terça-feira, 23 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2207: As Nossas Tropas - Quem foi quem (1): Vasco Lourenço, comandante da CCAÇ 2549 (1969/71) e capitão de Abril


Lisboa > DocLisboa2007 > Culturgest > 19 de Outubro de 2007 > Os coronéis na reforma Vasco Lourenço e A. Marques Lopes, na estreia do filme de Diana Andringa e Flora Gomes As Duas Faces da Guerra. Os dois tugas que estiveram na Guiné, e que participam neste filme, com os seus depoimentos sobre a experiência da guerra. Vasco Lourenço, que comandou a CCAÇ 2549 (1969/71), e foi um dos grandes capitães de Abril, é actualmente presidente da Direcção da Associação 25 de Abril. O nosso camarada e amigo A. Marques Lopes é um dos responsáveis pela Delegação Norte. Infelizmente, não temos nenhum representante da CCAÇ 2549 na nossa Tabanca Grande.

Foto: © Xico Allen / A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.

Vasco Lourenço (n. 1942), comandante da CCAÇ 2549 (1969/71)

(i) Nasceu em 19 de Junho de 1942, em Lousa (Castelo Branco).

(ii) Ingressou na Academia Militar em 1960.

(iii) Após o tirocínio na EPI em Mafra, foi colocado no RI2 em Abrantes (1964), onde seria promovido a alferes.

(iv) Voltando à EPI em 1965, onde foi instrutor do Curso de Oficiais Milicianos (COM), foi transferido nesse mesmo ano para o RI5, nas Caldas da Rainha.

(v) Promovido a tenente (1966) e a capitão (1968), é mobilizado para a Guiné.

(vi) Na Guiné, comanda a CCAÇ 2549, integrada no BCAÇ 2879, nos anos de 1969/71.

(vii) Regressado da Guiné, foi colocado no BC5 em Lisboa.

(viii) Daí foi para o BRT onde adquiriu a especialidade de Criptólogo, em 1972.

(ix) Fundador do Movimento dos Capitães, coordenou a organização da sua primeira reunião, em 9 de Setembro de 1973.

(x) Membro da Direcção do Movimento dos Capitães e do Movimento das Forças Armadas (juntamente com Vítor Alves e Otelo Saraiva de Carvalho), onde era responsável pela ligação interna e pela área operacional.

(xi) Em 25 de Abril de 1974 encontrava-se colocado no QG da Zona Militar dos Açores, para onde seguira em 15 de Março desse ano, depois de um conturbado processo, que incluiu a oposição do Movimento dos Capitães à sua transferência, a simulação do seu rapto, a sua entrega às autoridades militares e a sua prisão na Casa de Reclusão da Trafaria (10 a 15 de Março).

(xii) Membro da Comissão Coordenadora do Programa do MFA; membro do Conselho de Estado; membro do Conselho dos 20; membro do Conselho da Revolução, durante toda a sua vigência, onde desempenhou a função de moderador das suas reuniões.

(xiii) Para além disso, foi também membro do Conselho da Arma de Infantaria.

(xiv) Desempenhou as funções de Porta-voz do Conselho de Estado, da Assembleia do Exército, da Assembleia do MFA, do Conselho dos 20 e do Conselho da Revolução.

(xv) Foi o primeiro subscritor do Documento dos Nove, em Agosto de 1975.

(xvi) Membro das Comissões que elaboraram os dois pactos MFA – Partidos.

(xvii) A sua nomeação para comandar a Região Militar de Lisboa desencadearia o 25 de Novembro de 1975.

(xviii) Manteve-se como Governador Militar de Lisboa e Comandante da Região Militar de Lisboa, de Novembro de 1975 a Abril de 1978 (para o efeito foi graduado em brigadeiro, 27 de Novembro de 1975, e em general, 11 de Agosto de 1976).

(xix) Nos finais de 1982, terminado o período de transição e extinto o Conselho da Revolução, regressou ao Exército, como major e foi colocado na Cheret, onde foi promovido a tenente-coronel (1984).

(xx) A seu pedido, passou à reserva em 1987; face à posterior alteração da legislação foi passado à reforma em 1994; ao abrigo da lei nº 43/99, foi promovido a coronel, em Abril de 2002, com antiguidade de 1990.

(xxi) Presidente da Comissão Organizadora do 25 de Abril – Dia da Liberdade, em 1979.

(xxii) Presidente da Comissão Instaladora da Associação 25 de Abril.

(xxiii) Obteve o curso de Defesa Nacional, em 1981.

(xxiv) Foi membro da Comissão Executiva das Comemorações Oficiais do 25º aniversário do 25 de Abril.

(xxv) É autor de dois livros: (i) No Regresso Vinham Todos (conta a experiência da guerra colonial na Guiné, em co-autoria com vários militares da CCAÇ 2549); (ii) MFA – Rosto do Povo (entrevista sobre o 25 de Abril de 1974, feita em princípios de 1975). (1)

(xxvi) Possui várias condecorações, de que se destacam a grã-cruz da Ordem da Liberdade e a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

(xxvii) É casado e tem uma filha.

(xxviii) Presidente da Direcção da Associação 25 de Abril (desde a sua fundação em Outubro de 1982).

Fonte: Adapt. de Avenida da Liberdade > Vasco Lourenço (com a devida vénia...)

Vd. também:

Dossiê Expresso 25 de Abril > O puro dos puros, texto de Clara Ferreira Alves


___________

Nota dos editores

(1) Vd. post de 12 Julho 2005 > Guiné 69/71 - CV: Bibliografia de uma guerra (1) (Jorge Santos)

(...) Título: No Regresso Vinham Todos.
Autor: Vasco Lourenço.
Editor: Editorial Notícias.
Ano: 1978.

Resumo:

Mais do que a narração da guerra, este livro, escrito por um dos capitães de Abril, descreve-nos pequenos acontecimentos de uma comissão na guerra colonial, na Guiné (onde foi comandante da CCAÇ 2549), e sobretudo dá-nos conta das emoções, dos sentimentos, dos medos, dos passatempos, que passaram pela mente, pelo coração e pela vivência de um punhado de homens atirados para essa guerra.

No Regresso Vinham Todos é bem um testemunho da forma como a guerra colonial se desenrolou. A maioria dos portugueses que a ela eram obrigados, faziam-na com a ideia fixa no regresso, sãos e salvos, e nunca com a convicção da sua justeza e da sua razão de ser.

1 comentário:

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... já houve ocasião, em tempo e locais apropriados, de me pronunciar sobre a epígrafe desse livrinho escrito pelo kamarada VCL Don Melena y Pá - presidente vitalício da A25A -, cujo, além de farsas, contém iniludível mentira: no regresso vieram todos, menos um.
Carlos Gabriel Nunes, nascido em Avis, furriel miliciano atirador n/m 00609869 integrado na CCac2549/BCac2879/RI15-Tomar, no sábado 10Out1970 cometeu suicídio no aquartelamento de Farim, sendo que a versão oficial é de "tiro inopinado, acidente por outros motivos"; encontra-se inumado no cemitério paroquial da sua naturalidade, onde a sua Alma descansa em Paz.
Além da carência de rigor histórico, conviria, a bem da honestidade intelectual e da sanidade mental dos Portugueses, cessar de vez com louvaminhas a tudo quanto se diz e se escreve a propósito e/ou despropósito do 25A...