Texto do A. Marques Lopes:
No dia 18 de Junho, como já vos tinha anunciado, houve um encontro dos elementos que estiveram na Guiné integrando a CART1690, de 1967 a 1969. Para já, a referência ao sítio maravilhoso onde estivemos, na zona de Sever do Vouga, no restaurante O Júnior. Na ida para lá, a floresta circundante do rio Vouga fez-nos lembrar as matas da Guiné... Saudades!
Já não estiveram muitos: fomos 40, com os familiares estavam 92 pessoas. Estiveram os furriéis Silva, Vasconcelos, Salvado, Pombeiro... os furriéis Vitor e Bicho já morreram... o furriel Rafael, que já não estava bom da bola, não foi porque está pior... o furriel Marcelo também não foi, e tem ido poucas vezes, e falámos sobre isso... o furriel Ribeiro também não foi, mas nunca tem ido, e perguntámo-nos porquê (talvez vos conte, um dia)...
O segundo-sargento Bajouco morreu-lhe a mulher... o primeiro-sargento também lhe morreu a mulher (já é a terceira que lhe morre - nenhuma o aguenta, dissemos nós...)... os cabos Costa e Sousa também já morreram... esteve o cabo Castro, DFA, também por ser passado da bola. Estiveram os alferes Reis e Moreira, que estiveram na companhia até ao fim, e os alferes Lopes e Maçarico, que foram feridos e evacuados, mas que se mantêm em contacto com a companhia... não esteve o alferes Fernandes, que ainda está na Guiné, "desaparecido em campanha", nem o alferes Peixoto, que "apareceu" na metrópole metido num saco de plástico entre quatro tábuas.
Esteve o capitão Santos Luís (agora coronel, reformado), que veio do batalhão de Bafatá para substituir durante uns tempos o capitão Guimarães quando ele morreu na estrada para Banjara (vd meu texto, de 31 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXXIII: A morte no caminho para Banjara) e esteve o capitão miliciano Carlos Manuel Ferreira que ficou, depois, até ao fim com a CART 1690.
Esteve o furriel Lume, que veio propositadamente da Madeira (pronunciem o "u" como deve ser, à madeirense) e que teceu elogios ao Alberto João... mas todos se riram ne mesma.
E esteve o Malan Baldé, que esteve na Companhia de Milícia 3 e foi ferido em Sinchã Jobel, em 19 de Dezembro de 1967, na operação Invisível (vd. o meu texto, de 7 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - XLV: Sinchã Jobel VII ). Mora em S. Domingos de Rana, perto de Carcavelos... Perguntei-lhe:
-Malan, entraste no arrastão?...
- Eu?! Eu não, eu até trabalho numa empresa de segurança! - Conhece outros que moram naquelas zonas. Um dia qualquer vou aparecer po lá. E hei-de enviar-vos uma fotgrafia que tirámos.
O meu amigo alferes Reis, agora um fundamentalista médico veterinário,que me diz sempre, quando me vê comer um belo bife de vaca, que não toca na carne das vacas há muito tempo porque são umas malucas, deu-me mais alguma fotografias de Banjara, que também vos enviarei depois.
Falámos de nós todos, falámos de tudo aquilo que vos tenho contado, falei-lhes deste blogue, e garantimos que estaríamos novamente juntos no próximo ano. E que traríamos outros que não estiveram. Pessoalmente, vou-me empenhar em trazer o furriel Ribeiro.
Vou conseguir mais coisas da CART 1690. Depois digo-vos.
Abraço. Marques Lopes
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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