segunda-feira, 17 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P964: O Nosso Livro de Visitas: Obrigado, camaradas (José Bastos, 1º Cabo Trms, Bafatá e Bula, 1973/74)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Vista aérea da sede de concelho de Bafatá, elevada a cidade em Março de 1970. Vista da bela mesquita local.
Foto, tirada de héli, do arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).
© Humberto Reis (2006).

Caro Luis Graça,

Chamo-me José Bastos, estive na Guiné em serviço militar desde Janeiro de 1973 a Agosto 1974, fui 1º cabo de transmissões (STM), estive todo o ano de 1973 em Bafatá, tendo vindo a Portugal de férias no início de 1974 e voltado à Guiné, desta vez para Bula, onde estava quando se deu o 25 de Abril.

Quando vejo qualquer notícia ou outro tipo de escrita que fala em Guiné-Bissau, sinto como que alguma coisa de mim esteja nessa pequena palavra e não resisto a ler, reler e voltar a ler... Daí que tudo o que se encontra neste e noutros sítios , como o da Guiné-Bissau > Contributo [o sítio do Didinho], eu consulto, leio, releio e muitas vezes me comovo com aquilo que os camaradas contam e que muito me toca.

Voltei à Guiné em 1976 e daí para cá tem sido uma corrida quase constante: este ano ainda só lá estive em Março, mas no ano de 2005 fui lá 5 vezes, 2004 igual, 2003 idem, etc.

A minha vinda a este blogue é simplesmente para agradecer aos camaradas que vão deixando aqui as suas histórias, agradecer-lhes, agradecer ao Luís Graça e a todos quantos fazem com que, um dia, quando a nossa geração desaparecer, os nossos filhos, os nossos netos, quer brancos, quer pretos, saibam tirar a lição que já todos nós tirámos, concerteza, sobre a guerra colonial: tanto nós como o PAIGC lutámos por objectivos que, no meu ponto de vista, só o do PAIGC era um objectivo válido, consistente, assente na determinação nobre de serem independentes.

Nós fomos defender um património que não nos pertencia, mas ficou uma grande lição de humanismo e respeito entre dois povos que falam a mesma língua e que choram ambos os seus mortos. Tenho que respeitar e respeito as decisões de um Estado soberano como a Guiné-Bissau, mas não deixo de lamentar e sentir uma grande tristeza pelos fuzilamentos do pós-guerra, exercidos sobre os comandos africanos que estiveram do nosso lado. Está será sempre uma grande mágoa que me acompanhará até à morte.

Da última vez que fui à Guiné estive na Residencial Coimbra e encontrei 2 militares da Liga dos Combatentes, o vice presidente e outro da marinha. Andavam a fazer o levantamento dos militares que ficaram sepultados na Guiné, achei um trabalho muito interessante.

Bom, já vai chegando por hoje, voltarei ao contacto e estou também inteiraqmente disponível para ser contactado para:

E-mail > j.s.bastos@netvisao.pt e j.s.bastos@vodafone.pt
Telemóvel > 965 392 507
Telefone > 256 422 006
Fax > 256 188 801

Um abraço
José Bastos
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Comentário de L.G.:

Meu caro Zé Bastos:

(i) Pelo indicativo do teu número de telefone e fax és capaz de ser de Ovar ou de São João da Madeira, terras de gente laboriosa e boa, não desfazendo nas restantes...

(ii) De Ovar já temos dois camaradas, curiosamente ambos de transmissões: o Afonso Sousa e o Hernâni Acácio Figueiredo, como poderás ver na nossa tertúlia;

(iii) As transmissões são, de resto, umas das armas que mais membros, voluntariosos e activos, tem dado à nossa tertúlia, a qual, como sabes, vive sobretudo das estórias que vamos contando uns aos outros;

(iv) Presumo que queiras ficar connosco, na nossa tertúlia, na nossa caserna virtual onde cabe sempre mais um (ainda não formamos uma companhia mas para lá caminhamos);

(v) Que sejas, pois, bem-vindo ao nosso convívio e que este seja mutuamente enriquecedor;

(vi) Vejo que és um fã da Guiné, um profundo conhecedor do país, pelo que deduzo que tenhas contigo muita documentação, incluindo fotográfica; o que puderes e quiseres partilhar connosco, será apreciado e acarinhado... Tens negócios na Guiné, para lá ires assim, praticamente de dois em dois meses ? (Não precisas de responder, já que a pergunta é demasiado pessoal);

(vii) Muito em particular, gostaria de saber duas coisas: como viveste aí, em Bula (que já pertence à região do Cacheu), o 25 de Abril; e como foi feita a passagem de testemunho entre as NT e o PAIGC... Tens fotos dessa época ?

(viii) Fala-nos, já agora, dos meses de 1973/74, que passaste em Bafatá... Como estava a situação político-militar na 2ª maior cidade da Guiné, até à data da tua ida de férias ?

(ix) Vê o post de 2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXI: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (4): Elevação de Bafatá a Cidade , com várias fotos de Bafatá, da época em que foi elevada a cidade (!) (Março de 1970)

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