sábado, 22 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10420: Meu pai, meu velho, meu camarada ( 32): Luís Henriques (1920-2012) evoca, em entrevista gravada em 10 de março de 2010, os sítios onde passou 26 meses, na ilha de São Vicente, em plena II Guerra Mundial: Mindelo, Lazareto, Matiota, São Pedro, Calhau...


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 > "No dia15 de Fevereiro de 1942, os três amigos íntimos [,da direita para a esquerda,] Luís Henriques, António F. Delgado e José Leonardo... os três bigodinhos querem é dizer que têm bigode... invisível!... [Eram três 1ºs cabos inseparáveis, todos da mesma companhia e


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 > "Num dos funerais que cá se realizou , ao passar nas salinas (?) em São Vicente. 1942. Luis Henriques"




Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 > Parte da festa do 1º de dezembro de 1941. Corrida de cavalos. Lazareto, São Vicente, Cabo Verde. Luis Henriques"


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 > "Uma das partes mais brilhantes do programa da festa da restauração: a ginástica. No dia 1 de dezembro de 1941. Lazareto, São Vicente, Cabo Verde. Luis Henriques"


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 > "Duas secções em diligência. No paiol, São Vicente, novembro de 1941. Luis Henriques".



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > RI 23 > Calhau > Janeiro de 1942 > Um amigo do Fundão, no verso pode ler-se a seguinte dedicatória: "Ofereço ao meu amigo [Luis Henriques] com verdadeira amizade, esta fotografia em Cabo Verde. Seu amigo António João Abel, 1º cabo nº 267/41, RI 15"... Ao fundo, vê-se o "jardinzinho", no Calhau,  a que o Luís Henriques se refere nesta entrevista abaixo...






Lourinhã, cemitério local, 22 de setembro de 2012 > A lápide de Luís Henriques, homenagem de seus filhos, netos e bisnetos.

Fotos: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




Lourinhã > 20 de março de 2010 > Luís Henriques (1920-2012), ex-1º cabo  inf  nº 188/41, 1º Pelotão, 3ª Companhia, 1º Batalhão, Regimento de Infantaria nº 5 (Caldas da Rainha). Esteve no Mindelo, Ilha de S. Vicente, Cabo Verde, entre Julho de 1941 e Setembro de 1943. Neste episódio, evoca alguns dos sítios da ilha por onde passou ou que conheceu: Mindelo, Lazareto, Matiota,  São Pedro, Calhau, Monte Verde, Monte Cara... Na época ainda estava longe de ser mundialmente famosa a praia da Baía das Gatas... Fala também das duras condições de vida na illha, responsável por dezenas mortes entre o pessoal do RI 23...

Vídeo: 13' 02'. © Luís Graça (2012). Alojado no You Tube > Nhabijoes




Mapa da ilha de São Vicente (Cortesia de Wikipédia):   A azul, assinalam-se alguns dos topónimos aqui referidos na entrevista dada por Luís Henriques, em 10 março de 2010. Morreu em 8 de abril de 2012, sem nunca ter voltado a São Vicente, ilha de que falava com muito afeto...

(...) São Vicente (em crioulo: Sanvicente ou Soncente) é a segunda ilha mais populosa de Cabo Verde, localizada no grupo do Barlavento, a noroeste do arquipélago. O canal de São Vicente separa-a da vizinha ilha de Santo Antão. O Aeroporto Internacional Cesária Évora localiza-se a sul da cidade do Mindelo, o principal centro urbano da ilha e segunda maior cidade do país, onde se concentra grande parte da população da ilha que no seu todo conta com 74.136 habitantes. Mindelo é frequentemente considerada informalmente a capital cultural de Cabo Verde

A ilha, de aspecto seco e árido, tem na pesca, no turismo e na exploração do seu movimentado porto de mar ― o Porto Grande ― as suas principais fontes de receita.  São Vicente tem muitos pratos típicos, muitos deles tendo o marisco por base. Para além da célebre "cachupa", pontificam o "arroz de cabidela de marisco à Dadal" e o "guisado de percebes".

São Vicente é também conhecida pelo Festival de Música da Baía das Gatas ― realizado no primeiro fim-de-semana de lua cheia do mês de Agosto ― e por ser a terra natal da célebre cantora Cesária Évora " (...).


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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10284: Meu pai, meu velho, meu camarada (31): Expedicionários em Cabo Verde, mortos entre 1903 e 1946 e inumados nas ilhas de São Vicente e Sal (Lia Medina / José Martins)

Guiné 63/74 - P10419: Do Ninho D'Águia até África (11): Zarco, o combatente (Tony Borié)

1. Continuação da narrativa "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177.


Do Ninho D'Águia até África (11)

Zarco, o combatente!

O dia, é de calor infernal, húmido e abafado.
A população no aquartelamento cresceu.
Há grande movimentação de militares.

Chegam tropas da capital da província, onde vem parte de uma companhia de Pára-quedistas, onde vem o Zarco, amigo do Cifra. Um grupo de comandos especiais, que se tinha há pouco formado na capital da província, com elementos africanos, comandados por um capitão que tinha sido promovido a este posto por actos de bravura, em combate, não por frequentar a academia militar ou a universidade. O Cifra reparou neste capitão, aliás, todos repararam, pois chegou ao aquartelamento, sozinho conduzindo um jeep, quando saltou para o chão o jeep ainda rodou por uns segundos, até que parou. Trazia um camuflado, já coçado, justo ao corpo e curto, mangas muito arregaçadas, um emblema dos Comandos um pouco grande ao peito, quase em cima do bolso, o Cifra não se recorda se tinha umas luvas pretas nas mãos e um lenço amarelo ao redor do pescoço, mas parece que sim, umas botas de cabedal, pretas, altas com muitos fios de cor branca, a ataremnas, e muito bem engraxadas, luziam mesmo. O cinto caído de um lado, onde estava uma pistola, usava na cabeça uma boina vermelha de lado e uns óculos de aviador escuros, onde não se viam os olhos.

Diziam que era um puro guerreiro, talvez um louco, quem sabe. Até se dizia que esse capitão tinha apostado que, por “vinte pesos”, ou seja vinte escudos, sozinho, com um jeep com o tanque cheio de gasolina, uma pistola e uma granada no bolso, era capaz de ir até ao norte da província, até à fronteira, e regressar vivo e sem nada lhe acontecer.
Podia ser verdade, mas parecia, incrível. E alguns diziam: - Melhor que isto, só uma película do John Wayne!.

Também chegou um batalhão de artilharia que tinha chegado há pouco à província, e que faria o seu baptismo em combate.

Os helicópteros trazem pessoas importantes. Parecem importantes, pois trazem vestido camuflados novos, mas têm cara de velhos, alguns com cabelos já brancos. Também trazem preso no cinto uma pistola dentro de um coldre, e outro objecto que parece ser uns binóculos, tudo muito limpinho, um, também trás uma máquina de filmar, ou câmara fotográfica, o Cifra não recorda, mas parecia máquina de filmar, pois esse militar gesticulava com os braços, mandando as pessoas saírem da frente, e colocava-a na cara por alguns segundos, e depois dava a uma manivela falando um pouco mais alto que o normal, parecendo ser o lider.

Anda pó no ar, respira-se o ar quente e húmido que entra nas narinas, e faz as pessoas, transpirarem e molharem o camuflado.

Os militares de acção andam aflitos e na expectativa, não há alojamento para tanta gente, ocupam quase toda a área do aquartelamento, dão-se dois passos e tropeça-se em qualquer coisa. Há muito lixo pelo chão. O cheiro a gasóleo, dos motores das viaturas, que não param de trabalhar, sufocam. Há outro cheiro esquisito, que deve ser das fardas de camuflado novas, dos soldados do batalhão de artilharia.

Enfim, é um pandemónio nesse fim de tarde, que se prolonga por toda a noite.

O Zarco pede água ao Cifra, talvez lembrando a água pura e cristalina que bebia na montanha, donde era oriundo em Portugal.
- Por favor, dá-me água, só água, mais nada.

Os lábios estão secos, os olhos fixos em qualquer coisa que ninguém sabe o que é. Naquele momento o Cifra não reconhece o amigo, alegre e descontraído, que costumava ser o Zarco, quando o visitava na capital da província, e até recordou uma dessas visitas em que se juntou um grupo de amigos, num sábado à tarde, e se bebeu um barril de vinho, roubado no quartel que no final, para não haver vestígios, foi queimado.

O Cifra caminha por entre todo este pandemónio, que neste momento é o seu aquartelamento, cheio de receio, pois vê tantos militares, tantas armas e outro material bélico, que até lhe dão umas náuseas, que deve ser do receio que sente, e tem que por as mãos na boca algumas vezes, para não vomitar, pois, como os leitores já sabem, o Cifra é um razoável militar, mas um fraco guerreiro e nunca se sentiu confortável em zona de conflito.

Na madrugada do dia seguinte começam a sair do aquartelamento. Todas as unidades militares abandonam a área do aquartelamento, quase ao mesmo tempo, é um comboio de viaturas. Os helicópteros fazem um ruído ensurdedor, levantando pó, folhas e lixo.

(O relato de acção que se segue, foi descrito por alguns intervenientes, principalmente o Zarco, amigo do Cifra, e confirmado pelos relatórios que chegavam à mão do Cifra, passou-se mais ou menos isto, poderá haver erros de descrição, o que, se alguns intervenientes, ainda vivos, souberem, por favor expliquem com mais pormenores, esta operação decorreu na região do Oio, em princípios de 1965, talvez Fevereiro ou Março, e o objectivo creio que era base de “casas mato”, em Morés, ou nas proximidades de Morés, e sairam do aquartelamento de Mansoa).

Avançam no terreno por algum tempo da manhã.

Deixam os militares no local, que entendem que é ideal, e as viaturas regressam, com algumas forças, só para manterem segurança, ficando a uns quilómetros do aquartelamento onde existe um pequeno posto avançado, junto a uma ponte de um pequeno rio. A missão deste conjunto de tropas era a destruição de uma importante base de guerrilheiros que controlava, há já bastante tempo, determinada zona.

Quando estão próximo do que julgam ser o objectivo, um avião, vindo da capital da província, passa rasteiro, largando umas bombas que normalmente continham napalme, o pelotão de morteiros, já posicionado, lança algumas granadas.

Não se ouve um só tiro de resposta.

Os guerrilheiros do acampamento inimigo, a tal base, que normalmente era um acampamento disfarçado de aldeia, a que os informadores dos militares chamavam “casas de mato”, por vezes com vários túneis, onde até havia compartimentos, e onde normalmente todo este cenário estava localizado debaixo de frondosas árvores para não se ver do ar. Os guerrilheiros, avisados de todo aquele aparato militar, tinham abandonado essa base, com quase todo o equipamento, e tinham-se deslocado para outro local, um pouco mais ao sul, cobrindo diferentes áreas, no terreno, próximo e por trás de onde se encontravam neste momento as forças militares.

Passado pouco tempo de o avião passar, largando as bombas, e de o pelotão de morteiros ter lançado algumas granadas, a retaguarda das forças militares posicionadas no terreno, começam a ser flagelados por granadas de morteiro, em diversas direcções.

Enquanto as forças militares se posionam de novo, sofrem pelo menos dois mortos, nos soldados do batalhão de artilharia, que por alguma inexperiência se expuseram. Pedem ajuda do avião que demora uma eternidade, pois tinha que ser de novo abastecido na capital da província.

Os guerrilheiros, com experiência em guerrilha, disparavam granadas de morteiro de diferentes direcções, assim como rajadas de metralhadora. Era um ataque às forças militares de pura guerrilha, género de dispara e foge, mas de diferentes áreas ao mesmo tempo.

Os comandos, do tal capitão, as tropas pára-quedistas e alguns militares de acção, já com alguma experiência e mais corajosos, avançam de arma em punho, tentando abrir algumas clareiras, fazer algumas baixas nos guerrilheiros, ou fazendo-os recuar, mas era difícil, mesmo muito difícil, pois não os viam, nem sabiam onde estavam localizados. Os guerrilheiros conheciam o terreno, disparavam de diferentes direcções e movimentavam-se rápido, com eficácia. Tinham também alguma organização, eram muitos, tinham boas armas, conheciam a área onde actuavam e usavam o género de guerrilha traiçoeira de dispara e foge, cobrindo-se sempre uns aos outros.

Os oficiais, no terreno, sabiam que era uma questão de tempo, sabiam o género de guerrilha que o inimigo usava e sabiam que passado pouco tempo, iria recuar para outras áreas. Os militares já tinham algumas baixas. Os helicópteros tinham regressado ao aquartelamento com as tais pessoas importantes, pois só deviam ter ido à zona do conflito, talvez para analizarem o local, ou tirarem fotografias, e estavam estacionados no aquartelamento, com as hélices a trabalhar em movimento lento, mas a levantarem algum pó e lixo, e não deslocariam tão depressa, pois o tiroteio continuava intenso no local do conflito.

Mas voltando à zona de combate, o Zarco, num ascesso de fúria e raiva, sai com o seu grupo em direcção a certa área de onde vinham constantes disparos que já tinham feito um morto. Vai de arma em punho, disparando debaixo de fogo. Três elementos do seu grupo são atingidos e caiem. Ele ainda não foi atingido, atira-se ao chão, o fogo é cerrado, não o deixa levantar. Um do seu grupo grita com dores, com parte do estômago destroçado por rajadas de metralhadora.

Os tiros abrandam.

O Zarco rasteja até ao colega do seu grupo com o estômago destroçado, que lhe pede, aos soluços, deitando algum sangue pela boca:
- Por favor, Zarco dá-me um tiro na cabeça e termina comigo, pois não suporto mais a agonia destas malditas dores. Pega nele conforme pode, corre para trás, onde pensa que se encontra a barreira das tropas, anda por algum tempo sem orientação, com o corpo do companheiro ferido às costas, que continua a pedir-lhe para o matar e acabar com aquela agonia insuportável. Por fim chega junto da tropa, com os olhos chorosos e vermelhos de fúria e raiva, a boca seca, o corpo curvado com o peso do companheiro nas costas, banhado em sangue e sem vida. Quando poisou o corpo do companheiro no chão, verificou que este lhe tinha salvo a vida, pois estava com várias balas de metralhadora, alojadas nas costas, servindo-lhe de escudo durante a fuga para junto das forças militares.

Chega o avião de novo, que orientado por alguém com poderes para isso, usa o telefone do Trinta e Seis, o tal soldado telegrafista, baixo e forte na estatura, a quem o Curvas alto e refilão obedecia e não refilava, que com uma calma fora do normal, diz, referindo-se à área onde pensa que se encontram os guerrilheiros:
- Larga as bombas, aí, incendeia essa área, onde estão esses filhos da puta, que isto vai terminar já!

Tal como ele disse, passado uns minutos, deixou de se ouvir tiros, tudo isto, muito antes do anoitecer, pois os guerrilheiros, possívelmente, com algumas baixas, deslocaram-se para outras áreas. As forças militares recolheram os mortos, chamaram os helicópteros para transporte dos feridos mais graves para o hospital da capital da província, e as viaturas regressaram ao aquartelamento antes da noite.

A base foi destruída, tendo sido capturado algum material bélico dos guerrilheiros. Soube-se mais tarde que as forças militares fizeram dezenas de mortos nos guerrilheiros e que estes os vieram buscar ao terreno durante a noite. O batalhão de artilharia, que tinha chegado há pouco à província, teve o seu baptismo em combate, com alguns mortos, que era um dos principais objectivos dos guerrilheiros, para desmoralizar os restantes militares do referido batalhão.

Diziam, mas não fazia parte de qualquer relatório, que foram os comandos do tal capitão e as tropas para-quedistas, juntamente com alguns militares de acção, mais corajosos, que salvaram o batalhão de artilharia, de não ter dezenas de mortos. Até diziam que o tal capitão, debaixo de fogo, falava em código e por sinais para os seus comandos e que tinha um sangue frio e eficácia nos movimentos, como se estivesse num ambiente calmo, e não no meio de um terrível conflito.

Talvez não fosse verdade, mas dizia-se.

O Zarco foi condecorado com a medalha de cruz de guerra, por valentia em zona de combate, por altura do dia dez de Junho, no Terreiro do Paço, em Lisboa.

O Curvas, o tal soldado alto e refilão, foi ferido com estilhaços de granada de morteiro numa perna, de um lado, mas recusou-se a ser evacuado para o hospital da capital da província, recebeu tratamento no aquartelamento, vindo a tirar os estilhaços só quase no final da comissão.

Mais tarde foi louvado e condecorado, juntamente com o Setúbal, no meio do aquartelamento, perante todos os militares, numa história, que mais para a frente contaremos.

Às vezes o Curvas alto e refilão, dizia, referindo-se a esta operação de destruição, da base dos guerrilheiros:
- Pareciam o diabo, pareciam fantasmas, estavam sempre por trás, ou onde nós não os podíamos ver, porque se eu os visse, matava-os a todos!

O Cifra não mais teve notícias do tal capitão, chefe do grupo de comandos especiais, mas pelo desenvolvimento que a guerra tomou, na referida província, ou morreu em combate, ou deve ter chegado a general.
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Nota de CV:

Vd. postes anteriores da série de:

21 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10177: Do Ninho d' Águia até África (1): Mobilização e partida para um Comando de Agrupamento (Tony Borié, ex-1º cabo cripo, Cmd Agrup 16, Mansoa, 1964/66)

 24 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10190: Do Ninho d'Águia até África (2): Montando o Centro de Cripto (Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripo, Cmd Agrup 16, Mansoa, 1964/66)

 31 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10212: Do Ninho d'Águia até África (3): Uma pausa para reflectir, guerra é guerra (Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripo, Cmd Agrup 16, Mansoa, 1964/66)

 4 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10225: Do Ninho d'Águia até África (4): No aquartelamento, quase em final de construção (Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripo, Cmd Agrup 16, Mansoa, 1964/66)

13 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10260: Do Ninho d'Águia até África (5): Em cenário de guerra deixas de ser tu (Tony Borié)

21 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10285: Do Ninho d'Águia até África (6): Apanhado pelo clima (Tony Borié)

6 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10336: Do Ninho d'Águia até África (7): O abastecimento ao aquartelamento (Tony Borié)

11 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10365: Do Ninho d'Águia até África (8): O "Arroz com pão" (Tony Borié)

 15 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10388: Do Ninho d'Águia até África (9): Orquídea Negra da lama da bolanha (Tony Borié)
e
18 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10403: Do Ninho D'Águia até África (10): Minas na estrada (Tony Borié)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10418: Blogoterapia (217): Mário Tito, aliás, Mário Serra de Oliveira, camarada da diáspora, está disponível, em 27 de outubro, no lançamento do seu livro, ou então na 1.ª quinzena de novembro, para estar com os camaradas de cá, para "papiar crioulo" e "parti mantenha e lembra tempo di tuga"

1. Comentário do Mário Tito, aliás, Mário Serra de Oliveira (, camarada da diáspora, que vive nos EUA), ao poste P10376:

Amigos Guineenses e Camaradas ex-combatentes:

Com um abraço fraterno a todos, gostaria de solicitar "dicas" de locais onde poderei confraternizar com o pessoal da Guiné, durante a minha curta estadia em Portugal - 25 de Outubro a 20 de Novembro - durante a qual terei alguns dias ocupados mas na maioria livres.

Vejamos:

(i) Chego a Lisboa a 25 de manhã;


(ii) seguirei para a minha aldeia  o Alcaide (Fundão);

(iii) regresso a Lisboa no dia seguinte para ultimar pormenores com editora do meu livro - PALAVRAS DE UM DEFUNTO, ANTES DE O SER - cujo lançamento será dia 27;

(iv) Dia 28 vou ao Luxemburgo e regresso dia 31, seguindo novamente para a minha aldeia;

(v) Depois disso, sou "todo vosso" e do pessoal da Guiné que acaso estejam disponíveis para "papiar crioulo" e "parti mantenha e lembra tempo di tuga";

(vi) até dia 14 de Novembro...

(vii) porque, dia 16-17-18, é a festa dos míscaros (cogumelos) na minha aldeia onde vou estar novamente a tentar vender alguns livros;

(viii) convido a todos que possam visitá-la, porque segundo consta é muito bonito; eu nunca lá estive; só consta que, no ano anterior, visitaram a aldeia cerca de 30 mil pessoas.

Assim, aqui fica o convite. Mário.


2. Mensagem, de hoje, do Mário Tito, a propósito de comentário do editor L.G. ao poste P10413, sobre os topónimos da Guiné do nosso tempo com mais "marcadores" no nosso blogue (Guileje e Bambadinca, à cabeça, com mais de 350, à frente de Bissau (270), Mansoa (270), Nhacra (220), Bafatá (190),Nova Lamego/Gabu (190), Mampatá (190), Gadamael (180), Mansambo (180), Bula (180), Buba (170), Xime (170), Teixeira Pinto/Canchungo (170) Guidaje (160), Bissorã (160), Mansabá (160), Catió (160), Galomaro (150), Gandembel (140), Missirá (120), Xitole (110), Farim (100)...

Prezado Camarada L. Graça:

Ainda bem que a frase final, ilumina a questão que se me pôs na minha c.c.c., quando li Bissau na lista dos "top ten".


Não dei um salto mas tive um sobressalto, assim como que uma reacção de antecipação - coisa que tem faltado há muitos anos - aos jogadores do Sporting, clube do qual o meu infortúnio de inclinação desportiva me condenou até à morte. Raios partam a minha sorte!... Não me poderia ter calhado pelo menos o Sporting da Covilhã - a 17 Km da minha Aldeia mas a milhas do meu coração?

(...) Bem, já (...) me desviei do que ia a dizer sobre Bissau: Então se eu estive ali quase 15 anos e nunca senti o "quentinho" dos "gafanhotos" tracejantes e luminosos durante a noite... como é que Bissau figurava (essa era a minha questão inicial, quando me sobressaltei, ao fim destes anos todos, quando, só por ler, uma referência a Bissau estar) entre os 10 mencionados locais.

Bem me parecia que era só por uma questão de estatística do que de outra coisa.

Verdade se diga, há que delimitar um perímetro de efectividade de zonas "quentes"... diria eu que... durante a maior parte do tempo, teria que se considerar mais uma meia-lua circular à volta de "Biombo Cumerú", como zona mais ou menos segura na parte interior da meia-lua e, a partir dali, no lado exterior da meia-lua, já "cheirava a cacimbo".

Honra seja feita a todos os que estiveram na parte de fora da "meia-lua".

Bem, não levem a mal pela "laracha". É só para tentar divertir-me, tal como me tenho divertido - hoje mais uma vez - com os resultados do Sporting. Aleluia... que não perderam!

Abraço a todos.
Mário Oliveira.

1.º Cabo Amanuense 262 da BA12 - 67/68 (residente em Bissau até Agosto de 1981).
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Nota do editor;

Último poste da série > 12 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10372: Blogoterapia (216): As amizades são para serem vividas (José Câmara / Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P10417: Passatempos de verão (14): Composição fotográfica CCAÇ 2317 - Pioneiro de Gandembel (Joaquim Gomes Soares)

1. O nosso camarada Joaquim Gomes Soares (ex-1.º Cabo da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835, Gandembel / Ponte Balana, 1968/70), em mensagem do dia 19 de Setembro de 2012, mandou-nos esta composição fotográfica para publicação no nosso Blogue:


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10407: Passatempos de verão (13): Lorde Byron e o cerco de Missilonghi (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P10416: Notas de leitura (407): O Corredor de Lamel - 68 Guiné 69 - de Guilherme Costa Ganança (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Julho de 2012:

Queridos amigos,
Aqui temos o segundo ano da comissão de Gabriel Silva, o alter-ego de Guilherme Costa Ganança, que andou por Contuboel, Bula, Cabedú, Catió e Farim.
Guarda recordações impressivas dessa região próxima do Cantanhez e do corredor de Lamel. Paira sobre a narrativa o espectro de um comandante de companhia profundamente estimado e morto em combate. Atravessa toda a sua prosa as cartas para a madrinha de guerra, os seus sonhos, uma profunda inocência. Quem previu que a literatura da guerra colonial se finara, exausta, tem aqui a prova em contrário, os sexagenários revelam uma impressionante capacidade para pôr a limpo as suas memórias. E Guilherme Ganança está longe de ser um escritor solitário.

Um abraço do
Mário


O Corredor de Lamel

Beja Santos

Guilherme Costa Ganança combateu na Guiné entre 1967 e 1969. No ano passado editou “Do Cacine ao Cumbijã, 67 Guiné 68” (Chiado Editora 2011). Escreveu-se na oportunidade que se tratava de um livro autobiográfico, narra a vida de Gabriel Silva a chegar ao Funchal, já promovido a aspirante, da Madeira irá para o campo de instrução militar de Santa Margarida para formar uma companhia de intervenção com destino à Guiné. Em 28 de Outubro de 1967, vindo de Tomar, embarca no Uíge, Gabriel Silva faz parte da companhia 78081 comandada pelo capitão Germano Neves. Segue-se o período de adaptação, Silva começa a escrever às madrinhas de guerra, precisa febrilmente de companhia. Faz o batismo de fogo na região de Caresse, uma operação que moralizou a sua unidade. Findo o treino operacional seguem para Bula onde participam na operação Bolo-Rei, na região de Choquemone.

O primeiro ano da comissão passa-se essencialmente em Cabedu, entre Cacine e o Cumbijã, estão perto do Cantanhez onde o PAIGC se posiciona nos locais de Catifine e Cafal, Cabanta e Catesse. Gabriel Silva está à frente de um pelotão que dispõe de uma maior capacidade ofensiva, “os corsários”. Em 16 de Fevereiro de 1968, tem lugar uma operação fatídica, Germano Neves morre em combate. A apreciação então feita é de que se tratava de uma obra asseada, marcadamente autobiográfica, com descrições minuciosas, via-se claramente que o autor reposicionava a sua prosa pela inocência do seu olhar a partir da Madeira, servia-se das suas madrinhas de guerra como confidentes da sua vivência em Cabedu.

Acaba de ser editado “O Corredor de Lamel, 68 Guiné 69”, romance histórico, por Guilherme Costa Ganança (Chiado Editora, 2012). A companhia 78081continua em Cabedu, companhia órfã, entrega aos alferes, sargentos e furriéis, em finais de Março retoma-se a atividade operacional, volta-se ao Cantanhez e arredores, são patrulhamentos sem danos, não se encontra o inimigo. O alferes de minas e armadilhas vai colocando engenhos explosivos e instala uma rede de minas e armadilhas nos acessos. E fica provado que grupos inimigos acionaram tais engenhos, deixam marcas eloquentes de sangue. No aquartelamento processa-se a construção de novos abrigos e a reparação dos existentes. Também em Abril terá lugar um patrulhamento até à Península de Cassacunda, haverá troca de tiros quando se detetou um grupo de guerrilheiros, capturou-se um guerrilheiro, uma mulher, uma espingarda e objetos que o inimigo abandonou na sua retirada apressada. O guerrilheiro foi levado prontamente para Bissau, tratava-se de alguém que tinha recebido instrução militar na Argélia e era responsável pela logística do Cantanhez.

Gabriel Ganança optou por uma prosa muito sóbria, terra a terra, é uma linguagem descarnada, não há perdas de tempo para descrições opulentas, só cede à emoção quando narra acidentes brutais, caso de uma descarga que eletrocutou o soldado Nestor Pimenta, aí a descrição aviva-se dá-se corpo aos sentimentos dos camaradas que estão em profunda mágoa, consternados. Spínola visita estas tropas que continuam metodicamente a patrulhar à volta do Cantanhez e por vezes com sucessos. Determina a sua transferência para Catió: “Ali, era apenas mais uma companhia no meio do batalhão comandado por um tenente-coronel, a quem eram devidos todos os agradecimentos (…) a vila de Catió, plana e bem desenhada, albergava 5 mil habitantes. A zona central, onde se encontravam os estabelecimentos comerciais que abasteciam a região, era constituída por edifícios sólidos, caiados de branco e aspeto razoável. Em volta da vila, existiam núcleos dispersos de gente nativa. As tabancas de Cudocó, Cubaque e Canchumane, encontravam-se arrasadas pela guerra. Pouco tempo depois, Spínola havia de engendrar um plano de reordenamento do território. Visava concentrar recursos e melhorar a sua eficácia. A tabanca de Cumebú, que ficava perto do rio Ganjola, seria transferida para junto da vila e a de Quibil anexada ao ilhéu de Infanda. A 78081 tinha de contar com o perigo das matas de Cubaque, Canchumane, Cufar e Camaiupa, atravessadas pelas estradas que ligavam Catió a Cufar. Era um território apetecido para atividade inimiga”. O comandante do batalhão entregou-lhes um mapa de circuitos que deviam ser patrulhados diariamente. São patrulhamentos por vezes muito duros, como uma ida à mata de Cabolol onde conheceram uma sede tremenda, como o autor explica: “A chuva parou, de súbito, e as pequenas poças que se criaram no chão pareciam limpas, quase transparentes. Gabriel olhou-as, ávido, e sentiu as securas de uma sede insaciável. Eram toalhas finas de água, tão delgadas que não podiam recolhe-las com a concha da mão. Teve sorte. O ramo mais baixo de uma árvore estendeu-lhe as folhas verdes, bem na frente do seu rosto. Pegou numa delas, curvou-a, e de joelho no chão, foi recolhendo pequenas porções do líquido precioso”.

Gabriel Silva vai conhecer o tenente João Bácar Djaló que vivia em Príame, descreve-o como um nativo de porte arrogante, senhor de muitas mulheres e de muitas bolanhas. Em Julho chega o novo comandante da companhia, Luciano Barbosa. Cedo há de perceber que a sombra de Germano Neves ainda paira sobre a companhia, pretende impor-se através do seu estilho, dar-se-ão choques, nem sempre fáceis de amortecer. Depois vão à ilha do Como, o comando-chefe decidira o abandono do aquartelamento de Cachil, a brigada de sapadores fará explodir tudo que não pudera ser retirado. Seguem-se férias na Madeira. No regresso, apercebe-se que Luciano Barbosa pretende punir dois soldados do seu pelotão, Gabriel procura negociar e garante contrapartidas, os soldados pedirão desculpas. Gabriel começa a escrever à irmã do padre Honório, o capelão de Catió, o leitor será inteirado do conteúdo destas missivas, o alferes está profundamente só, quer companhia a todo o custo. “Os corsários” estão numa grande exaustão, são transferidos para Cabedú, é quase um tempo de pasmaceira. Em Fevereiro, a 78081 recebe ordem de marcha para a zona de Farim, acabou-se o tempo entre Cacine e Cumbijã, vão conhecer o corredor de Lamel, a importância do corredor deve-se à utilização feita pelos guerrilheiros que o utilizam a partir do Senegal até às suas bases que ficam a Sul do Rio Jumbembem. Ali à volta estão os quartéis de Jumbembem, Cuntima, Binta e Guidage. É nesta altura que Gabriel toma a decisão de estudar matemática e física, quer ingressar no curso de engenharia, aspira ser engenheiro eletrotécnico. Aliás, passará as suas segundas férias em Bissau dedicado ao estudo. Em Farim, o capitão Barbosa quase que será linchado por soldados, depois de ter usado uma linguagem insultuosa. A companhia está instalada em Nema, não muito longe do Oio. Serão flagelados, a companhia anda desatinada, o fim da comissão nunca mais chega. Estamos em Junho de 1969, a atividade no corredor de Lamel entrara numa rotina enfadonha, as brigas repetem-se, ameaças de levantamento de rancho, de punições. Aqui e acolá, há mortes por acidente ou em combate.

E chega o anúncio da partida. Em fins de Agosto, chegam a Lisboa, vão até Tomar, a unidade mobilizadora, a guerra acabou, fica a nostalgia das últimas despedidas. Vai até ao Funchal, consegue uma bolsa de estudo, cumpre o sonho da sua vida, entra no Instituto Superior Técnico, toda aquela ansiedade descrita abundantemente na correspondência com as madrinhas de guerra vai-se extinguindo. Gabriel faz-se engenheiro, muitos anos mais tarde sente o impulso de passar a escrito aqueles tempos da Guiné. Ao fim de mais de 40 anos, publicou as suas memórias. Gabriel Silva agora é mesmo Guilherme Costa Ganança. Sente-se feliz por relatar episódios determinantes da sua vida, vivências de uma idade em que os seus sonhos correram risco de não se concretizar. Temos aqui obra asseada, despretensiosa, alguém que se sentiu impelido a partilhar a sua inocência e até a sua comunicação com as madrinhas de guerra. E não esquece a sua padroeira a quem sempre pediu proteção e que o premiou com a vida e a realização pessoal e profissional.
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Notas de CV:

Guilherme Gabriel da Costa Ganança foi Alf Mil da CCAÇ 1788/BCAÇ 1932, Cabedú, Catió e Farim, 1967/69 e faz parte da nossa tertúlia desde 22 de Julho de 2012

(*) Vd. poste de 3 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8850: Notas de leitura (282): Do Cacine ao Cumbijã, 67 Guiné 69, de Guilherme da Costa Ganança (Mário Beja Santos)

Vd. último poste da série de 20 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10411: Notas de leitura (406): O conflito político-militar na Guiné-Bissau (1) (Francisco Henriques da Silva)

Guiné 63/74 - P10415: Agenda cultural (214): O festival Todos'12: Este fim de semana, no eixo Poço dos Negros: Os sabores, os cheiros, as cores, as gentes, a música da Guiné-Bissau, Cabo Verde e outros países lusófonos



A quarta edição do festival Todos' 12  – Caminhada de Culturas (*) começou a 14 de setembro e acaba este fim de semana, no domingo,  23. Este ano, e  pela primeira vez, centrou-se no eixo Intendente-Poço dos Negros, duas zonas da cidade marcadas, ao longo da história, pela coexistência das mais desvairadas gentes.. Esta semana, as actividades (culturais, incluindo a gastronomia, a fotografia e a música) concentram-se nas ruas de S. Bento,  dos Poiais de S. Bento e da Cruz dos Poiais, no eixo do Poço dos Negros (**). 


Foto (da autoria do grande fotógrafo português Luís Pavão) e elementos informativos retirados do cartaz e programa do Todos'12... (Com a devida vénia)

Dia 22 de setembro de 2012, sábado [, destaques da responsabilidade do editor L.G.]


GASTRONOMIA

[Timor / Guiné-Bissau / Cabo Verde / São Tomé e Príncipe]

Preço: 6€ | sujeito a inscrição prévia para festival.todos@gmail.com ou 96 637 4388/ 91 414 4311

(i) O GOSTO DE TIMOR com Dina

22 e 23 de Setembro, das 12h00 às 15h00

Biblioteca Municipal Por Timor, Rua de São Bento 182-184

Uma mostra de gastronomia timorense, onde é apresentada uma refeição para dias especiais. Dina, timorense de alma e de coração, desde cedo defendeu o seu país na procura de um futuro melhor. Esteve à frente da Organização Popular de Mulheres Timorenses e sofreu na pele as agruras da sua luta pela liberdade. Foi prisioneira das forças indonésias e vive hoje em Portugal, sonhando com um Timor-Leste novo, cheio de futuro. Neste dia partilhará connosco uma das riquezas do seu país – a gastronomia.

(ii) COZINHA DA GUINÉ BISSAU com Nina Codé

22 de Setembro, das 13h00 às 15h00

Centro InterculturaCidade, Travessa do Convento de Jesus, 16 A

Nina escolheu o Caldo de Chabéu (fruta, óleo de palma, beringelas, tomates, cebolas, alhos, quiabos e galinha) para este almoço Guineense.
(iii) CACHUPA E CONVERSAS com Domingos de Brito

22 de Setembro, das 20h00 às 21h30

Restaurante Tambarina, Rua Poiais de São Bento 85

A Cachupa será servida com um acompanhamento especial: a companhia de um caboverdiano, um amante do encontro entre pessoas.

(iv) COMIDA LEVE-LEVE com Sofia Pinto

22 de Setembro, das 20h00 às 21h30

Centro InterculturaCidade, Travessa do Convento de Jesus, 16 A

Calulu de peixe e Angú de banana farão as delícias desta refeição cheia de explicações sobre a culinária de São Tomé e Príncipe.

CONCERTOS ÍNTIMOS

(v) OFICINA DE MÚSICA DE MOÇAMBIQUE Projecto Kudonde

22 de Setembro, das 19h00 às 20h00

Centro Interculturacidade, Travessa do Convento de Jesus, 16A

Dirigida por Malenga, instrumentista e compositor moçambicano, esta oficina funciona em regime aberto e nela participam músicos de vários países.

(vi) CONCERTOS ÍNTIMOS DA ORQUESTRA TODOS

BE|BEL

22 de Setembro, às 21h30, às 22h00 e às 22h30

Rua de São Bento, 107

Com Max Lisboa (voz e guitarra – Brasil), Gueladjo Sané (dunduns e djembé, Guiné Bissau) e Johannes Krieger (trompete – Alemanha) 


(viii) RESTAURANTE TAMBARINA

22 de Setembro, às 21h30, às 22h00 e às 22h30

Rua dos Poiais de São Bento, 85

Com Danilo Lopes da Silva (voz a guitarra – Cabo Verde), Susana Travassos (voz – Portugal)  e João Gomes (teclados - Portugal/Moçambique)

 OUTRAS ATIVIDADES

(ix) RETRATO CRIOULO EM MOVIMENTO

Exposição de fotografia de João Freire pela Rua de Todos

22 de Setembro pelas 11h30, 15h00, 19h00, 22h00

23 de Setembro, pelas 11h30, 15h00, 19h00

Procure-a na Rua de TODOS (Ruas de São Bento, Poiais de São Bento e Poço dos Negros).

Encontro com o fotógrafo João Freire no dia 23 de Setembro, pelas 19h30, no Centro InterculturaCidade (Travessa do Convento de Jesus, 16 A)

Imagine que vai na rua e de repente se depara com uma fila de pessoas que se aproxima de si e lhe traz uma exposição de fotografias belíssimas a preto e branco. Estas fotografias falam de um povo e de um país que existe no meio do oceano atlântico, onde as árvores são deitadas pelo vento… os seus olhos vão aumentar e a sua lembrança da rua em que isto aconteceu não mais será a mesma. Essa rua é a rua de TODOS.


(x) DJUMBAI DJAZZ (***)

22 de Setembro, entre as 23h00 e as 24h00

Centro Interculturacidade, Travessa do Convento de Jesus, 16A

Formação incontornável na História da Música Guineense em Portugal. Na sua música cruzam-se as matrizes tradicional e contemporânea com o som afro-mandinga e a canção urbana de José Carlos Schwarz.

Vd. aqui o programa completo do festival Todos'12.

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 13 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10376: Agenda Cultural (213): Festival Todos 2012: Do Intendente ao Poço dos Negros... Viajar pelo mundo sem sair de Lisboa: de 14 a 23 de setembro)



(**) Possível origem do topónimo::

(...) Rua do Poço dos Negros: fica entre a avenida Dom Carlos I e o largo Doutor António de Sousa Macedo (antigo largo do Poço Novo). 


De acordo com Júlio de Castilho, a origem deste topónimo pode encontrar-se numa carta régia de Dom Manuel I -13 de Novembro de 1515 -, pela qual o rei pedia à cidade de Lisboa que construísse um poço para colocar os corpos dos escravos mortos, sobretudo na época das epidemias. Diz a carta que os escravos chegavam a ser lançados «no monturo que está junto da Cruz [de Pau a Santa Catarina] q[ue] esta no caminho q[ue] vai da porta de santa C[atari]na p[ar]a santos,» para a praia. Para evitar as consequências dos cadáveres insepultos, o rei considerava «q[eu] ho milhor remedio sera fazer-se huu[m] poço, o mais fumdo que podese ser, no llugar que fose mais comvinhauel e de menos imcomvyniemte, no quall se llãçasem os ditos escravos» e que se deitasse «alguma camtidade de call virgem» de quando em quando para ajudar à decomposição dos corpos. A Câmara de Lisboa teria cumprido a ordem do rei construindo um poço no caminho para Santos, também conhecido como Horta Navia.

Gustavo de Matos Sequeira, em “Depois do Terramoto”, colocou ainda outra hipótese para a origem deste topónimo, associada à proximidade do Convento de São Bento (actual Parlamento), também conhecido por São Bento dos Negros, devido à cor dos hábitos dos frades. Assim, um poço pertencente à Ordem dos frades negros de São Bento seria a verdadeira origem do topónimo. Mais, de acordo com este autor, no século XVIII, uma designação bairrista chama a esta artéria “rua de São Bento dos Negros”.

Freguesia: Santa Catarina (...)


Fonte: Sítio Espaço e Tempp: Revelar Lx [Lisboa].

(***)  Quem são o Djumbai Jazz [clicar aqui para ouvir um dos ficheiros áudio].

(i) O projecto Djumbai Jazz surge 1999, sob a liderança do guineense Maio Coopé;

(ii) Um projecto musical, de matriz afrmandinga, formado por 4 pessoas;

(iii) Maio Coopé, cantor, músico e compositor, remete este projeto, para as suas próprias vivências de infância: “ No meu País, sobretudo nas zonas suburbanas, antes das crianças irem dormir, há uma reunião junto dos mais velhos, ao redor da fogueira, contam-se histórias e há sempre uma pessoa para cantar, trata-se de um costume da Guiné-Bissau e que esteve sempre bem próximo de mim”;


(iv) Filho de pais músicos, começou a cantar em festas tribais; com a independência do seu pais (1974), desabrochou o seu talento e abriram-se outras portas;

(v) Em setembro de 1975, venceu o Festival de Mandjuande para Musicas Tradicionais cantadas em crioulo.

(vi) No inicio, Maio Coopé procurou sempre estar bem próximo da Música Tradicional do seu País, trabalhando a sua voz junto à percussão e com repertório de canções populares;

(vii) Começa a tornar-se conhecido também no estrangeiro: Europa ocidental e ex-União Soviética;

(viii) Com os Gumbezarte, trabalhou a sua música depois de uma extensa pesquisa sobre a cultura musical das várias etnias do seu País e com Canadiano
 Silvam Panatom, registou as suas canções;

(ix) Maio Coopé foi vencedor de vários festivais na Guiné-Bissau, entre 1984 e 1988; 

(x) Durante a década de 80 fez várias tounées pelo Pais: Bafatá,  Gabu, Bissorá , Sonako, Pirada, Boé, Farim, Manssoa, Cacheu, Cachungo, Buba, Catió, etc. 

(xi) Nos anos 90 faz também apresentações na Alemanha (Berlim), durante o Festival Lusomania; grava o disco “Camba Mar” com o seu grupo Gumbezarte, disco editado pela Lusafrica e saudado pela crítica internacional; 

(xii) Maio inicia uma extensa tournée pela Europa, por vários festivais conceituados como:  La Villete ( França), Sfinks (Bélgica), Rambout Festival e Nordezem na Holanda, Expo 98 (Lisboa), etc. 

(xiii) Em 2000 é convidado para a feira/festival de músicas do mundo Strictly Mundial em Zaragoza ( Espanha), onde a música “Pelele” é seleccionada para participar na compilação do Forum Europeu de Festivais de World Music; 

(xiv) Em 2004 volta ao Brasil com os Djumbai Jazz no âmbito do projecto “Na Ponta da Lingua” onde actua em várias cidades do Estado de Minas Gerais;

(xv) Tem colaborado com vários artistas lusófonos , e gravou com vários artistas de Cabo Verde na compilação “Ayan”, da editora Praia Records;

(xvi) Composição do grupo::

Mayo Coope – Voz Principal
Sadjo – Guitarra Acústica Ritmo
Galissa – Kora
Mateus – Baixo Eléctrico
Djabate – Guitarra Solo
Cabum – Percussão
Tony – Bateria
Ana Cabi – Dançarina
Miriam Cabi - Dançarina

Guiné 63/74 - P10414: Parabéns a você (473): Maria Teresa Almeida (Liga dos Combatentes); Coutinho e Lima, Coronel Art.ª Ref (Guiné, 1963/65 - 1968/70 e 1972/74) e Raul Albino, ex-Alf Mil (Guiné, 1968/70)



Para aceder aos postes dos nossos aniversariantes Maria Teresa Almeida, Coutinho e Lima e Raul Albino, clicar nos seus nomes
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10386: Parabéns a você (472): Ribeiro Agostinho, ex-Soldado da CCS/QG/CTIGuiné (1968/70)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10413: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte IX: Mais fotos do álbum do cor inf ref Jorge Parracho, que integram hoje o Núcleo Museológico Memória de Guiledje



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 40, sem legenda  >  O comandante da companhia sentado à entrada da sua morança (?), ou então mais provavelmente da secretaria, ou ainda do bar/messe de oficiais. Neste tempo já havia abrigos, construídos pela engenharia militar, presumindo-se que todo o pessoal militar dormisse, pelo menos, nos abrigos...



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 9, sem legenda  > A porta de armas... Ao fundo, uma série impressionate de barris com frases saudando os visitantes de Guileje.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 45, sem legenda  > Aspeto parcial do aquartelamento e tabanca... Ao todo viviam em Guileje cerca de 800 pessoas, entre civis e militares.



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 46, sem legenda  >  Mais um aspeto parcial do aquartelamento e tabanca. Do lado esquerdo, um dos espaldões da artilharia (um das 3 peças 11,4, que defendiam Guleje, orientadas para a fronteira, a sul).


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 42, sem legenda  >  Vista aérea, geral, do aquartelamento e tabanca. Ao fundo, os três espaldões de artilharia, antes a orla da floresta... Ao lado direito, o heliporto


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 45, sem legenda  >  Porta de armas, passadeira VIP feita com garrafas de cerveja dando acesso à pista de aviação e ao fundo um dos impressioantes "bunkers" construídos pelo BENG.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 6, sem legenda  > Guiné > Região de Tombali > Guileje >  Porta de armas e por detrás um dos "bunkers" construídos pela engenharia militar no tempo da CART 2410 (1969/70). Jorge Parracho e um dos seus alferes (presume-se que seja o Rodrigues).


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 39, sem legenda  > O cap Parracho com a malta do Pel Art n.º 5, que era comandado pelo alf mil art Cristina... O quarto militar, na primeira fila, a contar da direita para a esquerda, parece ser o alf mil médico Mário Bravo, nosso grã-tabanqueiro.

Fotos: © Jorge Parracho / AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. [As fotos de Jorge Parracho foram disponibilizadas à ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, em 2007, no âmbito do projecto de criação do Núcleo Museológico Memória de Guiledje. Não têm legendas, vêm apenas numeradas.
Legendagem da responsabilidade de L.G, que recorreu às informações já aqui publicadas pelo Orlando Silva sobre a CCAÇ 3325].


1. Já aqui chamámos, no devido tempo, a atenção para a a qualidade dos materiais usados pela Engenharia Militar na construção dos abrigos de Guileje que toda a gente diz (ou dizia) que eram os melhores da Guiné... As escavações arqueológicas, pela AD - Acção para o Desenvolvimento, vieram mostrar as placas de cimento armado ainda estavam como novas, ao fim de quase 4 dezenas de anos, capazes de aguentar bem o morteiro 120...

O José Barros Rocha, ex-alf mil, da CART 2410, os Dráculas, chegou a  Guileje em Junho de 1969, e por lá ficou até Março de 1970. Já aqui nos falou também sobre a construção dos abrigos:

"Recordo-me que houve um Pelotão de Engenharia que durante esse período aí esteve sediado para construir dois abrigos de betão armado, e que se afirmava serem à prova das granadas do Morteiro 120 ou 122. Dois Pelotões aí tinham a sua residência!!! Tais abrigos localizavam-se por detrás do refeitório e à direita da saída para estrada que seguia para Mejo"...

Recorde.se aqui as companhais que passaram por Guileje, desde o tempo do José Barros Rocha, de junho de 1960 a maio de 1973:

CART 2410 (Jun 1969/Mar 1970) (contacto: Armindo Batata,. comandante do Pel Caç Nat 51)
CCAÇ 2617 ( Mar 1970/Fev 1971) > Os Magriços (contacto: Abílio)
CCAÇ 3325 (Jan 1971/Dez 1971)  > Os Cobras de Guileje (contacto: Jorge Parracho)
CCAÇ 3477 (Nov 1971 / Dez 1972) > Os Gringos de Guileje (contacto: Amaro Munhoz Samúdio)
CCAV 8350 (Dez 1972/Mai 1973) > Os Piratas de Guileje (contacto: José Casimiro Carvalho )


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973 > Foto n.º 12 > Um curioso artefacto produzido por um militar da CCAÇ 3325 (À direita, a sua efígie; de quem seria ?)...

Fotos: © Pepito / AD -Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados



2. A origem destas fotos do cor inf ref Jorge Parracho já foi aqui explicada pelo nosso amigo  Pepito, em poste de 15 de janeiro de 2007:

(...) Queria pedir-te dois apoios, embora saiba que tempo é o que tens menos:

(i) Quando aí estive no verão 2006, conheci o Coronel Jorge Parracho que me forneceu excelentes fotos, algumas das quais te enviei. Nessa altura, e por seu intermédio conheci o ex-enfermeiro de Guiledje, Vitor Manuel Rodrigues Fernandes (CCaç  3325) que estava na altura a digitalizar o Livro da Unidade, tendo-mo prometido logo que acabasse (em finais de Setembro). O favor que te pedia era o de, se possível, dares-lhe uma chamada (933323135) para saber se ele já concluiu o trabalho e se te poderia dar esse documento, para tu mo dares.

(ii) Como vou aí na 3.ª semana de Fevereiro, gostaria de contactar com o [Coronel] Coutinho Lima, último Comandante do quartel de Guiledje [ou, melhor, do COP 5], elemento determinante do nosso 
projecto. (...)




Guiné > Região de Tombali > Guileje > 1972 ou 1973 > Croquis do aquartelamento e tabanca, desenhado à mão pelo Fur Mil Op Esp José Casimiro Carvalho (CCAV 8350, 1972/73), e enviado pelo correio a seu pai. Clicar na imagem para ampliar.

Legenda:

(i) Pelo que se consegue perceber nesta infografia, o aquartelamento e a tabanca de Guileje formavam um rectângulo, todo minado à volta, na parte desmatada, com minas, armadilhas e fornilhos;

(ii) A orientação parece ser norte/sul, tendo as peças de artilharia de 11.4, em número de três, apontadas para a fronteira com a República da Guiné-Conacri (a sul);

(iii) Podem ver-se ainda as posições dos morteiros, a verde: dois 81 (incluindo o 'meu', o que era operado pela secção do Furriel Carvalho, do lado oeste, junto a um dos abrigos) e dois 10,7 (ou 120?);

(iv) A oeste, há um campo de futebol, uma pista de aterragem de aeronaves e um heliporto;

(v) Ao longo do perímetro do aquartelamento, há arame farpado, postos de iluminação, postos de sentinela (cinco), abrigos e valas, todos devidamente assinalados;

(vi)  As palhotas da tabanca situam-se dentro do perímetro do aquartelamento;

(vii) O trilho que corre a norte da pista de aviação era o trilho da água, o que significava que as NT e a população precisavam de sair do perímetro defensivo para se abastecer do precioso líquido;

(viii)  A esttrada que atravessava o aquartelamento e a tabanca, no sentido norte/sul era a que seguia para Mejo e Bedanda (a noroeste) e ligava a sul à estrada de Mampatá - Gadamael - Cacine, ao longo da fronteira.

Infografia: © José Casimiro Carvalho (2005)/ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. 
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Nota do editor:
 

Último poste da série >16 de setembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10390: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte VIII: Mais fotos do álbum do cor inf ref Jorge Parracho, que integram hoje o Núcleo Museológico Memória de Guiledje

Guiné 63/74 - P10412: Convívios (475): I Encontro do pessoal do Pel Rec Daimler 2208 (Mansoa/Mansabá e Bissau) ocorrido no passado dia 28 de Julho de 2012 em Porto Alto (Ernestino Caniço / Carlos Pinto)

 
 Os nossos camaradas Ernestino Caniço (foto da esquerda) e Carlos Pinto (foto da direita), respectivamente: ex-Alf Mil e ex-1.º Cabo Condutor/Apontador Daimler, ambos pertencentes ao Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá, Mansoa e Bissau, 1970 a 1972), deram-nos conta do I Encontro do Pessoal desta Unidade que decorreu em Porto Alto no passado dia 28 de Julho de 2012.



I Encontro do pessoal do Pel Rec Daimler 2208  
(Mansoa / Mansabá / Bissau- 1970/71) 


Após mais de quatro décadas da chegada a Lisboa do pessoal do Pelotão, decorreu este Encontro no passado dia 28 de Julho, no restaurante Os Chancas, em Porto Alto. 

Num primeiro olhar não foi fácil associar muitos de nós aos jovens de então. As fisionomias diferentes, pudera!, uns mais “avantajados”, outros mais “descapotáveis”e alguma “neve” no andar superior. Ainda assim, foi gratificante este encontro, dos tais “rapazes”, que permitiu reviver algo de tempos idos, que marcou a nossa juventude.

Estiveram presentes alguns familiares, provavelmente com paciência para ouvir algumas das nossas histórias.
Dos ex-militares do Pel Rec Daimler 2208 contámos no convívio com 10 presenças, (do total de 14), tendo 2 infelizmente já falecidos e 2 à data incontactáveis

De realçar que foi através o nosso blogue que se conseguiram os primeiros contactos.
Uma palavra especial para o camarada Carlos Pinto, que foi o obreiro das posteriores diligências para a efetivação deste Encontro.

Seguem-se algumas fotos do evento.

Um abraço
Ernestino Caniço
2012.09.11

 
A partir da esquerda (em baixo): José Potra e Carlos Pinto; em cima: Firmino Correia, Manuel Fernandes, Ernestino Caniço, António Proença, Victor Rodeia, Fernando Carneiro, José Romão e Mário Francisco

Militares e seus familiares

Carlos Pinto

A partir da esquerda: : José Potra, Firmino Correia, Victor Rodeia e Carlos Pinto

José Romão

António Proença e Victor Rodeia

Manuel Fernandes, Firmino Correia e José Potra

Mário Francisco e António Proença

Uma vista da sala de jantar

Ernestino Caniço em primeiro plano

A partir da esquerda: António Proença, Fernando Carneiro, Ernestino Caniço e Firmino Correia

De novo o grupo dos 10 magníficos presentes no I Encontro do Pel Rec Daimler 2208. Atrás, a partir da esquerda: António Proença, Firmino Correia, Mário Francisco, Manuel Fernandes, Ernestino Caniço, Fernando Carneiro e José Romão. À frente, a partir da esquerda: Carlos Pinto, Victor Rodeia e José Potra.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10384: Convívios (474): 25.º Almoço do pessoal da CCAÇ 557, dia 27 de Outubro de 2012 em Benavente (José Colaço)

Guiné 63/74 - P10411: Notas de leitura (406): O conflito político-militar na Guiné-Bissau (1) (Francisco Henriques da Silva)

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Henriques da Silva (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70), ex-embaixador na Guiné-Bissau nos anos de 1997 a 1999, com data de 9 de Setembro de 2012:

Meus amigos,
Após aturadas e quase sempre frustrantes buscas nas livrarias e na Internet à procura de obras, artigos ou simples referências sobre a guerra civil na Guiné-Bissau, deparei com esta dissertação de mestrado, intitulada “O Conflito Político-militar na Guiné-Bissau (1998-1999)”, que Guilherme Jorge Rodrigues Zeverino publicou através do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD).
A obra tem alguns méritos, mas, como não há bela sem senão, também tem defeitos e registam-se algumas omissões importantes. No fundo, estamos sempre à espera de mais, em particular atendendo a que no caso em apreço se trata de um trabalho de investigação universitário.
Efectuei uma análise crítica dividida em duas partes de que remeto a primeira.

Com os meus cumprimentos cordiais e amigos
Francisco Henriques da Silva
(ex-alf. mil. de infantaria
CCAÇ 2402)


O conflito político-militar na Guiné-Bissau (1/2)

As dissertações académicas – teses de licenciatura, de mestrado ou de doutoramento - não sendo propriamente obras de divulgação e não estando, em regra, acessíveis ao grande público, possuem, via de regra, uma relevante mais-valia em relação às obras do chamado circuito comercial, porquanto se trata do resultado de uma investigação exaustiva, de uma abordagem científica e rigorosa de certos temas, da respectiva análise especializada e, bem entendido, das propostas apresentadas. Tudo depende, obviamente, do produto final. No fundo, as dissertações permitem que outros, alicerçados e confortados com a seriedade do trabalho feito, possam, em momento posterior, difundir de uma forma aberta os pontos de vista expressos ou então contrariar fundamentadamente os resultados aduzidos.

Sob o título algo ambíguo “O Conflito Político-militar na Guiné-Bissau (1998-1999)”, Guilherme Jorge Rodrigues Zeverino publicou no Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), Lisboa, 2005, a sua dissertação de mestrado em Gestão do Desenvolvimento e Cooperação Internacional, apresentada anteriormente, ou seja em Outubro de 2003. Mencionámos que se tratava de um título algo ambíguo, não porque seja enganoso, antes pelo contrário, mas, a nosso ver, não reflecte totalmente a realidade crua e dura que foi uma guerra civil e que carece de adjectivação adicional, apesar de ter sido uma confrontação dita de baixa intensidade. Cremos que o autor, por uma questão de prudência e para evitar eventuais controvérsias, sobretudo a nível universitário – uma vez que a poeira ainda não assentou completamente -, terá preferido a expressão conflito político-militar, que, aliás, utiliza sempre, nesta formulação, ou, mais abreviadamente, o “conflito”. Eu também a emprego, muito embora a considere, como disse, de certo modo redutora. São opções. Respeito-as.

No seu trabalho, Guilherme Zeverino define “hipóteses no âmbito político, económico e social, nomeadamente:

• No âmbito político

- a instauração do regime multipartidário na Guiné-Bissau não contribuiu para a resolução dos conflitos internos no seio do partido no poder, antes pelo contrário, criou as condições para a sua exacerbação;

- No entanto, a instauração do regime multipartidário deu lugar a um reforço da sociedade civil;

- A interdependência entre a crise interna do PAIGC e a crise nas Forças Armadas constitui-se como uma das causas principais do conflito 1998-1999;

- A rivalidade cultural manifestada pelas políticas de cooperação seguidas por Portugal e pela França explicam em grande medida os diferentes posicionamentos que estes países adoptaram durante o conflito, simpatizando e apoiando naturalmente lados opostos.

• No âmbito económico

- A aproximação da Guiné-Bissau à França e à Francofonia mais especificamente com a adesão ao franco CFA (Comunidade Financeira Africana), em Maio de 1997, teve um impacto negativo a nível económico, porque não foi acompanhada de medidas macro-económicas capazes de sustentar o desenvolvimento, criando condições para o aumento da pressão externa, nomeadamente dos Estados francófonos.

• No âmbito social

- A intervenção de tropas estrangeiras (Senegal e Guiné-Conakry) com apoio francês ao lado do Presidente da Guiné-Bissau, e contra a auto-intitulada Junta Militar provocou a adesão em massa da população guineense aos militares revoltosos, associando desta forma a defesa da soberania da Guiné-Bissau ao descontentamento geral relativamente ao estado de sub-desenvolvimento do país.” (pp. 18 e 19).

Todas estas hipóteses de trabalho têm de ser sopesadas. Em nosso entender , algumas constituem pistas seguras ou chaves para a compreensão da guerra civil bissau-guineense, outras, muito embora não atinjam tal desiderato, em nosso entender, não devem ser totalmente descartadas, pois contém elementos de ponderação válidos. Por outro lado, detectam-se omissões no que às causas respeitam. Mas já lá iremos.

Para além de uma introdução, na qual se incluem as hipóteses a desenvolver acima transcritas, o autor inicia a obra traçando uma panorâmica histórica recente da Guiné-Bissau colocando o acento tónico na conflitualidade, desde a luta de libertação nacional à actualidade, o que acaba por ser uma constante da vida colectiva da Guiné-Bissau – e, por maioria de razão, nos dias que correm.

Concentra-se em seguida nas causas internas e externas do conflito político-militar para passar à questão de Casamansa (ou seja, a causa próxima da guerra), ao início da conflagração propriamente dita, à mediação internacional e ao fim do regime de “Nino” Vieira. Dedica um capítulo inteiro ao processo eleitoral e ao restabelecimento da legalidade democrática (serão as consequências mais imediatas e visíveis do conflito; resta saber se estamos perante um restabelecimento genuíno e duradouro da “legalidade democrática” e estamos em crer que não, como os factos supervenientes parecem ter amplamente demonstrado). Termina com um capítulo final (conclusão) em que dá por demonstradas as hipóteses de trabalho anunciadas no início da obra. Neste particular é de salientar, como sublinha, a justo título, Guilherme Zeverino, “que o Estado de Direito e as instituições democráticas na Guiné-Bissau, embora existam formalmente, funcionam com dificuldade e estão em ameaça constante, quer das Forças Armadas quer dos movimentos políticos” (p. 131). E um pouco mais adiante, remata : “podemos considerar a Guiné-Bissau como um país “frágil”, onde os conflitos militares e político-sociais são uma constante, dilacerando e destruindo a estrutura da sociedade guineense” (p. 133). A linguagem é quase eufemística e peca por timidez. Podíamos, sem dúvida, ir um pouco mais longe. Mas respeitamos a posição do autor.

(continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10398: Notas de leitura (405): "Les Héros de la Guinée-Bissau: La Fin D'Une Légende", de Lourenço da Silva (2) (Francisco Henriques da Silva)

Guiné 63/74 - P10410: Em busca de... (204): Camaradas do 15.º Pel Art.ª (Guileje, 1972/73) (Luís Paiva)

1. Mensagem do nosso camarada Luís Paiva (ex-Fur Mil Art.ª, 15.º Pel Art.ª, Guileje e Gadamael, 1972/73), com data de 19 de Setembro de 2010:

Caro Carlos Vinhal:
Pertenci ao 15º Pelart localizado em Guileje e ali estive desde meados de 1972 até à retirada para Gadamael em 1973, ocorrida na sequência dos ataques àquele aquartelamento.

Ao referido 15º Pelart estavam afectos, no tempo em que ali prestei serviço, inicialmente, para além de mim, os ex-furriéis Tobias Queirós e Américo Santos (este veio substituir o furriel José Araújo), o cabo Oliveira (pertencente à seção do Américo Santos) e o alferes Luís Pinto dos Santos, falecido por doença há poucos anos.

Os praças do referido Pelart eram todos africanos mas, para além deles e dos graduados acima referidos, existia ainda um cabo de munições (falecido em ataque a Gadamael, conjuntamente com parte dos praças africanos) e um outro cabo de nome, salvo erro, Neto. Tem havido alguma confusão sobre o destino deste cabo que gostaríamos de ver esclarecida.

No passado sábado, eu, o Santos, o Queirós e o Oliveira juntámo-nos durante uma tarde em convívio e do mesmo resultou uma dúvida sobre o cabo Neto. Estive durante todos estes quase 40 anos convencido que o Neto havia também falecido em combate mas a informação, que os elementos acima me prestam, é a de que quem faleceu foi o cabo de munições.

O Oliveira tinha uma vaga ideia de que o Neto teria sido bombeiro no Minho, supostamente numa das duas corporações existentes, salvo erro, na Trofa. Após, há vários meses, algumas tentativas para aqueles aquartelamentos de bombeiros, fui informado que o pessoal que ali se encontra é todo muito mais novo e não tem ideia de quem seja. Nem na Secretaria das referidas corporações foi possível descobrir algo!

Também o Pinto dos Santos foi substituído pelo alferes Fortes que viajou com o Queirós desde Bissau para Gadamael quando o Queirós regressava de férias.

Nunca mais soubemos do paradeiro quer do cabo Neto (julgamos que é este o nome) quer do alferes Fortes pelo que solicitamos os vossos bons ofícios no sentido de tentar descobrir se estão vivos e onde param.

Será possível a vossa colaboração por vias que se tornem exequíveis para esse objectivo? Um antecipado agradecimento.

Saudações cordiais e os meus cumprimentos.
Luís Paiva
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10397: Em busca de... (203): Exemplar do livro de Fernando de Sousa Henriques "Picadas e Caminhos da Vida na Guiné" (Mário Beja Santos)