domingo, 24 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14656: Convívios (685): A Magnifica Tabanca da Linha - Encontro de 21 de Maio de 2015 - Resumo das ocorrências (José Manuel Matos Dinis)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), Amanuense da Magnífica Tabanca da Linha, em efectividade de serviço, com data de 21 de Maio de 2015:

Exmas Senhoras, Exmos Senhores, Magnifico Público,
Por indicação do Sobrenatural, em corroboração da instrução Prévia do Exmo Senhor Comandante Rosales, tenho a subida honra de vos apresentar um brevíssimo resumo das ocorrências deste dia no restaurante Caseiro, bastante dissimulado numa arquitectura de abrigo, com um reforçado buraco para os antigos combatentes, dotado com boa iluminação artificial sem o ruído do gerador, que geralmente não permitia ouvir as saídas das morteiradas, comprometendo a chegada em ordem dos atacados, em vez dos lançamentos cegos para a vala dos surpreendidos com a primeira explosão, um equipamento do tipo bunker, sem as graciosas vistas para o mar de outras paragens, e com dificuldades óbvias de arrumação em caso de reforço da tropa.

Não havia vegetação em redor, mas a amesendação era "à séria", com alvas toalhas de linho, cristais cintilantes e restantes alfaias em termos. Pelo meio-dia já a força se agrupava no exterior do recinto da batalha, num curioso convívio, onde cada um se oferecia voluntariamente (a esta hora já terei alguns atentos leitores a questionar: então, se eles se ofereciam, haviam de ser o quê? Voluntários, não é?) para dar inicio à refrega.


Cheguei e ouvi um conjunto de piropos, quando S. Exa. me entregou um precioso ramo de flores, com a intenção de fazer a entrega em cerimónia que treinámos durante a semana, a um jovem casal que, nesta data, comemora 48 aninhos de amor renovado. Aproveito, para sublinhar que S. Exa. o Senhor Comandante Rosales presta muita atenção a situações desta ordem que, segundo ele, são o sal da vida e o cimento da nossa ligação de camaradagem. Se ele o diz, quem sou eu para o contestar?!!!


 O jovem casal, Irene e Carlos, que no dia 21 de Maio perfizeram 48 anos de matrimónio

O dia apresentava-se soalheiro, como os cartazes turísticos são vezeiros a anunciar, mas o pessoal, ainda cedo, decidiu proteger-se no grande abrigo, e reservar-se para o combate eminente. Alguns mais confiantes trouxeram as mulheres, não fossem elas duvidar do heróico cônjuge em defesa de coisas cuja explicação não cabe aqui. Vieram e viram, sentiram o cheiro dos ingredientes... e deram uma ajudinha. Nada como a presença das senhoras no campo de batalha, onde deram uma conveniente nota de alegria.

Assim, garantidas a forma anímica e a forma física, limpámos o IN num fechar de olhos. Uns gostaram do arroz de peixe, outros elogiaram a carne das maminhas, e às sobremesas não se registaram discrepantes. A pinga da Ermelinda correspondeu às necessidades tácticas, No final, orgulhoso pelo rumo dos acontecimentos, S. Exa. abriu um sorriso quase "monaliso" e deixou escapar a conclusão: com esta estratégia e o pessoal bem disciplinado, não há bichos que nos façam frente. Só o gerente do abrigo, que no final se obstinou a receber uma contrapartida para o estrago constatado. O Manuel Joaquim aproveitou para impressionar a Sra Maria Luís, que não veio porque não a queremos connosco, e vai enviar-lhe uma factura de arromba. Ela que se cuide porque este pessoal é do género de, quanto mais teso, mais estragos provoca na circunstância, cabendo àquela funcionária estender a mão na estranja para equilíbrio das contas internas. Só o grande sábio, com a experiência de velho estroina e professor perseguido pela bufaria da época, é que se lembrou de marcar pontos em mais um terreiro de luta, e com antecipado sucesso, está bem de ver.
Os gajos da A.T. ainda vão colocar-se em sentido quando lhe virem a declaração do IRS.



 









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Notas finais:

Lembram-se de um antigo combatente cacimbado pelos efeitos maoístas ter sugerido deslocar-se a minha casa para fazer as suas inscrições em cada evento que desejasse participar? Lembram-se? Pois, nunca o fez. Não é que tenha tido o interesse de saber onde é a minha morada, ou que tenha feito qualquer outra diligência no mesmo sentido. que nunca teve. Então agora dei em bufo? Também não. O que sugiro, se S. Exa o Senhor Comandante der o seu beneplácito, é que o dito combatente de cultura sínica, para comprovar as futuras inscrições, passe a exibir a minha resposta de confirmação aos seus mails de inscrição.
Não é pedir muito, acho eu.​ S. Exa. ajuntou um comentário cheio de acuidade: "sobre o AGA, valeu a pena ter aparecido, porque é um espectáculo vê-lo saborear e comer" - magister dixit.​

Em breve, depois do entusiasmo suscitado por esta festa, proponho fazer um inquérito de cotejo entre o Caseiro e Oitavos, confrontado vantagens e desvantagens. Mas outros horizontes podem abrir-se para Julho.

Abraços fraternos
JD
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Notas do editor

Selecção e publicação das fotos da responsabilidade do editor

Último poste da série de 23 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14652: Convívios (684): Rescaldo do Encontro do pessoal do BCAÇ 2885, ocorrido no passado dia 16 de Maio, em Arganil (Jorge Picado)

Guiné 63/74 - P14655: Libertando-me (Tony Borié) (18): Os carapaus em molho de escabeche da Ti'Glória

Décimo oitavo episódio da série "Libertando-me" do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16, Mansoa, 1964/66.




Os carapaus em molho de escabeche, da Ti’Glória!

Estavam lá num “mosqueiro”, que era um pequeno armário, com duas portas com rede na frente, para se manterem livres dos insectos, principalmente moscas, num canto da taberna, um pouco acima da “cartola de cinco almudes”, que era uma pipa pequena, a quem a Ti’Glória pedia muitas vezes ao nosso pai Tónio, dizendo: ...vê se arranjas um tempo para vir aqui “encanteirar a cartola.” - que era mudar a pequena pipa, o que a mãe Joana, “torcia o nariz”, e não gostava, pois na sua mente, pensava que o pai Tónio, não ia só lá “encanteirar a cartola".

Bem, vamos em frente, os carapaus que estavam no referido “mosqueiro”, às vezes dias, quanto mais tempo melhor, eram fritos em azeite verde, temperados com vinagre, sal e pimenta, umas folhas de árvore de louro, cebola, e às vezes até com pimentos verdes, tudo frutos da quinta do pai da Ti’Glória, a quem nós, entre outras coisas, tínhamos por tarefa verificar e ir avisá-la, quando o seu pai, que era o maior lavrador da aldeia, deixava a samarra, com pele de raposa na gola, pendurada em alguma árvore, ou no muro do poço, que por lá existia, porque nesse momento a Ti’Glória, lá ia muito sorrateiramente aliviar a grossa carteira de algumas notas do banco de Portugal.

Os carapaus deviam de vir da lota da cidade de Aveiro, ou talvez de Matosinhos, mas quem os lá vinha trazer era um peixeiro de Mourisca do Vouga, numa carroça puxada por um “macho”, que devia de ser um cavalo arraçado de burro, ou vice-versa.

A Ti”Glória era para nós uma segunda mãe Joana, nós andávamos por ali, limpávamos a frente da taverna de qualquer lixo, como cápsulas das garrafas de laranjada, latas vazias das sardinhas de conserva, até garrafas vazias de pirolitos, e claro, restos de “piriscas” de cigarros, não deixávamos encostar as bicicletas à porta da taverna, às vezes os clientes mais rudes ofereciam logo uma “lambada”, mas tudo passava, porque sabíamos que ao fim do dia a Ti’Glória nos dava um maravilhoso pitéu, que era um papo-seco com cinco ou seis figos secos dentro.

Bons tempos e, talvez esses figos, ou esses “carapaus fritos em molho de escabeche nos tivessem dado vitaminas para vivermos até aos dias de hoje, neste mundo moderno, onde não existem mais tavernas.

O que é isso tavernas?

Hoje são restaurantes típicos, tudo confeccionado de acordo com as novas leis de consumo, um prato de carapaus deve de ter lá tudo, menos carapaus.

Vamos a um desses mercados modernos, que chamam muito pomposamente “Shopping Center”, depois das pessoas andarem de loja em loja, a verem, a gastarem o que têm e que não têm, já um pouco cansados, deparam com uma área muito grande, para as pessoas comerem e, o que existe lá, a começar pelos equipamentos dos empregados, feitos com material reciclado, de cores berrantes, feitas à base chumbo, a comida é, Tacos e Enxiladas, do México; Pizza, da Italia; Hamburgueres, não sei de que país; Souvlaki ou Gyros, da Grécia; Kung Pao Chicken, que é uma espécie de galinha frita com mel, da China, e mais um sem número de comida, nada feito na altura, tudo vem da arca frigorífica, feita de acordo com as tais novas regras, com químicas e conservantes, onde as batatas fritas, se espera dois minutos, ficam rijas, parecendo pequenas peças de plástico.

Que saudades temos dos “carapaus fritos em molho de escabeche” da Ti’Glória, da “cartola de cinco almudes” de onde tirava o vinho, por meio de uma torneira de madeira, que por sinal “chiava”, ou seja, fazia um pequeno ruído ao abrir e fechar, servindo os clientes por uma “picheira” de barro vermelho, que nunca tinha sido lavada, era “enchaugalhada” ou seja balançada com uma pequena porção de vinho, que era única e simplesmente jogado no chão, num canto da taverna.

A nossa esposa e companheira, quer ir a Portugal, mais propriamente ao Santuário de Fátima, “cumprir uma promessa”, nós, não sabemos de que é a “promessa”, já a mãe Joana, cinquenta anos atrás, tinha feito também uma promessa de ir ao Santuário de Fátima agradecer a dádiva de o filho ter regressado vivo da guerra do Ultramar, é uma fé e, principalmente nós, os emigrantes, ainda vivemos um pouco da fé, talvez a vamos acompanhar, temos saudades entre outras coisas, dos “carapaus fritos em molho de escabeche”, iguais aos que a saudosa Ti’Glória fazia.

Tony Borie, Maio de 2015.
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14624: Libertando-me (Tony Borié) (17): Fisherman’s Wharf, o Cais dos Pescadores de S. Francisco

Guiné 63/74 - P14654: Agenda culltural (404): Há 110 anos a Rainha D. Amélia inaugurava o museu mais visitado do país e que tem hoje uma coleção única no mundo, em grande parte devido ao facto de Lisboa não ter conhecido as duas terríveis grandes guerras do séc XX; dias 23 e 24 de maio, abre o novo museu dos coches... Entrada gratuita neste fim de semana...



Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 > O teto do antigo picadeiro real, transformado há 110 anos em Museu Nacional dos Coches, por iniciativa da Rainha Dona Amélia, de origem francesa, casada com o D. Carlos I...


Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 > Um dos três coches que fizeram parte da embaixada de D. João V ao papa > O coche dos "Oceanos" > Pormenor da decoração (1)



Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 > Um dos três coches que fizeram parte da embaixada de D. João V ao papa >  O coche dos "Oceanos" > Pormenor da decoração (2)



Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 > Um dos três coches que fizeram parte da embaixada de D. João V ao papa >  Coche da Coroação  de Lisboa > Pormenor da decoração (1) >   O escravo africano



Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 > Um dos três coches que fizeram parte da embaixada de D. João V ao papa > Coche da Coroação  de Lisboa > Pormenor da decoração (2) > O  escravo africano e a sua infame grilheta...





Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 >


Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 > Uma "viatura de estado" > reinado de D. João V > Sabe-se, pelo "livrete", que fez diversas viagens a Viena... No total, terá 80 mil km.


Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 > Uma "viatura de estado" > Detalhe >  Roda de trás, decorada com os signos do Zodíaco.


Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 > Uma "viatura de estado" > Detalhe >  Roda da frente, para "piso de chuva"...



Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 O coche mais antigo, uma autêntica preciosidade... Pertenceu ao rei Filipe II...



Lisboa > Museu dos Coches > 3 de maio de 2015 > O coche do Filipe II

Fotos (e legendas): © Luís Graça  (2015). Todos os direitos reservados


1. Do sítio do Expresso, "on line", com a devida vénia, reproduz-se um excerto > 12/5/2015 > Novo Museu dos Coches é inaugurado mesmo com obra inacabada, por Beatriz Cardoso Alves

 (...) A obra do novo Museu dos Coches está dada como concluída há cerca de dois anos e meio, mas o edifício está longe de ter todas as suas valências a funcionar. No espaço expositivo (...),  a museografia não existe e as infraestruturas complementares, como a cafetaria, o restaurante, a ponte pedonal e a biblioteca vão permanecer fechadas até estarem verdadeiramente terminadas daqui a uns meses.

Mesmo assim, as portas abrem ao público dia 23 de maio, data em que há 110 anos a Rainha D. Amélia inaugurou o museu mais visitado do país. “A estrutura precisa de ser utilizada, para que se perceba quais podem ser os seus defeitos e para que o possa ser acionado o seguro que todas as grandes obras mantêm durante cinco anos” avançou Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, em conferência de imprensa.

O novo museu receberá a visita de 350 mil pessoas por ano, estima ainda Barreto Xavier. Mas para o chefe da pasta da Cultura este limite será ultrapassado dada a riqueza da coleção que “vários especialistas classificam como única no mundo”.

O museu que custou entre cerca de 40 milhões de euros, verba proveniente das contrapartidas do Casino de Lisboa através do Ministério da Economia e do Turismo de Portugal, tem um orçamento anual que ascende a 2,7 milhões de euros, dos quais 500 mil virão diretamente do Estado. Estima-se que o restante seja proveniente da receita de bilheteira e do apoio mecenático da Fundação Millennium BCP. (...)

Do núcleo de Vila Viçosa vieram para a capital 26 coches, que completam a coleção já exibida em Lisboa, tornando, tornando possível observar todo o acervo do século XIX num só espaço, e permitindo ainda fazer um percurso pela história dos transportes reais desde o século XVII até ao século XIX, atravessando seis mil metros quadrados de área expositiva.

O antigo museu vai permanecer aberto ao público no Picadeiro Real do Palácio de Belém, onde se mantêm em exposição todos os instrumentos utilizados naquele espaço. Lá dentro, seis coches e berlindas guardam a memória do primeiro museu. Também visitável, o Picadeiro Real será associado ao novo edifício num bilhete só ou em separado, ou seja, o visitante pode optar por visitar um ou os dois espaços. No fim de semana de abertura, dias 23 e 24 de maio, a entrada é gratuita.  (...)

2. No sítio do Museu dos Coches, pode ler-se:

(...) Situado próximo do rio Tejo, na zona ocidental de Lisboa, o Museu Nacional dos Coches ocupa uma área onde estavam localizadas as antigas Oficinas Gerais do Exército.

O Picadeiro Real, edifício que fazia parte do Palácio Real de Belém, hoje a residência oficial do Presidente da Republica, mantem-se visitável como núcleo expositivo do Museu. (...)


Foi discutível a aplicação destes 40 milhões de euros, do "jogo sujo" do casino, neste projeto. Mas já que está feito (, há mais de dois anos),  é pouco compreensível que não tenha sido inaugurado com todas as suas valências)... Acho que os portugueses (e os lisboetas em particular) se vão reconciliar com o novo edifício do museu dos coches (que tem a assinatura de um Pritzker) tal como se reconciliaram com o o edifício do CCB (o "bunker do Cavaco", como foi  injustamente apodado)... E já não vamos discutir porque é que a cultura (e o património cultural) não tem direito a a um ministério... E muito menos ainda por que é que  Portugal (e Lisboa em particular, que ganha cerca de 2 milhões de euros por dia com o turismo!) não tem um museu dos descobrimentos, um museu da da arte de construção naval (agora que foi reabilitado o Cais da Ribeira!), não tem um museu dos judeus, dos cristãos-novos e da inquisição, não tem um museu da escravatura...  

Não temos sequer sequer um museu condigno da guerra colonial e da descolonização!... Não falamos de núcleos museológicos locais e regionais acarinhados pelos ex-combatentes e pelas autarquias locais (por ex., o de Vila Nova de Famalicão). O do forte do Bom Sucesso (entregue  à Liga dos Combatentes) é uma caricatura, que nos envergonha!... Portugal lida mal com o seu passado, as suas glórias e os seus fantasmas!... É uma pena, camaradas e amigos!...

3. O projeto arquitetónico do novo museu é do brasileiro Paulo Mendes da Rocha em parceria com o português Ricardo Bak Gordon. Paulo Mendes da Rocha foi galardoado em 2006 com o Prémio Pritzker, o mais importante da arquitetura mundial, equivalente ao Prémio Nobel.

O Expresso diz que vai haver este fim de semana festa de arromba, com entradas gratuita e muita animação... As fotos que publico acima são de uma visita recente, de 3 de maio, ao velho espaço expositivo... Temos a maior coleção de coches do mundo, devido em grande parte ao facto de Lisboa não ter conhecido, no séc. XX, nenhum guerra... E também devido ao papel da Rainha D. Amélia, fundadora do mês.

Quis partilhar isto com os camaradas que nunca chegaram a visitar o velho museu (que faz parte do edifício do Palácio de Belém). O seu recheio está agora mais rico (com os 26  coches de Vila Viçosa), dividido entre dois edifícios vizinhos... O novo edifício vai ser visitado também pela sua arquitetura ímpar. Devemos amar, conhecer, proteger e divulgar aquilo que é nosso, incluindo o nosso património cultural,,, (LG)

PS - Horário e preçário: o museu abre às 10h e até às 18h (última entrada às 17h30).

Hoje há visitas de borla para o povo... Claro que é o pior dia para lá meter o bedelho...A bicha à volta do novo edifício deve dar dar várias voltas ao quarteirão (que, de resto, pertencia à tropa)... A partir de amanhã, os bilhetes custarão 6 euros para o novo edifício, 4 euros para o edifício do antigo Picadeiro Real... Espero que haja redução de 50% para os séniores... Os ex-combatentes da guerra colonial, esses, não tem quaisquer privilégios... De resto, por é que deveriam de ter qualquer pequena, que fosse, atenção ? O país há muito que os esqueceu, e para as suas elites dirigentes (nomeadamente a classe política) são um estorvo no caminho da história... 
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Guiné 63/74 - P14653: Parabéns a você (909): Rui Gonçalves Santos, ex-Alf Mil da 4.ª CCAÇ (Guiné, 1963/65)

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Nota do editor

Último poste da série de 22 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14645: Parabéns a você (908): Luciano Jesus, ex-Fur Mil Art da CART 3494 (Guiné, 1971/74)

sábado, 23 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14652: Convívios (684): Rescaldo do Encontro do pessoal do BCAÇ 2885, ocorrido no passado dia 16 de Maio, em Arganil (Jorge Picado)

1. Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil na CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72), com data de 19 de Maio de 2015:

Amigo Carlos
Aí vai um pouco de trabalho, pois segundo consta andas de mãos a abanar, com falta de assuntos.
Independente do que o César, que foi quem deu conhecimento deste Encontro do BCaç 2885, possa reproduzir, mando-te umas breves notas e algumas fotos do mesmo.

Abraços
JPicado


20.º Encontro do BCaç 2885

Realizou-se no passado sábado dia 16, o 20.º Encontro do pessoal do BCaç 2885 em Arganil, comemorativo do 44.º Aniversário do seu regresso ao Continente, tal como tinha sido anunciado no P14524.

Compareceram individualmente ou acompanhados de alguns dos seus familiares, alguns dos que ainda estão vivos e cujas possibilidades o permitiram, já que por motivos diversos alguns que costumam estar presentes não lhes foi possível comparecer, independentemente daqueles que por se encontrarem ausentes do País ou não estarem contactáveis, não o poderem fazer, a que se juntam os que por decisão própria nunca compareceram.

O ponto de encontro foi estabelecido pelo organizador – diga-se que até esta data tem sido sempre o mesmo, José Ventura que foi 1.º Cabo (Cripto?) da CCaç 2588 e natural de Arganil – na Sede do Núcleo dos Antigos Combatentes de Arganil, situada numa antiga Casa de Cantoneiro, por sinal muito bem cuidada e na qual já existe mesmo um pequeno Museu, com variadas recordações daquelas Guerras do Ultramar, com especial predominância de artefactos da Marinha de Guerra.

Fez as honras da Casa o camarada Ventura, de que saliento o poema de sua autoria que anexo, tendo igualmente proferido algumas palavras o Presidente do Núcleo, seguindo-se um pequeno lanche, bem recheado de “comes e bebes”, como pré-aperitivo do almoço que viria depois em lugar apropriado.


Depois dos abraços e recordações habituais entre os vários grupos que se reencontram e feitas as fotografias da praxe por subunidades, frente ao Núcleo e acompanhadas do porta-estandarte do mesmo, antigo Comando se bem percebi, que sempre nos acompanhou, seguimos para uma das rotundas da terra onde se encontra edificado um moderno Monumento erigido a todos os Combatentes de Arganil, no qual se homenagearam os que morreram, guardando-se o respectivo minuto de silêncio.

[Seguem duas fotos de autoria do César Dias em que estou com ele, numa e com o Victor Vieira que foi 1.º Cabo de Trms da CCaç 2589, acumulando durante um ano com a responsabilidade do PEM de Infandre].

Eu e o César Dias sentados na base do Monumento dos Combatentes de Arganil.
© César Dias
 
Eu e o Victor Vieira em pé no mesmo local. 
© César Dias

Só então seguimos para o local do almoço, numa antiga Fábrica Cerâmica remodelada, ampliada e transformada num grande local de eventos, que inclui as Piscinas Municipais.

Houve muita comida, boa disposição, animação e fotos para registar estes encontros que, chegando a hora das despedidas, nos deixam a incerteza da presença ou ausência de próximos encontros.

No que me diz respeito, isto é, quanto ao pessoal da CCaç 2589, fiquei muito satisfeito por voltar a ver, ao fim destes 44 anos, dois camaradas que ainda não tinha reencontrado.

Foram eles: José Vitorino do Carmo Filipe (ou simplesmente o Furriel Filipe, que pertencia ao GComb do Alf Mil Martinez), acompanhado de sua esposa, ambos algarvios e o Eugénio Pereira Gomes, Soldado At do mesmo GComb do Alf Mil Martinez, emigrante na Alemanha, que antecipou uma vinda de férias para estar presente neste encontro. Segundo depreendi - se algum dos meus camaradas ler estas breves notas e julgar que estou errado por favor corrijam - depois de ter sido ferido após o acionamento de uma mina A/C TMD (é o que consta da HU) no CRUZAMENTO DE CUSSANJA (sensivelmente a SE de MANSOA na ligação “interdita” para PORTO GOLE), que provocou dois mortos da CCaç 2589 (Sold António José Penhasco Costa e Joaquim Moreira Marques, 09NOV69, Op “FULCRO OBSCURO”, da HU), foi “reciclado” em Padeiro no INFANDRE.

Seguem-se as fotos:

Presentes da CCaç 2589, a seguir identificados: 1-Eugénio Gomes, 2-José Martins, 3-Victor Vieira, 4-Humberto Monteiro, 5-Jorge Cabrita, 6-Porta-estandarte do Núcleo, 7-Martins Aires, 8-José Brogegas, 9-Adelino Machado, 10-José Filipe, 11-António Moreira, 12-Jorge Picado, 13-Cunha, 14-Armando Alves, 15-??, 16-Dias Torres, 17-Carlos Costa

Eu e o meu fiel condutor do jeep Carlos Costa

Eugénio Gomes e o Victor Vieira

Eu, o Humberto Monteiro, o Martins Aires e o Eugénio Gomes

José Filipe, eu e o Victor Vieira

Aspecto geral da sala. 
© César Dias

A mesa onde segundo a mesma ordem identifico: o Eugénio Gomes, a esposa do Victor Vieira e o marido, José Filipe e esposa, e este escriba.
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14615: Convívios (683): XXXVI Encontro do pessoal da CCAV 2639, a levar a efeito no próximo dia 20 de Junho, em Aguim-Anadia (Mário Lourenço)

Guiné 63/74 - P14651: Manuscrito(s) (Luís Graça) (57): Quando o Niassa apitou três vezes... Foi há 46 anos, a 24/5/1969, ias tu a caminho de Bissau, com mais 1734 camaradas, incluindo o soldado condutor auto da PM Jerónimo de Sousa...


T/T Niassa > 24 de maio de 1969 > Uma imagem repetida até à exaustão ao longo da guerra colonial; o transporte de tropas era feito em cargueiros, mistos, adaptados... As condições a bordo eram inumanas ... Neste caso foram transportadas 13 companhias independentes. num total de 1735 homens. As praças eram acomodadas em beliche, nos porões, como animais. Com capacidade para 3 centenas de passageiros, além de cerca de 130 tripulantes, o T/T Niassa. a caminho do TO da Guiné aumentava a "carga humana" cinco ou seis vezes mais...

Foto do livro "Histórias da CCAÇ 2533" [Edição e legendagem: LG]



N/M Niassa > Ficha técnica:

(i) navio misto (carga e passageiros), de 1 hélice; (ii) construído em 1955, na Bélgica; (iii) registado no porto de Lisboa (e abatido em 1979); (iv) com mais de 151 metros de comprimento; (v) arqueação bruta de c. 10.700 toneladas; (vi) uma potência de 6800 cavalos e uma velocidade normal de 16,2 nós; (vii) alojamentos: 22 em primeira classe, e 300 em classe turística, num total de 322 passageiros; (viii) número de tripulantes; 132; (ix) armador: Companhia Nacional de Navegação, Lisboa.

Foi neste navio, adaptado a transporte de tropas (T/T), que viajaram (!), de Lisboa para Bissau, diversas companhias independentes, com partida a 24 de maio de 1969, incluindo a CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), a CCAÇ 2591 (futura CCAÇ 13), a CCAÇ 2592 (futura CCAÇ 14), bem como a CCAÇ 2533 (dos nossos camaradas Luís Nascimento e Joaquim Lessa) ou ainda a CPM 2537 (a que pertenceu o atual secretário geral do PCP - Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa). Um "fait divers" para a história...

Crédito fotográfico: Navios Mercantes Portugueses (2004) (Foto aqui reproduzida com a devida vénia...)


apitou três vezes


por Luís Graça (**)



Uma estranha maneira de dizer adeus,
um estranho povo este
que vem ajoelhar-se,
no cais de partida,
não em oração para aplacar a ira dos deuses,
mas vergado,
vergado à toda poderosa razão de Estado.

A tentacular força centrífuga
que, de há séculos,
te leva os filhos teus, para fora,
paridos e expulsos do ventre da mátria,
para longe, bem para longe,
muito para lá do mar.

Uma despedida breve,
com lágrimas salgadas no rosto
e lenços brancos em fundo preto.
Todas as despedidas são breves e tristes:
o momento em que o Niassa apita três vezes
e levanta a âncora,
nunca se poderia eternizar,
diz o capitão de terra, ar, mar e guerra,
lencinho ao pescoço,
cheirando a Vat(e) 69, ontogenético, fotogénico,
cinéfilo, garboso, charmoso, glamoroso
pronto para a ação
... na mesa do king, do bridge ou da lerpa.

Passado o Bugio,
deixado para trás o velho do Restelo,
desvanecido o azul da serra de Sintra,
há um briefing às cinco da tarde,
já em velocidade de cruzeiro,
no mar alto que outrora foi português,
anuncia o capitão,
muito pouco ou nada miliciano,
que serve de mordomo, pequeno e burguês.
Vai na segunda comissão, o oficial provinciano,
que nunca ouviu falar da batalha de Dien Bien Phu
nem sabe onde fica a ilha do Como.

E o filme da noite é  uma comédia, 
do cinema mudo,
acrescenta o nosso primeiro,
que no T/T Niassa faz de porteiro
ao bar Meu Amor, Guiné.
Um gajo bacano, num país de bacanos,
fulanos e sicranos,
de soldados rasos, primeiros cabos, furriéis forcados
e segundos sargentos, mangas de alpaca.


Uma tragicomédia, escreverás tu no teu diário
a que mais tarde chamarás Diário de um Tuga.
Cadé os oficiais ?
Cadé a elite da nação ?
Onde estão os filhos-família,
a ínclita geração, 
os primeiros, a fina flor, os morgados,
os cavaleiros andantes, os primogénitos, os palmeirins,
os fidalgos, a casta, a raça apurada,
o sangue azul, pedigreeos Gamas e os Camões,
os melhores de todos nós ?
... Morreram todos
em Alcácer Quibir.

Lisboa revista,  revisitada,  revistada,
em filme de oito milímetros,
a preto e branco ou a preto e negro,
dizes tu, corrosivo,
uma só nação,
valente mas ferida mortalmente,
ironiza alguém.
O Niassa colonial
na azáfama do seu vai-e-vem
antes de ir parar à sucata,
inglória a sucata da história que tu perdeste
aos dezoitos anos,
quando deste o teu nome para as sortes.
Estranha palavra essa, das sortes, 
que rima com desnortes
e com mortes e com fortes, 
que dos fracos não reza a história.

despedida breve e triste do Niassa,
o teu primeiro e único cruzeiro da vida,
e ainda mais triste é o filme, sem som,
sem palavras desnecessárias, a preto e branco
que alguém terá feito
no cais das sete partidas,
talvez a noiva que ia vestida de branco
com xaile preto, a louca,
por cima dos ombros.

A ponte, ainda reluzente,
de Salazar, o velho,
o velho abutre que alisa as suas penas,
dirás tu, Sophia,  pitonisa de Delphos,
quase morto mas não enterrado.
Os últimos golfinhos do Tejo,
a última fragata de vela erguida,
a última caravela,
a última nau do cais da Ribeira,
o último império que ficou por haver,
o último marinheiro em terra,
sinal de tempestade,
o último uísque marado 
que ficou por beber de um trago
no Cais do Sodré, amargo,
o mudo do Cristo Rei em terra 
que outrora foi de infiéis,
o Terreiro que continua do Paço,  não do povo…
Lisboa e o seu casario, branco, sujo,
o filme a preto e branco, riscado,
um gato preto à janela,
sinal de mau agoiro.

Lisboa...  e lá longe a Guiné,
Lisboa, enfim,  com as suas ruínas,
pré-pombalinas,
o poço dos mouros, o poço dos negros,
o lundum, a umbigada
a procissão da Nossa Senhora da Saúde,
mais a Santa Inquisição,
zelando pela pureza da raça e do sangue,
zurzindo corpos e almas,
o Cemitério dos Prazeres ao alto,
com os seus altos ciprestes negros,
os mastros dos navios da carreira colonial,
o império por um fio, dental,
a vida, ainda curta, que se recapitula,
de fio a pavio,
no último comboio da noite
que veio do campo militar
de Santa Margarida.

Ah!, e os jacarandás  que, em maio, já choram,
de lágrimas lilases,
e as santas das nossas mães que ficaram em casa,
a acender a vela à santa das santas,
a tecer o lenço de enxugar lágrimas,
um fado que tu ouviste numa tasca do Bairro Alto
e que já não era batido nem dançado nem cantado,
um fado apenas gemido, sussurrado.

Ordeiros os soldados
como os cordeiros da matança da Páscoa.
anhos, dizem no norte, alinhados
no Cais da Rocha Conde de Óbidos,
como os elétricos amarelos
que vão para a Cruz Quebrada,
empilhados, aboletados, requisitados
às mães para servir a Pátria,
o pai-patrão que lhes cobra o dízimo
em sangue, suor e lágrimas.

Mudos, agrilhoados, os básicos,
uns refratários, outros desertores,
cozinheiros, magarefes, corneteiros,
apontadores de dilagrama,
municiadores de metralhadora,
desenfiados, traidores, atiradores,
sacristães, sapadores, pulhas,
coveiros, escriturários,  bazuqueiros,
safados, bufarinheiros, cavaleiros,
trolhas, cavadores de enxada,
infantes, artilheiros, maqueiros,
herois de torre e espada…

Coitadas das mães que tais filhos pariram,
diz a letra do ceguinho.
subindo o portaló, o cadafalso,
com um nó na garganta mal disfarçado,
os lenços brancos como em Fátima no 13 de maio.
Algumas bandeiras verdes-rubras,
poucas e loucas,
que os tempos não são
de exaltação patriótica.
O hino canta-se em voz de cana rachada,
em disco riscado
por senhoras, poucas e roucas,
do Movimento Nacional Feminino.

A mesma atitude, admirável,
de patética resignação
perante o arbítrio dos deuses
que tudo pedem e podem.
diz o capelão,
cheio de unto e de virtude,
que este é um povo religioso
porque tem o sentido do pathos,
leia-se: da tragédia inelutável,
acrescenta o bispo de Merda…suma.

Senhora Nossa, rogai por nós, pecadores,
protege-nos, das minas e armadilhas,
dos fornilhos e das bailarinas,
das canhoadas e roquetadas,
das morteiradas, dos estilhaços
e dos tiros de costureirinha,
protege-nos do IN, leia-se inimigo,
dos esquentamentos e das sezões,
dos ataques de abelhas e das formigas carnívoras.
mas também do cone de fogo
das nossas bazucas  e canhões sem recuo.
das piçadas  e dos louvores dos nossos comandantes.
e sobretudo de nós mesmos,
soldados malgré noussoldado à força,
arrebanhados,  arregimentados, requisitados, 
condenados, ameaçados,  camuflados. 
acondicionados como bestas
que vão para o matadouro.
Livra-nos, Senhora Nossa,
da fome, da peste e da guerra,
e do marechal da nossa terra
que nos manda para tão longe.

Lisboa e as suas sete colinas
perdem-se na linha de água.
Puseste o combate do possível
na tua agenda de expedicionário da Guiné.
Puseste o fio com a medalha de ouro
ao peito, que te deu a tua namorada, coitada.
Não, não usas a cruz, o crucifixo,
não vais para a guerra santa,
não, senhor capelão,
alguém há de rezar por ti, camarada,
para que  voltes são e salvo.
Do regulamento é apenas
a chapa de zinco
com o número mecanográfico 13151468
e o picotado ao meio.
para mais facilmente ser cortada
em duas partes
que seguirão caminhos distintos,
tudo isto face ao risco, bem real e concreto,
de tu morreres longe, bem longe
da tua casa, da tua pátria,
para lá do mar,
em terra que nunca te viu nascer.

Descansa, camarada,
alguém fará o teu espólio,
cerrará os teus dentes,
fechará os teus olhos,
engraxará as tuas botas.
e porá um moeda na boca
para pagares a viagem ao barqueiro de Caronte,
no caso de morreres pela Pátria,
ainda jovem e imberbe,
nas bolanhas, rias ou matos da Guiné

Levarás contigo a pedra-chave
que te liga ao além,
uma chapa de zinco, picotada ao meio,
que outrora era de xisto ou de grés,
entre o teu antepassado
calcolítico, castrejo, romanizado.


Respeitaremos a tua última vontade,
lavrada no cimento fresco do teu abrigo:
Camaradas
(que colegas é só nas putas!):
se eu aqui morrer, 
que me enterrem,
 
numa anta do meu país megalítico!


A bordo do T/T Niassa, 
a caminho da Guiné,
24-29 de maio de 1969. 
Visto e revisto.
v10 22mai2015

Guiné 63/74 - P14650: Agenda cultural (403): Uma iniciativa do INATEL: "É de Fones!"... 500 tocadores de instrumentos musicais tradicionais portugueses (gaitas, concertinas, cavaquinhos, violas campaniças, bombos, adufes, castanholas, chocalhos, canas rachadas...) fazem esta tarde a festa em Lisboa!... A não perder, povo que ainda cantas e tocas, contra a depressão coletiva!



1ª Edição | 23 Maio 2015 | Lisboa

Do sítio da INATEL, com a devida vénia:


500 tocadores de instrumentos musicais tradicionais, acompanhados pelos Gaiteiros de Lisboa, como grupo embaixador e Amélia Muge como guardiã de todos os fones, invadem a Baixa Pombalina para celebrar de forma original as sonoridades, técnicas e formas de execução das quatro famílias de instrumentos que fazem parte da nossa paisagem sonora:

Cordofones (instrumentos de corda), Aerofones (instrumentos de sopro), Membranofones (instrumentos de percussão), Idiofones (instrumentos de vibração), todos juntos como nunca os (ou) viu.

Partindo de quatro praças distintas |15h30 - Praça da Alegria e dos Cordofones, Praça do Comércio e dos Aerofones, Praça Luís de Camões e dos Membranofones, Praça do Martim Moniz e dos Idiofones - em desfile rumo ao Rossio de todos os fones, num espectáculo sonoro singular e revelador da nossa identidade e da riqueza do nosso Património Cultural Imaterial (PCI).

A Fundação INATEL, cumprindo a sua missão de entidade responsável pela salvaguarda do PCI, promove a 1ª edição do É DE FONES! consagrado à valorização do património musical coletivo, com a participação de músicos, profissionais e amadores, tocadores populares, professores e alunos de música, concretizando-se numa verdadeira invasão da cidade pelos instrumentos musicais tradicionais, enriquecida pela diversidade sonora do território português.

PROGRAMA

15h30
Concentração de tocadores na Praça da Alegria, na Praça do Martim Moniz, na Praça do Comércio e na Praça Luís de Camões
Início dos cortejos rumo ao Rossio de Todos os Fones

16h00
Praça da Alegria e dos Cordofones
Casa do Povo de Corroios
Grupo de Cavaquinhos do Louriçal
Pedro Mestre e Campaniças

16h15
Praça do Comércio e dos Aerofones
Associação Gaita-de-Foles
Concertinas do Vale do Tejo
Escola de Música Tradicional do Centro Cultural Alto do Moinho
Gaitas da Golegã da Associação Cultural Cantar Nosso
Xuventude de Galicia

16h35
Praça Luís de Camões e dos Membranofones
GigaBombos do Imaginário da Associação Cultural Teatro Imaginário
Grupo de Adufeiras da Casa do Povo de Paul
Orquestra de Percussão Eclodir Azul

16h50
Praça do Martim Moniz e dos Idiofones
APEM – Associação Portuguesa de Educação Musical
Castanholas de Freamunde – Pedaços de Nós
Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho
Grupo das Pedrinhas de Arronches
Orquestra de Canas Rachadas de Aveiras de Cima
Trupe da Cana Rachada

17h20
Rossio de Todos os Fones
Concerto dos Gaiteiros de Lisboa (Embaixadores) e Amélia Muge (Guardiã)

18h00
Rossio de Todos os Fones
Concerto com todos os tocadores dirigidos pelos Gaiteiros de Lisboa (“Embaixadores”)

Percursos dos Desfiles
- Praça do Comércio | Arco da Rua Augusta | Rua Augusta | Rossio
- Praça do Martim Moniz | Rua Dom Duarte| Praça da Figueira| Rua do Amparo | Rossio
- Praça da Alegria | Avenida da Liberdade | Praça dos Restauradores | Rua 1.º de Dezembro, Praça Dom João da Câmara | Rossio
- Praça Luís de Camões | Largo do Chiado | Rua Garrett | Rua do Carmo | Rossio


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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de maio de  2015 > Guiné 63/74 - P14647: Agenda cultural (401): Apresentação do livro "Nós Enfermeiras Paraquedistas", coordenação de Rosa Serra, dia 29 de Maio de 2015, pelas 17 horas, no Clube Militar de Oficiais de Setúbal, Praça do Bocage - Setúbal

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14649: Os nossos seres, saberes e lazeres (95): Se fosse presunto... (Manuel Luís R. Sousa)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís R. Sousa (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74, actualmente Sargento-Ajudante da GNR na situação de Reforma), com data de 17 de Maio de 2015, com um trecho do seu próximo livro, uma autobiografia, ainda sem nome.

Amigo Carlos:
Tenho o gosto de te comunicar que estou a escrever um novo livro, de cariz autobiográfico, cujo título ainda, por enquanto, não vou divulgar. É um projecto que visa, sob a forma de contos, descrever essencialmente tempos da minha infância e juventude, retratando, ao mesmo tempo, a vida daqueles tempos, no interior profundo transmontano, Folgares, Freixiel, Vila Flor, nos aspectos social, económico, religioso e cultural, entre outros aspectos. O "Panelo de barro preto", já publicado no blogue, integra este trabalho.
Envio-te em anexo um pequeno excerto do mesmo livro, já em fase adiantada, caso o queiras publicar na nossa "tabanca", para conhecimento de toda a tertúlia.
Envio-te também em anexo uma fotografia para ilustração.
Ao fazer este anúncio, é o assumir de um compromisso para não me dar à preguiça na prossecução e conclusão deste modesto projecto.

Um abraço
Manuel Sousa


Se fosse presunto...


"...Assim fui crescendo nesta azáfama da vida dura do campo até à minha chamada para o cumprimento do serviço militar.
Em campanha, na guerra colonial na Guiné, durante um mês de férias em Bissau, em Janeiro de 1974, tirei a carta de condução.

Regressei em Agosto desse ano apetrechado com este instrumento de trabalho e havia que retomar o ritmo, quer em casa dos meus pais, quer naqueles trabalhos sazonais em Freixiel, interrompido por aquela obrigação militar.
Voltei a integrar um rancho de azeitoneiros logo em Dezembro desse ano, a trabalhar numa das casas mais ricas de Freixiel, o senhor Ernesto Lima, que além dos olivais que possuía onde trabalhámos também tinha um lagar de azeite lá na aldeia para a transformação da azeitona, quer da sua colheita, quer a que se produzia na aldeia e noutras aldeias circunvizinhas, aliás, para quem quase sempre trabalhei durante a minha adolescência e juventude até ir para a tropa.

 Manuel Luís R. Sousa na apanha da (sua) azeitona

Conhecendo-me como conhecia e sabendo que já tinha a carta de condução, entregou-me logo uma carrinha Bedford, azul, de caixa aberta, de 3500Kg, para o transporte do pessoal para os olivais e da azeitona para o lagar ao fim do dia.

A partir daí, à noite, levava a carrinha para a minha aldeia, transportando toda aquela minha gente, que antes, como contei, andava a pé, e no dia seguinte voltávamos ao trabalho já com aquela comodidade.
Uma bênção para toda a gente, ter um motorista no grupo!

No primeiro dia que procedi ao transporte da camarada de regresso à minha aldeia, cerca de vinte pessoas, o senhor Ernesto Lima, preocupado, sabendo da minha pouca experiência e sendo a estrada que liga as duas aldeias muito sinuosa, íngreme e com curvas e contra curvas, além de algum gelo que se acumulava em alguns lugares, encarregou um motorista de Freixiel, que eu conhecia bem e de quem era amigo, com mais experiência para me acompanhar, para se inteirar do meu desempenho da condução naquelas condições, seguindo ele, o patrão, atrás, no carro dele. A viagem correu bem até ao cimo da encosta, no percurso de cerca de seis quilómetros, e chegámos assim à minha aldeia.
Regressou então o patrão e aquele motorista, o Chico António, a Freixiel no carro dele, ficando eu com a carrinha em cima para no dia seguinte transportar o pessoal para o trabalho.
Nesse mesmo dia seguinte, quando já descia a meio do percurso, verifiquei que o senhor Ernesto Lima, ainda preocupado, foi ao meu encontro no seu automóvel, seguindo atrás de mim depois até Freixiel, decorrendo a viagem sem qualquer problema.

Ambos tivemos sempre uma relação quase afectiva que ia para além da equidistância entre patrão e trabalhador, como, aliás, se pode verificar na sua preocupação em relação a mim que acabei de descrever. Sempre foi muito afável comigo nas nossas relações laborais, e não só. Estou-lhe eternamente reconhecido por isso.
A adaptação à condução da carrinha decorreu relativamente rápido e, passados alguns dias de se ter iniciado a apanha da azeitona, por ordem do patrão, deixei de fazer parte da camarada de azeitoneiros e fui incumbido de, acompanhado de um ajudante, o senhor Inácio, também da minha aldeia, proceder à pesagem da azeitona nas aldeias mais próximas e transportá-la na carrinha para o lagar para a transformação, entregando depois o azeite aos clientes.

O meu ajudante era uma pessoa com cerca de cinquenta anos de idade, de baixa estatura, de rosto miúdo e moreno, rijo, bem disposto e com muito sentido de humor! Tinha como missão transportar os sacos de azeitona às costas no local da recolha até à carrinha e depois da carrinha até à "tulha" no lagar.
Vergado debaixo daqueles grandes sacos de lona, com cerca de oitenta quilos, o senhor Inácio quase desaparecia. Não se via literalmente. Eu, sobre a caixa de carga da carrinha, ajudava-o a pôr os sacos às costas e, de vezes em quando, para o aliviar um pouco, carregava um saco ou outro.
O senhor Inácio, já muito vivido, e como não era o primeiro ano em que ele fazia aquele trabalho com outros motoristas, teve o cuidado de me prevenir, sendo eu novato naquelas andanças, que era costume os agricultores onde íamos buscar a azeitona a essas aldeias em redor, que ele já conhecia, aquando do final do carregamento da azeitona oferecerem um "taco", dizia ele.

Assim, no dia a dia, naquelas aldeias, Meireles, Vilas Boas, Roios, Samões, etc. no final do carregamento, as pessoas, muito francas, convidavam-nos a entrar em casa para comermos o tal "taco", altura em que, quase sempre, à socapa, o meu ajudante João Inácio me piscava o olho, como a dizer-me que era verdade o que antes me tinha dito.
Entrávamos então e, à boa maneira transmontana, eram postos no braseiro da lareira umas linguiças ou salpicões, acabados de tirar do estendal do fumeiro, que mais parecia um tecto falso da cozinha, que degustávamos depois de assados com bom pão centeio e vinho da casa.
Confirmei então que era assim, quase diariamente, a ponto de não comermos o nosso farnel que transportávamos no porta-luvas da carrinha.

 Uma merenda bem melhor que um "taco"

Um dia, no final do trabalho, regressámos à nossa aldeia, eu e o meu ajudante Inácio, dando também "boleia" a um rapaz lá da terra, muito mais novo do que eu, o António "Palancho", que trabalhava no lagar.
Nessa altura já a apanha da azeitona do patrão tinha terminado, embora o lagar continuasse a trabalhar, não tendo, por isso, a camarada dos azeitoneiros para transportar. O percurso de regresso a casa foi diferente do habitual, bastante mais longe, para passarmos por duas aldeias, Samões e Seixo de Manhoses, para entregarmos azeite de clientes.

Depois da entrega em Samões, em casa de um tal senhor Joaquim Madureira, foi cumprido o ritual habitual: presunto, pão e vinho na mesa com que todos os três nos saciamos com a voracidade natural do final de um dia desgastante de trabalho.
Partimos depois para Seixo de Manhoses entregar a colheita de azeite de um padre. Chegámos. Ele não estava em casa. Fomos recebidos por uma senhora ainda jovem. Não sei se era empregada ou familiar.
Abriu-nos a porta dos baixos duma casa alta, em granito, bem cuidada, e ali descarregámos o azeite num bidão. Terminada a entrega, a senhora, simpaticamente, com aquela hospitalidade transmontana, perguntou-nos se queríamos beber um copinho de vinho.
Antes que eu e o António "palancho" recusássemos, porque não éramos grandes bebedores e tínhamos acabado de comer e beber em Samões, o meu amigo Inácio, com a piscadela de olho habitual que me dirigiu, "atacou" logo:
- Bebia-se um copito..., se fosse com uma azeitonita...
- Que não seja por isso... subam, por favor.
Respondeu logo a senhora, franca e expedita.

Subimos então umas escadas altas em granito e entrámos numa grande cozinha, onde a senhora nos acomodou convidando-nos a sentar junto à fogueira que crepitava na lareira, num ambiente agradável e aconchegante, comparando com o frio que se fazia sentir na rua naquela época do ano.
Encontrava-se ali deitado, regalado ao calor da fogueira, um corpulento cão perdigueiro.

A nossa anfitriã colocou uma mesa pequena à nossa frente, coberta com uma toalha branca, onde dispôs um pão, uma malga de azeitonas e uma caneca de vinho, para que os três comêssemos e bebêssemos, deixando-nos ali sozinhos enquanto se ocupava nas lides da cozinha.

Eu e o António "Palancho", como não tínhamos fome, fomos debicando um pedacinho de pão uma azeitona por uma questão de cortesia em relação à hospitalidade da senhora. Fomos acometidos por um ataque de riso, que mal conseguimos disfarçar, vendo o nosso amigo Inácio também a debicar, a mastigar em seco, a olhar de soslaio para a senhora, a ver se trazia algo mais suculento, que era o fito dele.
Mas..., nada.

O cão perdigueiro, esse sim, é que estava com apetite, ávido de nos tirar a comida da mão.
Então o amigo Inácio, continuando visivelmente a engolir em seco, pegou num pedacinho de pão, atirou-o ao ar na direcção do cão e este com uma infalível precisão logo o apanhou no ar e o abocanhou.
Mais uma e outra vez e o cão não falhava. Eu e o António já estávamos ansiosos para sair dali porque estava a ser insuportável aguentar o riso, sabendo as intenções do Inácio.
Para cúmulo este pegou numa azeitona, atirou-a ao cão, e este, da mesma maneira, tal como fazia ao pão, com a mesma avidez, a deglutiu. Perante esta fome canina, o Inácio murmurou em sussurro:
- Se fosse presunto...!

Pronto. Foi um descalabro. Não conseguimos disfarçar mais aquele momento hilariante que rimos, rimos, abertamente, apressando-nos a dizer à senhora que o motivo da risada foi a graça que encontrámos ao cão. Agradecemos, despedimo-nos e saímos rapidamente. A caminho da aldeia, de regresso a casa, os três, continuámos a divertir-nos com aquela peripécia, com a certeza de que o Inácio, daquela vez, não conseguiu comer presunto.

O amigo Inácio já faleceu. Que Deus o tenha. Foi um privilégio, com aquela idade, com vinte e três anos, ter este estágio de vida orientado por ele..."

17 de Maio de 2015
Manuel Sousa

Fotos: © Manuel Luís Rodrigues de Sousa
Legendas da responsabilidade do editor
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14641: Os nossos seres, saberes e lazeres (94): Bruxelles, mon village (Parte 6) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P14648: Meu pai, meu velho, meu camarada (46): O meu avô, cruz de guerra de 1ª classe, esteve na I Grande Grande, nas margens do rio Rovuma, norte de Moçambique.... Quando regressou, trouxe com ele um "filho da guerra", que seria mais tarde o meu pai, que eu sempre adorei e adoro (Jaime Machado, ex-alf mil cav, Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70; membro do Lions Clube Lusofonia)

1. A propósito do tema "Filhos do Vento", o Jaime Machado mandou-nos ontem a seguinte mensagem:


Caro Luis

Este assunto (*) diz-me particularmente respeito.

Meu pai foi trazido do norte de Moçambique. Nasceu de um "amor" em tempo de guerra. Nasceu na  I Guerra Mundial,  no norte de Moçambique, em Quelimane.

O meu avô (cruz de guerra de 1ª classe) esteve lá no teatro de guerra nas margens do rio Rovuma.

Quando regressou, num barco militar(!),  trouxe com ele o meu pai que eu adorei e adoro.

Abraço, Jaime Machado


PS - Junto foto do meu avô, de nome Antonio Rodrigues Machado. Prometo mandar mais alguns dados sobre os meus familiares.(**)


[Jaime Machado vive em Matosinhos, é membro do Lions Clube Lusofonia; foi  alf mil cav, cmdt  do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70; foto atual à direita]

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14642: Agenda cultural (400): Conferência "Filhos da Guerra", Festival Rotas & Rituais, 2015, Lisboa, Cinema São Jorge, 6ª feira, 22, 19h30... Participantes: Catarina Gomes (moderadora), Margarida Calafate Ribeiro (Os netos que Salazar não teve), Luís Graça (Que guerra se conta aos filhos?) e Rafael Vale e Reis (Filhos do vento: direito ao conhecimento das origens genéticas?)... Entrada gratuita... Às 18h, inauguração de exposição sobre o tema

Guiné 63/74 - P14647: Agenda cultural (402): Apresentação do livro "Nós Enfermeiras Paraquedistas", coordenação de Rosa Serra, dia 29 de Maio de 2015, pelas 17 horas, no Clube Militar de Oficiais de Setúbal, Praça do Bocage - Setúbal

APRESENTAÇÃO DO LIVRO "NÓS ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS", DIA 29 DE MAIO DE 2015, ÀS 17 HORAS NO CLUBE MILITAR DE OFICIAIS DE SETÚBAL


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Nota do editor

Último poste da série de 21 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14642: Agenda cultural (400): Conferência "Filhos da Guerra", Festival Rotas & Rituais, 2015, Lisboa, Cinema São Jorge, 6ª feira, 22, 19h30... Participantes: Catarina Gomes (moderadora), Margarida Calafate Ribeiro (Os netos que Salazar não teve), Luís Graça (Que guerra se conta aos filhos?) e Rafael Vale e Reis (Filhos do vento: direito ao conhecimento das origens genéticas?)... Entrada gratuita... Às 18h, inauguração de exposição sobre o tema