sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10415: Agenda cultural (214): O festival Todos'12: Este fim de semana, no eixo Poço dos Negros: Os sabores, os cheiros, as cores, as gentes, a música da Guiné-Bissau, Cabo Verde e outros países lusófonos



A quarta edição do festival Todos' 12  – Caminhada de Culturas (*) começou a 14 de setembro e acaba este fim de semana, no domingo,  23. Este ano, e  pela primeira vez, centrou-se no eixo Intendente-Poço dos Negros, duas zonas da cidade marcadas, ao longo da história, pela coexistência das mais desvairadas gentes.. Esta semana, as actividades (culturais, incluindo a gastronomia, a fotografia e a música) concentram-se nas ruas de S. Bento,  dos Poiais de S. Bento e da Cruz dos Poiais, no eixo do Poço dos Negros (**). 


Foto (da autoria do grande fotógrafo português Luís Pavão) e elementos informativos retirados do cartaz e programa do Todos'12... (Com a devida vénia)

Dia 22 de setembro de 2012, sábado [, destaques da responsabilidade do editor L.G.]


GASTRONOMIA

[Timor / Guiné-Bissau / Cabo Verde / São Tomé e Príncipe]

Preço: 6€ | sujeito a inscrição prévia para festival.todos@gmail.com ou 96 637 4388/ 91 414 4311

(i) O GOSTO DE TIMOR com Dina

22 e 23 de Setembro, das 12h00 às 15h00

Biblioteca Municipal Por Timor, Rua de São Bento 182-184

Uma mostra de gastronomia timorense, onde é apresentada uma refeição para dias especiais. Dina, timorense de alma e de coração, desde cedo defendeu o seu país na procura de um futuro melhor. Esteve à frente da Organização Popular de Mulheres Timorenses e sofreu na pele as agruras da sua luta pela liberdade. Foi prisioneira das forças indonésias e vive hoje em Portugal, sonhando com um Timor-Leste novo, cheio de futuro. Neste dia partilhará connosco uma das riquezas do seu país – a gastronomia.

(ii) COZINHA DA GUINÉ BISSAU com Nina Codé

22 de Setembro, das 13h00 às 15h00

Centro InterculturaCidade, Travessa do Convento de Jesus, 16 A

Nina escolheu o Caldo de Chabéu (fruta, óleo de palma, beringelas, tomates, cebolas, alhos, quiabos e galinha) para este almoço Guineense.
(iii) CACHUPA E CONVERSAS com Domingos de Brito

22 de Setembro, das 20h00 às 21h30

Restaurante Tambarina, Rua Poiais de São Bento 85

A Cachupa será servida com um acompanhamento especial: a companhia de um caboverdiano, um amante do encontro entre pessoas.

(iv) COMIDA LEVE-LEVE com Sofia Pinto

22 de Setembro, das 20h00 às 21h30

Centro InterculturaCidade, Travessa do Convento de Jesus, 16 A

Calulu de peixe e Angú de banana farão as delícias desta refeição cheia de explicações sobre a culinária de São Tomé e Príncipe.

CONCERTOS ÍNTIMOS

(v) OFICINA DE MÚSICA DE MOÇAMBIQUE Projecto Kudonde

22 de Setembro, das 19h00 às 20h00

Centro Interculturacidade, Travessa do Convento de Jesus, 16A

Dirigida por Malenga, instrumentista e compositor moçambicano, esta oficina funciona em regime aberto e nela participam músicos de vários países.

(vi) CONCERTOS ÍNTIMOS DA ORQUESTRA TODOS

BE|BEL

22 de Setembro, às 21h30, às 22h00 e às 22h30

Rua de São Bento, 107

Com Max Lisboa (voz e guitarra – Brasil), Gueladjo Sané (dunduns e djembé, Guiné Bissau) e Johannes Krieger (trompete – Alemanha) 


(viii) RESTAURANTE TAMBARINA

22 de Setembro, às 21h30, às 22h00 e às 22h30

Rua dos Poiais de São Bento, 85

Com Danilo Lopes da Silva (voz a guitarra – Cabo Verde), Susana Travassos (voz – Portugal)  e João Gomes (teclados - Portugal/Moçambique)

 OUTRAS ATIVIDADES

(ix) RETRATO CRIOULO EM MOVIMENTO

Exposição de fotografia de João Freire pela Rua de Todos

22 de Setembro pelas 11h30, 15h00, 19h00, 22h00

23 de Setembro, pelas 11h30, 15h00, 19h00

Procure-a na Rua de TODOS (Ruas de São Bento, Poiais de São Bento e Poço dos Negros).

Encontro com o fotógrafo João Freire no dia 23 de Setembro, pelas 19h30, no Centro InterculturaCidade (Travessa do Convento de Jesus, 16 A)

Imagine que vai na rua e de repente se depara com uma fila de pessoas que se aproxima de si e lhe traz uma exposição de fotografias belíssimas a preto e branco. Estas fotografias falam de um povo e de um país que existe no meio do oceano atlântico, onde as árvores são deitadas pelo vento… os seus olhos vão aumentar e a sua lembrança da rua em que isto aconteceu não mais será a mesma. Essa rua é a rua de TODOS.


(x) DJUMBAI DJAZZ (***)

22 de Setembro, entre as 23h00 e as 24h00

Centro Interculturacidade, Travessa do Convento de Jesus, 16A

Formação incontornável na História da Música Guineense em Portugal. Na sua música cruzam-se as matrizes tradicional e contemporânea com o som afro-mandinga e a canção urbana de José Carlos Schwarz.

Vd. aqui o programa completo do festival Todos'12.

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 13 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10376: Agenda Cultural (213): Festival Todos 2012: Do Intendente ao Poço dos Negros... Viajar pelo mundo sem sair de Lisboa: de 14 a 23 de setembro)



(**) Possível origem do topónimo::

(...) Rua do Poço dos Negros: fica entre a avenida Dom Carlos I e o largo Doutor António de Sousa Macedo (antigo largo do Poço Novo). 


De acordo com Júlio de Castilho, a origem deste topónimo pode encontrar-se numa carta régia de Dom Manuel I -13 de Novembro de 1515 -, pela qual o rei pedia à cidade de Lisboa que construísse um poço para colocar os corpos dos escravos mortos, sobretudo na época das epidemias. Diz a carta que os escravos chegavam a ser lançados «no monturo que está junto da Cruz [de Pau a Santa Catarina] q[ue] esta no caminho q[ue] vai da porta de santa C[atari]na p[ar]a santos,» para a praia. Para evitar as consequências dos cadáveres insepultos, o rei considerava «q[eu] ho milhor remedio sera fazer-se huu[m] poço, o mais fumdo que podese ser, no llugar que fose mais comvinhauel e de menos imcomvyniemte, no quall se llãçasem os ditos escravos» e que se deitasse «alguma camtidade de call virgem» de quando em quando para ajudar à decomposição dos corpos. A Câmara de Lisboa teria cumprido a ordem do rei construindo um poço no caminho para Santos, também conhecido como Horta Navia.

Gustavo de Matos Sequeira, em “Depois do Terramoto”, colocou ainda outra hipótese para a origem deste topónimo, associada à proximidade do Convento de São Bento (actual Parlamento), também conhecido por São Bento dos Negros, devido à cor dos hábitos dos frades. Assim, um poço pertencente à Ordem dos frades negros de São Bento seria a verdadeira origem do topónimo. Mais, de acordo com este autor, no século XVIII, uma designação bairrista chama a esta artéria “rua de São Bento dos Negros”.

Freguesia: Santa Catarina (...)


Fonte: Sítio Espaço e Tempp: Revelar Lx [Lisboa].

(***)  Quem são o Djumbai Jazz [clicar aqui para ouvir um dos ficheiros áudio].

(i) O projecto Djumbai Jazz surge 1999, sob a liderança do guineense Maio Coopé;

(ii) Um projecto musical, de matriz afrmandinga, formado por 4 pessoas;

(iii) Maio Coopé, cantor, músico e compositor, remete este projeto, para as suas próprias vivências de infância: “ No meu País, sobretudo nas zonas suburbanas, antes das crianças irem dormir, há uma reunião junto dos mais velhos, ao redor da fogueira, contam-se histórias e há sempre uma pessoa para cantar, trata-se de um costume da Guiné-Bissau e que esteve sempre bem próximo de mim”;


(iv) Filho de pais músicos, começou a cantar em festas tribais; com a independência do seu pais (1974), desabrochou o seu talento e abriram-se outras portas;

(v) Em setembro de 1975, venceu o Festival de Mandjuande para Musicas Tradicionais cantadas em crioulo.

(vi) No inicio, Maio Coopé procurou sempre estar bem próximo da Música Tradicional do seu País, trabalhando a sua voz junto à percussão e com repertório de canções populares;

(vii) Começa a tornar-se conhecido também no estrangeiro: Europa ocidental e ex-União Soviética;

(viii) Com os Gumbezarte, trabalhou a sua música depois de uma extensa pesquisa sobre a cultura musical das várias etnias do seu País e com Canadiano
 Silvam Panatom, registou as suas canções;

(ix) Maio Coopé foi vencedor de vários festivais na Guiné-Bissau, entre 1984 e 1988; 

(x) Durante a década de 80 fez várias tounées pelo Pais: Bafatá,  Gabu, Bissorá , Sonako, Pirada, Boé, Farim, Manssoa, Cacheu, Cachungo, Buba, Catió, etc. 

(xi) Nos anos 90 faz também apresentações na Alemanha (Berlim), durante o Festival Lusomania; grava o disco “Camba Mar” com o seu grupo Gumbezarte, disco editado pela Lusafrica e saudado pela crítica internacional; 

(xii) Maio inicia uma extensa tournée pela Europa, por vários festivais conceituados como:  La Villete ( França), Sfinks (Bélgica), Rambout Festival e Nordezem na Holanda, Expo 98 (Lisboa), etc. 

(xiii) Em 2000 é convidado para a feira/festival de músicas do mundo Strictly Mundial em Zaragoza ( Espanha), onde a música “Pelele” é seleccionada para participar na compilação do Forum Europeu de Festivais de World Music; 

(xiv) Em 2004 volta ao Brasil com os Djumbai Jazz no âmbito do projecto “Na Ponta da Lingua” onde actua em várias cidades do Estado de Minas Gerais;

(xv) Tem colaborado com vários artistas lusófonos , e gravou com vários artistas de Cabo Verde na compilação “Ayan”, da editora Praia Records;

(xvi) Composição do grupo::

Mayo Coope – Voz Principal
Sadjo – Guitarra Acústica Ritmo
Galissa – Kora
Mateus – Baixo Eléctrico
Djabate – Guitarra Solo
Cabum – Percussão
Tony – Bateria
Ana Cabi – Dançarina
Miriam Cabi - Dançarina

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