quinta-feira, 16 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21173: Memórias de um Soldado Maqueiro (Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS / BCAÇ 2845) (15): Álbum fotográfico - Parte VIII

1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70) com data de 15 de Julho de 2020:

Boa tarde Carlos Vinhal
Como sempre tenho acompanhado tudo o que se vai postando na Tabanca Grande e, claro está, o trabalho que te tenho enviado e que acho que está muitíssimo bem.
Hoje aqui te mando o N.º 8 do meu Álbum de Fotos.
Pelo tempo em que andei afastado, agora não te dou descanso pois para além das fotos ainda há mais artigos para a Tabanca.
Sem mais de momento, um Abraço para todos vocês Chefes de Tabanca e ainda para todos os que nela gostam de estar.
Albino Silva


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Nota do editor

Último poste da série de 9 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21154: Memórias de um Soldado Maqueiro (Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS / BCAÇ 2845) (14): Álbum fotográfico - Parte VII

Guiné 61/74 - P21172: Memória dos lugares (411): Sintra, Colares, Praia das Maçãs (Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/68)



Praia das Maçãs | José Malhoa (Caldas da Rainha, 1855- Figueiró dos Vinhos, 1933) | 1918 | Óleo sobre madeira, 69 cm x  87  cm | Cortesia de Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNACC), Lisboa | Imagem do domínio público

(...) "Numa ambiência pretensamente elegante, nesta esplanada da 'Varanda do Grego', Malhoa cria específicas situações cromáticas e luminosas. A sensação transmitida expressa uma certa leveza, delicadeza e finura. Registe-se a marcação impressiva da pincelada que, curiosamente, se alia a um sublinhar de contorno das figuras, pouco frequente na sua pintura, diluída em jogos de luz. Rodelas de sol mancham o chão, provocando uma sensação de jovialidade e frescura acentuada pelo contraste que com o forte azul marinho se estabelece." (...) (Maria Aires Silveira)


Mário Gaspar
1. Mensagem com data de 15 do corrente, às 00h28, de Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659 (Gadamael e Ganturé, 1967/68):


Camarada Luís

Como dirigente da APOIAR, e quando o meu Grande Amigo Jorge Manuel Alves dos Santos era o Presidente, e tínhamos uma Advogada ao nosso serviço, fui confrontado pela mesma que me disse cabalmente:
– O senhor Mário não deve assinar os Artigos no Jornal com o seu nome. É perigoso para si e também para a APOIAR!

Assinava todos os Artigos por Mário Gaspar. Considerei tão caricato a sua opinião que lhe respondi:
– A partir de agora assinarei tudo com o meu nome completo.

Assim tenho feito. Discordei sempre de publicar artigos copiados de qualquer jornal, muito menos da Internet. O meu filho mais velho é dos poucos Portugueses, podem-se contar pelos dedos, que tem uma Pós-Graduação, em Portugal, em Direitos de Autor. Em 1962 fiz uma crítica, publicada no Jornal "Eco Académico" – fui um dos 9 fundadores, em 1961 – e escrevi: "A cópia é e será sempre a mais rendida homenagem ao original".

Hoje não mudo aquilo que escrevi. Portanto Luís, era escusado perguntares se sou o autor daquele artigo [, de que reproduzimos excertosm a seguir, sobre as praias de antigamente]. Se fosse tinha assinado.


Nasci no centro da Vila de Sintra e fui inúmeras vezes à Praia das Macãs, de eléctrico. Sou das primeiras pessoas a frequentar a Praia Grande. Até possuo fotos (uma publicada no meu livro "O Corredor da Morte"). Só lá vivia um casal de Pescadores.

Interessa-me tudo aquilo que diga respeito à minha terra. O único trabalho que tive foi procurar e depois sacar aquilo que diz respeito à Praia. Por vezes dou muitas voltas e perco noites quando verifico ser possível encontrar o que procuro, tenho conseguido sempre.

Sabes que sou Lapidador de Diamantes! Sou um bom técnico, fui dos últimos despedidos da DIALAP. Perguntaram-me diversas vezes qual o segredo de não ter "acidentes", nunca ter dado cabo de milhares de contos. A resposta é simples:
– Tratava os diamantes sempre do mesmo modo, quer valessem milhões, milhares… ou tostões! Eram diamantes.

Gostaria que as pessoas fossem iguais, tivessem os mesmos direitos. Nunca gostei da pobreza. As pessoas não são iguais. Conheci um Médico – não é anedota – que respondeu a um doente:
– Os comprimidos engolem-se, pela boca, os supositórios metem-se no cu!

Infelizmente existem seres que deviam engolir supositórios, tanta é a merda que acumulam diariamente na boca.

A Guerra que levei ao Blogue foi uma mentira, sou um mentiroso, por ter omitido. A omissão é uma mentira. Se tiver tempo – tenho 77 anos e tenho sido muito maltratado por este SNS – voltarei a publicar "O Corredor da Morte", mas revisto. Muitas, mas muitas histórias, estão mal contadas.

O Blogue foi importante, mas nunca teve em conta a diferença entre os anos de 62 a 67 e 67 ao fim. Em 1967 quase que não existia Guerra na Guiné e é a partir dos fins deste ano que tudo se complica. Já é tarde e tenho uma Consulta às 8 horas.

No texto qie te enviei em anexo,  podes ver como cheguei ao artigo que referes. A montagem é da minha autoria, de resto tudo copiei e na íntegra. Não deixa de ser uma justa homenagem ao original.

Um Abraço

Mário Vitorino Gaspar

Nota: Só tens de clicar aqui


2. Excerto de "As praias de antigamente", de Manuela Goucha Soares, Expresso Multimédia,  2019 (com a devida vénia... não se reproduzindo as fotos)




(...) O banho de mar acalmava os nervos. Homens, mulheres e crianças, mergulhavam vestidos, sob o olhar atento do banheiro. O banho de sol entorpecia o corpo, vulgarizava a tez, e não era recomendado. 

No princípio do século XX a praia era um local de encontros, lazer e descanso. Ricos e pobres iam a banhos nas mesmas praias, mas não se cruzavam. 

O Expresso desafia os leitores a recuarem cem anos e viajarem de Norte a Sul do país por nove estâncias balneares mencionadas pelo guia “As Nossas Praias - Indicações gerais para uso de banhistas e turistas”, publicado pela Sociedade Propaganda de Portugal em 1918. (...)


PRAIA DAS MAÇÃS: A Praia do Elétrico e do Atentado



Nesta nossa ‘viagem’ de Norte para Sul pelas estâncias balneares dos nossos antepassados, a Praia das Maçãs é a primeira que Ramalho Ortigão não referiu em 1876, mas mereceu menção no guia que a Sociedade Propaganda de Portugal publicou 38 anos depois
A inauguração do elétrico que ligava Sintra à praia em 1905 [em 1904 foi inaugurado o troço Sintra-Colares], a construção do Hotel Royal Belle-Vue em 1908, do premiado arquiteto Miguel Ventura Terra, e um atentado abortado contra o primeiro-ministro Afonso Costa em outubro de 1913, deram visibilidade ao local escolhido pelo autor da música do Hino Nacional para construir uma residência de verão para a sua família.

(...) A casa que Alfredo Keil mandou construir ainda existe, e foi uma das primeiras a abrilhantar a Vila Nova da Praia das Maçãs, complementando assim os planos do empresário Eugénio Levy para esta estância balnear, que já tinha uma ligação rápida e quase direta a Lisboa.

(...) Uma das funções do elétrico era assegurar a viagem das pipas e tonéis do vinho produzido nas areias de Colares – com o seu inconfundível e apreciado travo acre – das adegas Visconde Salreu e regional de Colares até à sede de concelho. 

O guia de 1918 explica-nos que a praia deve o seu nome ao facto de “ter ali a sua foz o ribeiro das Maçãs”, e lembra que “já existiu, em lugar sobremodo pitoresco, sobre um rochedo enorme, mesmo à beira mar, um magnífico hotel. Era, porém, cedo demais para se manter, e teve de fechar a breve trecho, visto que a concorrência de hospedes não era a suficiente para cobrir as respectivas despesas de exploração” [do Hotel Belle-Vue]. 

Nesse ano em que os portugueses contavam os mortos e perdas da participação nacional na Grande Guerra, os banhistas “estacionavam pelos hotéis de Cintra e Colares, fazendo todos os dias o seu passeio matutino [de elétrico] para irem tomar o seu banho e virem depois almoçar com redobrado apetite”.

(...) A praia tinha “dois agrupamentos de barracas para banhos, o de Afonso Lopes e o de João Cláudio; na freguezia há médico permanente e nada menos de três farmacias”, informa o guia de 1918 (...).

 O edifício onde funcionou o hotel Hotel Royal Belle-Vue sofreu um incêndio em 1921. A bomba de picota que os bombeiros possuíam foi transportada numa vagoneta atrelada ao elétrico, que também levou os homens, “num tempo considerado recorde – 25 minutos” [cf. obras completas de José Alfredo da Costa Azevedo], mas só se salvaram as paredes.

Texto e pesquisa Manuela Goucha Soares 

Ⓒ Expresso - Impresa Publishing S.A. 2019



Para ler na íntegra o dossiê, clicar aqui : "As praias de antigamente".

[Revisão / fixação de texto para efettos de reprodução neste blogue: MG / LG]

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quarta-feira, 15 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21171: Historiografia da presença portuguesa em África (220): Viagem à Guiné, para definir as fronteiras, 1888 (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Dezembro de 2019:

Queridos amigos,
Os Boletins da Sociedade de Geografia, neste período áureo de ocupação do território, encerram tesouros estranhamente explorados pela historiografia. Admito a pura ignorância, mas nunca li trechos desta viagem do Capitão-de-Fragata Eduardo João da Costa Oliveira que em 1889 foi receber a região de Cacine como território português e entregou às autoridades francesas o nosso património na bacia do Casamansa.
O que descreve é do melhor que há de literatura de viagens, é tudo escrito com uma sinceridade de quem pela primeira vez percorre aqueles pântanos e aquelas matas e rapidamente se apercebe que a nossa presença, até então, era uma pura ficção, não é por acaso que ele descreverá detalhadamente a região mais próxima, onde de facto tínhamos uma presença multisecular, o rio Grande de Buba e Bolola, que naquele período vivia numa completa tragédia nas guerras entre Fulas, Fulas-Forros e Fulas-Pretos, a que se adicionou a cobiça cruel dos Beafadas, guerras que culminaram na ruína económica da região. É um puro deleite esta viagem cheia de riscos, de alguém que comove as autoridades francesas ao caminhar desfraldando a bandeira da Monarquia Portuguesa.

Um abraço do
Mário


Viagem à Guiné, para definir as fronteiras, 1888 (2)

Beja Santos

O Boletim da Sociedade de Geografia, 8.ª Série, N.º 11 e 12, 1888-1889, traz um importantíssimo trabalho do Capitão-de-Fragata Eduardo João da Costa Oliveira, sócio da Sociedade de Geografia e que fora o comissário português encarregado de estudar a demarcação das fronteiras à luz da Convenção Luso-Francesa. É um documento precioso, na minha modesta opinião, um dos mais valiosos sobre a época em referência. Como se poderá ver neste e textos subsequentes. Costa Oliveira fora nomeado para dar execução ao tratado assinado por Portugal e a França, parte com o adjunto, um antigo secretário-geral da Guiné, o Sr. Augusto César de Moura Cabral. Já saiu de Bolama e embrenhou-se no mato, trata-se da segunda parte deste preciosíssimo documento, a incursão das comissões portuguesa e francesa têm o ponto de encontro em território francês, Kandiafara, pelo caminho ocorrerão episódios que o capitão-de-fragata regista com um fulgor raramente visto em viajantes:
“Às seis horas da manhã, depois de termos tomado o nosso café e alguns decigramas de sulfato de quinino, abalámos, indo o guia na frente, eu no centro da linha de carregadores e Bacelar na retaguarda para vigiar e instigar a marchar aqueles que, menos habituados a longas caminhadas, ficassem atrás para descansar, sem ser ocasião própria.
Em marcha era costume nosso, de duas em duas horas, fazer um auto junto de algum curso de água, não só para nos dessedentarmos mas também para descansar, e às dez horas tencionávamos acampar para almoçarmos; porém, o homem põe e Deus dispõe. Às nove horas entrávamos em uma tão densa floresta que a claridade do dia dificilmente ali penetrava, em virtude da espessa folhagem das árvores colossais que a constituíam. As trepadeiras enroscando-se nos grossos troncos e passando de uns para outros, formando uma espécie de rede de malhas largas e guarnecidas de acerados espinhos, muito dificultavam a marcha dos carregadores, sendo preciso até irem dois homens na frente, de machado e faca em punho, abrindo o caminho. Ainda assim, as cargas colocadas sobre a cabeça batiam amiudadas vezes de encontro aos ramos e caíam pesadamente no chão, arrastando na sua queda o carregador que se esforçasse em as segurar.

Quando saímos da floresta, deparou-se-nos o espectáculo mais grandioso que observámos durante a nossa viagem. Uma vasta planície, um oceano de verdura, povoado por centenares de antílopes, que se estendia na nossa frente até aonde a vista podia alcançar!
Água havia, mas negra, fétida, pestilencial. O terreno lodoso e mole era cortado por inúmeros regatos e alagado em muitos quilómetros de extensão. E sobre tudo isto um sol abrasador, ainda próximo do zénite!
Por duas vezes deixámos os burros atolados nos lameiros e de ambas os indígenas de Kabu, que nos acompanhavam, pegando-lhes em peso, os salvaram do abandono a que estavam condenados. Tal foi o meu debute como viageiro!
Derribar árvores, cortar arbustos, capinar a palha e plantas espinhosas, foi o trabalho de toda a gente durante uma hora, mas finda ela tínhamos espaço suficiente para estabelecer o acampamento. Acenderam-se fogueiras, cordas fabricadas com a casca de uma espécie de vime, cobriram-se imediatamente de casacos, camisas, panos, botas, tudo em uma promiscuidade e confusão pitorescas! A água chiava nas caldeiras e cafeteiras, o que nos enchia de prazer, pois ninguém comia havia mais de treze horas, e os pretos não são sóbrios.

Ao alvorecer do dia seguinte abalámos. O terreno modificara-se completamente e a viagem fez-se bem até Biquese, aonde chegámos às duas da tarde. Na Guiné, como todos sabem, a nenhum estranho é permitida a entrada nas tabancas ou praças, sem prévia autorização dos chefes; por isso, quando Sayon soube da nossa chegada aos seus domínios, enviou imediatamente uma numerosa embaixada para nos cumprimentar e introduzir na povoação, aonde nos esperava com a sua corte. Quando avistámos a embaixada fomos agradavelmente surpreendidos com o aspecto ao mesmo tempo imponente e alegre da comitiva. Na vanguarda vinham os músicos, tocando uma espécie de marcha guerreira. Seguiam-se-lhes uns oito homens, vestidos com um certo luxo, eram os grandes, e após estes uns cem soldados ou homens de guerra, armados de espingarda e espada mandinga.
a uns cinquenta passos aproximadamente de distância, os soldados de Sayon pararam, e os músicos e os grandes continuaram a marchar gravemente para o local onde estávamos assentados. Fomos cumprimentados em nome de Sayon e convidados a seguir o marabu até à povoação.

Concluídas estas formalidades, que os indígenas nunca dispensam, partimos ordeiramente. À entrada de Biquese, pelo lado do rio Cacine, existem duas renques de formosíssimas árvores que marginam e dão sombra ao caminho da praia. Debaixo destas árvores, e a um lado e outro do caminho, haviam colocado bancos de madeira pintada, e no centro uma cadeira com assento de palhinha, que supunha ser para Sayon. Ao fundo, por de sobre a porta da tabanca e em mastro apropriado, tremulava o pavilhão francês. Sayon e a sua corte aguardava-nos neste delicioso recinto, e logo que nos avistou veio ao nosso encontro saudar-nos e felicitar-nos por haver feito a viagem “sem novidade”, como lhe dissera o guia. Convidou-nos a descansar na cadeira, e os seus músicos, assentados no chão e na minha frente, cantaram, acompanhando-se várias canções indígenas.
Sayon-Salifú, filho de Dinah-Salifú, que esteve em Paris em julho de 1889, é um preto retinto, de estatura regular e distinta. Fala francês com facilidade, escreve o inglês e entende o alemão. Disse-nos ter sido educado na Bélgica, aonde estivera sete anos, porém, mais tarde, soubemos que fora marinheiro em um navio daquela nação. Veste à europeia, com o tradicional bubu, e parece-nos ser muito respeitado pelos Nalus, e afeiçoado aos franceses, que o haviam nomeado chefe do rio Cacine. Sayon convida-nos a tomar posse dos belos alojamentos que havia mandando preparar, e oferece-nos um copo de água. À noite, grande batuque, simulacro de guerra, etc.”

A viagem prosseguirá na lancha Cacine, que o leitor registe o dado histórico fulcral, Portugal através deste homem, o Capitão-de-Fragata Eduardo João da Costa Oliveira, está a tomar posse de uma nova parcela do Império Português na África Ocidental, a região de Cacine, no termo da sua viagem, como veremos, sem esconder o pesar, entrega o Casamansa às autoridades francesas. Um relato sem rival, uma narrativa de grande sinceridade, não faltam ataques de abelhas e de formigas devoradoras, carregadores medrosos, e o assombro da comitiva portuguesa que descreve o fascínio do interior daquela Guiné, como é o caso das belezas do Cantanhez.

(continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 8 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21152: Historiografia da presença portuguesa em África (217): Viagem à Guiné, para definir as fronteiras, 1888 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de14 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21168: Historiografia da presença portuguesa em África (219): Tratados, convenções e autos firmados entre as autoridades portuguesas e os representantes dos povos da Guiné (1828-1918) - Parte II (1856 -1881) (Armando Tavares da Silva)

Guiné 61/74 - P21170: O segredo de... (32A): Alcídio Marinho, ex-fur mil inf, CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65)... "Também tenho um víquingue na minha árvore genealógica"


1. Desde 2008 que temos vindo a contar "segredos", pequenos e grandes segredos, da nossa vida militar, ou até pessoal, mais íntima (como "a minha primeira vez..."), coisas passadas há mais de meio século, mas que só agora, por uma razão ou outra, temos vindo a partilhar uns com os outros... 

O propósito deste série, "O segredo de...", é esse mesmo: ser uma espécie de confessionário (ou de livro aberto) onde se vem, em primeira mão, revelar "coisas" do nosso tempo da tropa e da guerra, da nossa adolescência ou até da nossa infância, que estavam guardadas só para nós... ou só eram conhecidas do nosso círculo de relações mais íntimo (cônjuge, filhos, amigos do peito...).

É esperado que os nossos leitores não façam nenhum comentário crítico, e nomeadamente condenatório, em relação às "revelações" aqui feitas, mesmo que esses factos pudessem eventualmente, à luz da época, constituir matéria do foro do direito penal, militar ou civil, infringir a disciplina ou ética militares, os usos e costumes, a moral da época, etc.

Aprendemos, neste blogue, a "saber ouvir sem julgar"!...  Claro que há segredos mais "inocentes", como este, do Alcídio Marinho, que nos vem revelar que tem um víquingue na família...


2.  Comentário, ao poste P21162 (*),  do  Alcídio [José Gonçalves] Marinho, ex-fur mil inf, CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65) [vive no Porto; é membro da nossa Tabanca Gande; tem mais de 20 referências no nosso blogue; foto atual, à esquerda]

Caro Luís:


Por falar em Vikings.... Há pouco tempo, fiz a análise ao meu DNA. O resultado [do teste genético] foi:

57.3 % - Ibérico

12.7 % - Escandinavo

10.3 % - Sardo (Sardenha)

7.1 % - Norte-Africano (Argélia,Tunísia, Líbia, Egipto Ocidental)

5.6 % - Italiano

1.5 % - Nigeriano
Ave marinha palmípede, da família
dos Alcídeos (Alcidea).
Fonte: Cortesia de Wikipedia

Também o meu nome, Alcídio, se refere a uma ave palmípede marinha, existente nos fiordes da Noruega, da Suécia e Círculo Polar Ártico, da família dos Alcídeos (Alcidea). 

Parece que foram os Suevos, Godos e Visigodos [, séc. V/VI,] que trouxeram o nome para a Península Ibérica.

Na minha família, ao longo das gerações, sempre houve um Alcídio ou uma Alcídia.

Em todo mundo existem cerca de 2000 Alcídios e Alcídias. As minhas famílias são originárias da região de Basto - Celorico de Basto.

Como podes ver eu também tenho um pouco dos Vikings [ou víquingues]. (**)

Um abraço com muita saúde, 

Alcídio Marinho


3. Comentário do editor LG:

Alcídio, obrigado pela tua generosa partilha. Mas em relação aos testes genéticos, tenho que fazer aqui duas ou três considerações, que não deves tomar como crítica  à tua mais que legítima vontade (e direito) de conhecer a tua "ancestralidade e etnicidade"...

Os testes genéticos estão na moda, tornaram-se mesmo "virais" e as empresas comerciais que apareceram, após o sucessso que foi a sequenciação do genoma humano, conseguido em 2003, digladiam-se agora para obter clientes, oferecer "serviços" (como o "kit de ADN") e facturar milhões... 

Algumas dessas empresa, como o My Heritage (, esta, de origem israelita),  são "casos de sucesso", depois de terem "nascido em vãos de escada"... Mas há mais muitas mais, nomeadamente americanas, com a 23andMe...(Cito estas duas sem qualquer propósito publicitário, apenas a título exemplificativo.)

Enfim, não sendo especialista desta área, de certo apaixonante mas altamente complexa, a genética,  merecem-me contudo reservas os testes genéticos comerciais, no que respeita à sua validade e fiabilidade, e sobretudo levantam-me, a mim, ao comu, cidadão e a muita boa gente (, da biomedicina, da saúde pública e da área das ciências sociais e humanas, etc.), dúvidas teórico- metodológicas e sobretudo bioéticas...

Nunca fiz até agora nenhum teste genético (por razões de saúde ou outras), mas pode perguntar-se: onde param os dados dos "clientes" ? Nalgum banco de dados, seguramente...que pode ser partilhado, por razões nobres ou menos nobres, com a indústria farmacêutica ou o poder judicial, por exemplo... 


Em suma,  não sei o que estas empresas podem fazer com a nossa (e à nossa) informação genética...  E também não estou tranquilo quanto aos mecanismos  de regulação nem controlo destas empresas comerciais que vendem serviços "on line" como "kits de ADN", aparentemente inocentes e inofensivos, e cada vez mais populares... 

Podem até estar todas "certificadas", e terem muitos doutores em biologia, genética  e áreas afins...

Voltando aos testes de "ancestralidade e etnicidade", que se vendem aí a preço de saldo por um punhado de euros ou dólares... Há tempos uma pessoa conhecida minha obteve um resultado mais ou menos semelhante ao teu: também ela descobriu o seu "viquinzinho", louro e de olhos azuis!... (Só não sei se vinham com cornichos!).


Mais de 50% da sua possível ascendência seria "ibérica", 15% era da "Europa do Norte" (, e de facto até há olhos azuis na família)... mas também apareceu uma "costela bérbere" (leia-se: moura)... E, surpresa das surpresas, até apareceu um mais que provável "escravo" da Nigéria (!) a dar cabo da "árvore gine...cológica" (como diz um amigo meu, gozão...).

Há muito que sabemos que somos um "povo mestiço", um povo de múliplas etnias e fenótipos... com uma forte proporção de "ibéricos" (, anteriores à colonização romana), judeus sefarditas (que acompanharam os colonizadores romanos...) e africanos (mouros e subsarianos)... 


Já a rainha Dona Amélia, filha do Conde de Paris,  detestava os "políticos de Lisboa", que ela achava que eram "pretos" demais para a sua "paleta de cores"...

Os testes genétic
os podem ter inegáveis vantagens e benefícios,  dependendendo muito do seu uso e finalidade: por exemplo, podem ajudar-nos à prevenção e diagnóstico precoce de doenças tramadas, a que eu chamo  "defeitos de fabrico"...Mas o seu "abuso", a sua utilização,  sem controlo médico (no caso dos testes de saúde),  ou para efeitos lúdicos, mas também de propaganda e manipulação político-eleitoral,  pode estar a contribuir para reforçar, por exemplo,  os nossos preconceitos "raciais" e o nosso etnocentrismo...

Eu acho que eles vão (ou estão já a) substituir os "horóscopos"... Já se fazem testes genéticos para "gerir as carreiras de sucesso"... E fica bem ter uma "árvore... genealógica" na parede, com todos os antepassados de "sangue azul"...


Afinal,  todos queremos, consciente ou inconscientemente,  ser "filhos de algo", ricos, bonitos, saudáveis e até imortais!... 

Pobres de nós!... E os filhos da mãe ? E os filhos dos quarenta-pais, como se diz na ilha de São Nicolau, em Cabo Verde ? E os antepassados que foram entregues nas rodas dos conventos e das misericórdias ?... 

Esses foram (ou vão ter que ser)  infelizes até ao fim dos séculos dos séculos, ou muito simplesmente vão parar à vala comum do esquecimento... 

É bom lembrar, por fim,  que nenhum de nós escolheu pai e mãe nem o sítio onde nasceu.... 

Os testes genéticos também podem ser uma "caixinha de Pandora", e trazer-nos "desgraça e infelicidade": imaginem que que eu descubro que não sou filho do meu pai, ou  que vou morrer de Alzheimer...  

terça-feira, 14 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21169: 16 anos a blogar (14): Seria esta música que eu gostaria de ouvir se estivesse vivo depois de morrer (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)

Brunhoso - Horta de Lamas


1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), autor do livro "Brunhoso, Era o Tempo das Segadas - Na Guiné, o Capim Ardia", com data de 12 Julho de 2020:


VIAGEM


A música parece vir do Além. 
Seria esta música que eu gostaria de ouvir se estivesse vivo depois de morrer. 

Neste tempo de pandemia, entre confinado e desconfiado, é ela que me me leva a conviver, a recordar com saudade e melancolia, a comunidade das mulheres e dos homens que amei e já partiram. A música derrama-se com suavidade sobre o silêncio que me cerca e traz consigo um tempo que foi morrendo. Vem-me à memória uma caminhada que fiz há dias na aldeia

Passei pelo sítio dos Olmos, tão verdes , tão frondosos, morreram há muitos anos, agora há lá freixos e choupos, passei pelo largo da Lameira, cruzamento de caminhos e sigo em direcção a Lamas por um caminho sombreado de sobreiros, carrasqueiras e carvalheiras. Em Lamas avisto uma horta bem plantada e bem cuidada, como esta somente irei encontrar mais duas. As outras hortas estão cheias de fenanco, silvas e, arbustos, entre elas está a horta que foi duns avós, depois dos meus pais, onde cavei, lavrei, reguei, apanhei batatas, muitos vegetais, comi melões e nabos, ginjas, amoras de silva.
Toquei a burra , nas voltas da nora, ainda antes de ir à escola, por vezes parava já cansado de tantas voltas, a burra parava também, e de longe, na parte de baixo da horta, ouvia o meu avô chamar-me malvado, porque a água se acabava na "augueira".

A água das poças e charcos de Lamas e Vale-do-Meio que regava "por pé" cerca de trinta hortas destes dois sítios corre agora com abundância pelo caminho que de Vale-de-Meio desce para Lamas que encharca o caminho de Vale-do Meio e prossegue entre as hortas de Lamas. Aprendi a viver com tudo e a viver em todos os ambientes, gostaria de ter a experiência de vida de viver algum tempo no deserto mas o tempo de vida e as comodidades de 50 anos de cidade já me condicionam. Tornei-me um pequeno-burguês, com carro, com sofá, com horários, hábitos e outras comodidades. Sou um cidadão bem comportado, vigiado pelos meus iguais e outros, ainda antes do Covid 19.

Lameiro de Vale-de-Cabo

Os habitantes da aldeia agora reduzidos a um quinto de tempos passados, cultivam alguns quintais e pequenas hortas à volta do povo. Cultivar para vender deixou de ser rentável há muitos anos. Continuo, passo pelos lameiros (prados) de Vale-de Cabo, são dois, um deles era dos meus pais, é de sobrinhos meus, gostava de ir para lá com as vacas, tinha luz, visibilidade, avistava-se a aldeia, ficava no planalto, ao lado era o Urzal, com terras de cereal a perder de vista, com algumas vinhas na Tapada perto, dos meus tios, onde roubei algumas uvas. Já não há vinhas, nem searas douradas ao vento, no seu lugar alguns donos das terras plantaram oliveiras e amendoeiras.

 Sobreiros das Rodelas

Subo um pouco mais o planalto, chego às Rodelas e avisto a paisagem típica transmontana, para lá do Sabor, escondido no vale e algumas franjas de Castro Vicente, atrás do cabeço de Santo Cristo. O caminho entre as Rodelas e as Avessadas é frondoso, com sobreiros com muita rama, grandes e fortes, de ambos os lados. Sinto um grande prazer em caminhar à sombra destas árvores gigantes, que ganharam direito de cidadania , pela riqueza que têm dado à terra..Viro para casa por um caminho paralelo e em parte igual, com muitas terras de "adil" e bastante oliveiras também. Nas Avessadas havia algumas vinhas, entre elas a dos meus avós maternos, onde fui ainda à vindima, quando era garoto da escola. Só já resta uma vinha mais nova, cereais também não há, há oliveiras e amendoeiras, a cobrir parte da área Desço os Lameirôes, volto aos Olmos e entro na aldeia com a igreja à vista, a grande casa, a Casa de Deus, agora mais deserta, como as casas e os terrenos e eu que gostos de cânticos, sem saber cantar, recordo o canto compassado, arrastado por vozes pesadas, gastas, graves, dos homens grandes (mais velhos) da aldeia, num latim antigo, em tempo de Quaresma, fechados na Igreja, perto do portão grande. por onde saiam as procissões. ainda saem. Há muitos anos que não se ouve esse cântico, os que o cantavam já morreram todos, com as suas mortes a terra foi definhando e morrendo, para mim essa música parecia vir do Além.

Texto, fotos e legendas: © Francisco Baptista
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20988: 16 anos a blogar (13): Excursão à revolta do 25 de Abril: cosmopolita e elitista, em Lisboa; de oficiais e cavalheiros, no Porto; e a do dia 26, em Bissau, ou a pressa do MFA em se libertar da Guiné - Parte II (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav)

Guiné 61/74 - P21168: Historiografia da presença portuguesa em África (219): Tratados, convenções e autos firmados entre as autoridades portuguesas e os representantes dos povos da Guiné (1828-1918) - Parte II (1856 -1881) (Armando Tavares da Silva)




Guiné > Bolama > c. 1912 > Palácio do Governador [Fonte:  Carlos Pereira,” La Guinée Portugaise”, Lisboa, 1914]


Imagem: cortesia de Armando Tavares



1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro de Armando Tavares da Silva: 

[ foto   à esquerda:  (i) engenheiro, historiador, prof catedrático aposentado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra; 

(iii) "Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, História da Presença de Portugal no Mundo" (, atribuído pelo seu livro “A Presença Portuguesa na Guiné — História Política e Militar — 1878-1926”); 

(iv) presidente da Secção Luís de Camões da Sociedade de Geografia de Lisboa]

Date: domingo, 12/07/2020 à(s) 23:42

Subject: Guiné - Tratados



Caro Luís,
Capa do livro
"A Presença Portuguesa na Guiné:
História Política e Militar: 1878-1926”

 Já várias vezes que tenho visto no blogue a afirmação que pouco se conhecia (e conhece) sobre a Guiné. 

Esta falta de conhecimento poderá levar-nos a interpretações ou juízos errados ou precipitados, os quais podem surgir dentro dos mais variados contextos, e que levem a concluir "que precisamos de mais e melhor investigação historiográfica sobre pontos de contacto comuns entre nós, Portugal e a Guiné".

Ora, os Tratados e Convenções que no decorrer dos tempos foram firmados entre as autoridades portuguesas e os representantes dos povos da Guiné inserem-se precisamente naqueles "pontos de contacto". 

 E é para melhor conhecimento daqueles contactos e melhor conhecimento da evolução histórica da relação estabelecida, que elaborei uma lista (que considero exaustiva) daqueles "Tratados e Convenções". 

São 76 no total e tiveram lugar durante quase um Século (entre 1828 e 1918). 

Segue em baixo a respectiva relação [Parte II, de 1856 a 1881]. Os seus textos estão disponíveis em referências conhecidas, e que poderão ser consultadas por quem se interessar por aprofundar aquele conhecimento.

Com um abraço

Armando Tavares da Silva
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Tratados, convenções e autos firmados entre as autoridades portuguesas e os representantes dos povos da Guiné (1828-1918):
lista organizada por Armando Tavares da Silva

Parte II (1856-1881)

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1856, 15 Janeiro Canhabac                               
Tratado entre o governador da Guiné portuguesa Honório Pereira Barreto e os régulos de Canhabac, Tissac, régulo de In-oré, Manuel, régulo de Meneque, António, régulo de Ancataque, entre outros 
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1856, 13 Junho  Bolola                     
Convenção realizada por Honório Pereira Barreto, governador da Guiné com os régulos de Bolola e de Buba no Rio de Bolola, Selemane Jabi e Bissamora Combati Sambu
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1856, 16 Junho                               
Aldeia de Umbaná (povoação de Guinala)                        
Convenção celebrada entre Honório Pereira Barreto, governador da Guiné,  e o régulo e chefes Biafadas de Guinala no Rio Grande, Binti Jassi, Sene Jassi e outros
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1856, 16 Junho            
Ponta Boa Esperança - Rio de Bolola                                       

Convenção celebrada entre Honório Pereira Barreto, governador da Guiné, e o régulo Biafada de Cabuia, Nhamulo Jassi 
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1856, 18 Junho       
Ponta de Londro (Bissasseme)                              
Auto de cedência de terreno a Portugal, na presença de Honório Pereira Barreto, governador da Guiné, por Macadata, um dos régulos de Canhabaque
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1856, 19 Junho
Território de Sabadá,
Rio de Bolola                                
Convenção celebrada entre Honório Pereira Barreto, governador da Guiné, e o régulo Biafada de Cain, Nhamulo Jassi 
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1856, 27 Setembro Cacheu                      
Tratado de paz entre a Praça de Cacheu e os gentios Papéis de Cacanda, sendo presentes de uma parte o governador da Guiné, Honório Pereira Barreto,  e de outra parte Daxurené, régulo de Cacanda e Cancaram, régulo de Pucau 
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1856, 9 Outubro Cacheu                        
Tratado de paz e comércio entre a praça de Cacheu, representada pelo governador Honório Pereira Barreto e os gentios de Nagas, representados por Nhaga, pai do régulo de Naga, Danhar Humpa e Incombe, régulo de Cabi 
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1856, 9 Outubro Cacheu               
Contrato feito por Gregório José Domingues, em nome e como procurador de Honório Pereira Barreto, com os gentios de Bissori
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1857, 6 Março  
Varela                         

Convenção entre o governo português, representado pelo director da alfândega de Cacheu, Francisco Manuel da Cunha, e os felupes de Varela, representados pelo régulo Uleone 


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1857, 23 Novembro  Zeguichor                         
Ajuste de paz entre o delegado administrativo de Zeguichor, Francisco Carvalho Alvarenga,  e os gentios balantas de Jatacunda e aldeias vizinhas por autorização de S. Ex.ª o governador da Guiné
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1861, 19 Abril Varela                         Termo da ratificação e reconhecimento e cessão feita pelos felupes de Varela, representados por Attoquem, perante o governador António Cândido Zagallo
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1861, 7 Dezembro Orango                              Termo de reconhecimento da soberania de Portugal sobre a ilha de Orango, estando presentes Pedro Augusto Macedo de Azevedo, secretário do governo da Guiné portuguesa e, entre outros, os juizes dos grumetes de Bissau e Bandim,  André Gomes, Francisco Fernandes e Gregório Rodrigues, e Orantó, rei da ilha  de Orango 

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1864, 2 Janeiro  Cacheu                         
Contrato feito entre o governador de Cacheu, Joaquim Alberto Marques [, 1864-65] o régulo dos gentios Baiotes do chão de Illia Oguini (Collecção da Legislação Novíssima do Ultramar, Vol.V, 1864 e 1865, Lisboa 1895, p. 1)
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1869,13 Agosto    Jefunco                  Tratado de cessão feito pelos felupes de Jefunco a favor da nação portuguesa perante o governador de Cacheu,   João Carlos Cordeiro [1868-1871],  representados, entre outros, por Ampacabú e e Abajé
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1870, 24 Novembro
Ponta de São Jorge, território de Nalu                        
Auto de cessão que fazem os régulos de Nalu e de todo o seu território ao governo de Sua Magestade Fidelíssima o Rei de Portugal,   legitimamente representado por Alvaro Telles Bandeira, governador da Guiné Portuguesa 

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1872, 27 Junho 
Bissau                       

Convenção da paz feita com os gentios balantas d'Inhacre [, Nhacra], representados por Inhan'ha, régulo de Intê, e Hiameti, Inchalemá e Ialá, na presença do governador Antonio José Cabral Vieira

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1873, 24 Fevereiro Geba                                    Termo de juramento de vassalagem e obediência que presta o régulo Donhá, Senhor das terras de Ganadú, à coroa de Portugal representada pelo chefe do presídio de Geba, capitão Alfredo Carlos Barboza 
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1873, 10 Março Geba                      
Termo de juramento de vassalagem e obediência que presta o régulo Ioró-Fim, Senhor das terras de Mancrosse, à coroa de Portugal representada pelo chefe do presídio de Geba, capitão Alfredo Carlos Barboza
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1873, 10 Março  Geba                            
Termo de juramento de vassalagem e obediência que presta à coroa de Portugal o régulo de Gofia, Donhá, perante o chefe do presídio de Geba, capitão Alfredo Carlos Barboza
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1879, 3 Junho 
Bordo do Guiné                      
Tratado feito pelo governador Agostinho Coelho com o régulo de Canhabakc [, Canhabaque,] Tichac
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1880, 15 Fevereiro  Bolama                    Tratado de amizade entre o governo português representado pelo governador Agostinho Coelho e o régulo da ilha de Pissich, Ambrósio, e seu filho Joaquim
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1880, 1 Junho   Buba                            Tratado de paz entre os régulos Beafares e Sambel Tombom, régulo principal do Forreá, na presença do comandante militar de Buba, Thomás Pereira da Terra
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1880, 20 Setembro Bolama                             Auto de vassalagem de Sambel Tombom perante o governador Agostinho Coelho
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1880, 27 Setembro  Bolama                                            Tratados de paz entre Sambel Tombom, régulo do Forreá, e Sambá Mané, fula do território de Buba 
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1880, 21 Dezembro Geba                      
Tratado de paz e amizade  com o régulo principal dos fulas Moló e o régulo de Ganadú, Ambucu, na presença do comandante militar de Bissau, Pedro Moreira da Fonseca
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1880, 21 Dezembro Geba                                             Termo de juramento e obediência que presta à bandeira nacional o régulo de Ganadú Ambucú
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1881, 22 Janeiro Bolama                       
Termo de ampliação e ratificação do tratado feito em 16 de Junho de 1856, na aldeia de Umbaná, entre o governo do distrito da Guiné e o régulo e chefes Biafares de Guinalá e Buduck - na margem direita do "Rio Grande"
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1881, 3 Julho Bolama                       
Tratado de Paz entre o governo português e os régulos fulas-forros e futa-fulas do Forreá e do Futa-Djalon


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(Continua)

[Atualizámos a grafia de alguns topónimos comhecidos, como pro exemplo Ziguinchor, Canhabaque, Xime, Cossé, Cacine; vêm indicados entre parênteses retos. O editor LG]
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Nota do editor: