© Miguel Pessoa (2010)
1. Camaradas, amigos, camarigos: Eu, que não gosto de me armar em valente, embora seja uma alma sensível, mas também não tenho a lágrima fácil, fiquei comovido até às lágrimas, com as muitas dezenas e dezenas de mensagens que tenho recebido a desejar as nossas melhoras, colectivas e individuais... Verdadeiras mensagens da melhor camarigagem de que nós, às vezes, somos capazes.
Na quadra a que eu chamo de grande stresse natalício, em que praticamente é proibido abrir o computador, houve gente que conseguiu arranjar um bocadinho de tempo, roubado à família e aos amigos mais íntimos, para emprestar o seu ombro amigo àqueles de nós que, na Tabanca Grande, estavam a precisar de uma palavrinha de atenção, consolo, esperança, ânimo... Enfim, aquilo a que nós chamamos a nossa blogoterapia...
Na ausência, em "estúdio", do Vinhal (que "vive e sofre" com o que o aqui se passa, 24 horas por dia!!!), o Mural do Pai Natal da Tabanca Grande está uma m..., uma confusão dos diabos... Eu nunca poderei pôr isto tudo em ordem, arrumadinho como só ele pode e sabe fazer... e tem feitio todos os anos... Mesmo assim, não quero deixar de postar, por estes dias, no nosso mural, algumas das palavras bonitas e sobretudo sentidas que nos têm escrito, tanto velhinhos como piriquitos...
Não tenho mais notícias do Rui Ferreira cujo estado de saúde espero esteja a evoluir favoravelmente, e que era o tabanqueiro que mais nos preocupava este Natal... Mas o Paulo Santiago e o Carlos Santos, os nossos dois bons gigantes (mais o Victor Barata, também seu amigo e vizinho), estão atentos... O António Paiva, espero bem, deve ter encontrado um porto de abrigo neste Natal. O Carlos, por sua vez, já lhe senti um pouco mais de ânimo num mail particular que me mandou a chamar-me madraceiro, ontem às 10h da manhã, e que eu tomo a liberdade de reproduzir aqui...
Vou fechar o estabelecimento e vou ver a minha velhota. Até logo. Deixa-te de malandrar e levanta-te para comeres as batatas. Um abraço para ti e um beijinho à Alice. Dá cumprimentos nossos à tua família de Gaia. Boas Festas. Carlos
© Miguel Pessoa (2010)
2. Eu, próprio, consegui ontem ao fim da tarde escrever as quadras natalícias de que estou incumbido todos os os anos... É o meu pequeno, modestíssimo, contributo para que a noite da Consoada da Madalena seja, todos os anos, um momento bonito de amor e amizade entre sete famílias que, putos incluídos, este ano juntou duas mesas com vinte e tal pessoas, incluindo dois "tabanqueiros" da nossa Tabanca Grande, eu e o João Graça mais o seu violino...
Tirando a ciática, espero que o vosso Natal tenha sido tão ou mais lindo que o meu... Agora vou-me levantar por que é preciso comer a "roupa velha"... Em meu nome, e do resto da equipa que faz este blogue o melhor que pode e sabe (Carlos Vinhal, Eduardo Magalhães Ribeiro, Virgínio Briote e... Miguel Pessoa!), a continuação das boas festas de Natal... o tal Natal que é sempre quando um camarigo quiser.
As quadras, de sete sílbas, foram o que que se pôde arranjar este ano... São dedicadas aos morcões dos meus cunhados Gusto e Nitas, que eu considero há muito como meus irmãos de verdade (são, além disso, os donos da "clínica da Madalena", onde eu estou em convalescença por estes dias...):
No Natal da Madalena,
Foi-se a musa de sabática,
Tenham pena, muita pena,
Está o poeta c’o a ciática
Está o poeta c’o a ciática,
Mas temos o cavaquinho,
Revolve-se a problemática,
E chama-se o Joãozinho.
E chama-se o Joãozinho,
Tiago, Pedro, Tia Nita,
E logo num instantinho,
Forma-se um grupo catita.
Forma-se um grupo catita,
Do jazz à gente fadista,
E até a Joana imita
A bela Júlia florista.
A bela Júlia florista
Via caras, mas não c’roas,
Pois é, ó economista,
Lá sem guita não há… broas,
Lá sem guita não há… broas,
Mas ó da casa, ó patrão,
Tantas coisas e tão boas,
Vão p’ró rol da gratidão.
Vão p’ró rol da gratidão,
Vão p’ró deve e p’ró haver,
Calam fundo no coração,
Dão sentido ao viver.
Dão sentido ao viver
Destas nossas sete famílias,
Uma história p’ra escrever,
Tão bonita, sem quezílias.
Tão bonita, sem quezílias,
Palavras não são despesa,
Marias e até Emílias
Ficam bem à nossa mesa.
Ficam bem à nossa mesa,
Os nossos anfitriões,
Amizade e gentileza,
Disso são os campeões.
Disso são uns campeões
Um exemplo de beleza,
Muito pouco comilões,
Ficam bem em qualquer mesa.
Ficam bem em qualquer mesa,
Com linho, seda ou papel,
É sempre a mesma nobreza,
Jingle bell, jingle bell.
Jingle bell, jingle bell,
Que o jantar nem estava mau,
Muitos doces com papel,
Nem faltou o bacalhau.
Nem faltou o bacalhau,
Que já foi mais fiel amigo,
Anda com cara de pau,
Estando agora em perigo.
Estando agora em perigo,
Nas mãos dos noruegueses,
Quiçá até inimigo,
À mesa dos portugueses,
À mesa dos portugueses,
Pai Natal da Madalena,
Tens crianças, teus fregueses,
Trazes prendas e uma rena.
Trazes prendas e uma rena
Meu querido Pai Natal,
Cá na nossa Madalena,
Não faltou o essencial.
Luís Graça, 24/12/2010
Luís Graça, 24/12/2010
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Nota de L.G.: