terça-feira, 23 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11447: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (10): Regresso a Samba Cumbera, a sudoeste de Galomaro, 42 anos depois...

1. Mensagem do Rui Felício, com data de 19 do corrente:

Meu Caro Luis Graça,

Retomando uma longa ausência e na sequência dos teus últimos e-mails, deixo à tua consideração a eventualidade de publicação do texto que anexo, rememorando a última das passagens que fiz pela Guiné, esta há cerca de dois anos.

Um abraço

Rui Felicio
[ Ex-Alf Mil Inf,
3º Gr Comb
CCAÇ 2405
Dulombi, 1968/70]


2. Estórias de Dulombo  (10) (*) > Regresso à Guiné

Estava destacado com o meu pelotão em Samba Cumbera, pequena tabanca perdida no mato.

Há dois dias que chovia torrencialmente, sob um céu plúmbeo, abafado, abrasador. Um rio de lama saltitava pelos degraus de terra batida de acesso ao abrigo subterrâneo, coberto com grossos troncos de palmeira, com terra e com chapas de zinco. Lá dentro, precocemente enterrado, eu jazia exausto, fraco, cheio de febre, estendido no colchão de espuma empapado em suor. Em volta da cama de ferro, no lamaçal castanho de uns 10 centímetros formado pela água que entrava no abrigo, boiavam pequenos objectos, uma bota, um cinto, umas chinelas de plástico.

O médico estava na sede do Batalhão a muitos quilómetros de distância e, com a picada intransitável, tornava-se impossível deslocar-me até ele.

Desde anteontem que não comia nada. O estômago não aguentava qualquer bocado de comida, nem sequer a água que de vez em quando eu tentava beber para matar a sede intensa que me secava, expulsando-a em prolongados vómitos. Era a segunda vez em pouco tempo que era acometido por um fortíssimo ataque de paludismo.

O Samba, chefe da tabanca, e a sua jovem e bonita filha Fatwma, assomaram à entrada do abrigo, e ele chamou-me no seu português arrevesado:
- Alfero! Pudi entra? Bo stá milhor?

Resmunguei que estava pior, mas que sim, que podia entrar, e ele curvou-se, desceu para o abrigo, chapinhou no lamaçal e, com um molho de ervas na mão, disse-me:
- Tem mezinho manga di bom, qui bai cura alfero!

A Fatwma começou a esfregar as ervas que o pai lhe dava, na minha testa, nos lábios, no pescoço e no peito, formando com o suor, uma pasta esverdeada à medida que as ia esmagando. Ardia um pouco, mas nada que não se suportasse.

Senti-me psicologicamente melhor. Principalmente porque alguém se preocupava comigo. Com alguém que era um intruso em terra alheia!

No dia seguinte, amainado o temporal, cambaleante, trôpego, consegui enfiar-me no Unimog com meia dúzia de soldados. Vencemos os obstáculos da picada numa viagem lenta e atribulada e chegámos horas depois a Bafatá, onde o médico me deu duas injecções que me aliviaram o mal.

Passados 42 anos, por sinuosos carreiros que a mata invadira há muito e por onde o jeep abria caminho com dificuldade, afastando à sua frente os intrincados ramos da floresta, voltei ontem a Samba Cumbera [, a sudoeste de Galomaro, vd. carta Duas Fontes]. Disseram-me que o Samba já morreu há muitas luas. A Fatwma, abriu um largo sorriso ao reconhecer-me e correu a ir buscar uma cabaça com água fresca. Pareceu-me ver lágrimas nos olhos dela e senti-as também nos meus.
Está velhota a Fatwma, mas ainda é uma mulher muito bonita...

Nota de rodapé:

Tento resumir as características da doença, na minha ignorância médica, sujeita às correcções dos especialistas na matéria, aquilo que nos era ensinado nos manuais militares:

A malária é uma doença potencialmente mortal se não for atacada a tempo. Durante muito tempo supunha-se que a sua causa provinha directamente da proximidade de terrenos pantanosos fétidos e daí o seu nome originário de “mau ar” que redundou em malária. Descobriu-se que, afinal, a causa estava numa bactéria injectada no nosso sangue pela picadela do mosquito “anofelis” que a transporta consigo. O que explica a relação entre esse insecto e o seu habitat perto dos pântanos. Este mosquito alimenta-se exclusivamente do sangue dos mamíferos, razão da sua ferocidade e persistência, ditadas pela sua própria sobrevivência.

A bactéria, acomodada no circuito sanguíneo humano, imune às defesas do organismo, desenvolve-se, destrói paulatinamente os glóbulos vermelhos, ataca o fígado e vai enfraquecendo as resistências, provocando sintomas que na fase inicial da doença se assemelham a uma gripe forte, degenerando em febres altíssimas, vómitos, debilitação geral e prostração física e psicológica.

Na Guiné chamam-lhe paludismo, que deve ser prevenido, com tomas regulares semanais de comprimidos ou injecções de medicamentos elaborados à base de quinino.

Rui Felício - 29/06/2011
( Ex-Alf.Mil. CCAÇ 2405, Galomaro e Dulombi, 1968/70 )
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Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série:

9 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXIX: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (1): O nosso vagomestre Cabral

(...) O Natal aproximava-se… Antes da data prevista, chegara-nos um presente inesperado! Um periquito…. O furriel Cabral foi-nos mandado para substituir o furriel vagomestre, uns meses antes falecido em acidente de viação na estrada de Galomaro-Bafatá numa viagem de reabastecimento de viveres à nossa Companhia… O Cabral era uma jóia de pessoa, simpatiquíssimo, um tanto ingénuo e crédulo, sempre bem disposto e que rapidamente granjeou a estima de todos. (...)


14 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXVII: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (2): O voo incandescente do Jagudi sobre Madina Xaquili

(...) Ao cair da tarde, com a luz alaranjada do sol a começar a esconder-se na linha do horizonte poente, o Paulo Raposo, alferes da CCAÇ 2405, de quem guardo as mais pistorescas histórias, estava sentado perto do bunker do Capitão, com o olhar fixo num ponto afastado a sul do aquartelamento, perto do arame farpado. Aproximei-me e comentei:
- Eh, pá, não estejas a pensar na morte da bezerra… Já faltou mais e não tarda estaremos em Lisboa a beber umas imperiais e a olhar as bajudas brancas que por lá abundam. (...)


19 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXL: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (3): O dia em que o homem foi à lua

(...) 20 de Julho de 1969. Era domingo… Durante todo o dia a rádio ia noticiando a chegada do homem à Lua… A célebre frase do astronauta afirmando que o passo que acabara de dar em solo lunar era um passo de gigante para a humanidade, era escutada repetidamente nos pequenos transístores que nos mantinham ligados ao mundo. Claro que não havia televisão na Guiné e, mesmo que houvesse, jamais seria vista em Samba Cumbera, pequena tabanca onde a luz nos era fornecida através de garrafas de cerveja cheias de petróleo, nas quais se embebiam torcidas de desperdício que, depois de acesas, nos enchiam os pulmões de fuligem e fumo. (...)


5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1046: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (4): a portuguesíssima arte do desenrascanço

(...) Daí a poucos dias íamos finalmente embarcar em Bissau no Carvalho Araújo para o ansiado regresso… Tínhamos acabado de receber no Dulombi a Companhia de atónitos periquitos que, durante uma semana, iam ficar em sobreposição connosco. Acolhemo-los com o aquele ar superior de guerreiros invencíveis, calejados pelos combates, a pele tisnada dos sóis tropicais, e além das costumadas praxes, meio inofensivas, que exercemos sobre eles, dedicámos-lhes, com a proverbial simpatia característica dos Baixinhos do Dulombi, um hino de recepção ao periquito que ainda hoje cantamos em todos os almoços anuais de comemoração que realizamos. (...)


18 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1085: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (5): O improvisado fato de banho do Alferes Parrot na piscina do QG

(...) Já de si, o apelido originário da ascendência estrangeira da sua Família, o tornava notado. A sua invulgar estatura de quase dois metros, os olhos salientes, o cabelo arruivado, a pele branca e sardenta e o corpo magro, longilíneo e desengonçado, completavam a estranha figura propicia ao sorriso e aos mais díspares comentários. Falo do Parrot, que conheci em Mafra e que fez parte do meu pelotão do 1º Ciclo do COM da incorporação de Abril de 1967. Não era fácil, porém, tirar o Parrot da sua fleumática postura de não te rales, por mais provocações que se lhe tentassem fazer. Ele era a calma personificada, e senhor de uma inteligência fora do comum. (...)


27 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1217: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (6): Sinchã Lomá, o Spínola e o alferes que não era parvo de todo

(...) Sinchã Lomá é uma pequena tabanca a Sudoeste de Dulo Gengele e esta por sua vez fica a Sul de Pate Gibel. Quando a CCAÇ 2405 chegou a Galomaro, destacou três dos seus Grupos de Combate para regiões circundantes da sede da Companhia com a missão de marcar posição no terreno e fazer ao mesmo tempo uma espécie de guarda avançada para protecção da Companhia. A mim, coube-me ir para Pate Gibel, a tabanca mais a sul de Galomaro. (...)


8 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1352: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405)(7): Perigos vários, a divisa dos Baixinhos de Dulombi (Rui Felício)

(...) No terço final da comissão, com a Companhia finalmente concentrada no Dulombi, pensou-se em encontrar um emblema e uma divisa para a nossa Unidade. Não deveríamos deixar acabar a comissão sem legar aos vindouros um símbolo que nos identificasse, tal como a maioria das outras unidades já o tinham feito. Acolhida a ideia, estabeleceu-se um período de tempo para que fossem apresentados projectos para futura escolha daquele que merecesse o consenso geral. E assim surgiram meia dúzia de ideias para a o emblema da Companhia. (...)


30 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2073: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (8): O Fula, a galinha e o vestido

(...) Galomaro, Maio de 1981. Passados 11 anos após o regresso da CCAÇ 2405, retornei à Guiné, em 1981, naturalmente já civil, e passei alguns dias em Galomaro onde esteve sediada a Companhia antes da sua deslocação final para o Dulombi. Percorri, de jeep ou de bicicleta, toda aquela região que tão bem conheci por força dos patrulhamentos militares efectuados entre 1968 e 1970. (...)


26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2683: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (9): O Jorge Félix e o Prisioneiro

(...) Num certo dia de Agosto de 1969, o Jorge Félix transportou no seu helicóptero um grupo de paraquedistas que iam fazer um assalto, a uma base do PAIGC, identificada pelos serviços de informações militares da Guiné, como estando localizada na região de Galomaro. Ao procurar local para a aterragem perto do objectivo, em plena mata, o Jorge Félix foi descendo o helicóptero e, a uns 5 metros do chão, a deslocação de ar provocada pelo movimento das pás do aparelho, afastou uma série de ramos de arbustos deixando a descoberto um guerrilheiro do PAIGC que ali se havia emboscado. O homem estava armado com um RPG7, e a granada colocada, apontando para o helicóptero, o que naturalmente deixou em pânico o piloto e os tripulantes. (...).

Guiné 63/74 - P11446: 9º aniversário do nosso blogue: Parabéns (2): Salve, 23 de abril de 2004! Salve, Tabanca Grande e o teu poilão! Salve, todos os nossos autores, colaboradores, leitores! Salve, todos os amigos e camaradas da Guiné! (Miguel Pessoa / Editores)


Infografia: © Miguel Pessoa / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013). Todos os direitos reservados


A belíssima e esmerada  prenda  que nos mandou o Miguel Pessoa... Obrigados, camarada. Os editores



A I Série do nosso blogue começou verdadeiamente com o poste 23 de abril de 2004 > Guiné 69/71 - I : Saudosa(s) madrinha(s) de guerra



A. Saudosa(s) madrinhas(s) de guerra... Este foi o nosso primeiro poste, numerado, não avulso, publicado no dia 23 de Abril de... 2004, no blogue pessoal de Luís Graça, que na altura se chamava muito simplesmente... Blogue-Fora-Nada... (Havia sido criado em 8 de Outubro de 2003).

Diz o fundador do nosso blogue que, no TO da Guiné, quando lá esteve (entre maio de 1969 e março de 1971) não escrevia aerogramas ou cartas para madrinhas de guerra, estando, por isso,  longe de imaginar as consequências deste seu  gesto que veio dar origem depois a um blogue que se pretendia que fosse colectivo, e exclusivamente dedicado à guerra colonial na Guiné e aos seus combatentes...

A partir de então começou a ser apresentado à blogosfera, nestes termos:

blogue-fora-nada. homo socius ergo blogus [sum]. homem social logo blogador. em sociobloguês nos entendemos. o port(ug)al dos (por)tugas. a prova dos blogue-fora-nada. a guerra colonial. a guiné. do chacheu ao boé. de bissau a bambadinca. os cacimbados. o geba. o corubal. os rios. o macaréu da nossa revolta. o humor nosso de cada dia nos dai hoje. lá vamos blogando e rindo. e venham mais cinco (camaradas). e vieram tantos que isto se transformou numa caserna. a maior caserna virtual da Net!

Para a petite histoire, aqui fazemos a reprodução desse primeiro poste que não teve qualquer eco na blogosfera... De resto, nesse ano de 2004, apenas foram publicados 4 (quatro!) postes dedicados à Guiné... Em rigor,  só um ano depois, a partir de 20 de abril de 2005 (, data do poste nº 5...) , é que os assuntos relativos à "nossa Guiné" começaram a surgir com mais frequência do blogue do Luís Graça (1)... E depois em exclusividade.

Na realidade, foi preciso que começasse a aparecer, um ano depois, em Abril de 2005, a malta do triângulo Bambadinca-Xime-Xitole: o Sousa de Castro e o David Guimarães, que são historicamente os dois primeiros membros da nossa tertúlia, além do próprio Luís Graça, claro...

Foi o Sousa de Castro que fez chegar ao fundador do Blogue, em 4 DVD, a reportagem de vídeo feita pelo Albano Costa e seu filho Hugo Costa, por ocasião da sua viagem à Guiné, em grupo, em Novembro de 2000... Depois, em Maio de 2005, começaram a aparecer outros camaradas:

(i) o Humberto Reis, vizinho, amigo e camarada do Luís Graça, que estiveram juntos na CCAÇ 12 (6 de Maio);

(ii) o A. Marques Lopes, de Matosinhos (14 de Maio) ...

(iii) E outros, incluindo  o nosso primeiro "amigo" (, distinto, portanto, de "camarada" de armas), o José Carlos Mussá Biai (10 de Maio), que vivia no Xime, em criança, ao  tempo da CCAÇ 12 (1969/71), companhia africana que era unidade de intervenção ao setor L1 (Bambinca)...

O resto da história sabem-na,  vocês: criámos a nossa tertúlia e o blogue começou a chamar-se Luís Graça & Camaradas da Guiné... Foi um tsunami  de imagens, textos, lugares, recordações, sentimentos e emoções que irrompeu no nosso quotidiano... e que nos tem ajudado a reconstituir/reconstruir o tal puzzle da nossa memória, até então cheio de buracos, alçapões, teias de aranha, armadilhas, fantasmas que, de algum modo, foi preciso exorcisar...

Passados estes anos todos - mais de 3285 dias,  108 meses,  5 comissões de Guiné (de 21  meses cada) - estamos a caminho dos 11500  postes, atingimos  os 611 membros registados formalmente, e em meados de abril de 2013 estávamos com mais de 4,7 milhões de visitas. E por aqui já passou mais gente do aquela que era necessária para formar dois ou três batalhões... Uns demoraram-se mais tem,po, outros passaram a correr, a toque de caixa, outros montaram por aqui a tenda, outros regressam, de tempos a tempos, alguns (uns vinte e tal) já nos deixaram de vez, apanhados pela gadanha da morte... E inimigos ? Não os temos, felizmente que a guerra acabou há muito...

Hoje, não é tempo para grandes comemorações. Deixemo-nos, pois, de discursatas, assinalemos apenas a efeméride, aproveitemos a alegria (breve) e do dia e enfim saudemos os muitos amigos e camaradas da Guiné que, no essencial, se reconhecem neste espaço, o alimentam, o acarinham, o produzem, o divulgam, incluindo todos aqueles que, de um modo simbólico, fazem questão de se sentar aqui, à sombra protetora, fraterna, mágica... do poilão da Tabanca Grande.

Os editores
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(1) Lista dos dez primeiros postes:

23 de abril de 2004 > Guiné 69/71 – I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)

25 de abril de 2004 >  Guiné 69/71 - II: Excertos do diário de um tuga (1) (Luís Graça)

28 de abril de 2004 > Guiné 69/71 - III: Excertos do diário de um tuga (2) (Luís Graça)

7 de dezembro de 2004 > Guiné 69/71 - IV: Um Natal Tropical (Luís Graça)

20 de abril de 2005 > Guiné 69/71 - V: Convívio de antigos camaradas de armas de Bambadinca (Luís Graça)

22 de abril de 2005 > Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (Sousa de Castro)

25 de abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970) (Luís Graça)

28 de abril de 2005 > Guiné 69/71 - VIII: O sector L1 (Xime-Bambadinca-Xitole): Caracterização (1) (Luís Graça)

29 de abril de 2005 >  Guiné 69/71 - IX: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (1) (Luís Graça)





B. Veja-se também o que aqui escrevemos, todos nós (editores, colaboradores, leitores...)  nos anteriores aniversários (, efeméride que só se começou a comemorar a partir de 2010, por iniciativa do nosso infatigável coeditor Carlos Vinhal e do Jorge Félix, outro camarada da primeira hora):

6º aniversário do nosso blogue (2010)

7º aniversário do nosso blogue (2011)

8º aniversário do nosso blogue (2012)

9º aniversário do nosso blogue (2013)

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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11385: 9º aniversário do nosso blogue: Parabéns (1): Querido blogue, quão importante foste para mim!... (Ernesto Duarte, ex-fur mil, CCAÇ 1421, Mansabá, 1965/67)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11445: Efemérides (124): Matosinhos comemorou o Dia do Combatente e o 4.º aniversário do Núcleo da Liga dos Combatentes (Carlos Vinhal)

 
No passado dia 13 de Abril, comemorou-se em Matosinhos o Dia do Combatente e o 4.º aniversário do Núcleo da Liga dos Combatentes deste concelho. 
A iniciativa teve o patrocínio da Câmara Municipal de Matosinhos.


O programa estava divido em duas partes distintas, às 10h30 a Cerimónia Militar de Homenagem aos Combatentes caídos em campanha na guerra do ultramar, que teve lugar no Cemitério de Sendim, junto ao Memorial ali existente, e a sessão solene, às 11h30, no Salão Nobre da Câmara Municipal.

No cemitério estiveram presentes: o senhor Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto; o senhor Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, TenCor Armando Costa, que se fazia acompanhar dos restantes elementos que compõem a Direcção do Núcleo, e o senhor Comandante da Zona Marítima do Norte, Capitão de Mar e Guerra Martins dos Santos.

Além do Porta-Guião da Liga dos Combatentes esteve presente uma Força Militar da Escola Prática de Transmissões e um Terno de Clarins com Caixa de Guerra do Regimento de Artilharia 5.

A cerimónia começou com a deposição de uma coroa de flores na base do Memorial, seguido de um minuto de silêncio e leitura de prece.
Seguiu-se o Toque de Homenagem aos Mortos e para finalizar todos os presentes cantaram o Hino Nacional

Porta-Guião do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, Terno de Clarins e Caixa de Guerra do RA5 e Força Militar da EPT

TenCor Armando Costa da LC, Dr. Guilherme Pinto, Presidente da CMM e o ex-Combatente Ribeiro Agostinho, em momento de recolhimento após a deposição da coroa de flores na base do majestoso Memorial que honra os matosinhenses caídos em campanha na Guerra do Ultramar

Em primeiro plano, da esquerda para a direita: Sarg Ajudante Carlos Osório (LC); Comandante da Zona Marítima do Norte, Cap Mar e Guerra Martins dos Santos; TenCor Armando Costa (LC); Dr. Guilherme Pinto (CMM); Ribeiro Agostinho e Abel Santos (ex-Combatentes)

Força Militar em "Apresentar Armas"
Foto cedida pela Liga dos Combatentes

Momento em que era lida a prece pelo Sarg Ajudante Joaquim Oliveira da Liga dos Combatentes. Em primeiro plano o Sarg Mor Naldinho também da LC.

Um aspecto da assistência

Cabe aqui um pequeno (mas grande) comentário. Propalamos à boca cheia o direito ao respeito e à dignificação que nos são devidos, mas quando é preciso dizer PRESENTE, são sempre os mesmos a dar a cara, quer os que organizam quer os que comparecem.

Momento sempre arrepiante porque sentido, o Toque de Homenagem aos Mortos. Por feliz coincidência, na gravura por trás, uma mulher que parece chorar alguém

A cerimónia no cemitério terminou com as pessoas presentes a cantarem "A Portuguesa"

De acordo com o programa estabelecido, pelas 11h30 iniciou-se a Sessão Solene no Salão Nobre da Câmara de Matosinhos, presidida pelo Senhor Presidente Dr. Guilherme Pinto.

Em primeiro lugar foi dada a palavra ao ex-Combatente Ribeiro Agostinho que, mais uma vez, fez sentir à autarquia a necessidade de se eregir um monumento ao esforço dos jovens matosinhenses dos anos 60 e 70 que foram mobilizados para uma guerra travada em três frentes, na altura solo pátrio, na distante África. É urgente, porque muitos já faleceram sem terem visto esse reconhecimento. Uma simples pedra e uma rua, não queremos muito mais.

O ex-Combatente Ribeiro Agostinho no uso da palavra

Seguidamente foi dada a palavra ao Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, senhor TenCor Armando Costa, que se congratulou com a cedência, pela Câmara Municipal, do novo espaço para instalação da sede do Núcleo e pelas obras prometidas para as tornar ainda mais dignas e acolhedoras para quem lá passa o dia disponível para atender os associados e para criar condições para as consultas médicas gratuitas ali prestadas aos ex-combatentes que delas necessitem.
Salientou o papel que a Liga tem no apoio aos combatentes e da necessidade de estes se tornarem sócios. Nestes quatro anos de vida tem já este Núcleo obra feita, mas muito mais há para fazer. Precisa-se da colaboração de todos porque todos não seremos muitos.  

Falou ainda do andamento das conversações entre a Liga dos Combatentes e a Câmara Municipal de Matosinhos, na pessoa do Dr. Guilherme Pinto, que levarão a escolher um local para se eregir no mais curto espaço de tempo possível o almejado monumento aos combatentes da Guerra do Ultramar e uma rua que também os perpetuará.

Dissertou também sobre o papel das Forças Armadas Portuguesas desde a I Grande Guerra, passando pela Guerra de África, até à actualidade. Homens e mulheres de Portugal, em armas ou na paz, honraram e honram o seu país.

O senhor TenCor Armando Costa no uso da palavra

Finalmente usou da palavra o senhor Dr. Guilherme Pinto, Edil de Matosinhos, que como é seu costume falou de improviso, começando por "pedir desculpa" por não ter idade para ser nosso camarada. Disse não conseguir imaginar o que passámos enquanto combatentes. Pede-nos que sejamos o exemplo para a juventude actual, nós lutamos na guerra, em África, em nome de Portugal e a juventude de hoje tem de lutar em Portugal para tornar este país mais próspero e fazer esquecer este tempo de desânimo colectivo.

Prometeu-nos tudo fazer para que em breve possamos ver o prometido monumento ao nosso esforço de guerra, porque merecemos e nos é devido. Os tempos vão difíceis, as solicitações são muitas, mas tudo se há-de resolver. As relações com o Núcleo de Matosinhos da LC são as mais cordiais e o TenCor Armando Costa um óptimo interlocutor. Assim não custa trabalhar.

O Dr. Guilherme Pinto falando aos presentes

Seguiu-se a entrega de Testemunhos de Apreço aos associados da LC com mais de 40 anos de sócio e a imposição de Medalhas Comemorativas das Campanhas a três ex-Combatentes: Emílio Teixeira Silva, Afonso Silva Lourenço e Rodolfo Mesquita.

Um dos camaradas a quem foi entregue o Testemunho de Apreço pelos seus 40 anos de sócio da Liga dos Combatentes

Os três camaradas a quem foram impostas as Medalhas Comemorativas das Campanhas. À direita da foto o Dr. Rodolfo Mesquita, Presidente da Junta de Freguesia de Lavra, uma das 10 freguesias deste concelho
Foto cedida pela Liga dos Combatentes

Para terminar em grande a Comemoração do Dia do Combatente e do 4.º aniversário do Núcleo, com o Salão Nobre praticamente esgotado, actuou a Banda Militar do Porto sob a batuta do Maestro, senhor Capitão Alexandre Lopes Coelho. Foram interpretadas as obras Hanover Festival, de Philip Sparke; Wild Nights, de Frank Ticheli; Et In Terra Pax, de Ian Van Der Roost; Heroes, Last and Fallen (A Vietnam Memorial), de David R. Gillingham, e para finalizar a sua actuação, interpretou Awayday, de Adam Gorb.

A Banda Militar do Porto durante a sua actuação

De salientar a boa acústica deste Salão Nobre onde tem actuado com regularidade o Quarteto de Cordas de Matosinhos e o pianista António Rosado.

Nunca tinha tido a experiência de ouvir, neste salão, uma orquestra em que os metais (instrumentos de sopro) mais se evidenciam, cujos sons que chegaram aos nossos ouvidos sem distorção e sem eco. Um excelente momento.

A assistência abandonou o Salão Nobre para se dirigir para o andar inferior onde foi servido um Porto de Honra em clima informal e descontraído, a que o editor já não assistiu por ter de ir para outro convívio, o da Tabanca dos Melros. Noblesse Oblige.

 Porto de Honra
Foto cedida pela Liga dos Combatentes


Texto, fotos e legendas: © Carlos Vinhal (2013). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:

Último poste da série de 21 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11439: Efemérides (123): O Núcleo de Lagoa da Liga dos Combatentes levou a efeito no passado dia 9 de Abril a Comemoração do Dia do Combatente (Arménio Estorninho)

Guiné 63/74 - P11444: Notas de leitura (474): Um Império de Papel, por Leonor Pires Martins (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Dezembro de 2012:

Queridos amigos,
“Um Império Papel” é uma agradável surpresa, tem uma apresentação gráfica irrepreensível, não há leitor que não fique suspenso da seleção de imagens, tudo a propósito e com elevado vigor ilustrativo, fica-se com uma visão abrangente da iconografia imperial que vai desde a redescoberta de África, a partir dos anos 70 do século XIX até ao clímax que foi a Exposição do Mundo Português, em 1940.
A autora é antropóloga e move-se bem nas suas explanações quanto ao valor das publicações, como elas contribuíram para imaginar o Império, revelando exotismo, empreendimentos de progresso, mostrando a ocupação do mato bravio, a “civilização” dos autóctones, etc.
Assim se montou uma ficção que ajudou a produzir novas ficções, onde fomos figurantes, umas décadas atrás.

Um abraço do
Mário


Um império é uma nação em excesso

Beja Santos

“Um Império de Papel, Imagens do Colonialismo Português na Imprensa Periódica Ilustrada (1875-1940)”, por Leonor Pires Martins, Edições 70, 2012, é uma belíssima obra correspondente a um levantamento exemplar das imagens de uma África até então praticamente desconhecida do grande público; os portugueses, por razões de autoestima, também queriam participar na euforia da descoberta ou revelação de África. Esse é o grande significado que encontramos nestas imagens.

Obra de uma antropóloga, ela soube selecionar com esmero e oportunidade representações visuais do Império entre milhentas páginas de jornais e revistas. Claro que este imaginário da novel representação do Império transcende jornais e revistas, dissemina-se também por relatos de exploração e viagem, livros de temática colonial, alguns fotográficos, postais ilustrados, gravuras, pinturas, selos, embalagens de produtos e muito mais. Assim se procurava vincar a relação de Portugal e as parcelas do seu império. A autora explica-nos o âmbito do seu trabalho: “As imagens reunidas incluem reproduções de gravuras, pinturas, fotografias, desenhos, cartunes, caricaturas e alguns anúncios publicitários. Os temas vão desde a representação de paisagens e lugares «exóticos», com as suas populações nativas, ao tratamento humorístico de acontecimentos do foro da política e da diplomacia coloniais. Os retratos de colonos europeus e de outros «agentes do Império» (exploradores, missionários, funcionários da administração colonial, caçadores), assim como as imagens que apontam para uma ideia de progresso associada à construção de novas infraestruturas e edifícios por parte do poder colonial, constituem, também, motivos temáticos na vasta iconografia alusiva ao Império, publicada na imprensa periódica”.

Como é compreensível, as imagens sobre a Guiné têm um carácter residual, importa nunca esquecer que a Constituição liberal nunca fala da Guiné mas de Bissau e Cacheu. As parcelas dominantes nestas ilustrações são sempre Angola e Moçambique, é para aí que se emigra, são estes os territórios a desbravar, é aqui que estão os recursos preciosos que importa explorar, é aqui que se impõe suster os apetites britânicos e alemães. No entanto vamos encontrar imagens muito representativas sobre a Guiné. A revista O Ocidente publica em Novembro de 1909, a propósito da rebelião do Cuor para a qual se mobilizaram largos recursos que irão, através do Geba, destituir Infali Soncó e intimidar outros régulos rebeldes, imagens de Bissau como seja uma vista do porto, o edifício da Alfândega, a rua da Praia (a futura Avenida Marginal) e uma vista de Bissau, correspondente ao que conhecemos pelo Bissau velho virada para o Pidjiquiti. Os guinéus fizeram furor na Exposição Colonial de 1934, o pintor Eduardo Malta retratou alguns dos participantes, como o régulo Mamadu Sissé, amigo devoto de Teixeira Pinto, aparece a Rosinha, uma bonita Fula de peito à mostra a segurar a bandeira portuguesa junto do monumento “Ao esforço colonizador”, a fotografia surge acompanhada pela seguinte legenda: “Negra muito embora, portuguesa de lei – ei-la empunhando a bandeira verde-rubra que domina todo o Império”. No número da revista O Ocidente de 1891, aparece o forte de Cacheu com caçadores e artilheiros da guarnição, trata-se de um desenho de Domingos Cazellas a partir de uma fotografia. A revista Ilustração Portuguesa, num seu número de Junho de 1908, mostra as operações militares no Cuor, tropas a cavalo e soldados guineenses a pé com arma a tiracolo.

A Grande Exposição Industrial Portuguesa, que se realizou no Pavilhão dos Desportos de Lisboa, em 1932 trazia com grande novidade um grupo de guineenses que fiou instalado numa “aldeia indígena” construída no Parque Eduardo VII. A revista Ilustração, número de Outubro de 1932, mostra o ministro das Colónias Armindo Monteiro rodeado da sua comitiva, fotografado com vários régulos, vêem-se cobatas ao fundo, aparecem outras fotografias com mulheres e homens Fulas, foram um verdadeiro chamariz para os muitos curiosos que vieram ver gente seminua. Armindo Monteiro irá admoestar Henrique Calvão a propósito da Exposição Colonial de 1934, recebera inúmeras críticas para as “poucas-vergonhas” daqueles Bijagós bem desnudados que se passeavam calmamente à volta do Palácio de Cristal, no Porto. Segundo a autora, a I Exposição Colonial Portuguesa foi a primeira grande iniciativa do Estado Novo apostada na massificação da consciência imperial. Não era a primeira vez que se fazia a exposição de mostras das produções coloniais e populações, o que agora se ensaiava era a representação etnográfica das províncias da metrópole dentro da exposição colonial: o cortejo colonial que marcou o encerramento da exposição procurava mostrar a grandeza histórica e territorial da nação, o que permitiu a mistura do Vinho do Porto com Bijagós e Balantas e o desfile de búfalos, pacaças, bois da Guiné e um camelo. A Exposição do Mundo Português acabará por se constituir como uma mostra das diferentes parcelas do Império e, bem entendido, a Guiné compareceu com as suas aldeias indígenas que suscitaram imensa curiosidade.

Voltando ao miolo do livro “Um Império de Papel”, o ponto de partida, 1875, não foi escolhido ao acaso, foi o ano da criação da Sociedade de Geografia de Lisboa, tal como o da chegada, 1940, em Lisboa ocorreu um grandioso evento do regime, a “Exposição do Mundo Português”, nele se fez farta referência às parcelas do Império, aparecia como uma apoteose de um pequeno país derramado por vários continentes, era o palco escolhido, em plena II Guerra Mundial, para se mostrar ao mundo o Portugal imperial.

A autora procede ao enquadramento histórico das imagens, tudo começa pela necessidade premente de ocupar fisicamente o território, a Conferência de Berlim tornou essa ocupação categórica, e enquanto se descobre África mostram-se as imagens correspondentes, os seus protagonistas principais são Serpa Pinto, Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Henrique Dias de Carvalho, procura-se determinar uma rota comercial que ligasse Angola a Moçambique; a missão de Dias de Carvalho é igualmente fundamental, ele vai até ao império Lunda, território úbere em matérias-primas como o marfim, a cera e a borracha, isto no exato momento em que as grandes potências coloniais europeias começavam a atribuir menos importância às vias comerciais terrestres e mais ao estabelecimento da navegação a vapor dos rios das regiões centrais africanas e na construção de linhas férreas. Serão sobretudo as viagens e os exploradores Capelo, Ivens e Serpa Pinto a merecer grande publicitação.

A autora refere a existência de revistas que tiveram um grande desempenho divulgativo, caso da revista O Ocidente e do jornal À Volta do Mundo. Com exuberância, vemos avenidas na cidade da Beira, pontes sobre o rio local ou no distrito de Benguela, ilustrações dos grandes exploradores e suas comitivas, o lustre das suas conferências e jantares de homenagem ou até mesmo receções apoteóticas aos exploradores. E neste contexto emerge o exotismo, reis africanos sentados nos seus tronos, os perigos que comportam as florestas, perfis dos diferentes povos, imagens de rara beleza e em contraste, a seguir ao Ultimato Britânico (1890) mostra-se a atitude torcionária das autoridades britânicas, pondo povos à fome ou fazendo execuções sumárias. Também aparecem desenhos de Bordalo Pinheiro a caricaturar a subserviência dos governantes portugueses face ao poder britânico. O António Maria tem desenhos magistrais, inesquecíveis. O conflito luso-britânico motivado pelo Mapa Cor-de-rosa desencadeia protestos, a começar pela cobertura da estátua de Camões com crepes, seguindo-se a agitação popular e a resposta ditada pela ocupação militar que tem o seu ponto alto pela prisão de Gungunhana, o senhor dos Vátuas, por Mouzinho de Albuquerque. Dentro da diatribe política, um grande desenhador que teve vida efémera, Celso Hermínio, para caricaturar João Franco mostrou-o como “O Gungunhana de cá”.

A ocupação efetiva vem profusamente ilustrada, chegou a hora das visitas de Estado; em 1907, o príncipe D. Luís Filipe faz uma visita a parcelas do Império, todas elas reproduzidas nas revistas e jornais da época. Mas a África pitoresca vai merecendo cada vez mais destaque na imprensa. Como a autora observa, se é verdade que até ao final da I República não existiram projetos políticos e culturais mais ou menos concertados com vista à produção de iconografia alusiva aos domínios portugueses no continente africano, não se pode iludir que a divulgação de iniciativas avulsas já aparecia enquadrada no esforço de vulgarizar a África portuguesa: fauna e flora, recursos hídricos, crescimento ou fundação de lugares, as ilustrações vão revelando o casario e as populações autóctones. A este propósito, a autora fala-nos de um caso singular, o fotógrafo Cunha Moraes, um homem dos sete ofícios que se irá instalar em Luanda e ganhará notoriedade pela sua atividade fotográfica sobretudo em Angola e S. Tomé. Ele foi um fotógrafo andarilho, por vezes integrava-se em caravanas de exploradores e sertanejos, é o exemplo acabado do fotógrafo-viajante, intrépido e solitário. Em meados da década de 1880, Cunha Moraes já tinha realizado mais de 800 fotografias de África: imagens de paisagens, rios, vistas e espaços urbanos, “tipos indígenas”, chefes nativos, fazendas agrícolas, missões religiosas, colonos, caçadas, etc.

E temos também as ideias de progresso, que acabavam por contrariar as de decadentismo, tão propaladas pela Geração de 70, era um nunca mais acabar de imagens de construção e da “civilização” dos nativos, estes em escolas ou à frente das bandas de música, por exemplo, ilustrações de comboios, de igrejas, de monumentos. A “África branca” é já uma projeção do regime do Estado Novo, as colónias de África eram “um Portugal ultramarino onde a população portuguesa se iria fixar para viver, era esta a sua missão histórica”. O povoamento branco e os seus estabelecimentos seriam o modelo a adotar para as possessões africanas. Com uma certa regularidade, essa ocupação colonial tem que ser feita a ferro e fogo, são as chamadas operações de pacificação, tanto nos tempos da monarquia como a da I República. O herói Teixeira Pinto não consta desta imagens de “Um Império de Papel”.

O Estado Novo cria um punhado de publicações difundidas pela Agência Geral das Colónias, assim se entendia a propaganda do nosso património colonial, contribuía-se para o engrandecimento da imagem imperial mas também se incentivava ao estudo da suas riquezas exaltando a capacidade colonizadora dos portugueses, este espírito acompanha a participação de Portugal em exposições e no fomento da presença africana nas exposições coloniais que ocorreram em Portugal nos anos 30 e depois nesse pico alto que foi a Exposição do Mundo Português.

Um livro de elevada qualidade gráfica que sintetiza o império de papel por onde se difundiu a mística e o mito imperiais.
Documento obrigatório para o estudo do colonialismo português.
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Nota do editor:

Último poste da série de 19 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11424: Notas de leitura (473): O Sistema Colonial Português em África (meados do século XX), por Armando Castro (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P11443: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (22): Respostas (nºs 40/41/42): António J. Pereira da Costa (Cacine, 1968/69; Xime, Mansambo e Mansabá, 1972/74); António Melo (Catió e Bissau, 1972/74); e José Teixeira (Buba, Quebo, Mampata e Empada, 1968/70)

Resposta nº 39  (*) > António José Pereira da Costa
[, Cor Art Ref, ex-Alferes de Art,  CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69;  e ex-Cap Art  e Cmdt CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74; vive em Mem Martins. Sintra]


(1/2) Quando é que descobriste o blogue ? Como ou através de quem ?

Por acaso. Ao procurar, pelo meu nome a minha posição na net.


(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

Não me recordo. Talvez desde 2008.

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
Quase diariamente.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

Tenho mandado, sempre que tenho algo para dizer. Participo nos "comentários" com a minha opinião.

(6/7) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ? Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

Não uso o Facebook

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
A troca de opiniões e a possibilidade de se comentar o sucedido.
(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook  ?

Ver a resposta à questão 6.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

Acedo com facilidade.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
Representa um elemento de ligação a alguém que passou pela mesma experiência histórica que eu. Considero o blogue um elemento de investigação histórica para os vindouros.  Creio que as divergências entre os participantes raramente são profundas.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

Participei em quatro.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

Irei (iremos) a menos que surja um imprevisto.


(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

Tem força anímica. Deve ser devidamente "espicaçado" através da apresentação de novos temas. Mesmo que sejam "fracturantes". 

Por mim propunha que se abrisse uma frente de "Artesanato". O artesanato que encontrámos e o que praticámos: mobiliário, (de bar, quarto e outros) utilizando restos de armamento (munições, caixas de cartucho, etc.).

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Sei que vamos sendo, cada vez, menos. Por outro lado, a dado momento, forçosamente cada um de nós esgotará as suas histórias e experiências (no fundo, só lá estivemos dois anos e numa fase inicial da nossa vida activa). Por isso acho que deveremos procurar temas e, mesmo que pareçam secundários, fazem parte da nossa vivência. E até pode ser que surjam novos temas. Poderão aparecer novos camaradas, pois ainda somos bastantes (os combatentes) e alguns não conhecem o blog. É necessário divulgar...


Resposta nº 40 > António Melo [, ex-1.º Cabo Rec Inf, BCAÇ 2930, Catió e QG, Bissau, 1972/74; vive em Espanha]
(1) No ano 2009.

(2) Pesquisando, no Google,  temas sobre a Guiné e sobre o BCaç 2930.

(3) Sim,  desde 1 de abril de 2012.

(4) Diariamente,  faz parte do meu alimento literário.

(5)  Algo não tanto como gustaria mas o tempo é escasso.

(6/7)  Sim, conheço o facebook,  mas no o visito muito.

(8) Gosto mais  do blogue,  sem dúvida.

(9) [Do que gosto menos ?... De coisas que não dizem muito respeito ao que aqui se trata, que é a Guine ou os ex-miitares

(10) Nunca tive difilculdades de acesso.
(11) Para mim, é  parte da minha leitura e aprendizagem diárias,  de tudo o que eu fiz parte na minha juventude

(12)  Nunca,  mas não queria morrer sem um dia poder confratenizar com os meus camaradas do nosso blogue.

(13) "Me gustaria".. mas está tudo dependente do meu trabalho
(14)  Tem e muito,  como não poderia ser de outra maneira pois é um jovem.

(15) Que continue como até agora sempre atento a tudo que nos diga respeito,  aos ex militarese, ex-combatentes da Guiné

E agora, para ti, querido amigo blogue, "en hora buena, por tu noveno aniversario", são os desejos deste teu servidor. Que continues a elucidar-nos do que se passou naquelas terras longínquuas, e que me tornas mais jovem quando te leio. Pois tu não és só um blogue, tu és parte da cultura de todos nós, camaradas, e da história de Portugal mais profundo e ocuri. Sem ti, eu e alguns de nós viveríamos sempre n escuro do que foi a guerra de independência, principamente da Guiné. Por tudo, aqui vai os meus parabéns.

Resposta nº 41 > José Teixeira [, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/79; uve  em São Mamede de Infesta, Matosinhos]

(1) Descobri o blogue em julho de 2005.

(2) Através do Xico Allen, meu companheiro de viagem numa romagem em Abril desse ano à Guiné-Bissau.

(3) Em Novembro de 2005 entrei para a Tertúlia. Logo em Dezembro pelo Natal o Luís Graça recebeu-me em casa de familiares na Madalena em Gaia,  juntamente com vários elementos da tabanca de Matosinhos, nascida em fins de Abril de 2005. Logo se firmou entre nós uma amizade profunda que perdurará até aos confins do nosso tempo.

(4) Tomo a Tabanca Grande ao pequeno almoço e volto a espreitar ao fim do dia, no mínimo.

(5) Estão registados 155 postes sem contar grande parte dos que escrevi na primeira série ( O Luís teve a graça de estar a repor o "meu diário",  um pobre conjuto de escritos que fui registando a quente durante a minha permanência no teatro de guerra), Obrigado,  Luís,  pela tua persistência.

(6) Conheço o Facebook mas não sou muito adepto.

(7) Vou mais vezes ao blogue, claro está.

(8) O que gosto mais do Blogue ?... Das estórias de acontecimentos reais vividos pelos combatentes – estamos a escrever a nossa história.

(9) Apenas me aborrece quando alguém em defesa da sua dama, leia-se conceitos e preconceitos, ou pontos de vista, provoca discussões estéreis,  por vezes numa toada agressiva.

(10) Está lento, mas compreende-se.

(11) Para mim, o blogue possibilitou o desabafo a redescoberta de "fantasmas no sotão" que se forma dissipando, ou seja,  uma espécie de catarse que só me fez bem. A descoberta de muitos amigos de hoje, que ontem nem sabia que existiam. A sensibilização para a realidade do sofrimento de tantos camaradas, que afinal viveram uma guerra muito mais difícil que a minha. Eu,  ao lado de alguns camaradas, considero que afinal passei umas "férias" na Guiné entre 1968 e 1970.

(12/13) Sim, fui a Monte Real em 2011. Este ano, ainda não me decidi. Parto para a Guiné-Bissau no próximo dia 29. Quando regressar decido.

(14)  Nota-se algum cansaço (é a velhice) por parte dos escrivas e talvez alguma redução na procura. Quanto ao cansaço, creio que temos de incentivar os novos (velhos) guerreiros que vão aparecendo a escrever, escrever, escrever. Quanto á redução de procura se é que a há pode ser interpretada positivamente. Para mim é sinal de que algo se acalmou na mente e já não há tanta necessidade de ler e reler a guerra que vivenciamos e nos marcou para sempre.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários... Força, força companheiros que a viagem ainda não terminou.


Creio que o blogue tem sido o motor de toda uma relação entre os combatentes do principio ao fim da guerra, gerador de amizades, convívios, encontros, debates, desabafos,choros, etc. talvez curas.

Não pode deixar-se morrer. Confesso que já não me sinto tanto motivado a escrever. As minhas estórias já estão a passar segunda vez, graças ao Luís Graça, que viu nos meus escritos durante a guerra algo que nem tinha pensado.

Para mim eram o resultado de um esforço de me encontrar comigo mesmo e não me perder na "barafunda" de uma guerra que não queria, num meio hostil em vários aspetos, com uma população maravilhosa vítima tanto quanto eu da guerra, onde eu era um estranho na cor, na mentalidade e forma de ser e estar na vida, mas que tinha uma arma ( por acaso não tinha porque a entreguei ao cabo quarteleiro ao fim de dois meses de guerra), mas tinha as armas do meu lado e quem tem as armas é que manda, bem ou mal, mas quase sempre mal.

Gosto de ler e continuo a ler todos os dias os postes que vocês amavelmente e com que sacrifício lá colocam. Bem hajam.

Estou muito grato a todos vós os editores pelo trabalho coletivo que desenvolveram e que tanto tem ajudado os combatentes a reencontrar-se.

A amizade que me une a cada um, nomeadamente ao Luís e família, ao Carlos e à Dina e ao Pira de Mansoa [, o MR,] é gratificante. Abraço fraterno do Zé Teixeira

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Nota do editor:

(*) Vd último poste da série > 22 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11443: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (21): Resposta (nº 36/37/38): José Marques Ferreira (ex-sold apontador armas pesadas inf, Ingoré, 1963/65), António Eduardo Carvalho (, ex-Cap Mil, CCAÇ 3, Bigene, e CCAÇ 19, Guidaje (1974) , António Sampaio (, ex-Alf Mil, CCAÇ 15 e Cap Mil, CCAÇ 4942/72, Barro, 1973/74)

Guiné 63/74 - P11442: Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) (2): Op Pedra Rija (Poindom / Ponta Varela, 19-20 de maio de 1969): Há aí algum graduado do Pel Caç Nat 63 que tenha estado comigo quando fomos violentamente emboscados por um bigrupo IN, durante 40 m ?

1. Mensagem, com data de 16 do corrente, enviada pelo do António Vaz, ex-cap mil, cmdt da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69) [, foto à esquerda]


Assunto: Pedido de informação


Olá, Camaradas: Primeiro que tudo os meus parabens com a promoção do inquérito, que pelo que tenho lido,tem sido um sucesso. A malta responde e corresponde. Parabens!

Agora vem o pedido, socorrendo-me da verdadeira Torre do Tombo que tambem a Tabanca é:É cnhecido algum graduado do Pel CaçNat 63 que tenha acompanhado a Cart 1746 na Operação "Pedra Rija" realizada em 19 de Maio de 1969 ? Se sim, gostava de saber se está lembrado pois gostava ter contacto com ele.

Um abraço para todos do

António Vaz


2. Comentário de L.G.

António [, foto atual, à direita]: 

 Aqui tens o "relatório" da Op Pedra Rija... (Fonte: História do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)...

Deve ter sido a última ou uma das últimas operações que vocês fizeram no subseto do Xime, antes da vossa rendição pela CART 2520 (1969/1970)...Dois meses depois da Op Lança Afiada e 10 dias antes do ataque a Bambadinca, a 28 de maio de 1979... (O PAIGC devia estar a preparar a "vingança"...).

Como sabes, eu passei pelo Xime a 2 de junho de 1969, a caminho de Contuboel... Foram vocês que fizeram a segurança na estrada Xime-Bambadinca,,, E depois fiquei (ficámos, a nossa CCAÇ 2590/CCAÇ 12) no setor L1, a partir de finais de julho. já voc~es tinham regressado ao doce lar...

Não me lembro do antecessor do Jorge Cabral no comando do Pel Caç Nat 63. Mas ele sabe quem é... O António Branquinho, furriel, não sei se estava lá nessa altura... Para já, são estes os dois homens do Pel Caç Nat 63, meus contemporâneos, "afliados" na Tabanca Grande. 

Aproveito o teu pedido para fazermos um poste sobre esta operação, a pensar na tua nova série...  Boa continuação das tuas melhoras. Treinar a memória faz-te bem... Um abraço. Luis



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > o "alfero Cabral", ao meio, de pé... O 1º Cabo Rocha é o primerio da esquerda, na primeira fila. Jorge Cabral veio substituir o alf mil Almeida, em junho de 1969,  no comando do Pel Caç Nat 63. O que será feito do Almeida ?

Foto: © Jorge Cabral (2005). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


3. Esclarecimento prestdo pelo Jorge Cabral, cmdt do pel Caç nat 63 enter 1969 e 1971:

Cheguei 20 dias depois. Naquela altura os Alferes e os Furriéis dos Pelotões Nativos só faziam um ano de mato, indo depois para Bolama ou Bissau.

Fui substituir o Alf Almeida, que era transmontano e amigo do Beja Santos. Os Furriéis só estiveram comigo dois ou três meses...O primeiro Furriel substituto foi precisamente o Branquinho, que deve ter chegado em Setembro.

Mantenho contacto com o 1º Cabo Rocha, que acaba de passar um mau bocado no Hospital de Coimbra. Ele participou de certeza nessa operação. Não tem correio electrónico.

Abraço.

J.Cabral

4. Relatório da Op Pedra Rija:


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > Carta do Xime (1961) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa do Xime, Pon ta Varela, Poindom, Gundagué Beafada, Gidemo e Chacali.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné






Fonte: Excertos de História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), cap II, pp. 82-84.



5. Comentário final do António Vaz:


Olá,  Luís Graça.  Muito obrigado palas informações prestadas. Esta foi efectivamente a ultima operação que fizemos e para a qual eu dei. para futura mensagem, o título "Quem engana quem". O meu interesse de falar com alguém do Pel Caç Nat  63 prende-se com o que se passou ANTES,  no Xime. Os meus camaradas que me acompanharam nesta situação no Xime já morreram ou não estão disponíveis.

Na mensagem que enviei sobre e nossa emboscada em Ponta Coli (foi uma entre oito, embora a mais grave) em Novembro de 68 gostava de ter incluido, como curiosidade, que a 29 de Maio de 69, dia do ataque a Bambadinca, foi a nossa coluna alvejada com um roquete que passou sob um Unimog sem causar danos. Mais terde atribui isto a um tiro inopinado dum elemento IN que já estava a caminho do eaquema de ataque a Bambadinca.

Não foi ainda publicada a mensagem respeitante este acontecimento mas espero que a tenham recebido.
Um abraço do António Vaz.

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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11429: Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) (1): os meus picadores e guias, Seco Camará e Mancaman Biai

Guiné 63/74 - P11441: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (21): Resposta (nº 37/38/39): José Marques Ferreira (ex-sold apontador armas pesadas inf, Ingoré, 1963/65), António Eduardo Carvalho (, ex-Cap Mil, CCAÇ 3, Bigene, e CCAÇ 19, Guidaje (1974) , António Sampaio (, ex-Alf Mil, CCAÇ 15 e Cap Mil, CCAÇ 4942/72, Barro, 1973/74)


Resposta nº 36  (*) José Marques Ferreira [ex-sold apontador armas pesadas inf, Ingoré (1963/65)]



(1) Quando é que descobriste o blogue ? Como ou através de quem ? Já não me lembro.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?  Sim, há uma data de anos (alguns).

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...? Agora, pelo menos, semanalmente.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ? 
Onde os vou descobrir?

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?  
Gosto pouco de facebook.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?  Ao blogue.


(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?  Blogue.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?  De saber que somos cada vez menos. A lei inexorável…

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)  Por estas bandas, ainda está tudo normal.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?  Nostalgia.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?  Não, não posso.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?  Talvez não,  pela resposta anterior.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?  Tem fôlego, até ao último que deixe de o ter.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.  Só critica quem não faz nada!
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Resposta nº 37 > António Eduardo [Gouveia] Carvalho [, ex-Cap Mil da CCAÇ 3, Bigene e CCAÇ 19, Guidaje (1974)

(1) Descobri o blogue há 5 anos

(2) Pesquisa

(3) Sou membro da nossa Tabanca Grande há três anos [, desde 24 de dezembro de 2011]

(4) [Visito o blogue] semanalmente

(5) Deveria mandar mais material para o blogue.

(6)  Sim, conheço a nossa página do Facebook.

(7) Não.

(8/9) Gosto de tudo em geral.

(10) Não, não tenho dificuldade no acesso ao blogue.

(11)  É muito importante para troca de opiniões e conhecimento de factos desconhecidos.

(12/13) Não, nunca participei em encontros anteriores. Este ano talvez vá.

(14) Sim, tem condições para continuar.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários...

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Resposta nº 38 > António Sampaio [, ex-alf mil na CCAÇ 15 e cap mil na CCAÇ 4942/72, Barro, 1973/74]:

(1) Em 2009, por volta de Março, descobri o nome do Mexia Alves que conheci lá e encontrei o blogue.

(2) Estava a pesquisar Barro para mostrar à minha mulher para onde ela escrevia e deparei com o nome do Mexia.

(3)  Eventualmente logo a seguir. Mandei a minha primeira contribuição ainda antes do Encontro da Ortigosa (o meu 1º).
(4)  Visito o blogue de tempos a tempos. Confesso a minha preguiça. Comodamente confio no amigo e vizinho Vinhal que me alerta para tudo o que é importante. Nessas alturas tento dar uma vista de olhos ao atrasado.
(5) A preguiça e alguma falta de tempo impedem que tenha uma colaboração mais assídua. Ainda há alguma coisas mais para contar, vamos lá ver quando….

(6) Não, não conheoa a página da Tabanca Grande no Facebook.

(7)  Vou mais vezes ao blogue, confesso alguma aversão ao facebook.

(8) O que gostas mais do Blogue ?... Poder recordar, pelas histórias contadas, a nossa vida desses tempos.

(9) O que gostas menos do Blogue ?... As “ guerrazinhas” que de vez em quando estalam. Deixe-se cada um ter a sua visão das coisas. Nem todos veem e sentem as coisas da mesma maneira.

(10) Não tenho sentido nenhuma dificuldade no acesso ao blogue.

11) O blogue representa o ponto de encontro de camaradas que não se tendo encontrado lá, encontram aqui o seu local de convivência.

(12) Sempre desde Ortigosa (2009).

(13) Este ano, estou inscrito [, para o VIII Encontro Nacional, em 8 de junho, em Monte Real, ]com a minha mulher, logo desde os primeiros dias da abertura das inscrições.

(14) Penso que sim. Não pode morrer pois continua a ser um ponto de encontro “grande” de todas as outras ocorrências mais ou menos mais localizadas geograficamente. O Encontro Nacional demonstra que a Grande Família tem necessidade de manter um elo aglutinador que agregue os do Centro, os de Matosinhos e todos os outros [das outras Tabancas] que andam ainda mais ou menos perdidos.

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Nota do editor:

(*) Vd. último poste da série > 21 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11437: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (20): Resposta (nº 35): António Matos, ex-alf mil minas e armadilhas, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72

domingo, 21 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11440: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (3): Rio Mansoa




Foto nº 42 > Mansoa > 1973 > A antiga ponte sobre o rio Mansoa, destruída.



Foto nº 65 > Mansoa >  1973 > A antiga ponte vista da nova


Foto nº 13 > Mansoa > 1973 >  Rio Mansoa > Canoa nativa



Foto nº 14 > Mansoa > 1973 > As barcaças (ou lá como se chamavam) que faziam a travessia do rio para irmos para Bula. Fomos numa delas. [À distância podem parecer LDM, mas não são].




Foto nº 35 > Mansoa > 1973 > Posto de sentinela junto ao rio




 Foto nº 7 > Mansoa > 1973 > O embarque para Bula. De costas em 1º plano o Cap Salgado Martins, comandante da 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72.


Fotos: © Carlos Alberto Fraga (2013). Todos os direitos reservados [Edição: LG]



1.  Continuação da publicação do álbum fotográfico do Carlos Fraga, o mais recente membro da nossa Tabanca Grande (nº 611).

Ele esteve em Mansoa, nos últimos meses de 1973, como alf mil,  indo depois comandar uma companhia em Moçambique, já depois de 25 de abril de 1974.

Estas fotos, com a devida legendagem fornecida pelo Carlos Fraga, constam de um CD que chegou ao nosso conhecimento através de dois camaradas da mesma companhia, a 3ª C CAÇ/4612/72, o Agostinho Gaspar e o Jorge Canhão.

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