Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 2 de junho de 2017
Guiné 61/74 - P17425: Notas de leitura (963): “Guiné, Um rio de memórias”, por Luís Branquinho Crespo, Textiverso, Unipessoal, Lda, 2017 (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Maio de 2017:
Queridos amigos,
Luís Branquinho Crespo tinha fundadas razões para regressar ao Xitole e ao Saltinho. Não é uma viagem solitária, vem em grupo, concede a este um papel subalterno, a romagem pertence-lhe, encontrar-se-á com gente abandonada, um guineense que combateu do lado português e um português que anda por ali aos tombos, não muito conformado mas resignado à, procura de raízes.
Acima de tudo, o que comove da leitura de um texto despretensioso é a entrega da intimidade, onde os pontos mais altos da chamada literatura dos regressos.
Um abraço do
Mário
Tem mais dores aquele que nunca regressa completamente
Beja Santos
Meu prezado Luís Branquinho Crespo,
Agradeço-lhe do coração o envio que me fez do seu livro que li com natural emoção. Nesse ano de 2010, ambos visitámos a Guiné, o Luís ansiava chegar ao Xitole e ao Saltinho, o meu “chão” era o Cuor e também Xime-Bambadinca, foi neste território que vivi 25 meses a fio; seguramente que nos cruzámos, já que vivemos por ali entre 1968 e 1970, Bambadinca era o nosso posto de abastecimento e quando fui viver para Bambadinca, em Novembro de 1969, pelo menos comandei três colunas ao Xitole, certo e seguro cruzámos as nossas vidas. De tal modo, que em 2010 percorri Bambadinca a Xitole, lendo o que escreveu tudo se reavivou na minha memória. Independentemente do prazer que tive em ler o seu livro, que tomei por um despretensioso bloco de notas de impressões de viagem a um retorno tão desejado, não tenho palavras para lhe agradecer o encontro de memórias que me proporcionou. Vamos agora especificamente ao seu livro “Guiné, Um rio de memórias”, que o nosso blogue tão justamente tem referido(1). Primeiro, fez bem, muito bem mesmo, em arquitetar Braima Bá e António Pouca Sorte, náufragos numa guerra e num país novo, que teve uma alvorada promissora e hoje depende de doadores e de um terrível noticiário que mete drogas e governos que não pode governar. As suas memórias inscrevem-se naquilo que Margarida Calafate Ribeiro crismou de literatura de regressos, e tem razão, o que ali aconteceu foi um dos marcos miliários que fez do menino um homem, e todas aquelas experiências foram decisivas, calejaram antigos combatentes em pessoas preparadas para destrinçar com mais rapidez entre o essencial e o acessório.
Segundo, gosto muito da sua viagem com seres humanos que não ter responsabilidade no seu regresso, fez bem, igualmente, em desenhá-los como turistas ou acompanhantes das alegrias e dores do regresso. E usou da simplicidade recordando a Bissau do seu tempo e a Bissau de 2010. Assim chegamos ao encontro com Braima Bá, ele tem muito para contar, fez muitos anos de guerra, fugiu ao terror das matanças da tropa africana que acreditou em Portugal, a despeito de um ódio velho Braima irá mostrar que está do lado da nação guineense, no conflito político-militar de 1998-1999. O quadro da guerra de guerrilhas e o que se passou depois da independência está resumido, parte-se para o Saltinho, anseia-se pelo Corubal.
Terceiro, tece-se no seu rio de memórias uma ida a Guileje e o encontro com António Pouca Sorte, alguém que tentou triunfar nos negócios em Portugal e na Guiné e que vive agora num rio de esquecimento, é imagem de tanta peregrinação de alguém que já não sabe qual a certeza do lugar em que vive. Quem viaja consigo percorre outros lugares, como Bambadinca, mas é o Xitole e o Saltinho os pontos fulcrais da sua literatura de regressos, aí serão retomadas as dores da guerra, a que chama labaredas lembranças, a invocação dos mortos, como se mobilava a solidão naqueles lugares ermos. A contrastar as emoções, o ver como esse mundo se desmoronou, casas em ruínas, ruínas do quartel do Xitole e ali mesmo a decomposição da autoridade do tempo presente, como anotou: A casa dos sargentos era, agora, o posto de polícia do Xitole, onde vivia um que fazia de polícia e tinha acabado de se levantar.
Fazia de conta que era a autoridade. De manhã e à tarde apresentava os olhos cheios de remela e continuava sem fato apropriado, nem boné, nem relógio que lhe comandasse o início de qualquer serviço. Com a irregularidade de se apresentar ao serviço não tinha nem podia ter alguma autoridade. Vestia calções, tufados, velhos e sujos e calçava sapatilhas desbotas na cor e muito usadas”.
Haverá mais observações sobre estados de ruína. E viaja-se até ao Saltinho, pressente-se que o coração anda alvoratado, são lembranças fortes.
Quarto, finda a romagem, há que fazer conceções ou turismo, viagens a Bafatá e a Buba, mas ainda um regresso ao Saltinho, volta-se a falar de Braima Bá e dos fuzilamentos dos Comandos, das operações que ambos viveram, cabe a Braima Bá o relato do fim da guerra e o desabafo de que não houvera reconciliação entre guineenses, continuam zangados, guardam velhos ajustes de contas, de prepotências e traições. Em dado momento, o bloco de notas faz-se uma enorme reflexão sobre o passado e o presente da Guiné, um belo texto.
Quinto, agora começa a viagem de regresso por terra, ao longo do Senegal, da Mauritânia, atravessasse o território Sarauí, mais à frente Marraquexe, depois de outras paragens chega-se a Portugal, os turistas irradiam para os respetivos poisos. E no termo da viagem o narrador despede-se de si e dos outros escrevendo: “Costuma dizer que tem mais dores aquele que nunca regressa completamente”. Às vezes questiono quais as grandes categorias de motivações para se fazerem estas viagens: ajuda humanitária para um povo amável, a quem apraz a nossa presença e o nosso cuidado; o regresso aos locais onde se cresceu e onde se deixaram fidelidades; o sentido da visitação para encontrar ambientes que para muitos foi uma autêntica descoberta de um continente, com aqueles cursos infindáveis de água, um tempo radicalmente divido em duas estações, os assombros dos tornados, das trombas de água, dos solos lunares… E junta-se o pretexto para encontrar gente que combateu ao nosso lado. Seja qual for a motivação dominante, racha o coração aproximarem-se de nós a pedir pensões, a pedir empregos em Portugal, para trazermos os filhos, para aqui estudarem ou serem futebolistas, estenderem a mão a pedir uma magra ajuda, porque se passa fome. Se somos fracos, se já nos informaram o que nos espera, negamos o propósito do regresso; se ali combatemos verdadeiramente ao lado de quem em nós confiou de pedra e cal, é inevitável o regresso, há quem confie que é uma honra merecida ali chegarmos com um beijo, um afago, o peso etéreo de um abraço que vale milhões de palavras. Também por isso se honra o passado comum lavrando estas memórias.
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Notas do editor
(1) - Vd. poste de 21 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17383: Notas de leitura (959): Prefácio de António Graça Abreu, ao livro "Guiné: um rio de memórias", de Luís Branquinho Crespo, lançado em Leiria no passado dia 6 com a presena do presidente da Câmara Municipal local, Raul Castro, também ele ex-combatente
Último poste da série de 29 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17406: Notas de leitura (962): “Arcanjos e Bons Demónios, Crónicas da Guerra de África 1961-75”, por Daniel Gouveia, 4.ª edição, DG Edições, 2011 (3) (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P17424: (De) Caras (67): Almoço-convívio anual de 'Os Lacraus', CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969-1970/71... Em Mem Martins, Sintra, em 27/5/2017... Para o ano será na Nazaré (Valdemar Queiroz)
Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > A.Duarte, Oliveira e Marques
Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Pais de Sousa e Aurélio Duarte
Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >
Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Pais de Sousa e Valdemar Queiroz
Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Canatário e Macias (Alentejo do norte e do baixo. respetivamente)
Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Aspeto parcial mesa (1)
Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Aspeto parcial mesa (2)
Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Fachada do restaurante: Estrada de Mem Martins, 143, Mem Martins, Sintra
Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]
Data - 30/05/2017
Assunto - Convívio 2017 d 'Os Lacraus' da CART 2479-CART11 Guiné 1969-1970/71
Realizou-se, em 27 do corrente, mais um almoço/encontro/convívio da rapaziada da CArt 2479 / CArt11 e familiares, no Restaurante 'Retiro dos Caçadores', em Mem Martins (Sintra),
Mais uma vez foi organizado pelo Artur Dias. ex-Sold.Condutor da Companhia. Foi a 27ª edição.
Foi uma tarde bem passada e voltamos a recordar alguns bons momentos de Nova Lamego, Canquelifá e Paunca.
Apareceu o Oliveira, 1º Cabo da arrecadação, sempre o mesmo 'finório' e antigo 'reguila alfacinha', recebido com grande simpatia.
Também apareceu um poeta, com um livro de poemas e direito a declamação, que pertenceu ao Pel. Armas Pesadas que esteve connosco em Piche.
Para o ano há mais e vai ser na Nazaré.
Valdemar Queiroz
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Nota do editor:
Último poste da série > 1 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17420: (De) Caras (73): Tabanca de Faro reuniu 75 participantes no seu 2º encontro anual, em 20 de maio último (Eduardo Estrela, ex-fur mil, CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)
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Nota do editor:
Último poste da série > 1 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17420: (De) Caras (73): Tabanca de Faro reuniu 75 participantes no seu 2º encontro anual, em 20 de maio último (Eduardo Estrela, ex-fur mil, CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)
Guiné 61/74 - P17423: Agenda Cultural (564): Há Arraial da Mouraria, 10ª edição: atuação da banda musical portuguesa "Melech Mechaya", sexta-feira, dia 2 de junho, às 19h00, no Largo da Rosa, Mouraria, Lisboa
Página do Facebook de Renovar a Mouraria
Sexta feira, dia 2 de junho, às 19h00,
no coração da Lisboa popular, festiva,
inclusiva, pluriétnica e pluricultural
inclusiva, pluriétnica e pluricultural
Lisboa (metro: Martim Moniz)
Espetáculo: Entrada de borla!...
(...) Os Melech Mechaya já estão na estrada a apresentar o novo álbum "Aurora". O próximo concerto está marcado para dia 2 de junho no Arraial da Mouraria, em Lisboa. No dia seguinte é a vez do Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco. A comemorar 10 anos de carreira, o 4º álbum do quinteto conta com muitos amigos e algumas estrelas.
O disco foi misturado por Tony Harris (que trabalhou com nomes como R.E.M., Sinead O'Conner e Verve), "que lhe emprestou uma sonoridade tão peculiar que primeiro estranhamos, mas que rapidamente se entranhou em nós", revela Miguel Veríssimo. (...)
O quarto álbum de originais dos Melech Mechaya inclui as participações especiais dos portugueses Filipe Melo (piano) e Noiserv que para além de emprestar a voz fez a letra do tema "Boom", e da cantora espanhola Lamari de Chambao que cantou o tema "Un Puente".
"Hoje somos praticamente uma banda Ibérica. Para nós Espanha é quase como uma segunda casa. Nos últimos cinco, seis anos, damos quase tantos concertos lá como em Portugal. A participação de Lamari de Chambao neste disco é para nós algo e muito especial", explica no Jornal 2 Miguel Veríssimo. (...)
2. Vd. ainda Melech Melechaya >
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Nota do editor:
Guiné 61/74 - P17422: Parabéns a você (1263): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Osvaldo Colaço, ex-Fur Mil Art da CCAÇ 3566 (Guiné, 1973/74)
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Nota do editor
Último poste da série de 31 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17412: Parabéns a você (1262): Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1968/70)
quinta-feira, 1 de junho de 2017
Guiné 61/74 - P17421: Historiografia da presença portuguesa em África (78): Erros, gralhas e imprecisões na notícia sobre a visita do Subsecretário de Estado das Colónias à Guiné em 1947 (Armando Tavares da Silva)
Foto nº 1
Foto nº 2
Foto nº 3
Fonte: Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, vol II - Número Especial, [Comemorativo do V Centenário da Descoberta da Guiné], 1947, 542 pp. [Disponível "on line" aqui]
[O Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, "órgão de Informação e Cultura da Colónia", foi criado em 21 de julho de 1945. pelo então governador Sarmento Rodrigues,
O Centro de Estudos da Guiné Portuguesa publicou durante 28 anos, entre 1946 e 1973, 110 números normais do Boletim e um número especial [, este, em outubro de 1947].
Esta publicação periódica é de excecional interesse para o conhecimento científico da presença histórica portuguesa na Guiné-Bissau, e portanto para a história do país antes da independência. Não tem paralelo em outras publicações nos outros territórios ultramarinos portugueses.
Esta publicação periódica é de excecional interesse para o conhecimento científico da presença histórica portuguesa na Guiné-Bissau, e portanto para a história do país antes da independência. Não tem paralelo em outras publicações nos outros territórios ultramarinos portugueses.
Esta colecção de obras foi digitalizada e incorporada na Memória de África Digital com autorização do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) da Guiné-Bissau, entidade que sucede ao Centro de Estudos da Guiné Portuguesa e, portanto, a actual detentora dos direitos sobre esta publicação. lê-se no portal das Memórias de África e do Oriente .
"O Portal das Memórias de África e do Oriente é um projecto da Fundação Portugal-África desenvolvido e mantido pela Universidade de Aveiro e pelo Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento desde 1997. É um instrumento fundamental e pioneiro na tentativa de potenciar a memória histórica dos laços que unem Portugal e a Lusofonia, sendo deste modo uma ponte com o nosso passado comum na construção de um identidade colectiva aos povos de todos esses países."
I. Mensagem do nosso amigo e grã-tabanqueiro Armando Tavares da Silva, autor de “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Porto: Caminhos Romanos, 2016, 972 pp.)
Caro Luís Graça,
Alguns comentários – já com algum atraso – ao Post 17377 de 19 de Maio (*):
1. O primeiro é que é preciso cuidado com o que aparece escrito nos jornais, pois é vulgar encontrar-se erros, gralhas e imprecisões.
2. A última campanha de Canhabaque é de 1935-36, aparentemente motivada por os indígenas se recusarem à limpeza e abertura de estradas. Possivelmente foi escusada e resultado de falta de tacto e diplomacia…
3. Porto Gole estaria perto do ponto que Diogo Gomes atingiria em 1456 quando percorreu a parte navegável do Geba; daí para a frente os bancos de areia presentes na baixa-mar terão impedido a passagem aos navios. No Geba, Diogo Gomes observou bem o que era o macaréu!
4. Quanto aos “91 anos de penetração portuguesa” estamos em presença de outra gralha monumental! Em vez de 91 deveria estar escrito 491!
5. A ponte visitada por Sá Carneiro a 7 de Fevereiro, segundo a notícia, foi a “grande ponte do Corubal”, construída em 1937.
Uma outra ponte em cimento armado sobre o rio Mansoa fora inaugurada em Maio de 1923, pelo governador Vellez Caroço, ponte esta que tomaria o seu nome.
Nos planos deste governador esteve a construção de uma ponte sobre o Corubal, o que foi abandonado para que as verbas disponíveis permitissem terminar a construção da ponte sobre o Mansoa, e por estar a findar a época seca.
Em Junho de 1947 seriam iniciados trabalhos para substituir a antiga ponte Vellez Caroço, inutilizada nos seus pilares e tabuleiro. A ponte do Saltinho no Corubal, projectada para permitir a ligação do Norte com o Sul da colónia durante 7 meses no ano, foi iniciada em fins do mesmo ano de 1947.
6. Sobre queda de pontes, lembremo-nos do que sucedeu em 2001 em Entre-os-Rios!
7. A condecoração dos “grandes chefes, companheiros de Teixeira Pinto” terá ocorrido na véspera, 6 de Fevereiro, no Gabú (e não em Bambadinca). Foram condecorados com a medalha de prata de Dedicação e Mérito os régulos Madiu Embaló, Saliu Embaló, Demba Só e Malam Embaló. Dois cipaios foram também condecorados: Uri Jaló e Babá Galé.
Seguem em anexos 3 imagens relativas à recepção dispensada ao subsecretário de estado das colónias por chefes fulas, e a condecoração de um deles.
Anexo ainda uma carta da Guiné (de Teixeira da Mota) com o itinerário percorrido pelo governante, com indicação das obras na altura existente no território e, a sublinhado, as que ele iniciou ou as que estavam em construção.[A publicar, com maior detalhe, no próximo poste da série.]
6. Sobre queda de pontes, lembremo-nos do que sucedeu em 2001 em Entre-os-Rios!
7. A condecoração dos “grandes chefes, companheiros de Teixeira Pinto” terá ocorrido na véspera, 6 de Fevereiro, no Gabú (e não em Bambadinca). Foram condecorados com a medalha de prata de Dedicação e Mérito os régulos Madiu Embaló, Saliu Embaló, Demba Só e Malam Embaló. Dois cipaios foram também condecorados: Uri Jaló e Babá Galé.
Seguem em anexos 3 imagens relativas à recepção dispensada ao subsecretário de estado das colónias por chefes fulas, e a condecoração de um deles.
Anexo ainda uma carta da Guiné (de Teixeira da Mota) com o itinerário percorrido pelo governante, com indicação das obras na altura existente no território e, a sublinhado, as que ele iniciou ou as que estavam em construção.[A publicar, com maior detalhe, no próximo poste da série.]
Como estará tudo nesta altura?
PS - A fonte desta documentação é o número especial de Outubro de 1947 do "Boletim Cultural da Guiné Portuguesa" (BCGP).
As imagens foram tiradas de uma cópia pessoal do BCGP e digitalizadas por mim. Não as utilizei no meu livro.
A foto [nº 2] com os cavaleiros fulas está na p.359; a foto [nº 1] em que um régulo é condecorado está na p. 358; a foto [nº 3] em que o subsecretário de estado é levado em triunfo está na p.361. A carta da Guiné do Teixeira da Mota está entre as ps. 454 e 455.
O artigo do Boletim é do cmdte Avelino Teixeira da Mota (na altura 2ºtenente), dedicado colaborador de Sarmento Rodrigues. Já faleceu, e tanto quanto pude apurar, sem descendência. Tinha, pelo menos, um irmão, mas não creio que, não sendo descendente, tenha direitos sobre os trabalhos do irmão. Assim como não creio que o actual INEP disponha de idênticos direitos. Os guineenses devem simplesmente ter "tomado conta" das instalações e espólio. O Boletim terminara.
Penso que seria bonito publicar estes elementos como uma homenagem ao Teixeira da Mota. Os seus trabalhos são capitais no que respeita à Guiné.
Nota do editor:
Vd. poste de 19 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17377: Historiografia da presença portuguesa em África (76): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte V: De regresso, de Bafatá a Bissau, sexta-feira. 7 de fevereiro, com passagem por Fá (Mandinga), Bambadinca, Xitole e Porto Gole
Último poste da série > 1 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17419: Historiografia da presença portuguesa em África (77): "Guiné, Alvorada do Império", 1952, um álbum de glórias do Governador Raimundo Serrão (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P17420: (De) Caras (66): Tabanca de Faro reuniu 75 participantes no seu 2º encontro anual, em 20 de maio último (Eduardo Estrela, ex-fur mil, CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)
Foto nº 1 > Faro > Tabanca de Faro > 2º Encontro anual > 20 de maio de 2017 > Foto parcial do grupo de participantes cujo total era da ordem dos 75.
Foto nº 2 > Faro > Tabanca de Faro > 2º Encontro anual > 20 de maio de 2017 > Junto ao monumento aos combatentes de Faro: da esquerda para a direita, o Zé Luís, o Vila Nova, o Aníbal, o Luis Formiga e eu, [ Não está identificado o camarada que, em primeiro plano, segura a coroa das flores]
Fotos (e legendas): © Eduardo Estrela (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem de 30 de maio p.p., enviado pelo Eduardo Estrela [ ex-Fur Mil da CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71]
Luis!
Aí vão três fotografias do nosso encontro de Faro (*).
A 1ª, tirada nas escadas do acesso ao jardim do restaurante, não contempla toda a malta que se reuniu, pois as escadas eram pequenas para os cerca de 75 participantes.
A 2ª foi tirada junto ao monumento que evoca os companheiros naturais do concelho de Faro, arrancados à vida na flor da idade. Na mesma estão da esquerda para a direita, o Zé Luís, o Vila Nova, o Anibal, o Luis Formiga e eu. Não me recordo do nome do camarada que segura a coroa das flores, enquanto escutávamos a alocução do amigo Dr. João Botelheiro.
A 3ª. fotografia, feita na mesa do restaurante, tem da esquerda para a direita o Fernando Silva, o Jorge Martins, o Humberto Rosa, o Zé Augusto Vidal, eu e a minha mulher Antonieta Estrela.
No passado sábado 27, estive no almoço do BCaç 2879 ao qual a CCaç 14 estava agregada. O encontro aconteceu no Folgosinho, Gouveia, e teve cerca de 200 participantes.
Um abraço meu e da malta da Tabanca de Faro, nome já escolhido como refere o Zé Viegas.
Eduardo Estrela
PS - Diz o Povo e com razão " O que abunda não anula"... Depois de ter enviado as fotografias, visitei o blogue e verifiquei que uma delas já lá está inserida a das escadas (a foto nº 1). Aproveito para identificar a senhora. que está na direita do Zé Luís. Trata-se da sua esposa, dona Isabel Pratas. (**)
2. Comentário do editor LG
Eduardo, obrigado. Aqui tens as tuas fotos e o teu texto... Não tinha reparado na esposa do Zé Luís (*)... O Zé Viegas não me mandou a legenda... Voltaremos a publicar a "foto de família"... 75 participantes, dizes tu ? Ótimo, têm que se reunir mais vezes durante o ano.
PS - Tens fotos da malta da CCAÇ 14 que foi ao último convívio do BCAÇ 2879 ? Temos falado pouco de vocês, CCAÇ 14...
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 29 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17407: (De) Caras (72): Definitivamente somos a Tabanca de Faro, aberta a todos os ex-combatentes da Guiné, residentes no concelho de Faro, e que já fez dois encontros anuais (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68)
(**) Vd. também poste de 21 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17382: Convívios (804): 2º encontro da Tabanca do Algarve, Faro, 20/5/2017 (José Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68)
(**) Vd. também poste de 21 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17382: Convívios (804): 2º encontro da Tabanca do Algarve, Faro, 20/5/2017 (José Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68)
Marcadores:
(De) Caras,
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Faro,
José António Viegas,
Tabanca de Faro,
Tabanca do Algarve
Guiné 61/74 - P17419: Historiografia da presença portuguesa em África (77): "Guiné, Alvorada do Império", 1952, um álbum de glórias do Governador Raimundo Serrão (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 23 de Maio de 2017:
Queridos amigos,
Nunca tinha ouvido falar neste álbum de glorificação do Governador Raimundo Serrão, que sucedeu a Sarmento Rodrigues.
Aqui se conta a história como cheguei à biblioteca ultramarina da Caixa Geral de Depósitos, hoje proprietária do riquíssimo arquivo histórico do Banco Nacional Ultramarino, onde há documentação de grande importância para o estudo da história da Guiné.
Agradeço publicamente à senhora D. Filomena Rosa a gentileza que teve em fotografar todas estas imagens que nos ajudam a conhecer um pouco mais o passado da Guiné.
Um abraço do
Mário
Guiné, Alvorada do Império, 1952
Beja Santos
Vale a pena contar a história de como tomei conhecimento desta obra. Licitei-a num leilão de livros online, jamais ouvira falar em tal livro, o que acontece é que alguém licitou mais forte e arrebatou-me a presa. Fui no dia seguinte à casa de leilões e folheei o livro, que tem a forma de um álbum. É a consagração propagandística do Governador Raimundo Serrão, que governou a Guiné de 1949 a 1952. É pois um álbum de vaidades em que se omite discretamente que o governador inaugurou muita coisa deixada pelo seu antecessor, Sarmento Rodrigues. Pedi informações aos bibliotecários da Sociedade de Geografia de Lisboa; palavra puxa palavra foi-me referido o arquivo histórico do BNU, ali seguramente poderia consultar o exemplar. Contactei o Gabinete de Património Histórico da Caixa Geral de Depósitos, assim cheguei à Biblioteca Ultramarina, sediada em Sapadores. Descobriu uma carrada de leituras para fazer e refazer. E alguém me chamou à atenção para um património de investigação valiosíssimo, poucas vezes frequentado: os relatórios de exercício do BNU na Guiné, de 1916 até 1974. É por estas e por outras que estou firmemente convencido que a minha relação com a Guiné só acaba quando eu acabar.
Vejamos agora a surpresa desta “Guiné, Alvorada do Império”. Não se esconde de modo algum que não se trata de um álbum de glórias, abre-se mesmo com o seguinte parágrafo: “Decorre o terceiro aniversário da posse do Governador Engenheiro Raimundo Serrão. Esta obra fica a assinalar uma data e a marcar para a vida da Guiné um dos seus passos mais decisivos. O engenheiro Serrão é um puritano da arte, um perfeito esteta que o escalpelo da sua ação e experiência burila e retoca com segura mestria e amplia até, como se asas gigantescas a atirassem a grandes alturas, em busca de perfeição”. Está tudo dito.
Depois um pouco de história antes de chegarmos aos triunfos que consagraram a obra do governador. Primeiro, uma galeria de governantes. Fala-se depois da pacificação, dizendo que o período da ocupação, de 1879 a 1918 é uma comovedora odisseia; soldados e colonos, irmanados pelos mesmos sentimentos, trouxeram à Guiné a certeza dos seus destinos e a Portugal esse orgulho adormecido que tornou grande, essa grandeza que encheu séculos e concebeu impérios ao fluxo de novas civilizações. Dá-se realce às operações do Capitão Teixeira Pinto na pacificação, das três imagens que ali se publicam sobre Abdul Indjai retirei uma que não conhecia, até agora não a tinha visto publicada.
Seguem-se imagens de Bissau de ontem, o cais do Pidjiquiti está sempre presente, a residência do governador era bem modesta, mostram-se os principais edifícios, havia repartições públicas dentro de Amura, com os seus canhões apontados para o Geba mas também para Intim e Bandim. Mais adiante fala-se de uma obra de grande valor humanitário, o Asilo da Infância Desvalida, fundado em 1934. E depois um atropelo de imagens, onde se misturam celeiros, depósitos de água, centrais elétricas, a chegada do ensino liceal, a Estação Zootécnica de Bissorã, alguma pompa e circunstância na inauguração de diferentes postos sanitários, caso de Bambadinca e Contuboel. No final, um rol de trabalhos para glória do governador Serrão. Tenho para mim que é valor de muitas destas imagens que justifica o pedido que fiz à responsável pela biblioteca ultramarina para nos ceder este acervo e só espero que vos satisfaça a curiosidade de olhar uma Guiné que já não existe.
Peço a vossa atenção para o texto da sentença arbitral de Ulysses Grant, o presidente norte-americano que dirimiu a chamada questão de Bolama. A sua estátua foi criminosamente derretida, tirou-se aos bolamenses e aos guineenses em geral um vestígio da sua identidade.
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Nota do editor
Último poste da série de 19 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17377: Historiografia da presença portuguesa em África (76): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte V: De regresso, de Bafatá a Bissau, sexta-feira. 7 de fevereiro, com passagem por Fá (Mandinga), Bambadinca, Xitole e Porto Gole
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