1. Pergunta o Luís Carvalhido (CCS/BART 3873, Bambadinca, 1972/74):
9 de Junho de 2005:
" (...) uma vez que temos aqui gente da CCAÇ 12, será que alguém se lembra do Furriel Alfredo Guerreiro e do Furriel Domingos? O baixinho e o lavrador respectivamente? Um Vianense e outro (como se chama um natural de Leiria?) Leiriense?
Um dia conto um episódio que passei com o Domingos, quando descemos o Geba de zebro, numa operação de busca, que passou pelo Mato Cão, até que fomos apanhados pelo macaréu. [Este episódio já foi evocado pelo Sousa de Castro, em 22 de Abril de 2005].
2. Responde o Humberto Reis (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71):
14 de Junho de 2005:
Luís Carvalhido: No tempo em que estive na CCAÇ 12, até Março de 1971, não existia lá nenhum furriel miliciano com esses nomes, Alfredo Guerreiro ou Domingos. Havia da zona de Leiria, mais propriamente dos Pousos, um Fur Mil Arlindo Teixeira Roda, que agora vive em Setúbal, onde é, ou foi, professor numa das escolas secundárias. É o que posso ajudar, em relação a esse tempo.
3. Nova pergunta do Luís Carvalhido:
15 de Junho de 2005:
Caro Humberto Reis: Estiveste lá no tempo daquele capitão que andava sempre com um pingalim e a quem, creio, chamavam de Salta-me a Tampa? Penso que se chamava Bordalo e esteve a liderar o processo pós-25 de Abril no BC 9 em Viana do Castelo.
Quanto ao Furriel Guerreiro, era um homem muito baixinho de quem os africanos (lembras-te do Suleimane Baldé, aquele fula magrinho, todo gingão ?) diziam que em combate nunca se aninhava porque as balas passavam por cima.
Quanto ao Domingos, apenas me lembro que comandou uma operação de má memória (fomos apanhados pelo Macaréu) e na qual eu participei. Lembra-me que lhe passei o rádio para ele falar com o major de operações, que estava muito preocupado em saber se tínhamos metido o motor do zebro dentro de bordo e que nem sequer perguntou se tínhamos alguma baixa. A resposta do Domingos (se calhar ele já nem se lembra dela, eu nunca mais a esqueci) não a vou publicitar porque faria corar o mais desavergonhado de todos nós.
4. Resposta do Humberto Reis:
Luís Carvalhido, Bom Dia!
O capitão da CCAÇ 12, no meu tempo, Maio de 69 a Março 71, era o Carlos Alberto Machado de Brito, que em Janeiro de 71 foi promovido a major.
Esses dois furriéis, Guerreiro e Domingos, já não são do meu tempo.
Os únicos capitães que conheci antes e depois do 25 de Abril foram o Delgado da Fonseca que era o comandante da companhia de instrução de Rangers no CIOE de Lamego, em Outubro de 68 e, mais tarde, o Vasco Lourenço, nas Caldas, enquanto dei lá uma recruta ao CSM, de Janeiro a Março de 69, e que não acabei pois fui mobilizado pelo RI 2 e apresentei-me em Santa Margarida. Em 24 de Maio marchei para Lisboa onde embarquei num Cruzeiro de Luxo a bordo do Niassa para uma férias em regime de TI + (quer dizer Tudo Incluído + Porrada) num destino paradisíaco conhecido como Guiné.
Enfim, Recordar É Viver!
Um abraço.
Humberto Reis
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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