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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8393: Convívios (349): A CART 1689 comemorou os 44 anos da chegada à Guiné no dia 30 de Abril de 2011 na Póvoa de Varzim (José Ferreira da Silva)

1. Mensagem José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 2 de Junho de 2011:

Caro Vinhal
Como é evidente, gostaria que publicassem alguma coisa sobre o Encontro relativo ao 44º Aniversário da Partida para a Guiné, da nossa Cart 1689 - Os Ciganos.

Com os nossos agradecimentos,
Um Abraço
Silva


CART 1689 – Os Ciganos
Guiné 1967 / 1969

Encontro anual dos seus ex-combatentes, comemorando os 44 anos da sua chegada à Guiné

Povoa de Varzim – Escola de Serviços
Dia 30 de Abril de 2011




Graças ao empenho e capacidade de organização do nosso camarada José Ribeiro e à colaboração da Escola de Serviços na Póvoa de Varzim, os ex-combatentes da CART 1689 – “Os Ciganos”, viveram mais um dia de agradável convívio, comemorando os 44 anos da sua partida para a Guiné. O facto curioso de se festejar a partida para a Guiné (26 de Abril de 1967) e não a chegada, tem a ver com o hábito adquirido lá, na Guiné, de se festejar, sempre que possível, cada mês que se completava.

A Escola disponibilizou as suas excelentes instalações, os seus simpáticos militares (masculinos e… femininas) e a sua abundante e boa alimentação. Foi mesmo um Banquete. Ainda faltavam mais de duas horas para o repasto e já havia militares encostados ao balcão do Bar da Messe, pedindo combustível às belas e simpáticas “cantineiras”, vestidas de camuflado. Havia já quem lembrasse que o “Valadares” era um bom “barman”, mas ficaria envergonhado se visse tanta “classe”. No almoço, foram vários a repetir (exageradamente), só porque as miúdas se esmeravam no serviço. Felizmente, trata-se de gente que anda prevenida e atacou logo nos “remédios”.

Durante todo o convívio, ficou mais uma vez, evidente o espírito de camaradagem que sempre reinou nesta CART 1689, denominada clandestinamente de “Os Ciganos”. Este nome não autorizado, visou marcar a realidade de “Companhia de Intervenção”, que correu quase todos os Sectores da Guiné, exceptuando as áreas de S. Domingos/Teixeira Pinto/Bula, Beli/Madina do Boé e a parte sul da península de Cacine.

A história da CART 1689 está recheada de operações militares por quase toda a Guiné, mudanças e mais mudanças e vivência intensa. A Companhia recebeu o mais alto galardão atribuído em combate – Flâmula de Honra / Ouro do CTIG, mas os seus militares não fazem questão em se arvorarem em heróis ou em guerreiros. Cumpriram cabalmente a sua obrigação e, pessoalmente, não esperaram honras nem reconhecimentos balofos por essa razão. Sempre que se encontram, falam dos bons e maus momentos que viveram juntos e solidários. É essa riqueza que lá conquistaram e que, pelo menos, uma vez por ano usam exuberantemente.

No final do almoço, o nosso Capitão Maia (hoje General na reforma e antigo Comandante da Região Militar do Norte) fez o seu melhor discurso de sempre. Lembrou os mortos e os feridos e evidenciou o sacrifício de todos e seus familiares, desta grande família. Desta vez chorou, mostrando todo o sentimento de união e de camaradagem que nos tem ligado.

A malta de Lisboa (Branquinho, Machado, Pontes, “Massamá”, “Piedade” e Sousa) são os mais assíduos a estes encontros e, por isso, no próximo ano, custe o que custar, vai haver “nortada” lá para os lados da Caparica. É que mais que noventa e cinco por cento do pessoal é do Norte, com incidência nos arredores do Porto.

Quem reagiu cautelosamente a essa decisão foi o Miranda e restante “família” do FCP. Ele, que anda inchado como um pavão, se apresentou mais uma vez, artilhado à FCP, carregado de elementos demonstrativos da sua “fé” (emblema, relógio, caneta, gravata, alfinete de gravata, botões de punho, anel, etc.), e os demais elementos não gostam de se deslocar a terras de “mouros”. Logo insinuou ser necessária “dispensa do Papa do FCP”. Confessa também ter receio de não se conseguir “segurar” perante um tal “Barbas” do Glorioso SLB, proprietário do restaurante da Costa da Caparica, para onde o almoço de 2012 está planeado.

Porém, estamos convencidos que vai ser uma Op Especial (“Tomada de Lisboa aos Mouros - Parte II”), com os nortenhos armados de camaradagem e de charme, coisa nunca vista lá para aqueles lados do Sul…

Silva da CART 1689


O Carvalho de Almalaguês trouxe a família. Ao fundo vê-se o Nogueira e o Lourosa.

O riso do Massamá e a companhia do Cripto Valente

O António Soares, que veio pela primeira vez, ao lado do seu amigo Morais.

O Freitas e o Azevedo

O casal Mendes e os da Lixa

Mesquita, Teixeira e Sousa

Piedade, Damião Lima e famílias

Atacar a sopa

Alf. Branquinho, Cap. Maia e o Povoa (anfitrião)

Machado, Silva e Cepa

O Póvoa (José Ribeiro) "em sentido" com o Machado e o Cedas

Ferreira (ceguinho), Mesquita e o Miranda, o tal fanático do FCP.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8386: Convívios (342): I Encontro de Núcleos da Liga dos Combatentes do Algarve - Castro Marim, 21 de Maio de 2011 (Arménio Estorninho)

Guiné 63/74 - P8392: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (6): Os apanhados pela objectiva do Manuel Resende (Parte I)

Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande (*)   > O nosso assessor jurídico, o Dr Jorge Cabral, especialista em direito penal, e celebrado criador da figura do Alfero Cabral, mais o fotógrafo que tirou esta série, o Manuel Resende, ex-Alf Mil At da CCaç 2585 do BCaç 2884, que esteve em Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, (1969/71). O Resende veio ao encontro acompanhado da esposa, Isaura Serra (o casal mora em Caxias / Oeiras).


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Da esquerda para a direita, o Eduardo Campos (Maia),o Hélder Sousa (Setúbal) e o Silvério Lobo (Matosinhos: esteve recentemente na Guiné-Bissau, ma sua 3ª viagem por terra; na ida apanhou um susto na Mauritânia..). Vieram acompanhados das suas caras metades, Manuela, Natividade e Linda...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Do lado direito, reconheço o António J. Pereira da Costa e a Isabel, que vieram de Mem Martins / Sintra, e já são habitués dos nossos encontros... O António prometeu-me mais um poste para a sua série A Minha Guerra do Petróleo... (Temos um contrato para a produção de seis episódios e ele está a cumprir com o rigor do RDM; devo acrescentar que ele é o único coronel da tropa que eu conheço, "na reserva e em efectividade de funções")...



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Aspecto parcial do início das hostilidades, os aperitivos no terraço da Sala D. Diniz, às 13h00 em ponto... Em primeiro plano, a Lígia (Espinho) e a Gina (Cascais)...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > De que estarão a falar o Jaime Brandão (Monte Real / Leiria) e o Victor Barata (Vouzela) ? Só pode ser do blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74 de que o Victor é o fundador e comandante... Conheço desde a Ameira, em 2006... Infelizmente, desta vez não conseguiu trazer o nosso Ruizinho, que  problemas de saúde retiveram em Viseu...



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Mais amigos/as, camaradas e camarigos, na hora e local dos aperitivos: em primeiro plano, o Jero, o Zé Martins, a Manuela Martins, a Dina Vinhal, a Isaura Serra (de perfil)...



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > O Juvenal Amado e o Carlos Silva (um dos fundadores e dirigentes da ONGD Ajuda Amiga, além de advogado e régulo... de Farim!)...

Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > De costas a Suzel (Óbidos), do lado esquerdo a Isaura Serra (Caxias / Oeiras), ao centro a Alice (Alfragide / Amadora) e do lado direito a nossa tabanqueira Felismina Costa (Agualva / Sintra) que veio acompanhada dos filhos, Cláudia e João Carlos


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Outro aspecto da sessão de aperitivos... Mais caras bonitas, simpáticas, amigas, solidárias...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Mais camarigos, uns novos como o Francisco Varela, advogado, amigo do Jorge Cabral (ao canto esquerdo), outros já nossos velhos conhecidos  da Tabanca Grande: em segundo plano, o J. L. Vacas de Carvalho, o Eduardo Moutinho (Tabanca de Matosinhos), o José Armando F. Almeida e o Benjamim Durães (de costas)... Em primeiro plano, o António Estácio (guineense do chão de papel disfarçado de tuga que viveu boa parte da vida em Macau...), o açoriano Tomás Carneiro (de costas, se não me engano) e o Henrique Matos (açoriano disfarçado de algarvio de Olhão)... O Estácio, atenção, vai lançar por estes dias um novo livro, Nha Bijagós (Fiquem atentos à nossa Agenda Cultural).

Fotos: © Manuel Resende  (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. 

[ Selecção, edição e legendagem das fotos: L.G.]
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Nota do editor

(*) Vd. último poste da série > 8 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8387: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro,manga de ronco (5): Agradecimentos da Maria Luís / Paulo Santiago, com selecção de fotos de Miguel Pessoa


Guiné 63/74 - P8391: Parabéns a você (271): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857 (Tertúlia / Editores)


PARABÉNS A VOCÊ

DIA 9 DE JUNHO DE 2011

ERNESTO DUARTE

NESTE DIA DE FESTA, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR AO NOSSO CAMARADA ERNESTO DUARTE AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.

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Notas de CV:

- Ernesto Duarte foi Fur Mil na CCAÇ 1421/BCAÇ 1857 que andou por terras do Óio, Mansabá, nos anos de 1965-1966-1967.

Vd. último poste da série de 7 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8385: Parabéns a você (270): Agradecimento de Belarmino Sardinha, aniversariante no dia 5 de Junho

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8390: Agenda Cultural (130): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro) (3): Convite para o dia 9 de Junho de 2011


1. Mensagem do nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), Professor na Universidade dos Açores, com data de 5 de Junho de 2011:

Caríssimo Carlos,
Mando-te a notícia da próxima conferência, com o material, incluindo a foto do conferencista.

Um abraço amigo do
Carlos







Ciclo de conferências-debate
“Os Açores e a Guerra do Ultramar – 1961¬ 1974: história e memória(s)”

No âmbito do ciclo de conferências-debate “Os Açores e a Guerra do Ultramar – 1961-1974: história e memória(s)”, José M. Salgado Martins, coronel reformado e mestre em História Insular e Atlântica pela Universidade dos Açores, proferirá, no próximo dia 9 do corrente (5.ª feira), a conferência “O Exército na Guerra do Ultramar: a experiência de um comandante de companhia”. O evento terá lugar no anfiteatro “C” do Pólo de Ponta Delgada da Universidade dos Açores, com início pelas 17H30 e estará aberto à participação de todas as pessoas interessadas.

Trata-se de uma organização do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade dos Açores, que teve início em 6 de Maio p. p., com a conferência do ten.-gen. Alfredo da Cruz “A Força Aérea na Guerra do Ultramar: experiência de um piloto de combate”.


O Coronel de artilharia José Manuel Salgado Martins é natural de Paços, distrito de Vila Real. Ingressou na Academia Militar em 1965. Desempenhou duas comissões de serviço como comandante de companhia: em Angola (1969-1971) e na Guiné (1972-1974). Colocado nos Açores em 1966, ali exerceu grande parte da sua vida profissional, tendo comandado o Grupo, depois Bateria de Artilharia de Guarnição n.º 1, o Regimento de Guarnição n.º 2, entre outras funções de comando. Licenciado em História e mestre em História Insular e Atlântica pela Universidade dos Açores, foi fundador e director do Museu Militar dos Açores desde 1999 até à sua passagem à reforma, em 2007. É autor de vários livros e artigos sobre temáticas ligadas à História Militar.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8272: Agenda cultural (122): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (2) (Carlos Cordeiro)

Vd. último poste da série de 8 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8389: Agenda Cultural (129): Apresentação do livro Dias de Coragem e de Amizade, de Nuno Tiago Pinto, no dia 7 de Junho passado na sede da ADFA (Miguel Pessoa)

Guiné 63/74 - P8389: Agenda Cultural (129): Apresentação do livro Dias de Coragem e de Amizade, de Nuno Tiago Pinto, no dia 7 de Junho passado na sede da ADFA (Miguel Pessoa)





1. Em mensagem do dia 7 de Junho de 2011, recebemos do nosso camarada Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Reformado, a reportagem que se segue, referente à apresentação do livro "Dias de Coragem e de Amizade", de Nuno Tiago Pinto.





APRESENTAÇÃO DO LIVRO “DIAS DE CORAGEM E DE AMIZADE





Em 7 de Junho decorreu nas instalações da Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA) a sessão de lançamento do livro “Dias de Coragem e de Amizade”, do jornalista Nuno Tiago Pinto, obra publicada pela Editora “A esfera dos livros”*.

Este jornalista passou anteriormente pela SIC Notícias e O Independente, e está desde 2006 ligado à revista Sábado, onde é subeditor da secção Portugal.

Na mesa de honra estavam o anfitrião, Comendador José Arruda, presidente da ADFA, ladeado pelo autor, Nuno Tiago Pinto, e Marta Paixão, da editora “A esfera dos livros”. Nos extremos da mesa sentavam-se ainda o fotógrafo Rafael G. Antunes, que colaborou neste livro, e o nosso camarada Carlos de Matos Gomes, autor do prefácio da obra.

Nas palavras de apresentação do livro, Matos Gomes realçou a franqueza e lealdade que ressalta dos depoimentos incluídos na obra. Por sua vez o autor referiu que este livro retrata os momentos mais dramáticos dos cinquenta entrevistados, ex-combatentes na guerra de África.

Com esta edição o autor pretendeu assinalar os 50 anos do início da guerra colonial. A tomada de contacto com as realidades vividas pelos entrevistados acabou por ultrapassar o objectivo inicial. Afinal, trata-se de aproximar as pessoas de episódios relativamente recentes da nossa História, mas que parecem longínquos para tantos, hoje em dia; e de dar voz aos antigos combatentes, para que eles pudessem de alguma forma relatar aquilo por que passaram – ou que ainda passam, na actualidade.

Após esta apresentação iniciou-se a sessão de autógrafos, que reuniu bastantes interessados. Por curiosidade refira-se que o autor aproveitou a oportunidade para solicitar aos presentes que autografassem o seu próprio livro, nos capítulos que diziam respeito aos entrevistados.

Miguel Pessoa


Giselda com Manuel Bastos, ex-combatente em Moçambique, DFA, autor do livro “Cacimbados – A vida por um fio”.

Carlos de Matos Gomes e José Arruda, presidente da ADFA.

O presidente da ADFA com o autor, Nuno Tiago Pinto.

A Giselda folheia o livro acabado de comprar. Sobre a mesa um segundo livro, a ofertar futuramente a alguém que o mereça…

Aspecto da assistência.

O autor Nuno Tiago Pinto, acompanhado pelo fotógrafo que colaborou neste livro, Rafael G. Antunes.

Aspecto da mesa. Ao centro reconhece-se o Comendador José Arruda, presidente da ADFA, ladeado pelo autor, Nuno Tiago Pinto, e Marta Paixão, da editora “A esfera dos livros”. Nos extremos, o fotógrafo Rafael Antunes e o Cor. Carlos de Matos Gomes.

José Arruda na introdução à obra.

Carlos de Matos Gomes, autor do prefácio do livro, tendo a seu lado Marta Paixão, da editora “A esfera dos livros”.

O autor durante a sessão de autógrafos.

Aspecto da fila formada para a sessão de autógrafos.

Chegada a sua vez, a Giselda cumprimenta o autor.

[Fotos e legendagem: © Miguel Pessoa (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados]
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8380: Agenda Cultural (128): Lançamento do livro Dias de Coragem e de Amizade, de Nuno Tiago Pinto, editado pela Esfera dos Livros: Lisboa, sede da ADFA, Av Padre Cruz, dia 7 de Junho, 18h30

Guiné 63/74 - P8388: A minha CCAÇ 12 (18): Tugas, poucos, mas loucos...30 de Março-1 de Abril de 1970, a dramática e temerária Op Tigre Vadio (Luís Graça)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) (*) > A sempre penosa progressão no mato...


Foto: © Arlindo T. Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.  Todos os direitos reservados



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) >  Um heli Al III, no heliporto de Bambadinca...



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) >  Pescadores do Rio Udunduma, afluente do Rio Geba... Na margem direita do Geba Estreito começava o regulado do Cuor... No Sector L1, só havia dois destacamentos no Cuor: Missirá (1 Pel Caç Nat + 1 Pel Mil) e Finete (1 Pel Mil)... Era uma região (o regulado do Cuor), a sul do Oio,  onde o PAIGC se movimentava com relativa à vontade. Segundo o comando do BART 29917, a população sob o controlo do IN, nesta região, na península de Madina/Belel,  andaria à volta dos 1900 habitantes (**)...


Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) >  O Rio Geba (Estreito) em Bambadinca ou Bafatá (?)..
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Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) > O espaldão do morteiro 81... 

 Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.  Todos os direitos reservados




A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (*), por Luís Graç


(9) Março de 1970: Op Tigre Vadio, 300 homens na península de Madina/Belel, no regulado do Cuor


Esta foi seguramente a mais dramática (e talvez a mais temerária) operação conjunta que a CCAÇ 12 efectuou enquanto esteve de intervenção ao Sector L1, às ordens do Comando do BCAÇ 2852. Podia ter dado para o torto...

A missão confiada às NT era bater chamada península de Madina/Belel, no limite do regulado do Cuor, a fim de aniquilar as posições IN referenciadas do antecedente e eventualmente capturar a população que nela vivesse (espalhada por locais como Madina, Quebá Jilã, Belel e Banir, esta localização já no Oio).

Em Madina, localizada em MAMBONCÓ 8G-1, havia uma população sob controlo do IN, estimada em 1500 habitantes. Mais 400, em Banir, cuja localização era em MAMBONCÓ 8H-9 (**).

Segundo as informações de que se dispunha, existiria 1 bigrupo nesta região, pertencente à base do Enxalé e dispondo de 2 Morteiros 60, 1 Metralhadora Pesada Goryonov, além de armas ligeiras (Metr Degtyarev, Esp Kalashnikov, Pist Metr PPSH, etc).

Admitia-se também que este bigrupo estivesse reforçado com 1 grupo de Mort 82, pertencente ao Grupo de Artilharia de Sara-Sarauol [a noroeste de Madina/Belel, vd. carta de Mambonco].

A última operação com forças terrestres realizara-se em Fevereiro de 1969, não tendo as NT atingido o objectivo devido à fuga do prisioneiro-guia e ao accionamento dum engenho explosivo que alertou o IN. Verificaram-se ainda vários casos de insolação (Op Anda Cá)[ Vd. poste de 23 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1542: Operação Macaréu à Vista (Beja Santos) (34): Uma desastrada e desastrosa operação a Madina/Belel ].



Veja-se este diálogo saboroso, mas surreal, entre o Ten Cor Pimentel Bastos, comandante do BCAÇ 2852, e o seu subordinado (e amigo), Alf Mil Beja Santos, comandante do Pel Caç Nat 52:


"- Meu Comandante, há duas noites que não durmo a pensar nesta operação que dentro de dias vem para o Cuor. O que me foi dito pelo Major Pires da Silva é que há dois destacamentos que deviam partir juntos e teme-se que não haja condições para tal. Gostava que revêssemos outras possibilidades para não deslocarmos mais de 300 militares em bicha, com todas as desvantagens. Por favor, peço-lhe como seu amigo que converse comigo em particular nas próximas horas. (...)


"O Pimbas cofiava o bigode, aclarou a voz, olhou-me com estima e não escondeu as suas dificuldades:
- Ouve lá, tu até és capaz de ter razão mas o Pires da Silva tem desenhado esta operação com minúcia e está muito determinado. Faz-me o favor de não o causticares, actua como se ele tivesse razão" (...).



Releia-se outro escrito do Mário, aqui publicado no blogue (em 29 de Junho de 2006):


(...) "Soube da Tigre Vadio  em finais de Fevereiro de 1970, quando o Major de operações de Bambadinca [, Sampaio,] me convidou para um passeio numa Dornier sobre os céus do Cuor. Foi uma viagem que permitiu medir o crescimento militar e populacional de Madina/Belel e a sua ligação a Sara/Sarauol, uma enorme base do PAIGC com um hospital de campanha.

"No regresso desse prolongado voo de reconhecimento, o oficial informou-me discretamente que lá para os finais de Março eu iria revisitar Madina. Era o que menos me interessava a 15 dias do meu casamento, que se veio a realizar na Sé Catedral de Bissau, [com a Cristina Allen]. O ano tinha-se iniciado da pior maneira. Desde que, em Novembro anterior, passara a prestar serviço em Bambadinca, não havia um dia de descanso: colunas ao Xitole, correio a Bafatá, noites na ponte de Udunduma, patrulhamentos alucinantes à volta da pista, toda ela bem iluminada, operações no Xime, emboscadas, segurança nas obras do alcatroamento da estrada Xime-Bambadinca" ...


Mais recentemente, em 5 de Março de 1970, forças heli-transportadas tinham destruído vários acampamentos na área de Mamboncó, reagindo o IN com mort 60 na região de Belel durante a Op Prato Verde. Os RVIS apontavam para a existência de uma razoável, e já mal dissimulada, rede de comunicações (trilhos bem batidos) que, do Oio, permitiam fazer infiltrações de homens e material, na zona leste, através do Sector L1.

Participaram na Op Tigre Vadio as seguintes forças (num total de 300 homens, incluindo carregadores civis que transportaram 2 morteiros 81, granadas de morteiro 81 e de bazuca, ... mas alguém se esqueceu dos jericãs com o precioso líquido chamado... água!):

(i) CCAÇ 2636 (2 Gr Comb) + Pel Caç Nat 52 (Destacamento A)

(ii) CCAÇ 12 a 3 Gr Comb reforçados (Destacamento B)

(iii) Pel Caç Nat 54 + 1 Esq Mort 81 / Pel Mort 2106 (Destacamento C).




Guiné-Bissau > Região Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Missirá > 1970 > Pel Caç Nat 54 >  Uma unidade constituída por nharros, tugas e até turras!... A legenda é do açoriano Mário Armas de Sousa: " 1ª fila da direita para esquerda: do pessoal metropolitano, o primeiro sou eu, furriel miliciano Mário Armas; o terceiro é o 1º cabo Capitão; 2ª fila da direita para a esquerda: o primeiro é o soldado Amarante; o segundo é o soldado Bulo; o quinto é o furriel miliciano Inácio; o sexto é o 1º cabo Tomé; o nono é o soldado Samba; 3ª fila da direita para a esquerda: do pessoal metropolitano, o primeiro é o furriel miliciano Sousa Pereira; o quinto é o alferes miliciano Correia (comandante de pelotão); o sétimo é o 1º cabo Monteiro; o oitavo, africano, é o soldado Pucha (era guerrilheiro do PAIGC, foi capturado e ficou no nosso exército)"...


Foto: © Mário Armas de Sousa (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

O verdadeiro comandante das NT, envolvidas na Op Tigre Vadio, foi na prática o Alferes Mil Beja Santos, o nosso Mário, profundo conhecedor da região, na qualidade de comandante do Pel Caç Nat 52, agora colocado em Bambadinca. Depois do desastre da Op Anda Cá, repetiu-se a cena, com o comando do BCAÇ 2852 a querer fazer ronco, à conta dos pretos e dos açorianos... (Estava-se no término da comissão, não se quis sacrificar nenhumas das subunidades de quadrícula do batalhão, espelhadas pelo Sector L1)...


No 2º volume do seu livro de memórias (Diário da Guiné: 1969-1970: o Tigre Vadio), o próprio Mário dá a entender que esta missão terá sido uma espécie de prenda de casamento, mas envenenada… Antes de o deixarem ir a Bissau para casar, embora com baixa psiquiátrica (por ter levado uma porrada, não podia ir de férias...), o comandante do BCAÇ 2852, Ten Cor Pamplona Corte Real (que substituiu o famoso Pimbas), e o major Sampaio (que foi para o lugar do Pires da Silva), preparam-no para "o banho de sangue no corredor do Oio" (sic) (p. 271).

Quem são as forças que o comando de Bambadinca quer meter na boca do lobo, para vingar o desaire da Op Anda Cá ? Como se disse atrás, mais uma vez  "os pretos e os açorianos"...




A CCAÇ 2636, mobilizada pelo BII 18, tinha partido para o CTIG em 22/10/1969, ainda era portanto periquita (menos de seis meses de Guiné). Era comandada pelo Cap Mil Inf Manuel Medina e Matos. Passou por Có, Bafatá e Sare Bacar. Regressaria a casa em 6/9/1971. Em Março de 1970, a açoriana CCAÇ 2636 estava aquartelada em Bafatá. 

[Imagem à esquerda: Guião da CCAÇ 2636 a companhia açoriana a que pertenceu o nosso camarada João Varanda (Có/Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/70; Bafatá, Saré Bacar e Pirada, 1970/71)].

A africana CCAÇ 12, por sua vez, era comandada pelo Cap Inf C
arlos Brito, a escassos meses de ser promovido a major. Deste o fim da época das chuvas, que não tínhamos tempo para nos coçarmos... 


Desenrolar da acção:

Em 30 de Março de 1970, as forças empenhadas na Op Tigre Vadio concentrar-se-iam em Missirá (destacamento agora guarnecido pelo Pel Caç Nat 54, por troca com o Pel Caç Nat 52, comandado pelo Alf Mil Beja Santos, então conhecido como o Tigre de Missirá, que fora colocado desde Novembro de 1969 em Bambadinca).

A marcha em direcção ao objectivo (Madina e Belel) iniciou-se às 23h00.  Anteriormente, para despistar e confundir os olhos e os ouvidos do PAIGC em Bambadinca, as NT seguiram não para Finete (como seria normal), mas para Fá. Atravessaram o Rio Geba de sintex (uma cambança morosa...), e dali seguiram para Missirá.

Por falta de trilhos e por dificuldade do terreno, muito arborizado, não foi possível fazer a progressão por itinerários paralelos, como estava inicialmente previsto, pelo que o Dest B (CCAÇ 12) teve de seguir na rectaguarda do Dest C (Pel Caç Nat 52 + Esq Mort 81 /Pel Mort 2106).

Sancorlá só foi atingida três horas e meia depois, pelas 2.45h do dia 31 de Março, por dificuldades de orientação dos guias e pelas frequentes paragens no decorrer da acção.

Quase seis horas depois da partida, por volta das 4h40, fez-se uma paragem de meia hora para descanso do pessoal.

Atingir-se-ia Salà às 7h e Queba Jilã às 8h, não se tendo detectado até aqui quaisquer sinais da presença ou passagem do IN e utilizando-se sempre um antigo trilho, muito arborizado dos lados, o que impossibilitava a progressão por colunas paralelas.

Depois de um novo alto em que se entrou em contacto com o PCV [Posto de Comando Volante], as NT atingiram o início da península onde depararam, pelas 9h, com uma extensa cortina de fogo, em frente a Madina. Pediu-se então ao PCV novas indicações e orientação, uma vez que já não se podia cumprir o plano estabelecido para a batida a desenvolver em linha conjuntamente pelos Dest A e B.

Dada ordem pelo PCV para seguirem na direcção W, torneando a queimada linear feita pelo IN, as NT encontrariam um trilho muito batido no sentido N/S e na direcção de Belel.

Seguindo o trilho, iriam detectar por volta das 14h, no píncaro do calor, um acampamento IN do lado direito, composto por oito moranças de colmo e sete de adobo. O Dest A (Pel Caç Nat 52 + açorianos) tomou imediatamente posição para o assalto enquanto 1 Gr Comb do Dest B (CCAÇ 12) se dispunha de maneira a cortar a retirada ou o eventual afluxo de reforços vindos de Madina e os outros montavam à rectaguarda e à direita a fim de interceptar quaisquer fugas para Norte.

Desencadeado o assalto com bazuca, foi abatida imediatamente a sentinela e incendiadas as barracas de colmo. Como o IN reagisse com RPSH (costureirinhas) e RPG-2 enquanto iniciava a fuga para NW, foi aberto fogo de armas automáticas, dilagrama e morteiro 60.

O Dest C (Pel Caç Nat 54 + Esq Mort 81 / Pel Mort 2106), instalado na rectaguarda dos grupos de assalto,  fez fogo com os dois Mort 81, batendo a mata para onde os elementos IN se refugiaram. 
  


Os Gr Comb que montavam segurança à direita (CCAÇ 12), viram aparecer na orla da mata vários grupos fugindo para norte, pelo que imediatamente abriram fogo, tendo uma das granadas caído no meio dum grupo de 3 elementos que não mais foram vistos (sic). Numa rápida batida à orla da mata, encontraram-se muitos rastos de sangue que conduziam à mata onde o IN se internou.

Depois do assalto foram referenciados mais onze elementos abatidos e nove rastos nítidos de sangue na direcção NW, além de ouvidos gritos de dor nas imediações (segundo o relatório da Op Tigre Vadio). Na busca realizada ao acampamento, verificou-se haver numa das barracas a arder seis armas carbonizadas que pareciam ser Pist Metr PPSH. Também foi vista uma bicicleta no meio do incêndio, o que vinha comprovar a utilização por parte do IN daquele meio de transporte e comunicação no corredor do Oio.

As oito casas de colmo arderam completamente, tendo-se depois completado a destruição das sete casas de adobe, assim como de todos os meios de vida existentes. Foi impossível recolher ou capturar armamento ou munições pois o fogo ateado desenvolveu-se rapidamente, começando também a mata a arder devido ao vento que soprava.

No assalto ficou ferido o soldado Mauro Balbé (3° Gr Comb da CCAÇ 12), com um tiro no antebraço, além dum outro soldado do Pel Caç Nat 52 com um estilhaço de granada de RPG-2 no peito.

Devido ao violento ataque de abelhas que se seguiu, muito material e munições (principalmente o que era transportado pelos carregadores civis) ficaram abandonados, não tendo sido possível a sua recuperação total.

Entretanto, não se conseguiu pedir mais evacuações devida à avaria dos micros do único AN/PRC-10 que nessa altura ainda funcionava (!), nem aliás a DO e o helicóptero com o reabastecimento de água chegariam já a localizar as NT naquele dia. 



O que aconteceu nessa tarde ? Eis mais um excerto do testemunho Beja Santos, de 29 de Junho de 2009 (reproduzido, de resto, no seu livro de 2008):


(...) "Foi nessa altura que pedi um helicóptero para ir buscar água a Bambadinca. Negociámos uma clareira com o oficial aviador e, ao levantar, uma rajada estilhaçou o vidro. Ainda hoje me interrogo sobre a proveniência do fogo, e longe de mim insinuar que foi gente menos calma entre os nossos. O que interessa é que quando cheguei a Bambadinca, o Comandante [do BCAÇ 2852] perguntou-me porque é que eu deixara o teatro de operações. Olhei-o a direito e perguntei-lhe se ele sabia o que era um estado de desidratação total, desafiando-o a vir comigo...

"Lá regressei à mata cheio de garrafões, o helicóptero dançava com os vidros partidos, a ligação ar/terra não se fez e o oficial convidou-me a desembarcar com os garrafões num sítio qualquer. Perguntei-lhe se ele tinha consciência que não estávamos num filme de aventuras na selva e então levou-me até ao Xime, dizendo que regressava a Bissau e que depois da reparação me viria buscar. Até hoje. Dormi no Xime, sem nenhum êxito na tentativa de comunicar com as forças do Tigre Vadio" (...).



O helicóptero trouxe também o médico do batalhão, o Alf Mil Med Vidal nSaraiva... que acabaria por perder a boleia, de regresso a Bambadinca. Andou todo o resto da tarde, de 31, e toda a noite, do dia 1 de Abril, com a destroçada e desmoralizada tropa...


Os Destacamentos continuaram a progressão a corta-mato em direcção a Enxalé, transportando os feridos em macas (improvisadas) e amparando os elementos mais debilitados.

Devido à escuridão e à vegetação densa, os Destacamentos acabaram inevitavelmente a fraccionar-se, perdendo-se completamente a unidade de comando, enquanto o Pel Caç Nat 52 caminhava na vanguarda orientando-se pela bússola, uma vez que os guias, da inteira confiança do Alf Mil Beja Santos,  davam provas de não conhecer a zona. 



A progressão tornou-se, de resto, cada vez mais penosa devido aos crescentes casos de esgotamento físico e psicológico provocado pela marcha quase ininterrupta durante uma noite e um dia (31 de Março), e sobretudo pela terrível desidratação e pelo brutal ataque de abelhas.

Pelas 22h, as várias fracções dos Destacamentos que, embora seguissem trilho feito pelo Gr Comb que ia na frente, não tinham ligação visual ou contacto-rádio entre si, estacionaram para pernoitar a uns 8 quilómetros do Enxalé.

Reiniciou-se a marcha, ao amanhecer, a 1 de Abril, depois dos 3 Destacamentos se reorganizarem, tendo o grupo da frente atingido o Enxalé por volta das 10h da manhã, com o auxílio do PCV que orientou o deslocamento. A maior parte do pessoal, porém foi transportado de viatura a partir do cruzamento de São Belchior, depois de se ter sofregamente dessedentado com água trazida em bidões. (Assisti a cenas que julgava nunca poder ver em vida, e que são reveladoras do mais básico instinto de sobrevivência do ser humano; essas cenas inspirara-me o texto poético, já aqui publicado, O Relim Não é um Poema).


Em resultado da acção das NT, o IN sofreu quinze mortos (entre referenciados e confirmados), dez feridos confirmados e baixas prováveis, não sendo possível discriminar os elementos combatentes dos elementos pop. (Cito o relatório da operação).

Desta operação o Comando colheu os seguintes ensinamentos, conforme também consta no dito documento:

(i) A surpresa conseguida deve-se ao facto de se ter atingido o objectivo pelas 14h, hora que o IN abranda a vigilância por que sabe que as NT fazem habitualmente um alto entre as 11h e as 16h;

(ii)  Outra razão foi ter-se convencido que as NT retiravam devido à cortina de fogo que havia lançado ao capim;

(iii) Um ataque de abelhas tem pior consequências que uma flagelação, pois que naquele caso as NT entram em estado de pânico, abandonando armamento e equipamento num instinto de defesa e tornando impossível a manobra de comando.
 Faz-se por fim, para os devidos efeitos,  a transcrição da mensagem 1404/C do Com-Chefe (Rep Oper):  



COM-CHEFE MANIFESTA SEU AGRADO REALIZAÇÃO RESULTADOS OBTIDOS OP TIGRE VADIO. Fontes consultadas:


(i) Diário de um Tuga, de Luís Graça. Manuscrito.

(ii) História da Companhia de Caçadores 12 (CCAÇ 2590): Guiné 1969/71. Bambadinca: CCAÇ 12. 1971. Cap. II. pp. 28-29.Policopiado

(iii) História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Policopiado

(iv) Santos, Mário Beja - Diário da Guiné: 1969-1970: o Tigre Vadio. Lisboa: Círculo de Leitores / Temas & Debates. 2008. 

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