Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796 (1970/72) > Ao fundo o saudoso cap inf op espe Fernando Assunção Silva, tendo: (i) à sua direita, alf Campinho e alf Manso, ambos da CCAÇ 2796, e alf Costa Gomes, do Pel Rec Fox 2260 (um "benemérito" de Guileje, pois fazia a segurança das colunas de reabastecimento) (aqui assinalado com um retãngulo a vermelho); e (ii) à sua esquerda alf Vasco Pires (camiseta branca) e alf Rodrigues, da CCAÇ 2796: os restantes são furriéis da CCAÇ 2796 e Pel Rec Fox 2260, que por estarem parcialmente retratados não dá para identificar. Me perdoem os camaradas, se quarenta anos depois errei algum nome." (*)
Foto (e legenda): © Vasco Pires (2013). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]
Guiné > Região de Tombali >
Mapa de Cacoca / Gadamael (1960) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bricama, Tambambofa e Caur.
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)
1. Mensagem do Manuel Vaz (ex-alf mil, CCAÇ 798,
Gadamael Porto, 1965/67) [, foto à esquerda]
Data: 29 de Outubro de 2013 às 00:24
Assunto: Localização de Tambambofa
Caro Luís:
Boa noite. Estava eu desesperadamente à procura de qualquer referência que me permitisse chegar ao ex-alf mil Alexandre Costa Gomes ou seus subordinados no Pel Rec Fox 2260, quando dou com o poste P11223 (*).
Aí aparece uma fotografia com o procurado e outros graduados do seu tempo em Gadamael, enviada para o blogue pelo nosso conhecido Vasco Pires que também a integra. Ao centro, o malogrado cap inf op esp Assunção Silva.
Li os "comentários", pois poderia encontrar elementos de alguém que procurava (Pel Rec Fox 2260). Apesar do poste, de que não me apercebi na altura, ser de Março deste ano, os "comentários" apelam a dois esclarecimentos que me parecem pertinentes e atuais: (**)
(i) Tambambofa [, e não Tamabofa,] fica na estrada que parte de Bricama (estrada Ganturé-Sangonhá) para Caur, na frontei[, e ra com a República da Guiné-Conacri.
Quando a 15 de Agosto de 1966, fiz um reconhecimento ofensivo a Caur, o guia, ao chegarmos a Tambambofa, dizia que já estávamos na Fronteira! Continuamos e em Caur foi pisada uma mina A/P pelas NT. Ele lá sabia... que continuar era perigoso, era melhor não continuar !...
(ii) As circunstâncias da morte do cap inf op esp Fernando Assunção Silva não são conhecidas em pormenor, mas ao consultar a HU da CCAÇ 2796, encontrei que uma patrulha de reconhecimento ofensivo caiu numa emboscada com lança-rocket, RPG7 e armas ligeiras, tendo sofrido um morto e 3 feridos (milícias).
Dedicar um poste às circuntâncias da ocorrência, como homenagem ao Cap Assunção, acho uma boa ideia!
E agora, amigo Luís Graça, uma vez que tenho de continuar à procura de alguém do Pel Rec Fox 2260, se conheceres algum contacto, diz, para não emperrar o trabalho sobre Gadamael.
Um abraço. Manuel Vaz
2. Comentário de L.G.:
Há mais referências ao alf mil cav Alexandre Costa Gomes e ao Pel Rec Fox 2260, que ele comandava, bem como aos seus furrieis Manuel Vitoriano, José Soares, Joaquim Manso, José António Barreiros e António Rio (**).
Por certo que conheces os postes do nosso malgrado camarada
Daniel Matos (1950-2011). Ele era meu vizinho, aqui de Alfragide. Pertenceu à madeirense CCAÇ 3518, que esteve am Gadamael (1971/72).
Vamos ver se alguém responde ao nosso apelo (***). Quanto ao poste de homenagem ao cap inf op esp Assunção Silva, vamos também ver se reunimos materiais novos. Talvez o cor
António Carlos Morais Silva nos possa ajudar, mesmo não pertencendo à nossa Tabanca Grande, como sabes. Pode ser que ele tenha dados, inéditos, sobre a morte do seu antecessor, na CCAÇ 2796, e seu camarada de curso na Academia Militar. Julgo que estás em contacto com ele.
Um abraço. Boa saúde, bom trabalho. LG
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Notas do editor:
(...) “Os Marados de Gadamael” foi a divisa – não muito abonatória, é certo, – escolhida para e pelo pessoal da Companhia de Caçadores Independente nº 3518, formada no Funchal (no Batalhão Independente de Infantaria nº 19/BII19) durante o segundo semestre de 1971 (...).
Com destino à Guiné Portuguesa, a companhia embarcou na cidade do Funchal no dia 20 de Dezembro desse ano, às 3 da madrugada (!), tendo chegado a Bissau no dia 24 seguinte (embora já estivéssemos ao largo do rio Geba desde as 23 horas do dia 23, quem poderá esquecer-se de tão bela consoada?).
No mesmo paquete, – o Angra do Heroísmo, – e com igual proveniência, viajaram a CCaç 3519 (que iria parar a Barro) e a CCaç 3520 (cujo destino foi Cacine), mais o BCaç 3872, que já embarcara em Lisboa e que viria a instalar-se em Galomaro. Pisámos terras da Guiné a partir das 15 horas.
Passámos o dia de Natal a desfazer malas e no dia 26 registou-se a cerimónia de boas-vindas, presidida pelo comandante-chefe, – General António de Spínola, figura grada entre os soldados, ou não fosse também ele um madeirense e, ainda por cima, um líder – perante quem desfilámos e que em seguida nos passou revista.
A 22 de Janeiro de 1972 terminámos o IAO (Instrução e Aproveitamento Operacional) no CMI (Centro Militar de Instrução), situado no Cumeré. No dia seguinte, a bordo de uma LDG, às 19 horas, abalámos do porto de Bissau – ao lado do histórico cais de Pindjiguiti, – para Gadamael Porto.
Após o transbordo em Cacine para uma LDM, (aí se despedindo dos camaradas da irmã gémea CCaç 3520 – “Estrelas do Sul”), e em duas levas de dois pelotões cada, a primeira alcançou o pequeno desembarcadouro de Gadamael, no rio Sapo (afluente do Cacine), pelas 15 horas do dia 24 de Janeiro, onde a companhia ficou uma temporada em sobreposição com a unidade que foi render (a CCaç 2796, que depois marcharia para Quinhamel), integrada no dispositivo de manobra do BCaç 2930, depois do BCaç 4510/72 e, depois ainda, do COP 5 (Guileje).
Juntamente com
Os Marados, estiveram em Gadamael os homens do Pelotão de Reconhecimento Fox nº 2260 “Unidos Venceremos” (comandado pelo alferes miliciano de cavalaria
Alexandre Costa Gomes e pelos furriéis milicianos Manuel Vitoriano, José Soares, Joaquim Manso, José António Barreiros e António Rio).
A 28 de Abril de 1972, após cerimónia de despedida, presidida in loco pelo governador e comandante-chefe Spínola, o pelotão marcha para Bissau, a fim de aguardar aí transporte de regresso à metrópole.
O Pel Rec Fox 2260 foi substituído oito dias antes (21 de Abril) pelo Pelotão de Reconhecimento Fox 3115/Rec 8 (comandado pelo alferes miliciano de cavalaria José Manuel da Costa Mouzinho e pelos furriéis Sérgio Luís Moinhos da Costa, Alfredo João Matias da Silva, José de Jesus Garcia e Fernando Manuel Ramos Custódio).
Também em Gadamael, estiveram adidos à companhia o 23º Pelotão de Artilharia, (comandado pelo alferes miliciano de artilharia José Augusto de Oliveira Trindade e pelos furriéis milicianos Armando Figueiredo Carvalheda, António Luís Lopes de Oliveira (este, logo substituído pelo furriel miliciano João Manuel Duarte Costa), e ainda os Pelotões de Milícias 235 e 236.
O comandante de pelotão 235 era Mamadú Embaló e os comandantes de secção, Camisa Conté, Abdulai Baldé e Mamadú Biai; o comandante de pelotão 236 era Jam Samba Camará e os comandantes de secção, Satalá Colubali, Amadú Bari e Mussa Colubali.
O Camisa Conté, – quanto a mim a mais bem preparada de todas as milícias, de grande inteligência, disponibilidade constante e invulgar simpatia, – morrerá na célebre “batalha” de Guileje, diz-se que num “acidente com arma de fogo”, (ouvimos em Bissau alguém contar que foi a tentar desmontar uma mina) a 12 de Maio de 1973. Por outro lado, o Jam Samba viria a morrer em combate, dias mais tarde, também em Guileje, a 18 de Maio de 1973. (...)
Enquanto em Gadamael, o território operacional e os locais de minagem, patrulhamento e montagem de emboscadas foram essencialmente os seguintes: antigas tabancas de Viana, Ganturé, Bendugo, Gadamael Fronteira, Missirá, Madina, Bricama Nova, Bricama Velha,
Tambambofa, Jabicunda, Campreno Nalú, Campreno Beafada, Mejo, Tarcuré, Sangonhá, Caúr e Cacoca.
A zona fronteiriça com a Guiné-Conacry e a picada para Guileje (estrada que outrora ligava a Aldeia Formosa e ao Saltinho) foram os locais com mais frequente número de operações.
Todo o abastecimento por via terrestre às unidades e população instaladas em Guileje se efectuava, durante a estação seca, através de colunas efectuadas a partir de Gadamael Porto, sendo o nosso pessoal responsável não só pelas viaturas que transportavam para Guileje os géneros que os batelões descarregavam em Gadamael, mas também pela segurança de metade do percurso.
Por diversas vezes, pelotões da companhia, o pelotão Fox e os pelotões da milícia passaram temporadas em reforço das unidades locais (como, por exemplo, da CCaç 3477, “Os Gringos de Guileje”, até Dezembro de 1972, e a CCav 8530, na parte final da nossa estada no sul). (...)
(***) Último poste da série > 13 de outubro de 2013 >
Guiné 63/74 - P12182: Em busca de... (231): Casimiro Silva procura camaradas do Centro de Mensagens, em Bissau, dos anos 1971/73