorrecção. Cufar foi um importante aquartelamento no sul, criado em 1964. Desde então, sempre teve tropas portuguesas em permanência. O nosso Mário Fitas esteve lá em 1965/66, sabe muito sobre Cufar.
Já estou cansado de desmontar o texto do historiador francês, a prosa que agradou ao nosso Marques Lopes que afirma, no poste 3050 “Acho que o René Pélissier tem razão.” Com todo o respeito pelo Marques Lopes, eu, António Graça de Abreu, acho que o Pélissier não tem razão.
Para concluir, uma última adenda.
No seu comentário ao meu Diário da Guiné, Pélissier diz: “No final de 1973, Cufar e todas as guarnições em redor são bombardeadas pelos 122, ‘órgãos Estaline’”.
“No final de 1973”? Pélissier não sabe que, no total, foram disparados centenas e centenas de foguetões 122 sobre os aquartelamentos do sul, ao longo de todos os meses de 1972, de todos os meses de 1973, até Abril de 1974, quase sempre sem consequências para as nossas tropas? É preciso render justiça aos guerrilheiros do PAIGC. Lutaram, combateram heroicamente, morreram pela sua Pátria, a Guiné-Bissau.
Só Cufar, entre 23 de Outubro de 1972 e 23 de Dezembro de 1972, ou seja no espaço de dois meses, foi flagelada 26 (vinte seis!) vezes. Deveriam ter arrasado tudo. Não, não só não arrasaram nada como, para além de alguns incêndios em tabancas, não morreu ninguém. Já expliquei aqui que a companhia de caçadores 4740, em Cufar 1972/1974, não teve um único morto em combate, em flagelações, emboscadas, minas. E passaram por tudo isso. Tiveram muita sorte, é verdade, mas também é muito verdade que o poder militar e a eficácia dos guerrilheiros do PAIGC era muito menor do que defendem hoje algumas pessoas.
De registar, por fim, a confusão que Pélissier também faz entre foguetões 122 e os “órgãos Estaline”. Eram armas diferentes.
Creio que é a última vez que me debruço sobre estes temas. Isto não é uma polémica infindável, do género cada cabeça, cada sentença. Como diz o meu filho João “esses gajos da Guiné contam mais de sessenta anos, têm ideias feitas, não é agora que os vais esclarecer ou fazer mudar de opinião.”
Que cada um fique com as suas verdades. A mim, testemunha e actor nesses anos de 73/74, num comando de operações em três regiões diferentes (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar) no norte, centro e sul da Guiné, interessa-me a verdade dos factos. É isso que creio, também deve interessar a todos nós. Para saber quem fomos, para saber quem somos.
De resto, repito, a norma de conduta número VIII, do nosso blogue é “o respeito absoluto pela verdade dos factos.”
Os portugueses não foram militarmente derrotados, não se registou nenhum colapso militar, não saímos da Guiné de calças na mão.
S. Miguel de Alcainça, 30 de Agosto de 2008
Ano do Rato
António Graça de Abreu
3. Comentário de L.G.:
Meu caro António:
Li, com atenção e vagar, o teu texto, já publicado depois de receber o OK do Virgínio Briote, que é quem esta(va) com este pelouro, e a quem está atribuído o tratamento das tuas últimas mensagens... Fiz questão de apor esta pequena nota, pessoal, uma vez que o fundador e editor do blogue, Luís Graça, andou aparentemente alheado desta polémica que foi muito rica, calorosa, às vezes quente, mas quase sempre intelectualmente elevada...
Com referência a esta tua "versão final", agradeço muito a tua compreensão, e sobretudo o teu bom senso e bom gosto, a tua capacidade de entender e aplicar, com superior qualidade, as nossas dez regras do bom viver... De facto, não precisamos de aniquilar, destruir, ridicularizar ou achincalhar os outros para impor o nosso ponto de vista... Nem sequer precisamos de impor o nosso ponto de vista... Basta-nos saber defendê-lo, com galhardia, coragem e inteligência... Creio que foi o que fizeste... e bem.
Quanto ao resto, estou de acordo com o teu filho: Estes gajos (os velhos camaradas da Guiné, com as suas ideias feitas, as seus pesadelos, os seus sentimentos e ressentimentos...) já não mudam, já não estão em idade de mudar... E sabes porquê ? Por que toda a mudança é dolorosa, implica desaprender (o que é velho e aparentemente errado...) e aprender algo de novo (que pode ser uma outra versão da realidade, outros conceitos, outros conteúdos e continentes)...
Por outro lado, nenhum de nós, nem tu nem eu nem os restantes camaradas, temos o monopólio da verdade, muito menos o monopólio das memórias da guerra que fizemos no TO da Guiné. muito menos ainda o monopólio dos afectos por Portugal e a Guiné, países que, embora estando nossos corações, não nos pertencem... pelo menos em exclusivo.
Vimos e vivemos a guerra com os "óculos", as grelhas de leitura da época. Alguns de nós estavam mais infomados, mais lidos, tinham o privilégio da cultura, eram mais críticos, etc.. Mas todos eramos sensíveis à guerra, com os seus horrores, com o seu rol de destruição, morte, dor e sofrimento, de parte a parte... Nenhum de nós, individualmente, estava disposto a morrer por uma pátria que dificilmente reconhecíamos no chão fula, no chão balanta, no chão manjaco, etc., ou seja, nessa manta de retalhos e nesse território artificial, disputado e desenhado a régua e esquadro pelas potências coloniais europeias, que era a então província portuguesa da Guiné... Todos contámos, dia a dia, risco a risco, pauzinho a pauzinho, o tempo que nos faltava para a peluda... Não se infira daqui que eu defendo a tese de a guerra estava militarmente perdida... Posta sob a forma interrogativa, acho que é uma falsa questão... E eu, que ensino metodologia de investigação, costumo dizer aos meus alunos que nada pior do que uma má pergunta, por que só pode dar origem a uma má resposta...
Hoje estamos a (re)ver e a (re)viver essa dura realidade, também já com outros olhos, outros "óculos", outras grelhas de leitura do real... Ganhámos todos em sabedoria, tolerância, distância afectiva, humanidade... Onde estão os feros guerreiros de então ? Onde estão as certezas da nossa juventude ? Tudo mudou, nós mudámos... Hoje somos pais e avôs babados...
Devemos defender as nossas convicções... e não podemos deixar cair a nossa autoestima... Eu percebo que é duro, para nós, antigos antigos combantes, ler alguém que nos vem dizer que os nossos dois anos na Guiné foram um sacrifício completamente inútil e inglório, que a guerra estava irremediavelmente perdida, etc., etc. Mesmo que isso fosse verdade (e não é), seria sempre duro de engolir. Daí a onda de reacções em cadeia que esta polémica assumiu...
Só tenho pena que tenhamos caído, uma vez por outra, na tentação (fratricida) de, no calor da luta, puxar pela G3... Ainda houve alguns estilhaços que feriram - espero que ligeiramente - alguns de nós... Num caso ou noutro pisámos o risco, ultrapassámos a marca, excedemo-nos, não nos comportaámos como camaradas... Mas no final, ganhámos todos com a experiência deste debate... Sobrevivemos e reforçámos os laços que nos unem na Tabanca Grande.
Não considero (e, muito menos, declaro) encerrado o debate (até por que o Virgínio Briote ainda tem um ou outro texto pendente, a começar pelo resto do escrito do A. Marques Lopes), mas eu preferiria que o nosso blogue fosse mais de experiências, vivências, histórias de vida, de recolha de dados, de pesquisa, do que de opiniões, de análises históricas, de temas e debates, de polémicas, por muito interessantes, respeitáveis e necessárias que elas sejam... Aliás, poder-se-á criar um blogue só para esse efeito: a blogosfera está recheada de blogues que cultivam a polémica, o confronto (viril) de pontos de vista, e em muitos casos até o pugilato, a traulitada, etc. Mas não foi essa a minha intenção ao criar o nosso blogue, que começou por se chamar Blogueforanada e depois blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné...
António: Desejo-te a continuação de um Bom Ano do Rato. Dá os parabéns ao teu rapaz. Um abraço caloroso do Luís Graça e dos seus queridos co-editores, CV e VB.
_________
Notas de vb:
(*) Vd. últimos postes desta série:
21 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3077: A Guerra estava militarmente perdida (27)? Reacções a nível internacional. Os efectivos das NT (A. Marques Lopes)
13 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3057: A Guerra estava militarmente perdida? A situação político-militar na Guiné (26) (A. Marques Lopes)
12 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3050: A Guerra estava militarmente perdida? (25). Vou pensando em voz alta (I) (A. Marques Lopes)
9 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3042: A Guerra estava militarmente perdida? (24). Comentário do J. Mexia Alves.
30 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P3002: A Guerra estava militarmente perdida? (23). Comentário do Cor Amaro Bernardo.
19 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2966: A guerra estava militarmente perdida? (22): Comentário de um Quadro Guineense no Exterior (Anónimo)
19 de Junho de 2008> Guiné 63/74 - P2964: A guerra estava militarmente perdida? (21): A Guerra estava militarmente perdida. Por mim, final da polémica (Mário Beja Santos)
19 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2962: A guerra estava militarmente perdida? (20):Um Fraco Rei Faz Fraca a Forte Gente (António Graça de Abreu)