Pesquisar neste blogue

domingo, 5 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24121: S(C)em comentários (4): A Massiel de Ingoré, ou melhor, a cantora espanhola, que venceu o Festival da Eurovisão da Canção em 1968, e que deu a alcunha à autometralhadora Daimler ME-78-63, ao tempo em que o nosso Zé Teixeira passou por lá (e também deu uma voltinha com ela...), entre maio e julho de 1968


Guiné > Ingoré > 1968 > CCAÇ 2381 (1968/70) > O 1º cabo auxiliar enfermeiro José Teixeira, dando uma voltinha  numa autrometralhadora Daimler, no início da sua comissão que o levaria do Cacheu (Ingoré) até ao Sul, às regiões de Quínara (Buba, Empada) e Tombali (Quebo, Mampatá, Chamarra).

O veículo tem a matrícula ME-78-63. Viemos a descobrir que  a alcunha, Massiel, era uma homenagem à cantora espanhola María de los Ángeles Félix Santamaría Espinosa (nascida em Madrid, em 1947), mais conhecida como Massiel, que no ano de 1968 havia vencido o Festival Eurovisão da Canção em Londres, à frente do concorrente da casa, e o favorito (com a canção "Congratulations"), Cliff Richard. A canção vencedora chamava-se "La, la, la". (Vd. aqui o vídeo no You Tube, 2' 02''.)

Ora cá temos, mais uma cançonetista em voga na época, outra mulher, a seguir à Sandie Shaw (*), a ser homenageada pelos rapazes das Daimler...  O Pel Rec Daimler deveria ser o mesmo do tempo do Manuel Seleiro, o 2043 (Ingoré e São Domingos, maio de 1968/ março de 70).(**)

Foto (e legenda): © José Teixeira (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Não sabíamos, até há pouco tempo quem era a Massiel, mas sabemos, desde 2005, quem é o nosso querido amigo e camarada José Teixeira, um dos históricos régulos da Tabanca de Matosinhos... e que tem no nosso blogue nada menos do que cerca de 4 centenas de referências...  E foi, na guerra, um simples (mas valente) 1º cabo auxiliar de enfermagem... É ele mesmo quem se apresenta:

(i) "Fui enfermeiro de campanha na CCAÇ 2381. Fui para a Guiné em fins de Abril de 1968 e regressei em Maio de 1970. Estacionei cerca de 3 meses em Ingoré, no Norte, onde a companhia fez o seu treino operacional [de maio a julho de 1968].

(ii) "Seguimos depois para Buba e fixámo-nos em Quebo (Aldeia Formosa), [no final de Julho de 1968]. Aí a CCAÇ 2381 teve como missão fazer escoltas de segurança às colunas logísticas de abastecimento entre Aldeia Formosa/Buba e Aldeia Formosa/Gandembel, ao mesmo tempo que garantia a autodefesa de Aldeia Formosa, Mampatá e Chamarra;

(iii) "Regressámos a Buba, em Janeiro de 1969, para servirmos de guarda às equipas de Engenharia que construiram a estrada Buba/Aldeia Formosa;

(iv) "Face ao desgaste físico/emocional fomos enviados, a partir de 1969, para Empada onde vivemos os últimos meses de Comissão".
___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 27 de fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24104: Sem Comentários (2): A cantora descalça, Sandie Shaw, britânica, vencedora do Festival Eurovisão da Canção (Viena, 1967) que deu o nome a uma Daimler, a ME-90-93, do Pel Rec Daimler 1130 (Ingloré e São Domingos, 1966/68)

(**) Último poste da série > 4 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24116: S(C)em comentários (3): "A gratidão é uma doença canina que não se transmite ao homem"

Guiné 61/74 - P24120: Blogpoesia (787): "Botão-flor da primeira folha verde", poema da autoria de Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)

Botão-flor da primeira folha verde

Há uma mulher de alvor azul com um fio de azeite nos lábios finos e uma gota de água no canto dos olhos secos.

Os lábios foram carnudos e vermelhos de sangue e os olhos eram verdes como o sol quando o sol era verde.

Tem o rosto sumido na sombra descaída ao longo dos braços, como vela despregada de navegar.

Outrora, o mar encapelado e nu brilhava-lhe nos olhos, cobrindo de espuma branca as alamedas do desejo.

Havia uma cidade entre os lábios, envolta em lagos de montanha, com peixes verdes voando entre os pinheiros.

Não havia qualquer pomba branca caída no chão da cidade morta nas ruínas da ilusão.

Um edifício branco e muito alto, assente nas paredes do deserto, rompia o céu de nuvens negras.

No vão da noite que acolhe os sonhos, o botão-flor da primeira folha verde inverteu a vida entre o real e o imaginário, nas dobras do tempo, em universal dilema.

Há uma mulher de alvor azul com um fio de azeite nos lábios roxos e uma gota de água gelada no canto dos olhos.

E cedo se fez tarde a madrugada, sem tempo para morrer na vida de um poema.



adão cruz

____________

Nota do editor

Último poste da série de 18 DE SETEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23626: Blogpoesia (786): "O meu poema azul", poema ilustrado por e da autoria de Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)

Guiné 61/74 - P24119: A nossa guerra em números (24): a composição orgânica de uma companhia de caçadores

 

Composição orgânica de uma companhia

 de caçadores

Comando

4 Gr Com, cada um com:

Capitão

1º Sargento

2º Sargento

4 Furriéis:

- Vagomestre (SAM /Alimentação)

- Enfermeiro (Serviço de Saúde)

- Transmissões (Trms)

- Manutenção Auto

1 alferes

3 sargentos (furriéis)

6 cabos

14 soldados atiradores

1 sold apontador de metralhadora

1 sold apontador de morteiro

1 sold apontador de LGF – Bazuca

1 Radiotelegrafista (RTL)

Praças

- 14 a 17 condutores autorrodas

- 4 mecânicos auto

- 1 mecânico de armas ligeiras

- 4 auxiliares de enfermagem

- 4 operadores de trms

- 1 operador cripto

- 1 escriturário

- 3 cozinheiros

- 1 padeiro

- 1 operador de reconhecimento

- 4 corneteiros /clarins

 

Total: 45 a 48

Total (Gr Comb): 28 x 4 = 112

 

Total (CCaç) = 157 / 160

 Fonte: Adapt. de Pedro Marquês de Sousa -  "Os números da Guerra 

de África". Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2021, pág. 49.


Composição orgânica de uma companhia de caçadores  (175 homens) 

(modelo de 1972)

Comando

3 Pel Caç,

cada um com:

1 Pel Acom-

panhamento

1 capitão

1 alferes médico

Secção de comando:

1º Sargento

Escriturário

Corneteiro/clarim

2 quarteleiros (também condutores e um barbeiro)

Secção de Transmissões:

Furriel (tb responsável pelo SPM / Correio)

2 Operadores cripto

4 radiotelegrafistas

4 radiotelefonistas

Secção de Alimentação:

Furriel (reabastecimento)

2 cozinheiros

3 auxiliares cozinheiro

1 padeiro

2 serventes (tropa local)

Sec Auto e Manutenção:

Furriel mecânico auto

3 ajudantes mecânico

1 mec armamento lig

15 condutores

Sec  Sanitária:

Furriel enfermeiro

4 auxiliares enf

Equipa acção psicológica:

1 alf (em acumulação)

1 fur (arm pesadas, em acumulação)

1 soldado

Comando:

1 alferes

1 radiotelegrafista (RTL) (do Comando da CCAÇ)

1 observador atirador especial

1 corneteiro/clarim

 

3 Secções Metralhadora Ligeira:

1 furriel

1 cabo apontador metralhadora

3 soldados

(3x 5 = 15)

 

1 Esquadara LGFog:

1 cabo

1 sold apont LGfog 8.9

3 soldados atiradores

 

1 Esquadra deAtiradores:

1 cabo

4 soldado

Comando:

1 alferes

1  RTL (do Comando)

1 observador atirador especial

1 corneteiro/clarim

1 enf aux (do Comando)

 

3 Secções Metralhadora Ligeira:

1 furriel

1 cabo apontador metralhadora

3 soldados atirad

(3 x 5 = 15 homens)

 

1 Secção Morteiro  Médio (81mm) (*):

1 furriel

2 cabo apontad

2 sold municiad

 

3 Secções Morteiro Ligeiro (60mm):

1 cabo

3 sold atiradores

(3 x 5 = 15 homens)

 

 

Observ.:

 

(*) Secção destinada a operar armas coletivas na defesa do aquartelamento

 

Total= 53

28 x 3 = 84

38

 

 

Total (CCaç)= 175

Fonte: Adapt. de Pedro Marquês de Sousa -  "Os números da Guerra de África".

 Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2021, pág. 50.


1. A "unidade de combate básica", na guerra do ultramar, nos três teatros de operações (Angola, Guiné e Moçambique) era a Companhia de Caçadores (CCaç). Era uma companhia, de 150 a 160 homens, composta por atiradores de infantaria (ligeira). Dividia-se em:

(i) Comando de companhia;
(ii) Quatro grupos de combate (ou pelotões).

O comando de companhia incluía o  comandante (do QP ou miliciano) + uma pequena equipa de apoio (de combate ou operacional, logístico e administrativo), nas áreas da alimentação, trasmportes e manutenção auto, saúde e comunicações / transmissões.

Cada grupo de combate (Gr Comb) era comandado por um oficial (alferes, em geral miliciano) + 3 secções, comandadas cada uma por um furriel (miliciano); cada secção estava dividida em duas equipas ou esquadras, sob o comando de um 1º cabo.

Além dos 10 graduados (1 alferes, 3 furriéis e 6 cabos), o Gr Comb dispunha de 14 soldados atiradores, mais 1 apontador de metralhadora, 1 apontador de morteiro (60 mm) e 1 apontador de LGFog / Bazuca), e ainda 1 RLT (Radiotelegrafista).

Este modelo também se aplicava às companhias de artilharia (CArt) e de cavalaria (CCav), que na prática eram companhias de atiradores (da arma de artilharia ou de cavalaria).

Em 1972 apareceu um modelo que previa mais pessoal (c. de 175 militares), procurando melhorar o emprego da companhia como "unidade independente (sem depender de um comando de batalhão)" (Sousa, 2021, pág. 51): dispunha, em teoria, de médico próprio, de uma equipa de acção psicossocial e  de mais potencial de fogo (nomeadamente morteiro médio 81mm). 

Foi um modelo aprovado por Despacho Ministerial, de 18 de agosto de 1970, alterado em 27 de abril de 1972 (Sousa, 2021, pág. 50).

Este modelo, oficial, da orgânica de um companhia, dita independente, previa a existência de 3 pelotões de caçadores e um pelotão de acompanhamento. No TO da Guiné, usou-se mais o primeiro modelo, ou seja, o dos 4 Gr Comb. (*)

Estranha-se não haver um sapador: na prática havia um alferes ou um furriel, em geral de operações especiais, que possuía o curso de minas e armadilhas.

Também se usava, no TO da Guiné, o LGFog 37mm, a par da bazuca 89mm, e do dilagrama. 

Veja-se, por exemplo, a composição orgânica da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). Sendo uma companhia da guarnição da província, de intervenção (e não de quadrícula), com praças do recrutamento local, não dispunha de armas pesadas de infantaria (nomeadamente, o morteiro 81 e metralhadores pesadas como a Browning). 

Originalmente era constituída por 167 homens,  sendo 76 de origem metropolitana (graduados e especialistas) (**).

Rapidamente, com as baixas (em combate, por acidemte ou por doença), a constituição de uma equipa para o  reordenamento de Nhabijões  e a afetação do furriel enfermeiro ao serviço de saúde do batalhão (a que a companhia  estava adida, primeiro o BCAÇ 2852 e depois o BART 2917), a CCAÇ 12 rapidamente ficou desfalcada...

Nunca estive em quadrícula, pelo que não posso falar, de experiência própria, do modelo (oficial)  do quadro orgânico de 1972.

Na CCAÇ 12, cada Gr Com tinha, originalmente:

  • um LGFog 8.9, cada um com o seu apontador e municiador (4 x 2 = 8):
  • um LGFog 3.7, cada um com um apontador (=4);
  • um Morteiro Ligeiro 60, cada um com o seu apontador e municiador (4 x 2 = 8);
  • uma Metralhadora Ligeira HK 21,com o seu apontador e municiador  (4 x 2 =8);
  • mais 7 ou 8 apontadores de diligrama ...
Mas houve operações em que se utilizou o Morteiro Médio 81 (recorrendo ao Pel Mort adido ao Batalhão).
____________

Notas do editor:


(**) Vd. poste de 21 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6447: A minha CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971) (1): Composição orgânica (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P24118: Parabéns a você (2149): Gil Moutinho, ex-Fur Mil Piloto DO e T6 da BA 12/FAP (Bissau, 1972/73)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 27 DE FEVEREIRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24103: Parabéns a você (2148):Luís Cardoso Moreira, ex-Alf Mil Sapador do BART 2917 e BENG 447 (Nova Lamego e S. Domingos, 1967/69)

sábado, 4 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24117: Os nossos seres, saberes e lazeres (558): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (92): Regresso à Academia Militar, ao Palácio da Bemposta (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Fevereiro de 2023:

Queridos amigos,
Começou a viagem pela rua Gomes Freire, ao gosto de conhecer o espaço do que foi a Academia Militar foi-se inculcando aquela medonha sensação que toda aquela estrutura onde se formaram oficiais, onde viveram os cadetes, tiveram aulas, fizeram ginástica, usufruíram de espaços de convívio, é território em quase abandono, sem préstimo, fica-nos a impressão de que estão ali milhões e milhões de valor que podiam servir para concentrar serviços da instituição, andamos a falar em economia circular, combate aos resíduos e desperdícios e temos ali aquele imenso gigante num quase abandono, agonizante. Impunha-se conhecer a outra parte e o nosso confrade, o Coronel António Morais da Silva ajudou a escancarar as portas, visitou-se a Bemposta a preceito, ali morreu a rainha em 1705, tem impressionante histórico porque foi pertença da Casa do Infantado, instalação de general napoleónico, residência de D. João VI, por aqui passou a Corte de D. Pedro IV, a Biblioteca é uma construção fulgurante, majestosa, sábia em aproveitamentos vários, e a harmonia da Capela Real deixa-nos sem fôlego. Como aqui se contará.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (92):
Regresso à Academia Militar, ao Palácio da Bemposta (1)


Mário Beja Santos

Por aqui já se andou, entrada pela Gomes Freire, para conhecer a Academia Militar, como ela foi e praticamente deixou de o ser. Tem longo historial: foi Escola do Exército entre 1837 e 1910, Escola de Guerra entre 1911 e 1919, Escola Militar entre 1919 e 1920, manteve o mesmo nome de 1920 a 1938, ano em que passou a Escola do Exército até 1959, e nesse ano nascia a Academia Militar. Visita com constrangimento, na companhia de um ilustre confrade do nosso blogue, o coronel António Morais da Silva, vou fazendo perguntas quanto aos edifícios e ao seu abandono visível, não entendo como todo aquele equipamento pode estar no mais completo abandono, independentemente de haver manutenção, visitou-se o que era possível visitar, e acordou-se em nova itinerância, a Bemposta, ultima residência da rainha viúva de Inglaterra, Catarina de Bragança, ao que parece a filha dileta de D. João IV, levou como dote uma fortuna, tinha que ser assim, precisávamos como pão para a boca de um aliado poderoso que fizesse frente à hostil Espanha, o tratado de paz ainda vinha longe quando Catarina partiu para Londres e se supunha dar continuação à dinastia dos Stuart, o que não aconteceu. Anos depois de viúva, foi decidido regressar, tomou a decisão de comprar o terreno (tão extenso, que mais tarde se separou aquela enorme parcela que é hoje o Hospital de D. Estefânia), tem hoje os seus limites atuais entre as ruas Gomes Freire, D. Estefânia, Jacinta Marto e Escola do Exército, a fachada principal do edifício do paço está virada para um largo, o Paço da Rainha. D. Catarina regressara a Lisboa em 1693, andou por vários palácios até que em 1699 adquiriu uma propriedade para ali construir a sua residência definitiva e pessoal. Mal sabia que depois da sua morte esta residência iria passar para a Casa do Infantado, D. João V concedeu-a ao seu irmão, o Infante D. Francisco; sofreu enormes estragos com o terramoto de 1 de novembro de 1755, fez-se a reconstrução; foi poiso de tropas napoleónicas, aqui se instalou o quarte general do general Delaborde, virá a ser palco de acontecimentos marcantes da história do liberalismo em Portugal, residência de D. João VI, aqui se instalou a Corte de D. Pedro IV; e em 1850, D. Maria II promulga um decreto que destinava o palácio à instalação da Escola do Exército, instituição fundada em 1837 pelo Marquês de Sá da Bandeira, general Bernardo de Sá Nogueira Figueiredo.

O rol de alterações, obviamente, é de uma extensão que deixa o visitante atabalhoado, quem por ali andar às cegas terá dificuldade (senão impossibilidade, de detetar no interior as marcas do início do século XVIII). Por fora é outra coisa, basta ver as sucessivas gravuras de diferentes épocas, manteve-se o sóbrio da fachada, apostou-se no que há de mais magnificente na escadaria e na fachada principal que leva à Capela Real. Há estudos sobre a residência régia, a riqueza dos materiais, os têxteis e os belíssimos azulejos. Na primeira visita mirei e fotografei o admirável conjunto que Jorge Colaço concebeu para a entrada do que é hoje a Academia Militar. Nesta visita à Bemposta, bem me deliciei com o património azulejar do espaço por onde a rainha teve aposentos e salões de receção.

A Academia Militar editou livro sobre D. Catarina de Bragança e o Paço em 2005, por ele me procurei guiar.

Capela e Paço Real da Bemposta, 1910, fotografia de Joshua Benoliel
Carlos II de Inglaterra e Catarina de Bragança na Old Somerset House - Escola Inglesa (séc. XVII)
Azulejaria na Sala do Conselho, tendo ao fundo imagens de alunos que foram Presidentes da República
Como se pode ficar indiferente a tão alta qualidade azulejar? Mas há mais, numa divisão contígua à Sala do Conselho (construção já da Academia) há um silhar de azulejos azul e branco que corre à volta de toda a divisão; na Sala do Conselho, são painéis com albarradas datados de finais do século XVII e inícios do século XVIII.

O citado livro fala de um vasto conjunto de alterações, havia um tanque de mármore no jardim que hoje se encontra em S. Pedro de Alcântara. A instalação da Escola do Exército exigiu uma nova disposição interna dos espaços como se escreve no citado livro: “O corpo principal do conjunto da Bemposta ficou destinado para a instalação dos serviços administrativos e logísticos daquela instituição, de espaços dignos para a receção das visitas oficiais, bem como de outros espaços indispensáveis ao apoio na formação dos alunos, a exemplo do que aconteceu na Biblioteca. Com o passar dos tempos, foi também possível proceder à constituição de um pequeno núcleo museológico de modo a preservar as memórias da Escola.”

É neste sentido que vale a pena deambular por esses espaços, outrora áulicos, agora com a dignidade necessária para acolher quem visita o gabinete reservado ao oficial general que comanda a casa, foi por ali que eu andei a bisbilhotar.
Está feita a visita, o senhor general teve a deferência de oferecer café a quem lhe bateu à porta, ainda há muito para ver, talvez o mais espetacular, a Biblioteca e a Capela Real, é o percurso a seguir.

(continua)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 25 DE FEVEREIRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24097: Os nossos seres, saberes e lazeres (557): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (91): A Coragem da Gota de Água é que Ousa Cair no Deserto (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24116: S(C)em comentários (3): "A gratidão é uma doença canina que não se transmite ao homem"



Parece que chegou  ao fim um dos mais notáveis blogues da nossa blogosfera (*): "Espaço aberto a antigos Oficiais da Reserva Naval na publicação de documentos, relatos, imagens e comentários. Um meio de comunicação e participação na divulgação do legado histórico da Reserva Naval da Marinha de Guerra Portuguesa"...



1. Comentário de Tabanca Grande Luís Graça ao poste P24095 (*):

A gratidão... Uma das coisas mais belas de que o ser humano é capaz... Outros animais como o cão (doméstico) também são capazes de mostrar "gratidão" ao seu "dono" (que o salva, o alimenta, o cuida, o protege, o ensina...). 

Dizem os etólogos (os especialistas em comportamento animal). Diz também quem tem animais de estimação. Eu não gosto nem de cães nem de gatos. Traumas da infância.

Mas os seres humanos são mais complicados... Há até uma frase que é lisongeira para os cães e cruel para os homens. "A gratidão é uma doença canina que não se transmite ao homem"... E os grupos, as organizações e as instituições que o homem cria ainda são piores.

O "homo sapiens sapiens" ao fim de algumas centenas de milhares de anos de evolução continua a ser um primata, territorial, social, omnívoro, predador... (o maior que habita o planeta). Somos capazes do melhor e do pior. A gratidão está do lado das coisas boas, de um dos pratos da balança. Mas somos capazes do oposto, a ingratidão e outros sentimentos e comportamentos negativos: o egoísmo, a inveja, a par da intolerância, da estupidez, da arrogância, da crueldade, do prazer sádico (por exemplo, de matar e torturar), do racismo, da xenofobia, etc., etc.

Somos capazes, por outro lado, de sentimentos e comportamentos altamente positivos, como o amor, a amizade, a abnegação, a solidariedade, a camaradagem, o altruísmo, a empatia, a compaixão...

Mas vamos ao ponto em que tu, MLS (Manuel Lema Santos) (*), tocas: as nossas organizações (das associações profissionais aos clubes, das escolas às empresas, das igrejas aos partidos, etc.) não têm uma cultura de gratidão... Mesmo aquelas cuja missão é orientada por valores "nobres", como a saúde, a educação, a ciência, a solidariedade, etc...

Nas nossas empresas (em geral), na universidade, e por aí fora, a cultura do "mérito" tem levado ao paroxismo da competição 'versus' cooperação, entreajuda, trabalho em equipa, poder partilhado, etc... "Empowerment", "achivement", "autorrealização", "leadership", sucesso, triunfo, métricas, avaliação, certificação, acreditação, excelência, etc. é o que se ensina nas escolas de gestão... Não há lugar para os mais "fracos", os que têm um momento de dúvida ou de fraqueza, os que falham, os que têm distúrbios emocionais, os que não sabem lidar com o stress ou sofrem um surto psicótico...

Gratidão ?... "Human touch" ?... Não, são termos que não entram no vocabulário das novas organizações, e dos seus novos colaboradores ou parceiros... Mas já não entravam nas "velhas" organizações do nosso tempo (que já passou)...

Somos todos ingratos. E todas as pátrias são ingratas para os seus velhos combatentes. Sempre foi assim. Porque lhes fazem lembrar coisas que todos querem esquecer, e que eles não podem... Ingratidão, é isso. S(C)em (mais) comentários. (**)

26 de fevereiro de 2023 às 00:17
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de fevereiro de  2023 > Guiné 61/74 - P24095: Blogues da nossa blogosfera (179): "Reserva Naval", criado e mantido pelo nosso camarada Manuel Lema Santos, chega ao fim... por razões pessoais e familiares do autor (mas também, em parte, pelo cansaço bloguístico e pela ingratidão das nossas instituições e associações)

sexta-feira, 3 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24115: Álbum fotográfico de Manuel Seleiro, 1º cabo ref, DFA, Pel Caç Nat 60 (São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/70) - Parte II: Mais imagens de Ingoré... e de pessoal da CCAÇ 1801 (Ingoré, Bissum-Naga, São Domingos)


Foto nº 7 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > Despedida do pessoal da CCAÇ 1801 (1968/69), que estava em Ingoré e no destacamento de Antotinha  O Manuel Seleiro, nesta foto, parece ser o segundo, ao centro, de bigode,


Foto nº 8 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > O quartel de Ingoré


Foto nº 9 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > "Dois batelões" (... no Leste, no rio Geba, eram chamados "barcos turras" que faziam transporte de mercadorias e de pessoal civil...)


Foto nº 10 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > Pôr do sol

Fotos (e legendas): © Manuel Seleiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Região de Cacheu > Carta de Sedengal  (1953) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Sedengal, Ingoré, Antotinha e rio Cacheu.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do álbum do Manuel Seleiro (*), membro da Tabanca Grande nº 870 (**). Trata-se de mais algumas imagens de Ingoré, editadas pelo nosso blogue, com a devida vénia e a autorização do autor. Numa destas fotos vê-se pessoal da CCAÇ 1801, que estve destacado em Antotinha. A CCÇ 1801 passou por Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) (1968/69).  Sobre Ingoré temos mais de 80 referências. Ingoré fica na carta de Sedengal (1953) (escala 1/50 mil),

Recordamos que o Manuel Seleiro era o sapador do seu Pel Caç Nat 60. Tirou um curso de minas e armadilhas, de 10 dias, em Bissau. Quando lhe faltavam dois meses para terminar a comissão, foi vítima, em combate, da explosão de uma mina A/P. 

Mesmo totalmente cego, e apenas com dois dedos na mão esquerda, o nosso camarada edita dois blogues (Pel Caç Nat 60 e Luar da Meia Noite). Só reconhece as suas fotos pelas legendas (que procuramos manter). Segue (e comenta) o nosso blogue há muito. O seu exemplo de tenacidade, resistência, camaradagem, e amor à vida e à sua terra natal, Serpa, Baixo Alentejo,  é digno da nossa admiração e do nosso maior apreço. Podemos apontá-lo como um grande exemplo de capacidade de luta contra a adversidade.

Estas fotos, que constam, da  página pessoal do Manuel Seleiro, Luar da Meia Noite, também podem ser, algumas, da autoria do Nelson Gonçalves, que foi o segundo comandante do Pel Caç Nat 60 (criado em São Somingos, em 1968), e também ele vítima de uma mina (neste caso A/C), e DFA.

Julgo que o Nelson Gonçalves vive nas Caldas da Rainha, é viúvo da nossa amiga Manuela Gonçalves, a Nela, falecida em 2019; não temos, infelizmente, o contacto do nosso camarada Nelson Gonçalves que gostaríamos ainda dever sentado à sombra do nosso poilão.

Da CCAÇ 1801, só temos infelizmente quatro referências: o  Carlos Sousa, o Carlos Fernando da Conceição Sousa [ex-alf mil op esp /ranger, CCAÇ 1801, Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) 1968/69] é membro da nossa Tabanca Grande. E é o único representante da CCAÇ 1801.

Guiné 61/74 - P24114: Notas de leitura (1560): "Sons da Guerra Colonial", por Carlos Miranda Henriques; Edições Vieira da Silva, 2023 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Fevereiro de 2023:

Queridos amigos,
Não é usual alguém, mesmo solidário com amigos antigos combatentes, e com livro já publicado sobre a guerra colonial, pretenda homenagear aqueles jovens que andaram em diferentes teatros de operações, recolhendo múltiplos depoimentos, aliás não esquece em In memorium o José Eduardo Reis de Oliveira, que era para nós o Jero, de saudosa memória, temos aqui algumas histórias pícaras, tudo rescende ao feitiço africano, mesmo quando a narrativa está focada em dor e sofrimento. Uma iniciativa que nos merece muito respeito.

Um abraço do
Mário



Quando o escritor se arvora em recolector de guerras alheias

Mário Beja Santos

É, acima de tudo, uma antologia de muita escuta e camaradagem, um ajuntamento de pequenos textos elaborados por antigos combatentes nos três teatros de operações. Há narrativas assinadas sob pseudónimo, por vontade dos seus autores. São lembranças de uma juventude sofredora, observa o recolector, que tanto deu a Portugal sem regatear, sem nada exigir em troca: "Sons da Guerra Colonial", por Carlos Miranda Henriques, Edições Vieira da Silva, 2023. Iremos aqui cingirmo-nos aos relatos que se prendem com a Guiné, encontrei inclusive um nosso confrade, Belmiro Tavares.

Abre as hostilidades Carlos Matos Oliveira, capitão miliciano, recorda o telefonema de António Silva, cabo-enfermeiro da CCAV 1617/BCAV 1897, é telefonema que se repete pelo S. João, vem a propósito da operação Espadeirar, que se realizou no Oio em 23 de junho de 1967, quem comandava a operação era o capitão Alarcão, da CCAV 1616. Chegaram a um objetivo que era a base de Cã Quebo, na região do Oio; não houve resistência, encontrou-se uma pistola CESKA e duas granadas, seguiram pelo trilho que levaria à estrada Mansabá-Bissorã, aqui começaram os problemas, veio fogo de morteiros, o capitão foi ferido, o radiotelegrafista atingido mortalmente, sem que fosse avistado pelos camaradas, ficando no terreno com o rádio e os códigos; o autor foi ferido por um estilhaço de rocket, o enfermeiro dava-o como morto, respondeu-lhe com um palavrão. Lá se pediu ajuda à aviação. E remata a sua recordação dizendo que voltaram a Cã Quebo mais duas vezes, de lá saiu com estilhaços num braço e nas costas.

Augusto Silva, que foi alferes miliciano, vem contar o que passou com as formigas, não ficamos a saber em que lugar se deu a ocorrência, o que interessa é que houve uma emboscada durante um patrulhamento e o comandante do pelotão, o alferes Saldanha Antunes, ordenou que se abrigassem atrás de ninhos das formigas bagabaga; finda a emboscada, por ali andava o alferes Antunes aos berros com as ferroadas dolorosas das formigas nas partes íntimas…

A história seguinte remete-nos para a CCAV 5398, assina um tenente-coronel com as letras A. A., a unidade militar estava sediada entre Bafatá e Gabu, o comandante, capitão Crispim Malaquias acompanha uma força que vai fazer um patrulhamento ofensivo, perto do Senegal, começam a chover as morteiradas, quem abriu fogo está bem municiado, foi necessário pedir apoio aéreo, quando surge o Fiat, o piloto pede referências pois diz só haver dezenas de gazelas em fuga, há um soldado que solta um palavrão, é nisto que o piloto viu a saída do morteiro da força do PAIGC e foi até lá largar umas bombas, antes de se retirar para Bissau quis saber quem é que lhe tinha chamado uma certa insolência, semanas mais tarde haverá um encontro e o piloto dirá a quem o imprecou: “Deixa lá, a tua sorte é que eu não sou casado”.

Segue-se uma história intitulada A mão de vaca, tem a ver com uma unidade estacionada no Boé, aquela gente andava tão faminta de uma comida caseira quando um grupo veio de férias logo se lançou em busca de almoço, a ementa era escassa mas todos se sentiram feliz a pedir mão de vaca, e assim se conta:
“O odor da comida quase pronta já chegava ao nosso olfato e passados momentos a única empregada de mesa do restaurante depositava os três pratos pedidos de mão de vaca, e que era como descrevo: uma mão de vaca inteira em tamanho natural com os dois dedos do animal voltados para nós e que ultrapassava os limites da travessa-prato, tendo como acompanhamento uma pequena mão cheia de feijão branco. A surpresa foi tal que boquiabertos ficámos, sem palavras, mas passados minutos lá nos atirámos ao petisco que acabou por nos saber muito bem.”

Entra em cena agora o nosso confrade Belmiro Tavares, estamos em finais de abril de 1966, uma companhia é enviada de Bissau para Farim totalmente desarmada, ir-se-á recordar com bom humor do uso do capacete em toda a atividade operacional, alguém será salvo pelo seu uso e fala-se na madrugada de 3 de dezembro de 1965, a missão era na zona de Sanjalo, alguém se apresentou sem capacete, o alferes reponta, o cabo radiotelegrafista regressa devidamente equipado, há tiroteio pelo caminho, resultam três feridos que serão recambiados para Bissau de helicóptero, é no regresso que o cabo radiotelegrafista mostra ao alferes o capacete com um sulco com certa de quatro centímetros de comprimento e um milímetro de fundo, afinal o capacete salvava vidas.

Não falta uma história de amor, quem assina é J. Monteiro, furriel miliciano. Houve para ali uma patrulha acidentada, ao atravessar uma zona de palmeiral e bananal, uns babuínos faziam grande algraviada, atirava todo o tipo de projetos, não faltavam dejetos. Lá chegaram a uma tabanca e pediram água para se lavarem. Entra em cena uma menina de vinte anos, apresentada como uma beleza serena e africana, de pele castanha e com uns olhos enormes, vivos e muito pretos. A menina deu-lhe para a paixão e disse ao furriel que ele tinha que ir lá mais vezes pelo caminho dos macacos para ela o lavar. Paixão correspondida, passaram a viver juntos com discrição. Houve despedida sem rancores, despeitos ou mágoas:
“Dei-lhe o meu fio de ouro com um crucifixo de pendente, para que sempre se recordasse de mim. Coloquei-lhe no anelar da mão esquerda uma aliança de ouro que comprei em Bissau. Passados estes anos todos, continua viva dentro do meu coração, e quando faço oração peço a Deus que esteja feliz na sua Guiné.”

Belmiro Tavares foi engenheiro de pontes improvisado, o Capitão Tomé Pinto mandou reconstruir a ponte de Genicó, antes de partir para cumprir a missão andou a fazer uns gatafunhos, fizeram-se duas “cavas” de cerca de vinte centímetros de profundidade, derrubaram-se umas palmeiras, cujos troncos foram cortados à medida da largura do ribeiro, feita a ponte arranjou-se uma “placa de sinalização” a avisar que havia perigos de morte, ora colocaram-se ali umas granadas para fazer estragos, explosão houve, nunca mais os guerrilheiros, até ao fim da comissão da CCAÇ 675 procurou destruir a dita ponte de Genicó.

Esta antologia de narrativas alheias tão ternamente recolhidas termina com um conjunto de poemas de Carlos Miranda Henriques e de Augusto Silva. Uma bonita ideia, recolher depoimentos e fazer-nos recordar.


Belmiro Tavares
____________

Noita do editor

Último poste da série de 27 DE FEVEREIRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24105: Notas de leitura (1559): Histórias Coloniais, por Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus; A Esfera dos Livros, 2013 - Pidjiquiti, 3 de agosto de 1959: para cada um a sua verdade (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24113: Álbum fotográfico de Manuel Seleiro, 1º cabo ref, DFA, Pel Caç Nat 60 (São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/70) - Parte I: Imagens de Ingoré


Foto nº 1 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > O 1º cabo Manuel Seleiro com a bazuca 8.9

Foto nº 2> Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > O 1º cabo Manuel Seleiro com o LGFog 3.7

Foto nº 3 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > O 1º cabo Manuel Seleiro com o morteiro médio, 8.1

Foto nº 4 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > O 1º cabo Manuel Seleiro na fonte

Foto nº 5 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caça Nat 60 (1968/70) > O 1º cabo Manuel Seleiro  a beber água



Foto nº 6 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caça Nat 60 (1968/70) > O 1º cabo Manuel Seleiro na tabanca (... provavelmente à procura de um leitãozinho).

Fotos (e legendas): © Manuel Seleiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Seleção de fotos do álbum do Manuel Seleiro, membro da Tabanca Grande nº 870 (*). Amostra de fotos tiradas em Ingoré, editadas pelo nosso blogue, com a devida vénia e a autorização do autor.

Tirou um curso de minas e armadilhas, de 10 dias, em Bissau. Quando lhe faltavam dois meses para terminar a comissão, foi vítima da explosão de uma mina A/P. Mesmo totalmente cego, e apenas com dois dedos na mão esquerda, o nosso camarada edita dois blogues (Pel Caç Nat 60 e Luar da Meia Noite). Só reconhece as suas fotos pelas legendas (que procuramos manter). Segue (e comenta) o nosso blogue há muito. O seu exemplo de tenacidade, resistência, camaradagem, e amor à vida  e à sua natal,  Serpa, é digno do nosso maior apreço.
___________

Nota do editor: