1. Mensagem do nosso camarada Mário Vasconcelos (ex-Alf Mil TRMS da CCS/BCAÇ 3872 - Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72 - Mansoa, e Cumeré, 1973/74), com data de 21 de Março de 2013:
Caros camaradas, editores e amigos
Um pouco em forma de resposta ao sugerido pelo Luís Graça, e por ser o dia 21 de Março, dedicado à poesia, vou nessa de publicar pequenos nadas, criados no meu tempo de militar pela Guiné.
Sem pretensões de qualquer espécie, mas, e apenas, por uma questão de estar com todos, agora e sempre.
Ao mesmo tempo aproveito para, em forma de enquadramento, inserir uma ou outra foto relacionada com o tempo e o lugar por onde, então, me encontrava.
Assim sendo, regresso a Galomaro, ano de 1973, onde, numa altura de descontracção e reflexão, escrevi este texto, sentado, talvez na mesma tarimba que a foto seguinte reproduz.
A cachimbada, o turbante Fula e a guitarra indígena serviram de adorno.
PENSA MEU SOLDADO CANSADO… PENSA…
Porque hás-de ser sempre o peão do xadrez?
Porque te esqueces donde vem teu soldo?
Será preciso repetir-te, vaidoso, de camuflado novo,
Que esse pano salamandra que te vestem,
Não é mais o verde acastanhado,
Mas sim o preto-volfrâmio do luto?
Queima as mortalhas do teu corpo,
E mata o frio que te vai na alma.
Carrega a tua arma, de flores,
E espreita afoito, sem medo,
O contente silêncio do tubo da arma.
Porventura tua mão tem menos dedos que a minha?
Ou do que a dele?
Não queimes a seara com as vozes dos outros.
Apanha antes a papoila vermelha,
E oferece-a à criança, que no musgo da vida,
Sentada chora.
Galomaro 1973... Guiné
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No ano seguinte, 1974, em funções no COT 9, Mansoa, num grupo de trabalho, e, se assim o digo, é porque, efectivamente, vivia-se neste comando uma atmosfera de camaradagem muito efectiva, sem perda de hierarquia ou funções.
No centro, da esquerda para a direita, recordo, se a memória me não atraiçoa, de camisola branca, o Major de Infª Eurico César Moreno, Ten. Cor. Infª Pedro Henriques e Cap. Mil. Álvaro Contreiras?
Uma outra imagem, agora com camaradas que formavam um pequeno grupo de alinhadores nas patuscadas, onde, como todos nós e a seu modo, matávamos a sede de um regresso às nossas origens.
Sentado perto desta ponte, contemplando suas águas turvas, senti, então, as agruras de um pai distante, que me puseram numa folha estes versos, dedicados à minha mulher e mãe do meu primeiro filho.
MÃE
Mãe, que salivas o amor em suas mãos pousado
Mãe, que levas nos olhos lágrimas de teu choroso filho
Mãe, sorriso feliz de teu bebé sorrindo
Mãe, que em leito fazes teus braços cansados
Mãe, em cujos seios sua vida sustentas
Mãe, de quem tuas mãos são os seus primeiros passos
Mãe, para quem a noite é contínuo dia
Mãe, que do dia fazes um contínuo alerta
Maravilhosa mãe, que tal filho tem, e para quem um dia, minha mulher ficou.
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Nota do editor:
Último poste da série de 21 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12878: Blogpoesia (382): O Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2014, na nossa Tabanca Grande (XIII): Impossível apagar o pensamento (Tony Borié)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 21 de março de 2014
Guiné 63/74 - P12878: Blogpoesia (382): O Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2014, na nossa Tabanca Grande (XIII): Impossível apagar o pensamento (Tony Borié)
1. Em mensagem de hoje, 20 de Março de 2014, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Op Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos a sua colaboração para o Dia Mundial da Poesia que hoje se comemora.
O tal velho, que todos diziam que era bom e honrado,
Vociferava na rádio e na televisão,
Que por sinal também era do nosso Estado,
Vamos para lá, agora e já, nesta ocasião!
Matar ou morrer, tal como de outras vezes,
Lá no Oriente, na Oceânia ou até na África, talvez como e quando,
Talvez como gregos, mouros, fenícios ou cartagineses,
Num navio de carga, sem aquela vela, que tinha uma cruz, sempre desfraldando!
Saindo do Tejo, a nossa vista por lá se desterra,
Os pilares duma ponte, com o nome do velho, que com a nossa aldeia por cá ficavam,
A família, esposas ou namoradas, lá atrás da serra,
O pensamento, os nossos olhos se alongavam!
Ficava a alma, não só coração na amada terra,
Beijos, xicorações, que as mágoas lá nos deixavam,
Fugimos ao porão, com o nosso corpo a soluçar,
Ao outro dia nada mais vimos, do que céu e mar!
Vimos as Canárias, que afinal eram umas ilhas,
Passámos Cabo Verde, com aquelas rochas, muito perigosas,
Já não era em quilómetros, mas sim em milhas,
Que contavam a distância naquelas ondas bastante tenebrosas!
Peixes voadores, sim que os havia no reino do Congo,
Que os Portugueses também converteram à fé de Cristo,
A Guiné era próxima, assim como o rio, que era longo,
Por este mar de lama, pensava baixinho, já não sei se existo!
Contar as vivências, que foram até, bastante perigosas,
Explicar coisas, que pessoas novas, talvez não entendem,
Guerra, tiros, sangue, bombardeamentos, cenas tenebrosas,
Companheiros mortos, fúria, raiva, que os fogos acendem!
Fome, álcool, cigarros, amor e sexo negro, arroz da bolanha, não causes mais dano,
Gritos, catra-pum-pum-pum, o som da metralha,
Quero viver, quero de novo atravessar aquele oceano,
Quero regressar, quero estar vivo, mesmo que perca toda esta batalha!
Dois anos depois, mais velho e sofrido, da escura treva,
Milhares de cigarros, litros de álcool, naquele espaço que já foi passado,
A pele escura do Equador, cheio de razão, que alguém se atreva,
Quero viver, quero estar vivo, não catra-pum-pum-pum, vê lá tem cuidado!
Só água de lama, arame farpado, aquartelamentos, sofre companheiro,
Estás na Guiné, não no Algarve, Valença ou Caminha,
Aqui há bolanhas, terra vermelha, não monte ou outeiro,
Dois anos depois, mais velho e sofrido, já não ia, pois agora vinha!
Ah, ah, ah... deixa-me sorrir, pois já lá vão mais de cinquenta anos,
Ainda estou vivo, vou tendo dores, mas não é frequente,
Considero um milagre, andarmos por cá, sendo veteranos,
De uma guerra, que justa ou injusta, deu sofrimento e matou muita gente!
Porra, já vou longe de mais, estou a abusar da vossa paciência,
Mas podem crer, que foi um prazer, falar com vocês nesta lembrança,
Todos vocês, andaram por lá, têm no corpo, toda esta vivência,
Sorriam, e lembrem sempre aquela palavra, que é a “esperança”!
Tony Borie, Março de 2014
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Nota do editor
Último poste da série de Guiné 63/74 - P12876: Blogpoesia (381): O Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2014, na nossa Tabanca Grande (XII): Nunca se está completamente vestido sem um sorriso (Fernando Gouveia)
Guiné 63/74 - P12877: In Memoriam (187): Aníbal de Afonso de Sousa, ex-Alf Mil da CCAÇ 5 (Gatos Pretos) (José Martins)
1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 21 de Março de 2014, dando conta do falecimento de mais um ex-combatente:
O Alferes Aníbal de Afonso de Sousa partiu!
Os Gatos Pretos estão mais pobres!
O Sousa deixou-nos ontem (19), ao fim do dia. Começa a ser recorrente a partida dos combatentes.
O registo que fica da sua passagem pela Companhia de Caçadores n.º 5, da Guiné, onde nos conhecemos e criamos amizade, ontem desfeita. Resta a saudade!
Alferes Miliciano de Infantaria, número mecanográfico 03651566, natural de Faro, prestava serviço no Centro de Instrução de Sargentos Miliciano de Infantaria quando foi mobilizado.
Foi aumentado ao efectivo da Companhia em 3 de Setembro de 1968, assumindo as funções de Comandante de Pelotão, tendo ainda assumido as de Comandante Interino da Unidade quando tal lhe foi solicitado.
Foi louvado pelo Comandante de Companhia em Ordem de Serviço n.º 38 datada de 21 de Agosto de 1970, “porque ao longo de 24 meses de comissão se mostrou um Oficial disciplinado e correcto, sempre pronto a colaborar em todas as tarefas da Companhia, não se poupando a esforços para cumprir o que lhe era pedido. Oficial leal e amigo de todos, soube com os seus dotes criar um clima de alegria no seio dos seus camaradas, o que muito contribuiu para elevar a moral de todo o corpo de graduados. Cumpriu sempre quando das várias vezes que foi chamado a comandar a Companhia. Merece por tudo isto o Alferes SOUSA que todos o estimem, pelo que me apraz salientar a sua passagem por esta Companhia”
Foi abatido ao efectivo da Unidade em 1 de Outubro de 1970 por ter terminado a sua comissão de serviço e regressado à metrópole.
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Os editores e a tertúlia deste Blogue lamentam a partida de mais esta camarada e endereçam aos seus familiares e amigos os mais sentidos pêsames.
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Nota do editor
Último poste da série de 20 de Março de 2014 > Guiné 63/74 - P12858: In Memoriam (186): Maria Alice de Sousa Loureiro Costa (1948-2014), esposa do nosso camarada António da Costa Maria (ex-Fur Mil Cav, Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)
Guiné 63/74 - P12876: Blogpoesia (381): O Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2014, na nossa Tabanca Grande (XII): Nunca se está completamente vestido sem um sorriso (Fernando Gouveia)
Poema de Fernando Gouveia (2014)
1. Mensagem do Fernando Gouveia, associando-se à nossa iniciativa de celebrar o Dia Mundial da Poesia, uma maratona que já vai longa...
Luís:
Esperando que ainda vá a tempo de ser hoje publicada, neste Dia Mundial da Poesia, junto envio um poema construído sobre uma frase de uma canção de Little Orphan num musical da Broadway.
Como o poema tem laivos de Poesia Concreta vai como imagem e assim deve ser publicado.
Um abraço.
Fernando Gouveia
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de Junho de 2009 > Os então novos membros da nossa Tabanca Grande, Regina e Fernando Gouveia, um adorável casal, transmontano, do Porto, que fez uma comissão na Guiné (Bafatá, 1968/70). O Fernando foi Alf Mil Pel Rec Inf, Comando de Agrupamento 2957, Bafatá (1968/70) na altura em que era comandado pelo Cor Hélio Felgas, já falecido.
Foto (e legenda): © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados.
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Foto (e legenda): © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados.
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Nota do editor:
Guiné 63/74 - P12875: Blogpoesia (380): O Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2014, na nossa Tabanca Grande (XI): Alberto Branquinho / Jorge Cabral / José Manuel Lopes (Josema)
1. Alberto Branquinho
[ advogado, escritor, ex-alf mil op esp, CART 1689, Fá, Catió, Cabedu,Gandembel e Canquelifá, 1967/69]
[ advogado, escritor, ex-alf mil op esp, CART 1689, Fá, Catió, Cabedu,Gandembel e Canquelifá, 1967/69]
Luis: Correspondendo ao teu apelo, aqui vai um, recentemente publicado no meu livro "QUASOUTONO?!".
In: Branquinho, A. - QUASOUTONO?!, Lisboa, Edições Vírgula, 2004, 82 pp.
Modji Daaba no meu Lençol
Fecha o seu Corpo,
Como Flor,
Que teme o Sol.
Com medo e Dó,
Não dá. Empresta.
E desta noite,
Nada me resta.
Estou Só!
Fá, Nov.1969.
tenho saudades
do amor que não se compra
daquele que se sente
o tal
que vem de dentro
e
que não acaba
com um orgasmo
não quero mais
ser
aquele que se vai
assim que se vem
não quero mais
ficar vazio
não quero mais
ficar sem eco
não quero mais
perder o elo
que me liga
a ela
seja ela quem for
não quero mais fazer amor
sem ter de oferecer uma flor.
josema
Bissau/1974
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12873: Blogpoesia (379): O Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2014, na nossa Tabanca Grande (X): "Canção", de Domingos Gonçalves (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546) e "Soneto de guerra", de Cândido Morais (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679)
BLOGUEMOS
Eu blogo
tu blog@s
ele blog@
toda a gente
mesmo os que não têm cão
podem ter um blogue
falando de coisas várias
ou do seu próprio umbigo
O blogue não ocupa espaço
não ladra
não comenão caga
(por vezes fede)
Vivam os blogues!
(sans blague...)
In: Branquinho, A. - QUASOUTONO?!, Lisboa, Edições Vírgula, 2004, 82 pp.
[ jurista, advogado de barra, docente universitário reformado, ex-alf mil at art, cmdt Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, setor L1, Bambadinca, 1969/71]
Aí vai um poema escrito na Guiné.
Abração, J.Cabral
Modji Daaba
Modji Daaba no meu Lençol
Fecha o seu Corpo,
Como Flor,
Que teme o Sol.
Com medo e Dó,
Não dá. Empresta.
E desta noite,
Nada me resta.
Estou Só!
Fá, Nov.1969.
Jorge Cabral
3. José Manuel Lopes [JOSEMA]
[, vitivinicultor, duriense, ex-fur mil, CART 6250/72, Mampatá, 1972/74, mais conhecido na região de Tombali pelo seu pseudónimo literário Josema...e por escrever um poema todos os dias; queimou mais de 2/3 da sua produção poética do tempo de guerra; este, que reproduzimos a seguir, foi um dos que escapou à fúria do poeta...]
Tenho saudades
tenho saudades
do amor que não se compra
daquele que se sente
o tal
que vem de dentro
e
que não acaba
com um orgasmo
não quero mais
ser
aquele que se vai
assim que se vem
não quero mais
ficar vazio
não quero mais
ficar sem eco
não quero mais
perder o elo
que me liga
a ela
seja ela quem for
não quero mais fazer amor
sem ter de oferecer uma flor.
josema
Bissau/1974
___________
Nota do editor:
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12873: Blogpoesia (379): O Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2014, na nossa Tabanca Grande (X): "Canção", de Domingos Gonçalves (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546) e "Soneto de guerra", de Cândido Morais (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679)
Guiné 63/74 - P12874: Memórias da CCAÇ 2616 (Buba, 1970/71) (Francisco Baptista) (4): O respeito pela morte
1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), com data de 13 de Março de 2014:
Memórias da CCAÇ 2616
4 - O RESPEITO PELA MORTE
O último semestre da CCaç 2616, em Buba, foi um tempo malfadado. Todos os tipos de azares e desgraças, aconteceram. Além dos habituais ataques de armas pesadas ao aquartelamento, que dado os abrigos e valas existentes, não representavam grande perigo, houve toda a sorte de acontecimentos funestos. A Companhia sofreu com tudo isso quatro mortos e cerca de 20 feridos, alguns graves.
Em abono da verdade um morto e muitos feridos pertenciam a um Pelotão doutra Companhia do Comando de Aldeia Formosa que estava a reforçar a nossa. Este acidente foi provocado por uma granada de lança-granadas-foguete que depois de se lhe retirar a segurança para a introduzir na arma, com alguma inclinação a um metro e pouco do chão podia explodir. Foi isso que aconteceu junto à arrecadação do material provocando a morte imediata dum soldado e ferimentos, alguns muito graves, em cerca de quinze outros camaradas. Essa granada, penso que fabricada no Braço de Prata, teve poucos meses de utilização pois terá provocado outros acidentes noutros quartéis.
Houve de tudo, desde minas anti-pessoais e anti-carro a reencontros com a guerrilha no mato a três acidentes graves com diferentes tipos de granadas.
Este rol de desgraças penso que começou quando o Albano morreu e dois amigos dele ficaram gravemente feridos com a explosão de uma granada de mão.
Deste acidente penso que terá havido duas versões pelo que me abstenho de contar qualquer delas. Foi um acidente infeliz como houve tantos na Guiné.
Muitas armas e material explosivo, por vezes pouco seguro, deficiente instrução militar. Meses de relativo relaxe em que parecia que a guerra já tinha acabado, alternados com dias agitados por disparos e rebentamentos. Meses dum sol tropical escaldante alternados com meses de aguaceiros sem fim. A maior parte dos camaradas confinados durante quase dois anos a viver no aquartelamento, sem possibilidade de poderem gozar férias. Tudo isto criava condições propícias a todo o tipo de acidentes.
O Albano era pescador de Setúbal tal como os outros dois camaradas. Era discreto, diligente, trabalhador, popular entre todos os militares do quartel. Era um tipo de homem capaz de se relacionar com todos os outros, acima ou abaixo da sua escala hierárquica ou social, sem fazer concessões a ninguém. Só homens superiores conseguem ter este comportamento, porque para lá dos seus conhecimentos literários, técnicos ou artísticos, conseguem ter a visão correta da miséria e da grandeza dos seus semelhantes.
Tendo a idade da maioria de todos nós revelava já ser um homem mais maduro. A isso não seria alheio o facto de já ser casado e ter duas filhas e como tal ter tido cedo responsabilidades que obrigam um homem a crescer.
Lembro-me do seu corpo estar depositado na pequena capela do quartel a aguardar transporte para Bissau. Penso nisso, no choque que a sua morte provocou em todos e apesar disso na solidão de morte do seu corpo, sozinho na capela, abandonado por todos. Olho para o monitor do computador e parece que me revejo a passar próximo da capela, que ficava ao lado da estrada que levava ao cais, em frente à messe de oficiais, a pensar que o meu comportamento e o dos outros não estava a ser correcto em relação o Albano.
Vinha-me à memória a morte dos meus avós e do meu padrinho, velados em casa sempre com tanta gente à sua volta, toda a aldeia, parentes e amigos das terras próximas a entrar e a sair para nos cumprimentar e rezar pelos morto. Lembrava-me principalmente do meu avô materno Francisco, um homem calmo, meigo, amigo de tratar da horta, e de ir à "venda" beber um copo com os amigos. Para mim foi o melhor homem que alguma vez conheci e sempre ouvi os maiores elogios acerca dele, bom homem e um lavrador dos melhores.
Assisti à sua morte, recordo tudo, desde o quarto em que estava deitado, às rezas antigas, que não conhecia, que a minha avó paterna fez. Recordo também que quando expirou, a minha avó mandou vir um pão (dos grandes pães que a minha mãe cozia) e foi partido em duas partes para dar a dois pobres. Depois do funeral a minha mãe mandou dar um quartilho de azeite a todas pessoas da aldeia que dele precisassem. Não sei ou já esqueci qual o significado daquele pão.
Lembro-me dessas noites longas de velório com a minha mãe, tias, primas e outras mulheres sentadas em redor da urna sempre a rezar terços. Os homens demoravam-se pouco, saiam e depois ficavam na rua a falar das colheitas, dos animais, enfim das vidas em geral.
Na morte do camarada Albano, em Buba, faltou o amor e compaixão das mulheres para dar sentido e dignidade à despedida.
Éramos homens e jovens, não dávamos valor às cerimonias e rituais que existem e sempre existiram em todos os tipos de sociedades e têm um papel importante para repor a paz e a harmonia entre os vivos e os mortos.
As mulheres conhecem todos esses mistérios, sabem falar com os mortos e não têm pudor em chorar e em manifestar as suas crenças e a sua fé. Como dizia o poeta Louis Aragon, a mulher é o futuro homem. Eu diria que ela é o princípio e o fim do homem pois é ela que lhe dá a vida e que no final o entrega e recomenda aos deuses.
Em Buba não tínhamos padre e não me recordo de alguém que o substituísse com uma mensagem de despedida que reunisse todos os militares do quartel ou pelo menos a Companhia. Sei lá, esse ou outro gesto, como toda a Companhia formada em silêncio em frente à capela onde estava o corpo.
Do que recordo, e aceito o contraditório de alguém que tenha memórias diferentes, os corpos dos outros camaradas tiveram o mesmo triste acompanhamento.
Um abraço a todos os camaradas
Francisco Baptista
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Nota do editor
Último poste da série de 27 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12513: Memórias da CCAÇ 2616 (Buba, 1970/71) (Francisco Baptista) (3): Ataques com armas pesadas ao quartel
Memórias da CCAÇ 2616
4 - O RESPEITO PELA MORTE
O último semestre da CCaç 2616, em Buba, foi um tempo malfadado. Todos os tipos de azares e desgraças, aconteceram. Além dos habituais ataques de armas pesadas ao aquartelamento, que dado os abrigos e valas existentes, não representavam grande perigo, houve toda a sorte de acontecimentos funestos. A Companhia sofreu com tudo isso quatro mortos e cerca de 20 feridos, alguns graves.
Em abono da verdade um morto e muitos feridos pertenciam a um Pelotão doutra Companhia do Comando de Aldeia Formosa que estava a reforçar a nossa. Este acidente foi provocado por uma granada de lança-granadas-foguete que depois de se lhe retirar a segurança para a introduzir na arma, com alguma inclinação a um metro e pouco do chão podia explodir. Foi isso que aconteceu junto à arrecadação do material provocando a morte imediata dum soldado e ferimentos, alguns muito graves, em cerca de quinze outros camaradas. Essa granada, penso que fabricada no Braço de Prata, teve poucos meses de utilização pois terá provocado outros acidentes noutros quartéis.
Houve de tudo, desde minas anti-pessoais e anti-carro a reencontros com a guerrilha no mato a três acidentes graves com diferentes tipos de granadas.
Este rol de desgraças penso que começou quando o Albano morreu e dois amigos dele ficaram gravemente feridos com a explosão de uma granada de mão.
Deste acidente penso que terá havido duas versões pelo que me abstenho de contar qualquer delas. Foi um acidente infeliz como houve tantos na Guiné.
Muitas armas e material explosivo, por vezes pouco seguro, deficiente instrução militar. Meses de relativo relaxe em que parecia que a guerra já tinha acabado, alternados com dias agitados por disparos e rebentamentos. Meses dum sol tropical escaldante alternados com meses de aguaceiros sem fim. A maior parte dos camaradas confinados durante quase dois anos a viver no aquartelamento, sem possibilidade de poderem gozar férias. Tudo isto criava condições propícias a todo o tipo de acidentes.
O Albano era pescador de Setúbal tal como os outros dois camaradas. Era discreto, diligente, trabalhador, popular entre todos os militares do quartel. Era um tipo de homem capaz de se relacionar com todos os outros, acima ou abaixo da sua escala hierárquica ou social, sem fazer concessões a ninguém. Só homens superiores conseguem ter este comportamento, porque para lá dos seus conhecimentos literários, técnicos ou artísticos, conseguem ter a visão correta da miséria e da grandeza dos seus semelhantes.
Tendo a idade da maioria de todos nós revelava já ser um homem mais maduro. A isso não seria alheio o facto de já ser casado e ter duas filhas e como tal ter tido cedo responsabilidades que obrigam um homem a crescer.
Lembro-me do seu corpo estar depositado na pequena capela do quartel a aguardar transporte para Bissau. Penso nisso, no choque que a sua morte provocou em todos e apesar disso na solidão de morte do seu corpo, sozinho na capela, abandonado por todos. Olho para o monitor do computador e parece que me revejo a passar próximo da capela, que ficava ao lado da estrada que levava ao cais, em frente à messe de oficiais, a pensar que o meu comportamento e o dos outros não estava a ser correcto em relação o Albano.
Vinha-me à memória a morte dos meus avós e do meu padrinho, velados em casa sempre com tanta gente à sua volta, toda a aldeia, parentes e amigos das terras próximas a entrar e a sair para nos cumprimentar e rezar pelos morto. Lembrava-me principalmente do meu avô materno Francisco, um homem calmo, meigo, amigo de tratar da horta, e de ir à "venda" beber um copo com os amigos. Para mim foi o melhor homem que alguma vez conheci e sempre ouvi os maiores elogios acerca dele, bom homem e um lavrador dos melhores.
Assisti à sua morte, recordo tudo, desde o quarto em que estava deitado, às rezas antigas, que não conhecia, que a minha avó paterna fez. Recordo também que quando expirou, a minha avó mandou vir um pão (dos grandes pães que a minha mãe cozia) e foi partido em duas partes para dar a dois pobres. Depois do funeral a minha mãe mandou dar um quartilho de azeite a todas pessoas da aldeia que dele precisassem. Não sei ou já esqueci qual o significado daquele pão.
Lembro-me dessas noites longas de velório com a minha mãe, tias, primas e outras mulheres sentadas em redor da urna sempre a rezar terços. Os homens demoravam-se pouco, saiam e depois ficavam na rua a falar das colheitas, dos animais, enfim das vidas em geral.
Na morte do camarada Albano, em Buba, faltou o amor e compaixão das mulheres para dar sentido e dignidade à despedida.
Éramos homens e jovens, não dávamos valor às cerimonias e rituais que existem e sempre existiram em todos os tipos de sociedades e têm um papel importante para repor a paz e a harmonia entre os vivos e os mortos.
As mulheres conhecem todos esses mistérios, sabem falar com os mortos e não têm pudor em chorar e em manifestar as suas crenças e a sua fé. Como dizia o poeta Louis Aragon, a mulher é o futuro homem. Eu diria que ela é o princípio e o fim do homem pois é ela que lhe dá a vida e que no final o entrega e recomenda aos deuses.
Em Buba não tínhamos padre e não me recordo de alguém que o substituísse com uma mensagem de despedida que reunisse todos os militares do quartel ou pelo menos a Companhia. Sei lá, esse ou outro gesto, como toda a Companhia formada em silêncio em frente à capela onde estava o corpo.
Do que recordo, e aceito o contraditório de alguém que tenha memórias diferentes, os corpos dos outros camaradas tiveram o mesmo triste acompanhamento.
Um abraço a todos os camaradas
Francisco Baptista
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Nota do editor
Último poste da série de 27 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12513: Memórias da CCAÇ 2616 (Buba, 1970/71) (Francisco Baptista) (3): Ataques com armas pesadas ao quartel
Guiné 63/74 - P12873: Blogpoesia (379): O Dia Mundial da Poesia, 21 de Março de 2014, na nossa Tabanca Grande (X): "Canção", de Domingos Gonçalves (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546) e "Soneto de guerra", de Cândido Morais (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679)
1. Mensagem do nosso camarada Domingos Gonçalves, (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68):
Prezado Dr. Luís Graça:
Naqueles tempos a inspiração já escasseava. Ainda era, no entanto, suficiente para gravar no papel algumas quadras toscas.
Envio algumas.
Um abraço.
Canção
Quem repara na doçura do meu verso?
Eu não canto, senão para alegrar
A alma de quem sofrer e amar,
E em funda tristeza andar imerso.
Como a água que desliza num ribeiro,
Nas pedras a bater, leve e serena,
Seja minha canção assim amena,
E o meu verso, assim, fagueiro.
Alguém recordará a voz amada
A murmurar, baixinho, aos seu ouvidos,
Talvez exangue, triste e desolada,
Sonhos distantes, quase já perdidos.
Quem não sofreu a dor, o desengano?
Quem não viu a tristeza, nos seus dias?
Quem não teve ilusões fugidias,
E não sondou, do amor, o fundo arcano?
Viúva desolada, entristecida,
É filha da verdade a minha voz,
Alento para quem sofrer na vida
Alguma dor, demasiado atroz.
Prenúncio final, de uma vitória,
Do triunfo final, da irmã virtude,
Espalhe-se o meu canto na amplitude,
Alcance o homem bom, a maior glória.
Domingos Gonçalves
Mafra, Maio/1965
1. Mensagem do nosso camarada Cândido Morais (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71):
Caro amigo
Um dia, para um livrito que produzi, incluí este soneto de guerra que nos retrata alguma coisa e que tenho todo o gosto em mandar-te, após ler o teu apelo:
Soneto de Guerra
O tempo parou e a folhagem densa
suspendeu também todo o movimento,
irmanando-se aos homens no momento
da angústia maior e mais intensa.
E todos os sons foram proibidos,
calando-se as aves sem detença,
porque pulsavam pela selva imensa
os medos doutros medos reprimidos.
Demorou o momento do trovão,
alvorada que ergueu, enfurecidos,
os rostos esmagados contra o chão.
Nos gestos maquinais, embrutecidos
o homem surgiu besta e a razão
cedeu ao mundo louco dos sentidos.
Cândido Morais
____________
Nota do editor
Último poste da série de 21 de Março de 2014 > Guiné 63/74 - P12871: Blogpoesia (378): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (IX): La crise, c'est fini, vive la poésie! (Luís Graça / Joana Graça)
Prezado Dr. Luís Graça:
Naqueles tempos a inspiração já escasseava. Ainda era, no entanto, suficiente para gravar no papel algumas quadras toscas.
Envio algumas.
Um abraço.
Canção
Quem repara na doçura do meu verso?
Eu não canto, senão para alegrar
A alma de quem sofrer e amar,
E em funda tristeza andar imerso.
Como a água que desliza num ribeiro,
Nas pedras a bater, leve e serena,
Seja minha canção assim amena,
E o meu verso, assim, fagueiro.
Alguém recordará a voz amada
A murmurar, baixinho, aos seu ouvidos,
Talvez exangue, triste e desolada,
Sonhos distantes, quase já perdidos.
Quem não sofreu a dor, o desengano?
Quem não viu a tristeza, nos seus dias?
Quem não teve ilusões fugidias,
E não sondou, do amor, o fundo arcano?
Viúva desolada, entristecida,
É filha da verdade a minha voz,
Alento para quem sofrer na vida
Alguma dor, demasiado atroz.
Prenúncio final, de uma vitória,
Do triunfo final, da irmã virtude,
Espalhe-se o meu canto na amplitude,
Alcance o homem bom, a maior glória.
Domingos Gonçalves
Mafra, Maio/1965
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1. Mensagem do nosso camarada Cândido Morais (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71):
Caro amigo
Um dia, para um livrito que produzi, incluí este soneto de guerra que nos retrata alguma coisa e que tenho todo o gosto em mandar-te, após ler o teu apelo:
Soneto de Guerra
O tempo parou e a folhagem densa
suspendeu também todo o movimento,
irmanando-se aos homens no momento
da angústia maior e mais intensa.
E todos os sons foram proibidos,
calando-se as aves sem detença,
porque pulsavam pela selva imensa
os medos doutros medos reprimidos.
Demorou o momento do trovão,
alvorada que ergueu, enfurecidos,
os rostos esmagados contra o chão.
Nos gestos maquinais, embrutecidos
o homem surgiu besta e a razão
cedeu ao mundo louco dos sentidos.
Cândido Morais
____________
Nota do editor
Último poste da série de 21 de Março de 2014 > Guiné 63/74 - P12871: Blogpoesia (378): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (IX): La crise, c'est fini, vive la poésie! (Luís Graça / Joana Graça)
Guiné 63/74 - P12872: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (6): Porto do Carro, a minha aldeia, e Canchungo (ex-Teixeira Pinto), ontem e hoje
1. Sexto episódio da série "Acordar memórias" do nosso camarada Joaquim Luís Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973 e Depósito de Adidos, Brá, 1974):
ACORDAR MEMÓRIAS
6 - Porto do Carro, a minha aldeia, e Canchungo (ex-Teixeira Pinto), ontem e hoje
A figura do ancião, da estória do porco abusivamente extorquido, com o seu olhar penetrante, tem-me acompanhado ao longo dos anos, fazendo-me lembrar pela semelhança, a figura de um outro ancião, da minha aldeia natal, Porto do Carro, quando ainda garoto de 7, 8, 9, 10 anos, me juntava com os outros garotos vizinhos, no largo do Casal das Pombas, palco de todas as brincadeiras e que confinava com o arneiro (quintal) pertença do “Ti Bajona”, o “homem grande daquela tabanca”. Parecia-me um gigante, com os seus pés sempre descalços e negros, as calças de cotim, que tinham sido cinzentas, com uns atilhos nos tornozelos e na cintura, camisa e colete escuros, barrete tão velho quanto desbotado, barba grande e pigarça. Uma figura que inspirava medo e respeito e que a garotada, evitava desafiar ou melindrar, não invadindo o seu espaço. Uma figura singular e tradicional nos usos e costumes, que ainda hoje, povoa as memórias dos garotos desse tempo.
Rapazinhos “djubis” no seu espaço e tempo de todas as brincadeiras, a lembrarem-me que poucos anos antes eu brincava como eles. Era só trocar a vaquita pela burrita e um pouco mais de roupa. (zona próxima do quartel)
Cais do rio Baboque em maré alta, próximo do quartel. Propiciava mergulhos aos “Djubis” e aos soldados algumas pescarias com o recurso do rebentar de uma granada. A recordar os meus tempos, na minha aldeia.
Há 55 anos, as ruas da minha aldeia, assim como o largo do Casal das Pombas, eram de terra batida. Não havia água canalizada, nem esgotos, nem tão pouco eletricidade, tal como ainda hoje nas tabancas de Canchungo. Também como ainda hoje em Canchungo, havia muitos meninos que brincavam na rua até noite dentro, em segurança, descalços, na terra batida, do largo do Casal das Pombas. (No meu ano, entrámos 22 para a primeira classe).
Hoje, as ruas e o largo do Casal das Pombas da minha aldeia estão asfaltados e limpos, têm água canalizada e esgotos, eletricidade e iluminação pública noturna, mas escasseiam os meninos. Algumas famílias continuam carenciadas mesmo que alguns calcem ténis de marca. Mas já não brincam na rua em segurança. E a escola, um dia destes fecha por falta de meninos.
Esta constatação, a par de outras, causa-me tristeza: ver o meu país a definhar, a envelhecer sem esperança. E não tinha que ser assim! Não foi com este futuro precário que a minha geração sonhou! Não foi para um país, com o presente e o futuro comprometido, adiado, como se afigura hoje, que trabalhámos, sofremos e lutámos!...
Mas... e os meninos de Canchungo?... Os que sobrevivem à subnutrição e à doença?...
Continuam a brincar descalços, na terra batida dos largos das suas tabancas, às escuras, tal como há 40 anos, quando eu me fazia criança e brincava com eles, nas suas rodas e eles me chamavam de manta, que eu usava como indumentária, a tiracolo e com que me agasalhava, nas frias noites e madrugadas, em voltas, nas proximidades de Canchungo, que penava, quando palmilhava ou me acoitava, mas sempre em vigilância, para que nenhum mal acontecesse.
Rapazinho que vinha recolher ao arame farpado, junto dos postos de sentinela, as sobras (restos) da comida que os soldados lhe davam. Perante a realidade que observava questionava-me: O que andamos nós aqui a fazer? Que guerra é esta? Como se não deve sentir revoltado este povo?... A nossa presença deverá ser uma afronta!...
Eu revivia e recordava os meus tempos de garoto, no largo do Casal das Pombas, brincando com os meus vizinhos, a correr atrás da bola... e dos sonhos... que quando fosse um homem haveria de ajudar a construir um mundo melhor, mais justo e fraterno. E aonde vão os sonhos?... Continua quase tudo do essencial por fazer: a justiça, a solidariedade...
A fotografia do Ioró Jaló, pela sua parecença com a do ancião da estória do porco, interpelou-me. Quem era este homem? Poderia ser seu filho, sobrinho... Só que no seu olhar não via o ódio e rancor que vi no do outro. Tão só súplica e complacência. Penso nele e em todos os outros na sua situação. Que herança madrasta, nós portugueses lhes legámos! E agora quem os ajuda e auxilia na sua penúria e sofrimento?...
Fotos de: Mama Samba; José Ussumane Injai; Demba Injai; Joaquim Gomes; Bondon Monteiro. (Vd. P2451 ou P5414)
Com a devida vénia ao Dr. António Alberto Alves pelas fotos e bem haja pela iniciativa. Bem hajam todos os que têm ajudado, de algum modo, a minorar o seu sofrimento.
Portugal, enquanto país ocupante daqueles territórios durante 5 séculos, deveria e poderia ter feito mais e melhor do que fez! Será que ainda há condições, espaço de manobra e tempo, para ajudar aqueles povos a saírem da situação em que se encontram e alcançarem uma vida melhor, com paz, desenvolvimento e prosperidade? Assim o desejo e espero.
Gostaria de ter vida, saúde e alguns recursos económicos para poder fazer algo também. Tenho algumas ideias, mas sozinho pouco poderei fazer. Juntando-me a outros e organizados, poderíamos fazer mais. Por que não a “Tabanca Grande” ousar ir mais além? Ser mais interventiva na “coisa pública”; dar mais consequência e visibilidade aos afetos e que estes se concretizem em ações possíveis. Juntos e organizados, poderíamos fazer muito mais a favor do sofredor Povo da Guiné, que nos pede e espera ajuda. E de nós próprios.
Sei que o Blogue não é uma ONG, que há várias a trabalhar e a fazer bem o que podem e onde nos podemos inserir. A ação que preconizo para a “Tabanca Grande” seria de outro nível: vamos chamar-lhe “Grupo de Sensibilização e de Pressão” do maior alcance possível, ao nível político, diplomático... nas esferas nacional e internacional. Será sonhar muito alto?...
Imagem do “Google Maps” da Guiné Bissau, com especial incidência no Chão Manjaco por onde andei, das Ilhas de Pecixe e Jeta até ao Cacheu, que de algum modo conheci e criei laços. Tiveram nestes últimos 40 anos alguma expansão e transformação urbanística, mas continuam tão carentes como então, de desenvolvimento económico autossustentado. Têm alguns recursos, mas há tanto para fazer! Tenho algumas ideias e penso que não deveria deixá-las morrer ou enterrá-las comigo. Mas são tão grandes e eu sou tão limitado, que não sei! Veremos.
____________
Nota do editor:
Vd. postes da série de:
6 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12802: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (1): Monte Real, 8 de Junho de 2013, o primeiro contacto com a Tertúlia
9 de Março de 2014 > Guiné 63/74 - P12812: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (2): O primeiro contacto com a bibliografia da guerra colonial
12 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12828: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (3) : As minhas pesquisas sobre Teixeira Pinto e o "Chão Manjaco"
15 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12841: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (4): Teixeira Pinto, adaptação às pessoas e ao terreno
18 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12851: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (5): O porco que não consegui comer
ACORDAR MEMÓRIAS
6 - Porto do Carro, a minha aldeia, e Canchungo (ex-Teixeira Pinto), ontem e hoje
A figura do ancião, da estória do porco abusivamente extorquido, com o seu olhar penetrante, tem-me acompanhado ao longo dos anos, fazendo-me lembrar pela semelhança, a figura de um outro ancião, da minha aldeia natal, Porto do Carro, quando ainda garoto de 7, 8, 9, 10 anos, me juntava com os outros garotos vizinhos, no largo do Casal das Pombas, palco de todas as brincadeiras e que confinava com o arneiro (quintal) pertença do “Ti Bajona”, o “homem grande daquela tabanca”. Parecia-me um gigante, com os seus pés sempre descalços e negros, as calças de cotim, que tinham sido cinzentas, com uns atilhos nos tornozelos e na cintura, camisa e colete escuros, barrete tão velho quanto desbotado, barba grande e pigarça. Uma figura que inspirava medo e respeito e que a garotada, evitava desafiar ou melindrar, não invadindo o seu espaço. Uma figura singular e tradicional nos usos e costumes, que ainda hoje, povoa as memórias dos garotos desse tempo.
Rapazinhos “djubis” no seu espaço e tempo de todas as brincadeiras, a lembrarem-me que poucos anos antes eu brincava como eles. Era só trocar a vaquita pela burrita e um pouco mais de roupa. (zona próxima do quartel)
Cais do rio Baboque em maré alta, próximo do quartel. Propiciava mergulhos aos “Djubis” e aos soldados algumas pescarias com o recurso do rebentar de uma granada. A recordar os meus tempos, na minha aldeia.
Há 55 anos, as ruas da minha aldeia, assim como o largo do Casal das Pombas, eram de terra batida. Não havia água canalizada, nem esgotos, nem tão pouco eletricidade, tal como ainda hoje nas tabancas de Canchungo. Também como ainda hoje em Canchungo, havia muitos meninos que brincavam na rua até noite dentro, em segurança, descalços, na terra batida, do largo do Casal das Pombas. (No meu ano, entrámos 22 para a primeira classe).
Hoje, as ruas e o largo do Casal das Pombas da minha aldeia estão asfaltados e limpos, têm água canalizada e esgotos, eletricidade e iluminação pública noturna, mas escasseiam os meninos. Algumas famílias continuam carenciadas mesmo que alguns calcem ténis de marca. Mas já não brincam na rua em segurança. E a escola, um dia destes fecha por falta de meninos.
Esta constatação, a par de outras, causa-me tristeza: ver o meu país a definhar, a envelhecer sem esperança. E não tinha que ser assim! Não foi com este futuro precário que a minha geração sonhou! Não foi para um país, com o presente e o futuro comprometido, adiado, como se afigura hoje, que trabalhámos, sofremos e lutámos!...
Mas... e os meninos de Canchungo?... Os que sobrevivem à subnutrição e à doença?...
Continuam a brincar descalços, na terra batida dos largos das suas tabancas, às escuras, tal como há 40 anos, quando eu me fazia criança e brincava com eles, nas suas rodas e eles me chamavam de manta, que eu usava como indumentária, a tiracolo e com que me agasalhava, nas frias noites e madrugadas, em voltas, nas proximidades de Canchungo, que penava, quando palmilhava ou me acoitava, mas sempre em vigilância, para que nenhum mal acontecesse.
Rapazinho que vinha recolher ao arame farpado, junto dos postos de sentinela, as sobras (restos) da comida que os soldados lhe davam. Perante a realidade que observava questionava-me: O que andamos nós aqui a fazer? Que guerra é esta? Como se não deve sentir revoltado este povo?... A nossa presença deverá ser uma afronta!...
Eu revivia e recordava os meus tempos de garoto, no largo do Casal das Pombas, brincando com os meus vizinhos, a correr atrás da bola... e dos sonhos... que quando fosse um homem haveria de ajudar a construir um mundo melhor, mais justo e fraterno. E aonde vão os sonhos?... Continua quase tudo do essencial por fazer: a justiça, a solidariedade...
A fotografia do Ioró Jaló, pela sua parecença com a do ancião da estória do porco, interpelou-me. Quem era este homem? Poderia ser seu filho, sobrinho... Só que no seu olhar não via o ódio e rancor que vi no do outro. Tão só súplica e complacência. Penso nele e em todos os outros na sua situação. Que herança madrasta, nós portugueses lhes legámos! E agora quem os ajuda e auxilia na sua penúria e sofrimento?...
Foto do Ioró Jaló, ex-milicia no Pelundo, (Vd. Postes P2451 ou P5414)
(Com a devida vénia ao Dr. António A. Alves)
Fotos de: Mama Samba; José Ussumane Injai; Demba Injai; Joaquim Gomes; Bondon Monteiro. (Vd. P2451 ou P5414)
Com a devida vénia ao Dr. António Alberto Alves pelas fotos e bem haja pela iniciativa. Bem hajam todos os que têm ajudado, de algum modo, a minorar o seu sofrimento.
Portugal, enquanto país ocupante daqueles territórios durante 5 séculos, deveria e poderia ter feito mais e melhor do que fez! Será que ainda há condições, espaço de manobra e tempo, para ajudar aqueles povos a saírem da situação em que se encontram e alcançarem uma vida melhor, com paz, desenvolvimento e prosperidade? Assim o desejo e espero.
Gostaria de ter vida, saúde e alguns recursos económicos para poder fazer algo também. Tenho algumas ideias, mas sozinho pouco poderei fazer. Juntando-me a outros e organizados, poderíamos fazer mais. Por que não a “Tabanca Grande” ousar ir mais além? Ser mais interventiva na “coisa pública”; dar mais consequência e visibilidade aos afetos e que estes se concretizem em ações possíveis. Juntos e organizados, poderíamos fazer muito mais a favor do sofredor Povo da Guiné, que nos pede e espera ajuda. E de nós próprios.
Sei que o Blogue não é uma ONG, que há várias a trabalhar e a fazer bem o que podem e onde nos podemos inserir. A ação que preconizo para a “Tabanca Grande” seria de outro nível: vamos chamar-lhe “Grupo de Sensibilização e de Pressão” do maior alcance possível, ao nível político, diplomático... nas esferas nacional e internacional. Será sonhar muito alto?...
Imagem do “Google Maps” da Guiné Bissau, com especial incidência no Chão Manjaco por onde andei, das Ilhas de Pecixe e Jeta até ao Cacheu, que de algum modo conheci e criei laços. Tiveram nestes últimos 40 anos alguma expansão e transformação urbanística, mas continuam tão carentes como então, de desenvolvimento económico autossustentado. Têm alguns recursos, mas há tanto para fazer! Tenho algumas ideias e penso que não deveria deixá-las morrer ou enterrá-las comigo. Mas são tão grandes e eu sou tão limitado, que não sei! Veremos.
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Nota do editor:
Vd. postes da série de:
6 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12802: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (1): Monte Real, 8 de Junho de 2013, o primeiro contacto com a Tertúlia
9 de Março de 2014 > Guiné 63/74 - P12812: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (2): O primeiro contacto com a bibliografia da guerra colonial
12 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12828: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (3) : As minhas pesquisas sobre Teixeira Pinto e o "Chão Manjaco"
15 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12841: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (4): Teixeira Pinto, adaptação às pessoas e ao terreno
18 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12851: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (5): O porco que não consegui comer
Guiné 63/74 - P12871: Blogpoesia (378): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (IX): La crise, c'est fini, vive la poésie! (Luís Graça / Joana Graça)
Joana Graça (2014) - Técnica mista, 30 x 40 cm. S/ título (1)
Joana Graça (2014) - Técnica mista, 40 x 30 cm. S/ título (2).
Cortesia de © Joana Graça (2014). Todos os direitos reservados
Cortesia de © Joana Graça (2014). Todos os direitos reservados
la crise, c'est fini, vive la poésie!
[a crise acabou, viva a poesia!]
no verão,
entre cigarras e grilos,
éramos arquitetos esquilos,
desenhávamos à mão,
dedo a dedo,
frágeis barreiras de areia
contra a maré cheia
do medo.
em agosto,
ainda não se adivinhava setembro,
às portas do império,
as pousadas estavam repletas
e éramos deliciosa e inconscientemente felizes.
em damasco caíam bombas
e em lampedusa davam à costa
cadáveres subsarianos.
[a crise acabou, viva a poesia!]
no verão,
entre cigarras e grilos,
éramos arquitetos esquilos,
desenhávamos à mão,
dedo a dedo,
frágeis barreiras de areia
contra a maré cheia
do medo.
em agosto,
ainda não se adivinhava setembro,
às portas do império,
as pousadas estavam repletas
e éramos deliciosa e inconscientemente felizes.
em damasco caíam bombas
e em lampedusa davam à costa
cadáveres subsarianos.
nas autoestradas do norte havia abatises,
o verão já era outono,
vindima, mosto,
passeávamos agora
com as nossas bicicletas,
à volta do círculo polar ártico,
furando o buraco do ozono.
definitivamente cancelámos
o nosso cruzeiro pelo adriático.
na rentrée,
o verão já era outono,
vindima, mosto,
passeávamos agora
com as nossas bicicletas,
à volta do círculo polar ártico,
furando o buraco do ozono.
definitivamente cancelámos
o nosso cruzeiro pelo adriático.
na rentrée,
rejubilámos,
os novos príncipes deste mundo
anunciavam a boa nova
os novos príncipes deste mundo
anunciavam a boa nova
pela têvê:
vem aí a retoma!
luís graça
vem aí a retoma!
[ilustração: joana graça, a lua mora aqui]
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Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12869: Blogpoesia (377): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (VIII):Pepito, o construtor de sonhos (José Teixeira, ONGD Tabanca Pequena, Matosinhos)
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12869: Blogpoesia (377): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (VIII):Pepito, o construtor de sonhos (José Teixeira, ONGD Tabanca Pequena, Matosinhos)
Guiné 63/74 - P12870: Agenda cultural (305): O camarada "pifaniano" Silvério Dias, ex-1º srgt, locutor do PFA - Programa das Forças Armadas, e "poeta todos os dias", convida os poetas da Tabanca Grande para a sessão de hoje, "Há Poesia no CASO", ou seja, no Centro Acção Social de Oeiras, às 17h00
1. Duas mensagens do Silvério Dias, o ex-1º srgt, locutor do PIFAS, que nos chegaram ontem, através do correio do Garcez Costa (que também Tony Sacavém):
(i) Saudações a todos os bons "tabanqueiros" na pessoa do "homem grande", Luís Graça, ao qual se deve o extraordinário "movimento da Tabanca Grande".
(ii) O nosso furriel teve uma ideia brilhante e eu tentei corresponder em absoluto.Fiz aquele belo relato de circunstância e quando vou enviar, o mesmo é rejeitado por erro de endereço. Estou vendo mal mas não completamente ceguinho, e não descortinei o erro.
Lá te espero. E concordo que vás bem munido porque naquela Casa, dada a idade dos utentes, por vezes as presenças são escassas.
(i) Saudações a todos os bons "tabanqueiros" na pessoa do "homem grande", Luís Graça, ao qual se deve o extraordinário "movimento da Tabanca Grande".
Desde já e lamentavelmente, muito em cima da hora, dou conta que amanhã, pelas 17H00, no Auditório Princesa Benedita, será levado a efeito, um evento de Poesia, aberto a todos os que queiram "dizer" o poeta da sua eleição.
Sem preciosismos, perfeitamente amadores, poetas da casa e seus convidados têm portas abertas para o convívio.
Quem não me conhece, terá o ensejo de aliar o tão "badalado Pifas" a um dos intervenientes que o celebrizou como Programa da Rádio na Guiné. Lá estarei, como mentor da Tertúlia, "Há Poesia no CASO".
Quem não me conhece, terá o ensejo de aliar o tão "badalado Pifas" a um dos intervenientes que o celebrizou como Programa da Rádio na Guiné. Lá estarei, como mentor da Tertúlia, "Há Poesia no CASO".
A sigla traduz o Centro de Acção Social de Oeiras (IASFA) e situa-se junto à Escola Secundária Sebastião e Silva, em Oeiras, claro.
Para mais completa informação, sou o tal que se intitula, Poeta Todos os Dias. Se poetas, juntem-se a nós!
Abraço de camarada, Silvério Dias
Assim, com toda a desenvoltura, "atirei" o texto ao Tony que por sua vez, com toda a sua capacidade, o remeterá ao Luís Graça. É possível? Em boa verdade, a tua ideia faz sentido, e antigos camaradas da Guiné serão muito bem-vindos ao COSFA.. Oxalá consigamos reunir uns quantos.
Lá te espero. E concordo que vás bem munido porque naquela Casa, dada a idade dos utentes, por vezes as presenças são escassas.
Abraço "pifaniano", Silvério.
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Nota do editor:
Último poste da série > 9 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12855: Agenda cultural (294): O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa, exibe 5ª feira, 20 de Março, às 18h00, o documentário “Pabia di Aos”, de Catarina Laranjeiro... Comentário de Alberto Branquinho
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Nota do editor:
Último poste da série > 9 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12855: Agenda cultural (294): O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa, exibe 5ª feira, 20 de Março, às 18h00, o documentário “Pabia di Aos”, de Catarina Laranjeiro... Comentário de Alberto Branquinho
Guiné 63/74 - P12869: Blogpoesia (377): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (VIII): Pepito, o construtor de sonhos (José Teixeira, ONGD Tabanca Pequena, Matosinhos)
Legenda: "É com muito orgulho que Bissam Galissa escreve o seu nome, materializando o sonho de toda a sua vida: ser alguém na sociedade, saber assinar e concitar o respeito de todos os membros da sua comunidade. No passado ela era obrigada a colocar a sua impressão digital em documentos e cartas, o que lhe provocava um grande mal-estar social no relacionamento com as outras pessoas. Hoje, ela sabe que tem todo o respeito do marido e dos filhos porque, como eles sabe ler uma carta sem ajuda de outros, não precisando de partilhar assuntos pessoais com mais ninguém e fazendo as próprias contas da sua actividade económica, a horticultura".
Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2010). Todos os direitos reservados
O Domingos foi um dos elementos-chave da organização (excepcional, impecável) que permitiu levar uma enorme caravana de jipes, de Bissau até ao Bissau, cerca de 600 quilómetros ida e volta, e largas dezenas de pessoas... Fomos a um sábado, dia 1 de Março, com várias paragens (Saltinho, Ponte Balana, Gandembel, Guileje), pernoita em Iemberém (sábado); no dia 2, domingo, visita a Iemberém, Madina do Cantanhez - Acampamento Osvaldo Vieira, almoço em Canima e visita a Cacine, e de novo pernoita em Iemberém... Segunda feira livre, com regresso a Bissau, antes das 17 horas, início do Simpósio, no Hotel Palace de Bissau.
Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados.
José Teixeira
José Teixeira
["régulo" da Tabanca Pequena ONGD, parceira da ONGD AD - Acção para o Desenvolvimento, e nosso grã-tababnqueiro da primeira hora ]
Pepito, o construtor de Sonhos
Sentado à sombra de um mangueiro,
Ouvia serenamente o seu povo a sonhar,
E sonhava com ele, construindo –
Dava luz às suas ideias,
alimentava os seus projetos,
alimentava os seus projetos,
Ouvindo –
E continuava a sonhar um mundo diferente,
Desafiava-os a seguir em frente,
Sorrindo –
Sorrisos de esperança repartidos
Como raios de sol suave e ardente,
Penetrante –
Fonte de vida. Alimento,
Para o seu povo, sedento
De paz, pão, trabalho e dignidade.
E assim, de mãos dadas com ele,
Ganhavam forças para construírem o caminho
De felicidade.
Partia, então no seu pesado passo,
De homem cansado de tanto lutar,
Saltando de tabanca em tabanca,
Leve como um passarinho a esvoaçar,
Construindo sonhos num país adiado,
Para o seu povo, que teima em acreditar
Que, consigo a seu lado, é possível a mudança.
O construtor de sonhos
Era para o seu povo da Guiné
Um sinal de esperança.
José Teixeira
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12868: Blogpoesia (376): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (VII): Mário Tito e as saudades da pátria...
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Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12868: Blogpoesia (376): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (VII): Mário Tito e as saudades da pátria...
Guiné 63/74 - P12868: Blogpoesia (376): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (VII): Mário Tito e as saudades da pátria...
Mário Serra de Oliveira (ou Mário Tito)
[ex-1.º Cabo Escriturário, BA 12, Bissalanca, 1967/68; vive nos EUA; é autor de Palavras de um Defunto... Antes de o Ser (Lisboa: Chiado Editora, 2012, 542 pp, preço de capa 16€] (*)
Camarada Luis:
Aqui vai o meu contributo, sendo que, sábado dia 22, figuro com 2 poemas, um deles, o do anexo ("Aventureio nato"), no lancamento de um livro conjunto, no casino do Estoril Salão Prata e Preto ou Preto e Prata, pelas 16 horas. A edição é da Chiado Editora. Todos são bem vindos. Eu estarei ausente. Abraço a todos. (**)
AVENTUREIRO NATO
por Mário Tito
Camarada Luis:
Aqui vai o meu contributo, sendo que, sábado dia 22, figuro com 2 poemas, um deles, o do anexo ("Aventureio nato"), no lancamento de um livro conjunto, no casino do Estoril Salão Prata e Preto ou Preto e Prata, pelas 16 horas. A edição é da Chiado Editora. Todos são bem vindos. Eu estarei ausente. Abraço a todos. (**)
AVENTUREIRO NATO
por Mário Tito
Dormindo sonhei que sonhava
Sonhos… de um amor profundo
Sobre a minha pátria amada,
Quando dormia, noutras partes do mundo.
Eram sonhos de saudade e nostalgia,
Difíceis de descrever em palavras,
Sonhando de noite e de dia,
Recordando as primeiras passadas.
Saudade das ruas e caminhos
E de ribeiros e riachos...
Saudade de poder ir aos ninhos,
Entre outros desacatos.
Saudade das moças da minha aldeia,
Algumas delas, lindas cachopas…
Saudade de ir às cerejas…
De preferência, que não fossem nossas.
Eram saudades infinitas, talvez,
O tema dos sonhos que eu tinha,
Acordando mais que uma vez,
Pela distância da Pátria linda.
Sonhava com o tempo de criança,
De pé descalço e maltrapilho,
Traquinices, como lembrança,
Aventureiro nato... de Portugal é filho!
(viii) acabou de chegar aos Estados Unidos juntamente com sua esposa, ao serviço da embaixada de Portugal em Washington;
(ix) mais tarde, trabalhou cerca de 20 anos na Embaixada da Alemanha, também em Washington.
(**) Últimmo poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12867: Blogpoesia (375): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (VI): Manuel Moreira (Bissorã e Xime, 1965/69) / Jaime Machado (Bambadinca, 1968/70)
Sonhos… de um amor profundo
Sobre a minha pátria amada,
Quando dormia, noutras partes do mundo.
Eram sonhos de saudade e nostalgia,
Difíceis de descrever em palavras,
Sonhando de noite e de dia,
Recordando as primeiras passadas.
Saudade das ruas e caminhos
E de ribeiros e riachos...
Saudade de poder ir aos ninhos,
Entre outros desacatos.
Saudade das moças da minha aldeia,
Algumas delas, lindas cachopas…
Saudade de ir às cerejas…
De preferência, que não fossem nossas.
Eram saudades infinitas, talvez,
O tema dos sonhos que eu tinha,
Acordando mais que uma vez,
Pela distância da Pátria linda.
Sonhava com o tempo de criança,
De pé descalço e maltrapilho,
Traquinices, como lembrança,
Aventureiro nato... de Portugal é filho!
(i) cresceu no Alcaide até cerca de 14 anos, ocasião em que foi para Lisboa a trabalhar como “marçano” numa mercearia;
(ii) posteriormente, enveredou pela indústria hoteleira, trabalhando em Lisboa, Algarve e Viana do Castelo;
(iii) ingressou no exército e, após recruta, foi transferido para a Força Aérea;
(iv) dali, foi mobilizado para África, Guiné, tendo cumprido a sua comissão em Bissau na Messe de Oficiais da FAP;
(v) assistiu ao 25 de Abril, período de transição para a independência;
(vi) antes de regressar definitivamente ao fim de 14 anos e meio, trabalhou na Embaixada dos EUA em Bissau;
(vii) dali, embarcou num navio sismográfico, como cozinheiro chefe rumo a Inglaterra, Holanda, Escócia (Mar do Norte);
(viii) acabou de chegar aos Estados Unidos juntamente com sua esposa, ao serviço da embaixada de Portugal em Washington;
(ix) mais tarde, trabalhou cerca de 20 anos na Embaixada da Alemanha, também em Washington.
(**) Últimmo poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12867: Blogpoesia (375): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (VI): Manuel Moreira (Bissorã e Xime, 1965/69) / Jaime Machado (Bambadinca, 1968/70)
Guiné 63/74 - P12867: Blogpoesia (375): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (VI): Manuel Moreira (Bissorã e Xime, 1967/69) / Jaime Machado (Bambadinca, 1968/70)
1. Manuel Moreira
[ex-1.º Cabo Mec Auto,
CART 1746,
Bissorã, Ponta do Inglês e Xime,
1967/69]
2. Jaime Machado
[ex-Alf Mil Cav,
Pel Rec Daimler 2046.
Bambadinca, 1968/70]
_____________
Poema de amor, enviado do Sultanato do Omã, onde passei o dia do pai [, 19 de março,] com o meu filho e meu neto.
Abraço, Jaime
CONVERSA COM O MEU NETO
por Jaime Machado
QUANDO TUDO JÁ PARECIA UMA ROTINA,
COM A NOITE IGUAL AO DIA,
DISSERAM QUE NO VENTRE
HAVIA UMA SEMENTE.
QUE GRANDE ALEGRIA!
E DEPOIS, ESPERANDO SEMPRE,
DIA APÓS DIA,
O VENTRE CRESCIA
CRESCIA A ALEGRIA!
JÁ CHEGAVA DE MORTES
E DESNORTES!
Abraço, Jaime
CONVERSA COM O MEU NETO
por Jaime Machado
QUANDO TUDO JÁ PARECIA UMA ROTINA,
COM A NOITE IGUAL AO DIA,
DISSERAM QUE NO VENTRE
HAVIA UMA SEMENTE.
QUE GRANDE ALEGRIA!
E DEPOIS, ESPERANDO SEMPRE,
DIA APÓS DIA,
O VENTRE CRESCIA
CRESCIA A ALEGRIA!
JÁ CHEGAVA DE MORTES
E DESNORTES!
E AGORA QUE VENS A CAMINHO,
CHORANDO BAIXINHO,
SEM GRANDE PRANTO,
JÁ TE AMO TANTO.
DOU-TE TODO O MEU CARINHO,
DE NOITE E DE DIA,
QUE GRANDE ALEGRIA!
E UM DIA DISSERAM QUE VAIS SER RAPAZ,
E SE NÃO FOSSES?
QUE IMPORTARIA?
DE QUALQUER FORMA
E EM QUALQUER MOMENTO
HAVERIA ALEGRIA E CONTENTAMENTO.
E UM DIA VOU VER-TE
A CORRER PELO PÁTIO,
DE BICICLETA OU DE TROTINETA,
DE UM LADO PARA O OUTRO,
ESPERO ESTAR CÁ!
E NO OUTRO DIA
VOU VER-TE CAVALGAR
NO MEU DORSO VERGADO,
EM DESLUMBRAMENTO,
SEM QUALQUER LAMENTO,
ESPERO ESTAR CÁ!
E AGORA QUE VAIS DESCANSAR
VOU ACABAR
ESTA ESPÉCIE DE VERSEJAR.
ATÉ AMANHÃ,
PELA MANHÃ,
É JÁ OUTRO DIA
QUE GRANDE ALEGRIA!
AGUDELA, 22 DE MARÇO DE 2009
AVÔ MITO
CHORANDO BAIXINHO,
SEM GRANDE PRANTO,
JÁ TE AMO TANTO.
DOU-TE TODO O MEU CARINHO,
DE NOITE E DE DIA,
QUE GRANDE ALEGRIA!
E UM DIA DISSERAM QUE VAIS SER RAPAZ,
E SE NÃO FOSSES?
QUE IMPORTARIA?
DE QUALQUER FORMA
E EM QUALQUER MOMENTO
HAVERIA ALEGRIA E CONTENTAMENTO.
E UM DIA VOU VER-TE
A CORRER PELO PÁTIO,
DE BICICLETA OU DE TROTINETA,
DE UM LADO PARA O OUTRO,
ESPERO ESTAR CÁ!
E NO OUTRO DIA
VOU VER-TE CAVALGAR
NO MEU DORSO VERGADO,
EM DESLUMBRAMENTO,
SEM QUALQUER LAMENTO,
ESPERO ESTAR CÁ!
E AGORA QUE VAIS DESCANSAR
VOU ACABAR
ESTA ESPÉCIE DE VERSEJAR.
ATÉ AMANHÃ,
PELA MANHÃ,
É JÁ OUTRO DIA
QUE GRANDE ALEGRIA!
AGUDELA, 22 DE MARÇO DE 2009
AVÔ MITO
_____________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12866: Blogpoesia (374): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (V): Carlos Alberto Cruz (Catió e Cachil, 194/66) / Joaquim Mexia Alves (Xitole, Mato Cão, Mansoa, 1971/73)
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12866: Blogpoesia (374): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (V): Carlos Alberto Cruz (Catió e Cachil, 194/66) / Joaquim Mexia Alves (Xitole, Mato Cão, Mansoa, 1971/73)
Guiné 63/74 - P12866: Blogpoesia (374): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (V): Carlos Alberto Cruz (Catió e Cachil, 194/66) / Joaquim Mexia Alves (Xitole, Mato Cão, Mansoa, 1971/73)
1. Repto lançado ontem pelo nosso editor L.G.:
Amigos e camaradas, filhos, netos, bisnetos e por aí fora de Camões e dos nossos maiores bardos (e bardas)... Amanhã é dia mundial da poesia... E a gente não celebra ? Não há para aí uma cantiga de amigo, escondida no baú ? Ou uma cantiga de escárnio e maldizer ? Um soneto ? Uma simples quadra ?
Poetas da guerra, da paz, do amor, acordai!... Vamos lá mostarr esses talentos... Desculpem se o lembrete vem muito em cima da hora... Um alfabravo fraterno. Luís Graça
2. Carlos Alberto Cruz
[ex-Fur Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió e Cachil, 1964/66]
Meu caro Luis,Já que fui desafiado, atrevo-me a enviar-te algumas quadras que abrem o meu Álbum fotográfico e que rezam assim:
Tendes aqui retratado
Amigos e camaradas, filhos, netos, bisnetos e por aí fora de Camões e dos nossos maiores bardos (e bardas)... Amanhã é dia mundial da poesia... E a gente não celebra ? Não há para aí uma cantiga de amigo, escondida no baú ? Ou uma cantiga de escárnio e maldizer ? Um soneto ? Uma simples quadra ?
Poetas da guerra, da paz, do amor, acordai!... Vamos lá mostarr esses talentos... Desculpem se o lembrete vem muito em cima da hora... Um alfabravo fraterno. Luís Graça
[ex-Fur Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió e Cachil, 1964/66]
Meu caro Luis,Já que fui desafiado, atrevo-me a enviar-te algumas quadras que abrem o meu Álbum fotográfico e que rezam assim:
Tendes aqui retratado
Tudo o que foi bom momento.
Dos maus nada foi focado,
São presa do esquecimento.
Horas boas foram breves,
Mereceram ser ilustradas,
Tornaram muito mais leves
As más, longas e pesadas!
A juventude abnegada
Que era a desta geração,
P´las vitórias se afirmou.
Venceu, por margem folgada,
Toda a má disposição
Que nunca, nunca vingou!
Espero ter correspondido às expectativas neste dia em que estive presente no convívio da Magnífica Tabanca da LInha.
O Grã tabanqueiro n º 638, Cruz
CCAÇ 617, Catió, Cufar e Ilha de Como (1964/66)
3. Joaquim Mexia Alves
[ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73]
"Prontos", toma lá Luís, com um abraço
Joaquim
DIA DA POESIA
Tenho uma rima em cada dedo
ou melhor,
em cada mão!
Quando escrevo tenho medo
de não passar ao papel,
o que me vai no coração!
Mas escrevo sem "parança"
quer de noite,
quer de dia,
na tristeza e na dor,
na alegria e no amor,
sempre cheio de esperança,
por isso escrevo estes versos
para o Dia da Poesia.
Monte Real, 20 de Março de 2014
__________________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12865: Blogpoesia (373): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (IV):Revolta (José Brás)
Dos maus nada foi focado,
São presa do esquecimento.
Horas boas foram breves,
Mereceram ser ilustradas,
Tornaram muito mais leves
As más, longas e pesadas!
A juventude abnegada
Que era a desta geração,
P´las vitórias se afirmou.
Venceu, por margem folgada,
Toda a má disposição
Que nunca, nunca vingou!
Espero ter correspondido às expectativas neste dia em que estive presente no convívio da Magnífica Tabanca da LInha.
O Grã tabanqueiro n º 638, Cruz
CCAÇ 617, Catió, Cufar e Ilha de Como (1964/66)
Joaquim Mexia Alves, Monte Real, 1/9/2013, homenagem aos antigos combatentes da vila de Monte Real Foto: Tabanca do Centro |
3. Joaquim Mexia Alves
[ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73]
"Prontos", toma lá Luís, com um abraço
Joaquim
DIA DA POESIA
Tenho uma rima em cada dedo
ou melhor,
em cada mão!
Quando escrevo tenho medo
de não passar ao papel,
o que me vai no coração!
Mas escrevo sem "parança"
quer de noite,
quer de dia,
na tristeza e na dor,
na alegria e no amor,
sempre cheio de esperança,
por isso escrevo estes versos
para o Dia da Poesia.
Monte Real, 20 de Março de 2014
__________________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12865: Blogpoesia (373): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (IV):Revolta (José Brás)
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